Altamiro Borges: Skol retira campanha machista do ar. Basta?

Tempo de leitura: 4 min

Skol - Pri Ferrari

A jornalista Mila Alves e a publicitária e ilustradora Pri Ferreira acrescentaram à peça publicitária original a frase: “E Trouxe o NUNCA”, feita com fita isolante preta. Elas postaram o resultado nas redes sociais

por Altamiro Borges, em seu blog

Após os protestos nas redes sociais, a cervejaria Skol finalmente retirou do ar sua campanha publicitária que fazia apologia ao estupro. Segundo informa o site de entretenimento F5, da UOL, ela foi substituída por outra peça que pede respeito às mulheres no período de Carnaval. “Não deu jogo? Tire o time de campo”, afirma a nova campanha.

Os anúncios originais da Skol eram descaradamente machistas: “Topo antes de saber a pergunta”, “esqueci o ‘não’ em casa”, “tô na sua, mesmo sem saber qual é a sua”, afirmavam as peças da campanha de marketing. A reação na internet foi imediata, com fortes críticas à falta de escrúpulos da indústria de cerveja.

A pressão contra a empresa partiu dos movimentos feministas organizados e de pessoas que se sentiram agredidas. A publicitária Pri Ferrari e a jornalista Mila Alves se destacaram nesta reação. “Indignadas com as frases, as duas decidiram fazer uma intervenção em um dos outdoors, num ponto de ônibus na Rua Vergueiro (SP). Com fita isolante preta, elas deram continuidade à frase que diz ‘Esqueci o ‘não’ em casa’. Escreveram: ‘E trouxe o ‘nunca’. A foto da intervenção, publicada no Facebook, teve mais de 8.000 curtidas e quase 3.000 compartilhamentos”, relata o F5.

Vitória para festejar, mas sem ilusões

“Essa publicidade estava no ponto de ônibus que eu vou todo dia e fiquei chocada. Resolvemos fazer uma intervenção. A peça e a campanha em si mostram claramente um conceito errado, de ‘topo, depois pergunto’ de ‘não pode dizer não’, sendo que estamos no carnaval e ‘não’ é o que mais a gente precisa dizer. Não ao estupro, não ao beber e dirigir, não ao sexo sem camisinha… Cerveja e machismo andam juntos desde sempre e precisamos desconstruir isso. Não podemos aceitar esse tipo de coisa ser chamada de normal e engraçadinha”, afirma Pri Ferrari.

Para ela, a campanha se mostrou “totalmente irresponsável, principalmente durante o Carnaval, que a gente sabe que o índice de estupro sobe pra caramba. Isso é uma falta de respeito e de responsabilidade”.

A publicitária relata ainda que foi procurada pelo diretor de comunicação da Ambev, dona da marca Skol. “No começo, ele tentou manipular a situação. Falei tudo! Vomitei tudo! Falei que ele tinha que pensar mil vezes antes de colocar no ar uma coisa daquele tipo, que ele tem responsabilidade como patrocinador e como marca”.

Pouco tempo depois, “ele me ligou para me avisar que vão fazer uma força tarefa durante a noite e tirar todas as campanhas das ruas e colocar uma nova no lugar com um conceito mais ‘diga sim para as coisas boas’. Desliguei, abracei a Mila e choramos. Ganhamos essa! E a Ambev com certeza vai pensar duas vezes antes de fazer uma campanha que ofenda alguém”, concluiu a publicitária, feliz e otimista. Mas não dá para ter tanta esperança assim. Afinal, as indústrias de cerveja – assim como a de medicamentos, de veículos e outras – não têm qualquer escrúpulo.

Os bilhões no mercado publicitário

O próprio F5 entrou em contato com o diretor da Skol, Fábio Barracho, que desqualificou as críticas e explicou os motivos do recuo. “Queríamos falar sobre paquera, amor e pegação do Carnaval. Mas se houve uma interpretação errada, a gente ouve o consumidor”.

De fato, a preocupação das empresas do setor é com o tal consumidor – não com a qualidade dos produtos, mas sim com seus lucros. Daí elas abusarem nas suas peças publicitárias. Pouco importa que elas sejam machistas ou que prejudiquem as crianças. O que importa é estimular o consumismo obsessivo!

Em vários países, a publicidade de bebidas alcóolicas nas concessões públicas de rádio e televisão é simplesmente proibida. No Brasil, porém, as poderosas empresas do setor, as agências de publicidade e as emissoras não aceitam sequer discutir o assunto. No final do ano passado, elas conseguiram novamente barrar qualquer regulamentação do setor.

Com base em uma ação do Ministério Público Federal, a Justiça determinou que a publicidade de bebidas com teor alcoólico, como cerveja e vinho, só deveriam ir ao ar na TV e no rádio entre 21h e 6h. Ela também fixou que os comerciais não poderiam ter imagens associadas a esporte, direção de veículos ou desempenho sexual.

A gritaria dos empresários foi violenta. Eles alegaram que teriam enormes prejuízos e que demitiriam milhares de trabalhadores. Segundo uma agência que monitores inserções comerciais, entre junho e julho do ano passado – período da Copa do Mundo –, Globo, Band, Band, SBT, Record e RedeTV exibiram 3.675 inserções comerciais de cerveja só em São Paulo. Somado, o valor bruto (sem descontos) dessas ações chegaram a R$ 82 milhões.

Nos pós-Copa, entre agosto e setembro, o estudo contabilizou 2.100 inserções publicitárias de cerveja na televisão em SP, somando investimento bruto de R$ 48 milhões. Com base nestes números milionários, as empresas chiaram e a decisão da Justiça foi suspensa!

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Comentários

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Renata Silver

Não, não basta, caro Miro.
Mas é um começo. Cansamos de protestar contra coisas como esta e não sermos ouvidas. Cansamos de receber respostas debochadas a nossos protestos. Vez ou outra, as empresas retiram as propagandas, e comemoramos. Mas, ao contrário de nos acomodarmos, nos empolgamos para continuar a combater o machismo na mídia. Não só na propaganda, mas na mídia como um todo.
É uma tarefa árdua, uma guerra sem fim. Toda batalha ganha é comemorada.

Cláudio

:

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************* Abaixo o PIG brasileiro — Partido da Imprensa Golpista no Brasil, na feliz definição do deputado Fernando Ferro; pig que é a míRdia que se acredita dona de mandato divino para governar.

Lei de Mídias Já!!!! **** … “Com o tempo, uma imprensa [mídia] cínica, mercenária, demagógica e corruta formará um público tão vil como ela mesma” *** * Joseph Pulitzer. **** … … “Se você não for cuidadoso(a), os jornais [mídias] farão você odiar as pessoas que estão sendo oprimidas, e amar as pessoas que estão oprimindo” *** * Malcolm X. … … … Ley de Medios Já ! ! ! . . . … … … …

Messias Franca de Macedo

‘Os Retirantes do Cantareira’,
o bloco mais animado do carnaval…
Do Recife!

Impítiman é meuzovos!

Orgulho de ser nordestino!

Pedrão

SKOL, TO FORA.

FrancoAtirador

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.
MENINA DE 16 ANOS MORRE ATROPELADA

POR TRIO ELÉTRICO “MARAJÁS DO TRAGO”

Uma adolescente morreu na madrugada deste domingo
após ser atropelada por um trio elétrico no Carnaval de Jaguarão,
um dos mais tradicionais do Rio Grande do Sul, no sul do Estado.

A jovem de 16 anos foi atingida pelo caminhão
do Trio “Marajás do Trago” durante o circuito pela cidade.
Ela chegou ao hospital sem vida.

O motorista fez exame de bafômetro,
que deu resultado negativo.
O veículo foi recolhido para perícia.

Segundo testemunhas, ela estava embriagada
e caiu no chão várias vezes antes de ser atropelada.

Foi o primeiro Carnaval da jovem,
que nasceu e morava em Jaguarão,
município de fronteira com o Uruguai.

Ela morava com a mãe.
O pai, comerciante, disse que a adolescente
já queria ter ‘curtido a folia’ no ano passado,
mas só neste ano teve permissão concedida.

O sepultamento foi no final da tarde
de domingo no Cemitério Municipal.

As festividades de carnaval haviam sido suspensas,
por tempo indeterminado, após a morte da garota.

Porém, após reunião com a Brigada Militar
e representantes da Liga dos Trios Elétricos de Jaguarão,
a Prefeitura determinou que continuaria a festa,
marcada para até terça-feira (17).

Um minuto de silêncio feito
por todos os trios elétricos
em homenagem à adolescente morta.

O Evento de Carnaval em Jaguarão,
por ser a maior festa de rua da região,
é conhecido como “Salvador do Sul”.

A população de 28 mil habitantes
chega a dobrar de tamanho nesta época,
lotando hotéis e pousadas.

Além disso, a movimentação impulsiona o consumo
nos ‘free shops’ da cidade uruguaia de Rio Branco,
separada da brasileira apenas pelo Rio Jaguarão.

(http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/noticia/2015/02/prefeitura-de-jaguarao-mantera-carnaval-apos-morte-de-adolescente-4700792.html)
(http://gaucha.clicrbs.com.br/rs/noticia-aberta/apos-atropelamento-de-menina-trios-eletricos-de-jaguarao-intensificam-seguranca-130685.html)
(http://www.radioguaiba.com.br/noticia/prefeitura-de-jaguarao-decide-manter-carnaval-apos-jovem-ter-morrido-atropelada-por-trio-eletrico)

Paulo

A proibição de vinculação publicitária de qualquer tipo necessariamente não irá diminuir drasticamente o consumo provocando assim demissões no setor.

O que faria isso seria, a exemplo da industria do cigarro, uma regulamentação e legislação geral tosca e mal produzida que incentiva o contrabando, notadamente do Paraguai.

O resto é conversa para boi dormir.

Vlad

De fato, campanha machista e asquerosa a ponto de ofender todo mundo, não apenas as mulheres.

Mas não é só a cervejeira que faz isso, como pode ser visto na notícia abaixo.

http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/brasil/2015/02/05/internas_polbraeco,469783/peca-publicitaria-do-ministerio-da-justica-causa-polemica-nas-redes-so.shtml

    FrancoAtirador

    .
    .
    Estás confundindo as Indústrias de Bebidas,

    Corporações Econômicas Privadas que visam

    exclusivamente ao Lucro de Particulares,

    com uma Campanha de Iniciativa Oficial

    de Alta Importância e Relevância Social.

    A Campanha ‘Bebeu, Perdeu’

    “Um dos objetivos da iniciativa é sensibilizar os comerciantes
    a não vender o produto para crianças e jovens – prática criminosa
    que, de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA),
    pode ser punida com até quatro anos de prisão e multa.

    A estratégia de comunicação foi elaborada a partir dos resultados
    de uma pesquisa encomendada à Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).

    Segundo o estudo, feito em 2010,
    60% dos jovens estudantes
    do 6º ao 9º ano do ensino fundamental,
    e do 1º ao 3º ano do ensino médio,
    de escolas públicas e particulares,
    responderam que já consumiram álcool
    ao menos uma vez na vida.

    Desses, 15,4% tinham entre 10 e 12 anos,
    e 43,6% entre 13 e 15 anos.”

    FrancoAtirador

    .
    .
    É também por isto que querem

    reduzir a maioridade penal:

    Estatuto da Criança e do Adolescente
    (ECA – Lei nº 8.069 de 13 de Julho de 1990)

    Art. 81. É proibida a venda à criança
    ou ao adolescente de:

    I – armas, munições e explosivos;

    II – bebidas alcoólicas;

    III – produtos cujos componentes possam causar
    dependência física ou psíquica
    ainda que por utilização indevida;

    IV – fogos de estampido e de artifício,
    exceto aqueles que pelo seu reduzido potencial
    sejam incapazes de provocar qualquer dano físico
    em caso de utilização indevida;

    V – revistas e publicações a que alude o art. 78;

    VI – bilhetes lotéricos e equivalentes.

    Art. 243. Vender, fornecer ainda que gratuitamente,
    ministrar ou entregar, de qualquer forma,
    a criança ou adolescente, sem justa causa,
    produtos cujos componentes possam causar
    dependência física ou psíquica,
    ainda que por utilização indevida:

    Pena – detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa,
    se o fato não constitui crime mais grave.
    (Redação dada pela Lei nº 10.764, de 12.11.2003)

    (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069Compilado.htm)
    (http://www2.mp.pr.gov.br/cpca/telas/ca_igualdade_15_4_4_2.php)
    .
    .

    Vlad

    Sim. Eu sei.
    Mas não sou bobo de ir pelo caminho que os porta-vozes do adesismo incondicional tentam impor aos fatos.

    Trazendo o foco para o problema do alcoolismo, que é o que fez o Altamiro e também faz V. Sa. (e que definitivamente não é a questão central das críticas a essa campanha), fica mais fácil distrair da questão da apologia ao estupro.

    Apologia na qual a Skol foi bem menos explícita que o Ministério da Justiça, que foi além, tratando o bullying entre os adolescentes como coisa normal e pondo a culpa do estupro na vítima.

    FrancoAtirador

    .
    .
    Não há adesismo incondicional algum.

    E os fatos não estão engarrafados.

    Há, sim, ampliação de um debate saudável
    para questões sociais mais profundas
    que devem ser trazidas à discussão.

    Essencialmente, há que se fazer distinção,
    não só pelos efeitos isolados e eventuais,
    mas fundamentalmente pela sua abrangência
    por causa do interesse social envolvido
    em cada circunstância real considerada.

    As peças publicitárias foram bem criticadas.
    Mas há inúmeras outras na mesma situação,
    a maioria absoluta de produtos oferecidos
    por Empresas Privadas na Mídia Mercantil.

    E as propagandas de bebidas alcoólicas,
    não só de Skol, mas também de Brahma
    Antártica, Budweiser, Patrícia, Polar
    – essas da AMBEV – e de Kaiser, Itaipava,
    Devassa, Schincariol, de todas as marcas
    de cerveja, e de outros fermentados,
    e dos destilados, da cachaça ao scotch,

    sempre remetem a um consumo prejudicial
    à saúde física e psíquica dos indivíduos

    e, o que é pior, apelam para o recurso
    do hedonismo inescrupuloso, trazendo malefícios
    à formação cultural da Sociedade como um todo,

    e transgredindo Princípios da Constituição Federal
    e da Declaração Universal dos Direitos Humanos

    ao promoverem o Assédio Sexual Explícito,
    a Misoginia e a Ofensa à Igualdade de Gêneros.

    Por essa razão também, o alcoolismo veio à balha,
    porque é tema de importância para todas as pessoas,
    diretamente associado a tais propagandas enganosas.

    É inclusive o motivo pelo qual, “a publicidade
    a favor das bebidas alcoólicas na TV é proibida,
    na França”, por exemplo, “e as mensagens permitidas
    ao público francês referem-se à qualidade do produto,
    com ênfase em sua origem e composição.”

    (http://www.portugues.rfi.fr/geral/20140303-propaganda-de-bebidas-alcoolicas-durante-copa-do-mundo-preocupa-associacao-francesa)
    (http://exame.abril.com.br/marketing/noticias/conar-vai-investigar-kaiser-itaipava-e-devassa)
    (http://www12.senado.gov.br/publicacoes/estudos-legislativos/tipos-de-estudos/textos-para-discussao/td-20-regulacao-da-publicidade-das-bebidas-alcoolicas)
    .
    .

FrancoAtirador

.
.
As Propagandas de Bebidas Alcoólicas

Deveriam Ser Terminantemente Proibidas

nas Concessões Públicas de Rádio e TV.
.
.

    renato

    Concordo!!!!!!!!!!
    parabens pela explicação..

Douglas

Um dos mitos que precisa ser desmistificado é aquele que diz que a canabis ( maconha ) é a porta de entrada para as drogas mais pesadas. Na verdade, o álcool é essa porta que conduz ao inferno.

Rodrigo

Até por que o carnaval no Brasil e quase uma reunião de freiras carmelitas puras e inocentes.

    Fulvio Costa

    Ou seja: se a mulher for forçada por um cara a ser beijada por ele, se a mulher estiver de roupa curta e por esse motivo for molestada, se a mulher estiver um pouco alta e um cara enxergar nisso um sinal verde para abusar dela, se uma mulher estiver embriagada e for estuprada por não ter condições de resistir a um cara mal-intencionado, a culpa é dela, certo? VÁ SE CATAR, RAPAZ.

    Rodrigo

    Não sejamos hipócritas. Não estamos falando de uma universidade, escola ou ambiente de trabalho, muito menos em ataquem na rua em um dia normal.

    Agora, todo mundo com meio neurônio ativo sabe o que representa o carnaval para o brasileiro médio. Ninguém vai para um local desses sem segundas intenções, seja homem ou mulher. O que a Skol fez foi só escancarar aquilo que todo mundo sabe que acontece pelos bailes afora.

    renato

    O Carnaval é uma festa para todos.
    Não concordam.
    Vai quem quer.
    Faz o que quer.
    Leva as crianças, os jovens e os velhos.
    Leva o churrasco de gato, a coca cola, e
    a cerveja.
    Leva o Balão, o confete e a fantasia.
    A policia leva o cacetete, a algema e o
    camburão..
    O SUS leva a ambulancia, e o revivador.
    O Traficante suas bagaças..
    E o usuario sua alma..
    A prostituta, pula para a classe média.
    A classe média paga a entrada.
    O Cemitério cobra seus mortos depois.
    Os hospitais as suas mazelas.
    Dos país o terror, o desaparecimeto
    cobra o corpo..
    È um grande enredo,…é NÒIS..
    Resto de festa, e nem uma coxinha sobrou.

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