Governo Temer quer voltar ao tempo em que moradias eram usadas para formar curral eleitoral

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Foto: Alex Ferreira / Câmara dos Deputados

Ministro interino impede participação popular em debate sobre Minha Casa, Minha Vida; petistas protestam

do PT na Câmara

A Câmara dos Deputados se deparou com mais um absurdo protagonizado por ministros interinos do governo golpista de Michel Temer.

Desta vez, o ministro das Cidades, Bruno Araújo (PSDB) proibiu a participação da sociedade na audiência pública promovida pela comissão de Desenvolvimento Urbano da Câmara (CDU) para debater, nesta quarta-feira (13), ações do ministério no âmbito do Programa Minha Casa, Minha Vida.

Para o deputado Nilto Tatto (PT-SP), autor do requerimento que propôs o debate, a restrição de acesso ao plenário da comissão reflete “o formato do governo golpista de Michel Temer que não considera a participação popular na construção do processo democrático”.

“O próprio ministério impôs ao presidente da comissão, Jaime Martins (PSD-MG) para que não abrisse espaço para a representação da sociedade civil”, denunciou Nilto Tatto, que ainda chamou a atenção para a gravidade do tema em debate. “O que está em jogo aqui é o maior programa de habitação da história do País”, salientou.

“Na fala inicial do ministro interino ficou demonstrado que o conceito inicial do Minha Casa, Minha Vida com participação social, com controle da sociedade civil na participação direta na elaboração, implementação e monitoramento do programa, esse conceito está se perdendo com esse governo interino”, alertou Nilto Tatto.

O deputado ainda criticou a revogação do decreto editado pelo governo da presidenta Dilma Rousseff que autorizava a Caixa contratar a construção de cerca de 11 mil novas unidades habitacionais do programa Minha Casa, Minha Vida.

“O ministro provisório tomou medida drástica ao revogar o decreto da presidenta Dilma que autorizava a construção de novas unidades habitacionais que atenderiam às demandas do campo e da cidade”, disse o deputado se referindo às obras que seriam administradas por entidades escolhidas pelo governo que atenderia a uma faixa de renda mensal de até R$ 1.800.

Para o coordenador do Núcleo Agrário da Bancada do PT na Câmara, deputado João Daniel (PT-SE) o que ocorreu hoje na Comissão de Desenvolvimento Urbano “é retrocesso”.

“Essa é uma demonstração da forma como aqueles que chegaram ao governo – a partir de um golpe liderado por Eduardo Cunha e que teve na figura do ministro interino de Bruno Araújo um dos mentores – trata o movimento social, e uma das maiores conquistas do povo que é o programa Minha Casa, Minha Vida”, afirmou João Daniel.

“O que estamos assistindo aqui é a tentativa de se impedir esse programa. Eles querem que o Brasil volte a ter os programas habitacionais de governos anteriores, que eram feitos sem participação popular, sem critério e era dado à população através de deputados, prefeitos e empreiteiras, como currais eleitorais”, alertou.

“Como podemos conceder uma audiência pública sem o público? ” questionou a deputada Moema Gramacho (PT-BA). Ela ainda disse que o debate sem a participação de representantes da sociedade civil como, por exemplo, os movimentos em defesa da moradia, dos sem teto, das mulheres libertárias, apontam para a necessidade do retorno imediato da presidenta Dilma na condução do país.

“Esse governo temerário e temporário deu mais uma demonstração de que tem que acabar rápido, antes que acabe com o Brasil. O ministro interino, Bruno Araújo fez todo um trabalho de desconstrução do governo anterior, não falou o que os trabalhadores queriam ouvir, caso eles não fossem impedidos de participar do debate”, alegou.

De acordo com a deputada, aqueles que conseguiram participar da audiência saem com a certeza de que não vai haver novas contratações de moradias na gestão do governo provisório e golpista de Michel Temer.

“A única coisa que tivemos condições de extrair da audiência é que não terão contratos novos do MCMV. Saí da audiência decepcionada. Creio que a população deve reagir a isso, os movimentos sociais precisam continuar pressionando para que ele não retire novas contratações de unidades para a faixa dos que mais precisam”, conclamou Moema.

Benildes Rodrigues


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Comentários

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Nelson

“Na fala inicial do ministro interino ficou demonstrado que o conceito inicial do Minha Casa, Minha Vida com participação social, com controle da sociedade civil na participação direta na elaboração, implementação e monitoramento do programa, esse conceito está se perdendo com esse governo interino”, alertou Nilto Tatto.

Só se eu fosse insano, iria desdenhar da importância do programa Minha Casa, Minha Vida para o povo brasileiro como um todo. Não, não foi importante só para quem não tinha casa; para aqueles que já tinham, o programa é também muito importante. Quem é que gosta de ver pessoas vivendo em barracos que não oferecem o mínimo conforto?

Porém, é preciso dizer que a “participação social” foi extremamente falha. Teve muito espertalhão se enchendo de dinheiro às custas dos cofres públicos. Algo que poderia ter sido evitado se essa “participação social” fosse mais intensa e articulada com os movimentos sociais para que o “monitoramento” e a fiscalização do programa fossem mais consistentes.

Nelson

“A Câmara dos Deputados se deparou com mais um absurdo protagonizado por ministros interinos do governo golpista de Michel Temer.”
“Desta vez, o ministro das Cidades, Bruno Araújo (PSDB) proibiu a participação da sociedade na audiência pública […]”

Bem. Em se tratando de gente do governo golpista e do PSDB, devemos reconsiderar o que entendemos por absurdo. Por mais que possamos acreditar que seja, uma audiência pública sem povo presente não é algo absurdo, portanto.

Otávio

Como destruir um país sem disparar nenhum tiro

Fora de Pauta, mas duas matérias importantíssimas sobre a Lava Jato

Trechos da matéria “A mídia e o jogo malandro da Lava Jato” , de Miguel do Rosário, publicada no Blog do Altamiro Borges

Matéria Completa: http://altamiroborges.blogspot.com.br/2016/07/a-midia-e-o-jogo-malandro-da-lava-jato.html

A Lava Jato, arma principal da guerra híbrida, transformou a opinião nacional inteira, da direita à esquerda, num exército de patetas repetindo suas descobertas.

José Roberto Barroso, em entrevista à Globo, elogiou a Lava Jato nesses termos:

“a melhor coisa que os rapazes de Curitiba fizeram foi oferecer um bom exemplo.

(…) uniram-se membros do Ministério Público, Polícia Federal e a magistratura em um pacto de seriedade, de qualidade técnica, de trabalho de patriotismo, para ajudar a enfrentar um problema brasileiro, que é a corrupção”.

Pacto de patriotismo? Viajar aos EUA, às expensas públicas, para entregar informações contra a Petrobrás ao Departamento de Estado americano?

Destruir as maiores indústrias de engenharia do país?

Atacar o centro de pequisas da Petrobrás?

Paralisar a fabricação do nosso submarino nuclear?

Isso é pacto de patriotismo?

Além do mais, Barroso sabe muito bem que PF, judiciário e MP não podem “se unir”. A luta nunca pode ser apenas contra a corrupção, e sim contra o autoritarismo, que se infiltra o tempo inteiro no aparelho do Estado. Para isso existe separação de poderes. Senão não havia sentido existir um Judiciário, uma PF e um MP: podíamos ter um órgão só, como na Pérsia de Xerxes.

É impressionante a pusilanimidade, a covardia, de nossos ministros do STF. Quando penso nisso, entendo melhor o golpe: quem mandou o PT nomear esses covardes?

O Instituto dos Advogados Brasileiros divulgou uma nota de repúdio.

Mas não é suficiente.

Qual o resultado da Lava Jato? 1) golpe de Estado; 2) um novo governo infinitamente mais corrupto, cheio de ministros investigados; 3) vitória dos partidos e parlamentares mais corruptos e reacionários; 4) vitória da mesma mídia nascida do mesmo status quo que gerou toda essa corrupção; 5) desorganização de setores estratégicos da economia nacional, como petróleo, energia nuclear, hidrelétricas, etc; 6) aumento no desemprego provocado pela desorganização desses setores; 7) desmoralização do partido político que sempre apresentou os menores índices de corrupção parlamentar, o PT, um dos partidos trabalhistas mais importantes do mundo.

A lista de irregularidades da Lava Jato é gigantesca. O ministro Barroso será um dos que irão julgar os recursos. O mínimo que ele podia fazer é se abster de elogios levianos contra uma operação que tanto mal causou o país.

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