Bolsonaro afirma ter mexido em cargo-chave da PF, mas Moro diz que não foi nada disso

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Reprodução Facebook

Da Redação

“A troca da autoridade máxima do órgão no estado já estava sendo planejada há alguns meses, e o motivo da providência é o desejo manifestado, pelo próprio policial, de vir trabalhar em Brasília, não guardando qualquer relação com o desempenho do atual ocupante do cargo”.

Este é teor de nota do Ministério da Justiça de Sérgio Moro sobre a mudança em cargo-chave da Polícia Federal, no Rio de Janeiro.

Foi um desmentido público de declaração dada algumas horas mais cedo pelo presidente Jair Bolsonaro. Falando a repórteres sobre mudanças no governo, ele afirmou:

 Todos os ministérios são passíveis de mudança. Vou mudar, por exemplo, o superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro. Motivos? Gestão e produtividade.

Seria apenas mais uma aresta entre o bolsonarismo e o lavajatismo?

O Rio de Janeiro é a base eleitoral da família Bolsonaro. É onde Carlos Bolsonaro exerce o cargo de vereador. É a origem de Fabrício Queiroz, suspeito de ter ligações com a milícia da Zona Oeste da cidade.

Como revelou recentemente o diário conservador local O Globo, a família Bolsonaro pagou mais de 65 milhões de reais em salários a assessores-aparentados ao longo de sua vida política.

Dinheiro público.

Há vários casos comprovados de funcionários fantasmas, que supostamente ganharam sem receber.

Fabrício Queiroz confessou que praticava a chamada “rachadinha” para beneficiar o então deputado estadual Flávio Bolsonaro.

Segundo Queiroz, em depoimento por escrito, o chefe era beneficiado em seu mandato, mas não sabia de nada.

Se a prática da rachadinha foi disseminada entre os Bolsonaro, a família pode ter embolsado mais de R$ 30 milhões (considerando que pagava aos fantasmas 50% do salário).

Fabrício Queiroz está sendo investigado pelo Ministério Público Estadual do Rio de Janeiro.

O processo foi paralisado pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, até que uma questão seja analisada pelo plenário da Corte, em 21 de novembro.

O STF vai decidir se é legal utilizar dados sigilosos do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) e da Receita Federal sem autorização prévia da Justiça.

Foi o Coaf quem levantou suspeitas sobre Queiroz, por causa de movimentações atípicas em sua conta bancária — ou seja, incompatíveis com o salário.

Se a investigação de Flávio Bolsonaro prosseguir, Queiroz será chamado a depor.

O MPE-RJ dará prosseguimento ao cruzamento de dados das quebras de sigilo de 86 pessoas e 9 empresas, autorizada pela Justiça.

Elas estão sendo investigadas por peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Tiveram o sigilo bancário suspenso o hoje senador Flávio, a esposa e sua empresa; ex-assessores de Flávio na Alerj; Fabrício Queiroz e parentes; pessoas que fizeram transações imobiliárias com o filho do presidente da República e suas empresas.

A Polícia Federal não atua no caso, por enquanto.

A partir da investigação local, outras podem surgir.

Ricardo Saadi, cuja demissão foi anunciada por Bolsonaro por questões de “gestão e produtividade”, será substituído por um delegado muito próximo do diretor-geral da PF, Maurício Valeixo.

Será Carlos Henrique Oliveira, que estava na superintendência da PF em Pernambuco.

O presidente da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal, Edvandir Paiva, estranhou o comportamento de Bolsonaro e as críticas que ele fez a Saadi:

Não cabe ao presidente da República indicar ou trocar cargos internos da Polícia Federal. Os cargos internos são preenchidos pelo diretor-geral. Acho que foi bastante estranha essa declaração dele. A Polícia Federal é um órgão de Estado, não do governo dele. Ele pode indicar o diretor-geral, não os demais cargos internos.


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Comentários

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Zé Maria

O Hitlerzinho dos Trópicos
tá humilhando o Moro.
Mas são todos da última Laia.

Zé Maria

O Delegado Ricardo Saadi foi quem assumiu
o Comando das investigações da Operação
Satiagraha, da Polícia Federal, em substituição
ao Delegado Protógenes, em 2008.

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