Gilberto Maringoni: Gestão “incompetente” pode derrotar Chávez em 2012
Tempo de leitura: 2 minpor Luiz Carlos Azenha
Gilberto Maringoni de Oliveira é de Bauru, Cidade Sem Limites. Fomos colegas de Grupo Escolar Rodrigues de Abreu. A casa dele tinha um pomar maravilhoso, mas era mais fácil apanhar jabuticabas e mangas diretamente na casa de minha vizinha, a Mulher do Bolo, que à tarde servia café com bolo de fubá aos visitantes. Um dia, no grupo escolar, nós nos desentendemos. Uma briga foi marcada. Dada a superioridade física do Gilberto, na hora agá eu fui substituído na briga por meu irmão, José Carlos. Sopapos foram trocados diante do SESI, para algazarra geral da molecada. Não houve nocaute.
O confronto, graças a Deus, não afetou o traço, nem a capacidade intelectual do Maringoni. Como jogador de polo aquático no Bauru Tênis Clube, ele foi um excelente cartunista. Voltaríamos a nos encontrar muito mais tarde, já em São Paulo, ele cursando a FAU e eu a ECA, respectivamente os cursos de arquitetura e jornalismo da Universidade de São Paulo.
Hoje, dentre outros atributos, o Maringoni — que além da formação em arquitetura é doutor em História e jornalista — é um dos melhores analistas brasileiros da Venezuela, país sobre o qual escreveu o essencial “A Venezuela que se inventa“.
Recorri ao amigo para tentar entender os apelos por “unidade” que Hugo Chávez andou fazendo, depois que recebeu o diagnóstico de câncer em Cuba. Seriam os apelos tentativas de evitar disputas internas no Partido Socialista Unificado da Venezuela (PSUV), o principal partido de sustentação ao governo?
Maringoni acha que o objetivo de Chávez é outro. Ao falar em unidade, faz um aceno a setores da classe média e da classe média alta, para tentar ampliar, ainda que marginalmente, o apelo eleitoral da coalizão governista em ano pré-eleitoral.
Sobre o câncer, Maringoni diz que o presidente venezuelano já politizou o assunto, em aparição na sacada do Palácio Miraflores, quando convocou a multidão a, por assim dizer, “derrotar” a doença.
Depois de ser atingida em cheio pela crise financeira deflagrada em 2008, a Venezuela se recupera ancorada nos preços internacionais do petróleo.
Mas isso, na opinião de Maringoni, não basta. O governo chavista tem sido “marcadamente incompetente”, nas palavras de Maringoni, para lidar com questões que afetam o dia-a-dia dos venezuelanos, como a segurança pública e o abastecimento.
Ao mesmo tempo em que se diz surpreso com as pesquisas que colocam a popularidade de Chávez, depois de 13 anos no poder, perto dos 50% — e enfatizando que Chávez “não é alguém que pode ser derrotado com facilidade” — Maringoni prevê uma disputa acirrada nas eleições presidenciais de 2012.
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Mas não se pode descartar o imponderável. Não existe a Dilma de Chávez. Se em Cuba Raul Castro tem a legitimitade garantida por ter sido um dos principais revolucionários — ao lado do irmão Fidel, de Che Guevara e Camilo Cienfuegos –, na Venezuela nenhum dos colegas de Chávez no Movimiento Bolivariano Revolucionário 200 (o MBR200), com o qual o tenente-coronel tentou o golpe em 1992, sobreviveu como força política.
O irmão de Chávez, Adan — governador do estado de Barinas — não tem o mesmo carisma ou apelo popular e o vice-presidente é um jovem na casa dos 30 anos. Na ausência de Chávez, portanto, a Venezuela mergulhará em um tempo de profunda turbulência política.
Para ouvir a entrevista, clique abaixo:




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