Hugo Souza: Fraude no INSS estava escancarada na internet

Tempo de leitura: 2 min
Brasília, 23 de abril de 2025: o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, o ministro da Controladoria-Geral da União, Vinicius Marques de Carvalho, e o ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, durante entrevista coletiva a respeito da Operação Sem Desconto. Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil)

Fraude no INSS estava escancarada na internet

As 11 associações investigadas pela PF na Operação Sem Desconto somam nos últimos anos mais de 36 mil reclamações por cobranças indevidas no site Reclame Aqui.

Por Hugo Souza, no Come Ananás

As 11 associações investigadas pela Polícia Federal por descontos não autorizados em aposentadorias pagas pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) somam nos últimos anos mais de 36 mil reclamações por cobranças indevidas no site Reclame Aqui, que é “a maior plataforma da América Latina de reputação e confiança nas relações de consumo”.

Apenas uma pequena fração desse total de reclamações foi postada no Reclame Aqui desde a manhã desta quarta-feira, 23, quando a PF deflagrou a Operação Sem Desconto.

Um levantamento feito pelo Come Ananás mostra que são pelo menos 36.403 citações sobre cobranças indevidas no Reclame Aqui contra as 11 associações investigadas.

A título de ilustração de como o esquema dos descontos fraudulentos em aposentadorias estava escancarado na internet, trata-se de quatro vezes mais reclamações no Reclame Aqui do que o total de queixas já feitas no site contra os serviços da CEEE Equatorial, pior distribuidora de energia do Brasil.

A maior parte das reclamações foram feitas a partir de 2023, quando o esquema criado no governo Bolsonaro, com o aumento do número de entidades credenciadas para realizarem os descontos, passou a dar mais vultosos frutos, por assim dizer. Segundo a PF, a fraude pode chegar a R$ 6,3 bilhões.

Só as três associações investigadas pela PF que receberam mais descontos em fevereiro deste ano – Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura), Conafer (Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais do Brasil) e Caap (Caixa de Assistência de Aposentados e Pensionistas do INSS) – foram citadas 12.601 vezes no Reclame Aqui sobre cobranças indevidas, solicitações de estorno ou débito não autorizado em contracheque.

Entre as 11 associações alvos da Operação Sem Desconto, a Ambec (Associação de Aposentados Mutualista para Benefícios Coletivos) é a “campeã” no Reclame Aqui, com 8.191 queixas por cobranças indevidas e 866 solicitações de estorno do valor pago.

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E subindo.

A investigação da PF que resultou na Operação Sem Desconto tem origem em apuração iniciada pela Controladoria Geral da União em ato contínuo à troca de governo; tão logo o chefe da CGU no governo Bolsonaro, o ex-capitão do Exército Wagner Rosário, foi substituído pelo CGU do governo Lula, Vinicius Marques.

Hoje, Wagner Rosário é controlador-geral do estado de São Paulo, recrutado por outro ex-capitão do Exército: Tarcísio de Freitas.

*Este artigo não representa obrigatoriamente a opinião do Viomundo.

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Comentários

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Roberto

Em três anos desse Desgoverno ele já conseguiu endividar o Brasil ao ponto de dizer que em 2027 não terá dinheiro pra honrar as contas.
Gastou mais do que arrecadou.
Cada viagem leva uma comitiva enorme pra esbanjar dinheiro.
A Corrupção está escancarada.
Mais a culpa é do governo anterior.
Falta Caráter e hombridade pra assumir a sua irresponsabilidade e parcialidade em tudo que vem acontecendo no seu Desgoverno.

Zé Maria

.
.
Nota do Sindnapi:

“A diretoria do Sindnapi é eleita em convenção nacional
e possui mandato definido.

Atualmente, é composta por cerca de 80 membros,
com representação em todos os estados do país.

Formada majoritariamente por ex-dirigentes de
sindicatos de trabalhadores, a diretoria reúne
lideranças com mais de 25 anos de atuação
no movimento sindical brasileiro.
Entre esses nomes está José Ferreira da Silva,
o Frei Chico, atual vice-presidente da entidade.

Frei Chico, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
tem uma trajetória respeitada no sindicalismo.

Iniciou sua militância ainda nos anos 1960, antes mesmo
do irmão, como metalúrgico em São Bernardo do Campo (SP),
e foi um dos pioneiros na organização dos trabalhadores
no ABC Paulista.
Atuou com coragem durante o regime militar, sendo uma
das vozes mais firmes na luta pela redemocratização
do Brasil e pelos direitos dos anistiados políticos.

Desde 2008, integra a diretoria do Sindnapi.
Há um ano, ocupa a vice-presidência da entidade,
contribuindo de forma significativa com sua experiência,
especialmente nas pautas ligadas à anistia e
à reparação histórica.

Frei Chico não ocupa essa posição por laços familiares,
mas por mérito próprio e por sua trajetória reconhecida
por todo o movimento sindical brasileiro.

O Sindnapi reafirma seu compromisso com a defesa
dos direitos dos aposentados, com uma diretoria
legítima, experiente e comprometida com a história
de luta social no país.

Além disso, a entidade apoia integralmente as
investigações sobre eventuais irregularidades
nos descontos aplicados sobre os benefícios
dos aposentados.

Transparência, responsabilidade e ética são
princípios fundamentais da atuação do Sindnapi.

Seguimos firmes ao lado dos aposentados, trabalhando por uma sociedade mais justa, solidária e respeitosa
com aqueles que ajudaram a construir o Brasil.”

“Milton Cavalo
Presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos – Sindnapi”

[ Reportagem: Henrique Rodrigues | Revista Fórum ]
https://revistaforum.com.br/movimentos/2025/4/23/sindnapi-defende-frei-chico-irmo-de-lula-que-tem-mais-de-40-anos-de-militncia-sindical-177962.html
.
.
[Não devemos permitir que essa Operação Policial sirva
de Alavanca para os neoFascistas Neoliberais atacarem
genericamente o Movimento Sindical dos Trabalhadores
nem os Servidores e o Serviço Público Federal como um todo.]
.
.

Zé Maria

.
.
Segundo a investigação da Polícia Federal,
a prática dos crimes teria aumentado em 2019,
quando o hoje senador Sergio Moro (União Brasil)
atuava como Ministro da Justiça de Jair Bolsonaro.
.
.
Em 2017, antes da chegada de [Ricardo] Saadi,
a Superintendência da PF no Rio ocupava a 24ª posição no IPO.
Em abril de 2018, o policial assumiu a unidade, que fechou
o ano na 17ª posição.

Em agosto de 2019, [o presidente Jair] Bolsonaro
disse que iria trocar Saadi por “motivo” de “gestão
e produtividade” — ao fim do ano, a unidade caiu
para o 22º lugar no índice.

Segundo um integrante da PF que acompanhou o caso
de Saadi, a saída repentina do delegado está associada
a uma investigação que resvalou, ainda que de maneira
inadvertida, em um aliado de Bolsonaro.

Um despacho em um inquérito sobre CRIMES PREVIDENCIÁRIOS
mencionou um possível envolvimento do deputado
Hélio Lopes (PSL-RJ) [“Hélio Negão” (PL/RJ)],
o que teria irritado o presidente.

[Estadão, via UOL, 12/09/2019]

Zé Maria

E os Bancos que consignam no INSS descontos indevidos
– relativos a empréstimos – não autorizados por Aposentados serão também investigados pela Polícia Federal?

Zé Maria

Outro Lado

Contag e Sindnapi se posicionam
sobre Operação Sem Desconto

Das 11 entidades investigadas,
apenas 2 falaram à Agência Brasil

Reportagem:
Pedro Peduzzi & Alex Rodrigues
Agência Brasil

Das 11 entidades investigadas pela Operação Sem
Desconto, apenas duas se manifestaram, respondendo
aos pedidos da Agência Brasil: a Confederação Nacional
dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras
Familiares (Contag) e o Sindicato Nacional dos
Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi).

A Operação Sem Desconto, deflagrada na quarta-feira
(23) pela Polícia Federal (PF) e Controladoria-Geral da
União (CGU), teve o objetivo de aprofundar as
investigações sobre um esquema de descontos não
autorizados em aposentadorias e pensões do Instituto
Nacional do Seguro Social (INSS).

Estão sendo apuradas irregularidades cometidas por
organizações da sociedade civil que cobravam, sem
autorização de pensionistas, uma “mensalidade
associativa”.

Só entre 2019 [desgoverno Bolsonaro] e 2024,
a movimentação total ficou em cerca de R$ 6,3 bilhões.

Parte desse montante pode ter sido deduzida
ilegalmente dos benefícios pagos a aposentados
e pensionistas pelas entidades alvo da operação.

A Justiça Federal determinou o afastamento de cinco
dirigentes do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS):
o presidente Alessandro Stefanutto; o diretor de
Benefícios e Relacionamento com o Cidadão, Vanderlei
Barbosa dos Santos; o procurador-geral junto ao INSS,
Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho; o coordenador-
geral de Suporte ao Atendimento ao Cliente, Giovani
Batista Fassarella Spiecker, e o coordenador-geral de
Pagamentos e Benefícios, Jucimar Fonseca da Silva.

Alvo das diligências de quarta-feira, a Confederação
Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag)
disse que “reitera seu respeito às instituições
democráticas e o compromisso com a legalidade
em todas as suas ações”, e que se coloca à disposição
para colaborar com as investigações em curso,
“defendendo a total transparência do processo
investigatório e apuração devida dos fatos”.

A Contag lembra que, ao longo de seus 61 anos de
existência, sempre atuou com ética, responsabilidade
e em conformidade com as normas legais, visando
garantir, manter e ampliar os direitos de seus mais de
15 milhões de trabalhadores rurais agricultores e
agricultoras familiares.

A entidade informou que os aposentados e pensionistas
rurais de seu quadro associativo “autorizam o desconto
da sua contribuição associativa para o Sistema
Confederativo”.

Por meio de nota assinada por seu presidente,
Milton Cavalo, o Sindicato Nacional dos Aposentados,
Pensionistas e Idosos (Sindnapi) disse apoiar as
investigações contra descontos indevidos de
aposentados.

“Quando surgem denúncias de descontos irregulares
nos benefícios, é essencial que essas alegações sejam
levadas a sério e investigadas de forma rigorosa”, disse
o sindicato ao defender uma investigação “séria e
transparente”, que ajude na identificação de possíveis
irregularidades, além de “corrigir falhas e evitar que
injustiças continuem acontecendo”.

Segundo o Sindnapi, a investigação ajudará a fortalecer
a credibilidade das instituições que buscam dar apoio e
garantir os direitos dos aposentados, pensionistas e
idosos.

“Garantir que os aposentados recebam o que lhes é de
direito é uma questão de justiça e respeito à dignidade
de cada pessoa que contribuiu ao longo da vida para
construir o país”, acrescentou.

A mensalidade associativa é uma contribuição que
aposentados, pensionistas ou pessoas de uma
determinada categoria profissional pagam,
periodicamente, para fazer parte de uma associação,
sindicato ou entidade de classe sem fins lucrativos que
represente os interesses de seus membros do Regime
Geral da Previdência Social (RGPS).

De janeiro de 2023 a maio de 2024, o INSS recebeu
1 milhão de reclamações acerca de descontos indevidos,
motivando o cancelamento dos descontos autodeclarados como não autorizados.

Em março do ano passado, o instituto estabeleceu novas
regras para regulamentar o desconto associativo.

Assinada por Alessandro Stefanutto, a Instrução
Normativa Pres/INSS nº 162 estabelece o percentual
máximo da dedução e que o desconto deve ser
previamente autorizado pelo aposentado ou
pensionista, que tem de assinar um termo de adesão.

O beneficiário que não reconhecer o desconto da
mensalidade associativa em seu benefício pode requerer
a exclusão da cobrança usando o aplicativo do instituto,
no site Meu INSS ou a central telefônica 135.

Também é possível pedir o bloqueio temporário da cobrança.

O aposentado ou pensionista que não tenha autorizado
os descontos também pode solicitar o estorno de
valores cobrados indevidamente.
Para isso, ele deve entrar em contato com a entidade
responsável que recebeu as quantias descontadas,
cujo telefone é informado no contracheque do
beneficiário.

Se preferir, o interessado também pode enviar e-mail
para o endereço eletrônico:
[email protected], informando o ocorrido.

Veja quais são as 11 entidades associativas que foram
alvo da Operação Sem Desconto:

AMBEC
SINDNAPI/FS
AAPB
AAPEN (anteriormente denominada ABSP)
CONTAG
AAPPS UNIVERSO
UNASPUB
CONAFER
APDAP PREV (anteriormente denominada ACOLHER)
ABCB/Amar Brasil
CAAP

A Agência Brasil está aberta à manifestação
das demais entidades investigadas.

https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2025-04/contag-e-sindnapi-se-posicionam-sobre-operacao-sem-desconto

.

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