Ariel Goldstein: Uma batalha que acabou de começar

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Uma batalha que acabou de começar

por Ariel Goldstein*

“Vou atender à vontade deles”, disse Lula ao final de seu discurso no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo.

Com a entrega do ex-presidente à Polícia Federal, um novo capítulo da incerteza brasileira começa.

É uma jogada não sem riscos para os fatores de poder, que tentam excluir este líder popular de sua influência e participação nas eleições deste ano.

Agora, a prisão pode ofuscar o Lula do cenário político ou preservar ou aumentar a sua influência diante da disputa eleitoral?

Aqueles que exerceram as pressões para que ele estivesse na situação atual esperam que sua prisão diminua seu peso na campanha e no resultado eleitoral.

No entanto, a resposta a esta pergunta não é dada de antemão, mas virá de uma batalha de forças que acaba de começar.

A incerteza, mais uma vez, domina o cenário brasileiro.

Por sua vez, a direita tem apenas um candidato de crescente popularidade, mas no qual ela não confia, o ex-militar aposentado Jair Bolsonaro.

Geraldo Alckmin, governador de São Paulo, o candidato do centro liberal que o establishment espera ter, não sobe nas pesquisas.

O mesmo poderia ser dito do potencial de Henrique Meirelles, ex-ministro da Fazenda de Temer.

Bolsonaro, com a sua “incorreção política” e a agenda anti-feminista, em defesa dos militares, porte de armas e dos valores tradicionais, incorpora apoio em áreas rurais e de classe média, que querem voltar atrás nas mudanças feitas durante os governos do PT.

Além disso, Bolsonaro está destinado a crescer, porque representa o exato reverso do projeto nacional-popular que até recentemente governava o Brasil, hoje em crise.

É com base no colapso deste projeto petista e na afirmação de uma ordem de exceção que a extrema direita encontra espaço para seu crescimento.

A impopularidade do governo de Michel Temer, por sua vez, o impede de exercer grande influência no desenvolvimento da eleição. Age, ao contrário, através dos fatores de poder.

Por outro lado, o veterano Lula, como demonstrou em inúmeras ocasiões, tem a vontade de resistência e a capacidade de luta de poucos políticos.

“Eu quero enfrentá-los, olho no olho”, disse ele no sindicato sobre o juiz Sérgio Moro e os seus colaboradores.

Se há algo que Lula sempre descartou, apesar das semelhanças no nível das pressões que sofreram e na dimensão popular das suas lideranças, é a saída do suicídio exercida por Vargas em agosto de 1954.

Portanto, um novo capítulo e uma nova batalha se abrem nesse clima de incerteza.

* Autor de Imprensa tradicional e lideranças populares no Brasil (A Contracorriente, 2017)

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Comentários

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Bel

Será que o MT não tem dos golpistas que o apoiaram, a promessa que se reelegerá se tirar Lula da disputa?

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