Deputados acusam Weintraub de falar em bolão para esconder os problemas da Educassão* — e a rejeição de reitores ao Future-se, dizemos nós

Tempo de leitura: 5 min
Foto Agência Senado

Reprodução

Da Redação

A mega milionária dos assessores da liderança do Partido dos Trabalhadores na Câmara Federal é o assunto do dia.

O prêmio de R$ 120.085.143,97 foi dividido em 49 cotas. Um ganhador pode ter mais de uma cota.

O número 13 não estava entre os premiados. Nem o 17.

Cada um puxou a sardinha para seu lado.

O fato trivial de que as pessoas apostaram juntas — o que é muito comum — fez gente falar em “socialismo”.

O sociólogo Emir Sader disse no twitter que o prêmio seria dividido também entre as quatro copeiras que costumavam apostar, mas não o fizeram esta semana — porém, a notícia carece de confirmação.

Os premiados, obviamente, têm outras preocupações a esta altura.

A brincadeira do ex-ministro Carlos Minc de que Jair Bolsonaro teria demitido o presidente da Caixa Econômica Federal e determinado uma investigação sobre o caso foi levada a sério.

De todas as manifestações sem noção, sem dúvida a que mais chamou a atenção foi a do ministro da Educação, Abraham Weintraub, no twitter.

*Educassão, melhor dizendo.

Weintraub é professor universitário da Universidade Federal Paulista, economista formado pela  Universidade de São Paulo e mestre em administração pela Fundação Getúlio Vargas.

Mas carente nos fundamentos básicos da Língua Pátria.

Num ofício do MEC endereçado ao Ministério da Economia, as palavras suspenção e paralização foram grafadas assim.

“Não escrevi, mas deixei passar”, ele se defendeu.

Weintraub é um dos mais ativos bolsonaristas na “batalha cultural” pregada pelo guru anal Olavo de Carvalho (sem trocadilho).

Daí a sequência de tweets acima.

O deputado Joseildo Ramos (PT-BA) respondeu: “Você percebe que as prioridades deste Governo são estranhas quando o @AbrahamWeint, Ministro da Educação, prefere se ocupar em divagar sobre os R$ 120 mi da Mega-Sena em vez de discutir os quase R$ 270 mi que podem ser tirados do orçamento da sua pasta para 2020”.

A Professora Rosa Neide (PT-MT) fez coro: “O MEC está em uma letargia sem fim, Instituições Federais sofrendo com cortes orçamentários e a Comissão de Educação procurando uma saída para a enorme crise que se aprofunda. Senhor @AbrahamWeint, retome seus trabalhos e deixe de gastar seu tempo com questões banais”.

Ivan Valente, do Psol de São Paulo, deu seu pitaco, dizendo que Weintraub “se comporta como um moleque, alguém que não possui bom senso e o mínimo de decoro para o cargo. Talvez a sua profunda falta de educação explique a sanha destruidora da matéria da pasta que ocupa”.

A deputada Érika Kokay acha que o ministro Weintraub tem tempo de sobra: “O MEC está numa paralisia de gestão tão grande mas tão grande, que o ministro @AbrahamWeint tem tempo pra fazer uma sequência de tweets destilando ódio e inveja contra petistas que ganharam na mega-sena. É muito recalque, gente!”

A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ), respondeu ao ministro com um “toma aqui seu biscoito” e o link de uma reportagem mostrando que os cortes nas universidades públicas federais deixaram salas de aulas sem luz.

O ex-reitor da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, deputado Waldenor Pereira (PT-BA), pediu compostura: “@AbrahamWeint não tem porte de ministro e nos envergonha tê-lo à frente da pasta mais importante do país. Ao invés de espalhar calúnias e recalque em rede social, ministro, se preocupe com os cortes na Educação e os problemas que eles estão gerando ao país. Tenha compostura!”

O sindicalista Paulão, deputado federal pelo PT das Alagoas, foi mais direto ao ponto: “Sua opinião é típico de um desqualificado. Vai ter responder na justiça, canalha”.

Obviamente que Weintraub não deu um pio no twitter sobre a audiência pública realizada no Senado com reitores de universidades públicas sobre o programa Future-se, a proposta de “reforma” que ele está tentando enfiar goela abaixo dos reitores das universidades públicas brasileiras, lamentavelmente sem nenhum tipo de consulta — diferentemente do que faziam os governos Lula e Dilma.

Abaixo, reproduzimos trecho da reportagem feita pela Agência Senado sobre audiência realizada com reitores na terça-feira 17.

É preciso considerar que, nas circunstâncias atuais, é preciso ter muita coragem para contrariar publicamente o governo fascista de Jair Bolsonaro:

— Há uma grande relativização, se não a agressão frontal, que ele [o programa Future-se] representa à autonomia universitária, embora se apresente como algo que vai melhorar ou facilitar nossa autonomia, disse o reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Rui Oppermann, que informou a rejeição do conselho universitário da instituição ao programa.

O presidente do Conselho Nacional das Fundações de Apoio às Instituições de Ensino Superior e de Pesquisa Científica e Tecnológica (Confies), Fernando Peregrino, concorda.

Para ele, na prática, as organizações sociais podem funcionar como cerceadoras da liberdade das universidades.

— A OS [Organização Social] é uma ameaça real à autonomia. O contrato de gestão é o gatilho dessa ameaça — lamentou.

Segundo o portal do MEC na internet, o Future-se busca o fortalecimento da autonomia de gestão, financeira e administrativa das universidades e institutos federais (IFs). Essas ações serão desenvolvidas por meio de parcerias com as organizações sociais. O argumento do MEC é de que o programa pode promover a sustentabilidade financeira, estabelecendo limite de gasto com pessoal nas universidades e institutos.

O Future-se permite que universidades e institutos aumentem as receitas com a captação de recursos.

A adesão é voluntária, mas  o governo afirma que quem aderir terá mais flexibilidade para realizar despesas.

A proposta do governo também prevê a criação do Fundo Soberano do Conhecimento, voltado para atividades de pesquisa, extensão e desenvolvimento, inovação e empreendedorismo nas universidades e IFs.

A administração deste fundo será de uma instituição financeira privada.

A reitora da Universidade de Brasília (UnB), Márcia Abrahão Moura, apontou  falta de clareza com relação a vários pontos da minuta enviada pelo Ministério da Educação às universidades.

Entre esses pontos, citou a dispensa de chamamento público para a adesão aos contratos de gestão, a falta de informações sobre o comitê gestor do programa e a previsão de que metas e indicadores de governança serão estabelecidos depois, por “ato do ministro da Educação”.

Ela ressaltou ainda que a minuta não aborda o financiamento público das instituições federais de educação superior.

— O financiamento público das instituições federais, previsto na Constituição, não é abordado na minuta, o que causa estranhamento. O texto propõe a criação de um fundo de natureza privada como alternativa para o financiamento de pesquisa, inovação e internacionalização e também não há clareza sobre como vai funcionar e qual é o papel do Estado nesse fundo — explicou.

A reitora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Sandra Regina Almeida, afirmou que as universidades públicas não são a fonte da crise, mas sim a solução.

Ela expôs preocupações do conselho universitário quanto aos cortes de recursos da instituição.

— Nós tivermos um bloqueio, em maio, de 30% do nosso orçamento. Não estamos tendo condições de fazer uma gestão devida porque não temos como planejar nossos gastos. Há uma expectativa de um desbloqueio, mas estamos ainda aguardando essa sinalização e isso, de certa forma, contamina muito da discussão que está sendo feita para o Future-se em termos de pensar o futuro da nossa universidade — lamentou.

Para a reitora da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Wanda Hoffmann, o projeto pode trazer vantagens, mas há riscos relevantes, como a ameaça à autonomia universitária.

Outro risco apontado pela reitora é o de que a adesão diminua ainda mais os recursos públicos destinados às instituições de educação superior.

— O Programa Future-se não pode ser visto como a solução para o funcionamento básico das universidades, mas, caso ajustado, aprovado e abraçado pelas instituições, tem o potencial de trazer benefícios significativos — disse a reitora, que apontou entre as possíveis vantagens o fim do teto para recursos próprios e a flexibilização da execução.

Tanto ela quanto a reitora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Soraya Smaili, apontaram que o programa causou muitas dúvidas e que isso gera a necessidade de ajustes para que haja clareza no texto.

— Nós temos mais dúvidas que certezas com relação a essa proposta e muitas coisas precisam de esclarecimentos e também de muito debate antes que qualquer decisão seja tomada. Uma mudança dessa natureza precisa de muita discussão e de uma construção conjunta — defendeu Soraya.

PS do Viomundo: Pedimos a nosso leitor Zé Maria que nos ajude na localização do vídeo da audiência pública dos reitores. Obrigado!


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Comentários

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João

Ministro com deficiência cognitiva!

J. Cícero Costa

A atuação de Abraham Weintraub à frente do ministério da Educação tem sido até aqui uma demonstração gratuita de ignorância profunda.

Desde que assumiu a pasta não fez outra coisa senão expor ao ridículo a sua própria hipocrisia e estupidez que parecem ingênitas.

Após um período de mais de 30 anos de democracia, é lamentável ver o país mergulhar outra vez na escuridão de um regime obscurantista que se pretende despótico.

Não há dúvidas de que, com Bolsonaro no poder, caminha o Brasil inevitavelmente para dias difíceis e sombrios, marcados que poderão ser por um grave retrocesso civilizacional de obscurantismo político e fundamentalismo religioso… Um período de completa escuridão !!

Fascistas não gostam de claridade. Vivem na escuridão. Não conhecem a luz !

Zé Maria

https://pbs.twimg.com/media/EE2TCVxXsAAnd5b.jpg

A foto de Fernanda Montenegro como bruxa na fogueira de livros,
é um diretaço no “Sinistro da educação” @AbrahamWeint
e no DESgoverno fascista e ignorante de @jairbolsonaro !

“Qd acenderem as fogueiras,
quero estar ao lado das bruxas”

Eu também!

https://twitter.com/erikakokay/status/1174756754170757121

https://www.quatrocincoum.com.br/br/noticias/q/fernanda-montenegro-interpreta-tres-bruxas-em-ensaio-para-a-quatro-cinco-um

Zé Maria

Com todo prazer, a seu dispor:

https://youtu.be/oJ-VOEeZo24

abelardo

Sugiro aos petistas envolvidos, que contratem um bom escritório de advocacia e meta um processo no centro do ódio, do preconceito, da inveja e da incompetência que brotam, sem cessar da imagem, da mente, do coração, da fala e da escrita desta impopular, submissa e repugnante criatura.

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