A chocante distribuição de riqueza nos Estados Unidos

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Sugerido pelo Denilson Nunes Rodrigues, no Facebook

PS do Viomundo: O Denilson sugere que alguém reproduza o gráfico para o Brasil. Algum candidato?

Leia também:

Estudantes cariocas contra o ensino da privataria nas escolas


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abolicionista

Apesar das grandes mudanças implementadas pelos governos do PT, que conseguiram, pela primeira vez em muitos anos, reduzir o índice de desigualdade no Brasil, inda estamos piores do que os EUA. O problema é que os EUA posam como modelo de democracia para o mundo, o que eles não são, como demonstram os números.

    Thiago H. de Sá

    Azenha, por favor, publique no Viomundo a maravilhosa carta aberta à comunidade uspiana das renomadas professoras Lilia Schwarcz e Maria Helena Pereira Toledo Machado sobre a proposta canhestra do governo estadual e da USP para a ‘inclusão'(sic) social de alunos baseada justamente no modelo americano segregador e desigual. Abs

    ====================================================

    Para a comunidade Uspiana:

    Foi com preocupação que tomamos conhecimento do projeto PIMESP
    (Programa de Inclusão com Mérito no Ensino Superior Público Paulista),
    enviado aos docentes no dia 21 de fevereiro do corrente. Nosso
    primeiro estranhamento se justifica pelo fato das Congregações e
    Conselho Universitário de nossa universidade terem apenas começado a
    discutir o assunto estratégico das cotas sociais e étnico-raciais
    apenas nos últimos meses. Em nossa faculdade, a FFLCH, por exemplo, na
    qual se encontram os principais estudiosos da USP a respeito do
    problema da inclusão universitária, a Comissão de Discussão de Cotas
    Raciais teve oportunidade de apresentar apenas uma primeira reflexão
    no mês de novembro e fomos já surpreendidos por um projeto que se
    afirma pronto, e frente ao qual somos instados a nos posicionar no
    prazo máximo de 30 dias. Certamente sabemos que nossa universidade,
    assim como todo o sistema público de ensino superior do Estado de São
    Paulo, está bastante atrasada, quando comparada a outros centros e
    instituições, no que se refere à produção de uma reflexão e na
    gestação de projetos que se destinem ao acesso mais amplo à
    universidade pública. No entanto, tal situação não justifica que após
    anos de silêncio, sejamos levados a tomar decisões de afogadilho e que
    podem incorrer exatamente nos problemas que queremos corrigir.

    Chama a atenção o fato do projeto não trazer autoria definida, o que é
    estranho em se tratando de uma proposta de tal envergadura, que deverá
    ser discutida pelos principais produtores de conhecimento, a respeito
    do tema da desigualdade social e racial existente em nosso estado.
    Além do mais, os dados apresentados profusamente ao longo da proposta
    não estão certificados por referências à sua origem. Assim, persistem
    dúvidas a respeito das fontes e metodologias que embasaram o projeto
    em tela.

    Além do mais, uma leitura inicial do projeto veiculado pelo CRUESP
    mostra que este apresenta ainda falhas de digitação e de revisão,
    sugerindo um texto mais apressado, e certamente não em sua forma
    final. A impressão de ser este apenas um projeto preliminar, que deve
    ser justamente discutido e revisto de maneira exaustiva pela
    comunidade acadêmica das universidades paulistas, entendida de maneira
    ampla, se consolida quando passamos à análise do conteúdo do projeto.

    A primeira parte do projeto, “Alguns dados”, merece reflexão, pois
    comprova a existência de ampla exclusão de alunos oriundos da escola
    pública e, entre estes, especialmente os PPIs (pretos, pardos e
    indígenas, seguindo as categorias do censo nacional) dos nossos bancos
    universitários. Em nosso entender, a proposta do PIMESP apresenta,
    nesse sentido, uma série de propostas não desenvolvidas a contento as
    quais correm o risco de, como já adiantamos acima, ao invés de abrir
    caminho para a diminuição das desigualdades sociais e raciais
    presentes nas universidades públicas paulistas, aprofundá-los.

    Dentre os problemas chamamos a atenção para 4 questões:

    1. O termo “Community College”, que aparece reiteradamente ao longo do
    PIMESP como modelo para o Instituto Comunitário de Ensino Superior
    (ICES), está sendo utilizado de maneira bastante dúbia. Não parece
    acertado que a USP, centro de excelência de pesquisa internacional de
    nosso país, se aproprie de maneira inadequada de um modelo de ensino
    superior que em nada se coaduna com as reais necessidades de inclusão
    do contexto paulista, nem reflete a estrutura do ICES. Os “Community
    Colleges” são faculdades de cursos mais curtos, normalmente de dois
    anos, voltados para a capacitação profissional rápida de seus alunos,
    que saem formados e diplomados em carreiras tais como contador,
    secretária executiva, assistente jurídico (paralegal) etc… Ao
    contrário da formação técnica do “Community College”, o ICES do PIMESP
    se propõe a oferecer cursos gerais, voltados para a complementação da
    escolarização média e para a “formação sociocultural superior para
    exercício de cidadania na sociedade moderna”. Ora, se queremos de fato
    enfrentar as desigualdades devemos começar a tratar o jovem de baixa
    renda e os PPIs, provenientes da escola pública, como cidadãos que
    merecem e exigem, não uma extensão do ensino médio num formato
    paternalista, que têm como objetivo formar cidadãos. Este aluno não
    merece ser tratado como um indivíduo que precisa ser diferenciado para
    só depois poder frequentar nossos bancos universitários, em cursos
    generalistas, que apenas os colocam em novos espaços de exclusão. O
    que este aluno almeja é poder participar da vida universitária real de
    nossos campi, de maneira plena e cidadã. Imaginar que o aluno de
    escola pública e de baixa renda e os PPIs precisam de um curso
    intermediário como esse significa não analisar o grau de inserção dos
    alunos que vem entrando em outras escolas pelo sistema de cotas e que
    não precisaram desse tratamento desigualado. Tal postura distancia o
    nosso ensino público da direção tão almejada por todos nós da
    diminuição das desigualdades sócio-raciais.

    2. Em segundo lugar, é importante sublinhar que alunos da escola
    pública e os PPIs fariam este curso, em grande parte, à distância.
    Assim, ficariam eles, por pelo menos mais dois anos, excluídos
    fisicamente da frequência e da utilização de nossas instalações. Não é
    difícil imaginar que teríamos uma USP predominantemente branca e
    notavelmente elitista contraposta a uma USP virtual, onde alunos de
    escola pública, de baixa renda e PPIs, ficariam em espaços separados.

    3. O sistema UNIVESP de ensino à distância que surge no PIMESP como
    ferramenta essencial para a realização do projeto é um sistema que já
    foi duramente criticado pela comunidade universitária e que andava,
    nos últimos anos, não sem razão, escanteado. O ensino à distância pode
    ser eficaz e estratégico para atingir metas educacionais quando
    aplicado a populações de difícil acesso geográfico ou físico
    (população hospitalar e carcerária, por exemplo). Nada justifica a
    implantação, porém, desse sistema para tratar com jovens alunos, que
    são justamente carentes das benesses que só a convivência
    universitária pode trazer. Que sentido teria oferecermos um curso
    presencial de excelência em nossos campi quando mantemos jovens também
    universitários de baixa renda e PPIs segregados em bairros periféricos
    da cidade de São Paulo e no interior, acessando a universidade apenas
    ou majoritariamente pela internet?

    4. Finalmente, após um ou dois anos, o PIMESP considera a
    possibilidade do aluno “incluído” ingressar na universidade real,
    “respeitando o mérito acadêmico e de acordo com as ofertas
    apresentadas”. O PIMESP, portanto, não oferece nenhuma garantia de
    acesso desse aluno ao sistema universitário integral.

    Frente a problemas, consideramos premente a dilatação desse prazo para
    que ocorra uma efetiva abertura de um amplo debate público na USP – e
    nas universidades públicas paulistas em geral. Isso para que não
    sejamos alijados de um amplo e necessário processo de democratização e
    inclusão no ensino superior, meta que hoje o Brasil enfrenta como seu
    grande e mais profundo desafio.

    Lilia Schwarcz
    Professora Titular
    Departamento de Antropologia
    Global Professor
    Universidade de Princeton

    Maria Helena Pereira Toledo Machado
    Professora Titular
    Departamento de História
    Universidade de São Paulo

FrancoAtirador

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14/9/2011

Número de pessoas abaixo da linha pobreza bate recorde nos EUA

O número de pessoas vivendo
abaixo da linha da pobreza nos Estados Unidos
aumentou para 15,1% da população em 2010,
chegando ao recorde de 46,2 milhões de pessoas.
É o maior contingente de pessoas
abaixo da linha da pobreza dos últimos 52 anos,
desde que os dados começaram a ser coletados.
O índice de aumento no número de pobres
foi registrado pelo terceiro ano consecutivo
e é o maior desde 1993.

Por Renata Giraldi, repórter da Agência Brasil(*), via Carta Maior

O número de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza nos Estados Unidos aumentou para 15,1% da população em 2010, chegando ao recorde de 46,2 milhões de pessoas.

Os dados são do censo norte-americano, divulgado terça-feira (13).

É o maior contingente de pessoas abaixo da linha da pobreza dos últimos 52 anos, desde que os dados começaram a ser coletados.

Em 2009, 14,3% da população norte-americana vivia abaixo da linha da pobreza.

O índice de aumento no número de pobres foi registrado pelo terceiro ano consecutivo e é o maior desde 1993.

Atualmente, um em cada seis americanos vive na pobreza.

Os Estados Unidos passam por um dos seus piores momentos econômicos.

O governo tenta buscar meios para reduzir os impactos da crise, mas há também dificuldades políticas envolvendo as negociações [com os parlamentares republicanos].

(*) Com informações da BBC Brasil e da Agência Lusa de notícias

http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=18473
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Detalhe:

Esses são dados oficiais do governo dos U.S.A., em 2010.

Atualmente a situação lá está bem pior:

1º/8/2012

Pobreza aumenta nos EUA e pode comprometer reeleição de Obama

Prensa Latina, via Vermelho

Publicar na Internet e em outros meios de imprensa que a pobreza nos Estados Unidos não melhorou desde 1973 e que existem tantos pobres como em 1965 chama a atenção do mais simples cidadão, porque se trata da maior economia mundial.
Mas isso demonstra que aqueles que geraram a atual crise econômica global também provocam um crescente número de injustiças e maiores desigualdades.

Benefícios sociais: fila para pegar sopa nos Estados Unidos

O professor de Direito em Georgetown University Law Center, Peter Edelman, especializado em temas sobre pobreza, bem-estar e direito constitucional, assegurou recentemente que seu país voltou para onde estava nos anos sessenta.

Em sua análise, considera que a miséria está muito relacionada com o desemprego e a redução de ambas é provável que se converta num processo lento e frustrante, daí a ideia de um país arrastado ainda mais para o abismo por um problema que não vai desaparecer tão cedo.

Segundo suas apreciações há quatro razões que geram essa situação:

empregos de baixos salários, lares monoparentais, o quase desaparecimento da assistência em numerário para mães de baixos rendimentos e crianças e a discriminação por raça e gênero.

Dados oficiais indicam que na década de 1990 mais de dois terços das crianças de famílias pobres receberam assistência social, mas agora chegam a 27%, enquanto seis milhões de pessoas não têm rendimentos que não sejam os cupons para alimentos.

Para Edelman a pobreza está aumentando rapidamente, pelo menos a sexta parte da população dos EUA, isto é, 47 milhões de pessoas, viviam, já no ano passado, abaixo dessa condição.
Sobre essa base os demógrafos predizem no mínimo os mesmos níveis até pelo menos 2014.

O nível mais alto de pobreza registrado foi de 22,4% em 1959, e nestes momentos calcula-se que bastaria um incremento de 0,1 para superar a taxa de pobreza de 1965, crescente nesse ano a 15,1% e sem perspectivas nada otimistas.

Dados maquiados

No entanto, a Casa Branca trata de encobrir essa realidade e traz à luz um relatório de inteligência no qual prediz um descenso drástico do número de pobres no mundo para 2030, quando em seu próprio pátio 100 milhões de pessoas são pobres ou quase pobres, afirma o site (theeconomiccollapseblog.com).

O atual estancamento e debilidade da economia estadunidense supõe um agravamento dessa situação, pois segundo os analistas desse site na Internet o Produto Interno Bruto (PIB) real dos EUA foi continuamente negativo desde 2005.

Fontes nada desprezíveis, como o The Wall Street Journal, expõem fundamentos que o confirmam:
hoje um em cada quatro trabalhadores no país têm salários no nível de pobreza ou abaixo dele e 49,1% dos estadunidenses vivem em um lar onde ao menos uma pessoa recebe subsídios econômicos do governo.

Também preveem que aproximadamente a metade dos estadunidenses adultos passe pelo menos algum tempo vivendo abaixo do nível da pobreza antes de cumprir os 65 anos.

Agregam que desde o começo da administração de Barack Obama, o número de estadunidenses que vivem na pobreza aumentou em seis milhões e a quantidade dos que se mantêm por meio de cupons aumentou em 14 milhões.

Desigualdade

A lista de argumentos precisa que uma em cada seis pessoas de idade avançada nesse país vivem abaixo da linha federal da pobreza, enquanto a Forbes indica que os 400 estadunidenses mais ricos acumulam o dinheiro de 150 milhões de pobres juntos.

Significativamente 1,5 milhões de famílias estadunidenses vivem com menos de dois dólares diários, a taxa de desemprego tem sido superior a 8% durante 40 meses consecutivos e 42% de todos os desempregados no país estiveram sem trabalho durante pelo menos meio ano.

Tal é a situação da maior economia mundial que o Departamento de Comércio já confirmou que o PIB cresceu 1,5% no segundo trimestre, a taxa mais lenta desde o terceiro trimestre de 2011.

Dessa forma o crescimento econômico desacelerou-se entre abril e junho, tal como se esperava golpeado pela despesa do consumidor mais baixo em um ano, o que reforça a possibilidade a mais estímulos por parte do Federal Reserve.

Consumo

Grande parte da desaceleração estadunidense nesse período deveu-se a uma moderação da despesa do consumidor, dado o débil aumento do emprego e do rendimento, as duas causas que geraram mais pobreza nessa nação.

A despesa do consumidor, que representa quase 70% da atividade econômica estadunidense, cresceu a um ritmo de 1,5%, menos que a taxa de 2,4% registrada no primeiro trimestre.

Depois dessas notícias, a Casa Branca reduziu sua projeção de crescimento da economia para 2012 e 2013, com uma revisão que precisa um crescimento de 2,3% neste ano e 2,7 para o próximo, muito menos que 2,7 e três projetados antecipadamente.

Menos contratações trabalhistas, nervosismo do consumidor, baixa atividade manufatureira e os efeitos da crise na Europa apontam o que todos temem: outra recessão.

(http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_secao=9&id_noticia=190956)

    lulipe

    Segundo o governo americano, em 2010 uma família foi considerada pobre quando os rendimentos da residência totalizavam menos do que US$ 22.113 anuais (R$ 37.952 anuais). Dividindo o valor por 13 (considerando os doze salários mensais mais um décimo terceiro, nos padrões empregatícios do Brasil), os rendimentos mensais da família americana (com quatro pessoas) pobre ficam em US$ 1.701 (R$ 2.920), o equivalente a cerca de R$ 770 mensais per capita.

    Para se ter uma ideia, a linha de pobreza utilizada pelo governo brasileiro é de cerca de R$ 140 mensais per capita. Dados do IBGE divulgados em maio revelam que, em 2010, uma em cada sete famílias brasileiras vivia com renda abaixo de R$ 130, equivalente a 25% do salário mínimo da época (R$ 510).

    Abaixo da linha da pobreza lá é quase classe média por aqui, eis a diferença!!!

    FrancoAtirador

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    .
    Cara, até quando vocês vão continuar tapando sol com a peneira?

    Vai, então, para os United States e tenta (sobre)viver por lá

    com um salário de R$ 770,00 (335 dólares), depois volta pra contar.

    Já sei: Você vai parar naquela fila da sopa e não vai querer voltar.
    .
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    Bob

    E você acha que dá pra sobreviver com US$ 1.701 por mês nos EUA?

    Se você for solteiro e morar num cubículo dividindo contas com mais uma galera, num esquema de república estudantil, em cidades minúsculas do interior até dá, mas você não vai conseguir guardar dinheiro nenhum, nem conseguir pagar por plano de saúde ou educação decente. Ou seja, com essa grana você mal sobrevive e mal tem chances de melhorar; imagine então sustentar uma família com essa grana…

    Imagino que você não sabia disso. Mas é normal, nem o Mickey, nem o Pato Donald, nem o vendedor da Apple Store costumam falar isso para os turistas que vão lá pra torrar grana.

    Sabe como é, se eles contam isso, perde-se a “magia” que atrai clientes…

    abolicionista

    O Franco matou a charada: o poder de compra não é o mesmo, Lulipe mais uma vez tentou apelar para uma argumentação sofística, vergonhoso. De todo modo, todos sabemos que os índices de desigualdade no Brasil são alarmantes, apesar de terem sido significativamente reduzidos durantes os governos do PT, ao contrário do que aconteceu no governo do PSDB, quando eles aumentaram. Parabéns pela lucidez e pela paciência, Franco.

    Guilherme

    a verdade é que um miserável lá, é quase um rico aqui…hahahaha…e não tem nada de “custo de vida maior”…lá o carro é mais barato, as roupas são mais baratas, tirando a comida, tudo é mais barato.

    FrancoAtirador

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    Por que isso está acontecendo no núcleo do Capitalismo Mundial:

    DESREGULAÇÃO FINANCEIRA NO CAPITALISMO GESTOR DE DINHEIRO:
    O ENDIVIDAMENTO DOS EUA E DAS ECONOMIAS CENTRAIS

    Por Hindenburgo Francisco Pires

    Quando me dispus a tratar do tema a “Desregulação financeira no capitalismo gestor de dinheiro: O endividamento dos EUA e das economias centrais”, tive como objetivo desfetichizar a idéia de que a crise atual do capitalismo derivaria do mau desempenho do setor imobiliário nos EUA e da falência de seu sistema de crédito, como foi divulgado amplamente pela mídia impressa e através da Internet.

    A crise financeira atual foi antevista, no início dos anos 1990, pelo economista estadunidense pós-keynesiano Hyman Philip Minsky, a partir do seu estudo dos fatores políticos que engendram a instabilidade e o risco no capitalismo.
    Para ele, só a regulação financeira pode impor condições e limites à especulação.
    Suas idéias e postulados teóricos foram importantes para a compreensão dos processos e fatores que induziram e condicionaram a crise financeira atual do capitalismo gestor de dinheiro, como será apresentado neste artigo.

    No início de 2010, Eichengreen e Rourke efetuaram importantes estudos comparativos da Grande Depressão Econômica dos anos 30 com a primeira Depressão Econômica Mundial do século XXI, iniciada em 2007.
    O mérito científico do trabalho desses dois economistas foi ter efetuado uma complexa radiografia do impacto da maior crise econômica e financeira ocorrida na história recente do capitalismo.
    Os fatores que agravam e diferenciam essa crise das ocorridas no passado foram: a velocidade, a instantaneidade, a capacidade de propagação e o seu poder de destruição de empregos em escala mundial.

    Várias economias nacionais tentam, após quase cinco anos de propagação dos efeitos da crise de 2007, reverter os impactos negativos e destrutivos por ela desencadeados em seus atuais contextos de produção.
    Mas o atual contexto da economia mundial demonstra que os efeitos dessa crise econômica e financeira estão longe de se dissiparem na estrutura espacial das economias do sistema-mundo.

    Analisando a partir da leitura dos Cuadernos Fundación BBVA (2010), os dados sobre a taxa de crescimento do PIB mundial de 1989 até 2009, fornecidos pelo Banco Mundial, foi possível constatar que

    “A lo largo de casi veinte años, entre 1989 y 2008, la economía mundial creció de forma sostenida y a un ritmo notable, de un 3,2% medio anual. En términos de Producto Interior Bruto, la producción anual mundial creció más de un 80% entre 1989 y 2008. Desde mediados de los noventa la tasa de crecimiento superó el 3% casi todos los años, y entre 2004 y 2007 se aproximó al 5% anual. Este largo período de crecimiento generalizado llegó a su fin con la actual crisis económica, que, afectando más hondamente a los países avanzados, llevó a una recesión global en 2009.

    Tasas de Crecimiento del PIB mundial 1981-2009. Porcentaje.

    Fonte: Cuadernos Fundación BBVA, nº 5, 2010

    A crise econômica e financeira, cujo epicentro é os EUA[8], vem se arrastando há anos e por isso a economia mundial corre o risco de vir a sofrer uma grande depressão nesta segunda década do século XXI, caso os EUA decretassem moratória aos detentores dos títulos do Tesouro Estadunidense T-Bonds, uma vez que é a economia mais endividada do mundo:

    Economias mais endividadas do mundo em 2011

    Países e Dívida Externa
    (em bilhões de dólares)

    1. EUA 14.959
    2. Reino Unido 10.157
    3. Alemanha 5.674
    4. França 5.632
    5. Japão 3.031
    6. Holanda 2.590
    7. Itália 2.494
    8. Espanha 2.392
    9. Irlanda 2.257
    10. Luxemburgo 2.131
    – Zona Euro 15.564

    Fontes: World Bank, 2011Q3
    e U.S. Treasury, 2011

    Em 2011, os EUA alcançaram, pela 11ª vez desde 1997[11], quase cem por cento do limite de endividamento do PIB e, em 30 de setembro de 2011, já estava com uma dívida de 14.959 trilhões de dólares.
    Para poder restaurar as condições de liquidez e poder fazer frente à execução orçamentária, prevista para este período, os EUA precisaram ampliar o limite de capacidade de endividamento para 16.69 trilhões de dólares até 2013, conseguida depois de muitas negociações nos bastidores do Congresso Americano, no início de agosto de 2011.

    Essa ampliação de 2.4 trilhões de dólares do limite de endividamento, em montante monetário equivalente a um produto interno bruto brasileiro de um ano, considerado o sexto maior PIB entre as economias nacionais. Por isso, o risco de calote da economia estadunidense é algo que não pode ser colocado fora de cogitação e poderá vir ainda mais forte, considerando que as dez maiores economias mundiais endividadas também estão em crises econômicas e os países credores externos poderão, no futuro próximo, também serem vítimas por default do calote.

    Com relação a outros países também endividados], segundo dados divulgados, em abril de 2011, pelo Fundo Monetário Internacional e disponibilizados pelo The New York Times, alguns desses países estão com dívidas acima do limite da capacidade de endividamento, ou seja, com dívidas próximas a cem por cento do PIB: Alemanha (83%), Grã Bretanha (80%), Canadá (84%) e França (87%); outros já atingiram o limite de 100% ou estão além desse limite: EUA (99%), Itália (121%), Irlanda (109%), Grécia (165%), Japão (229%) e Portugal (106%).
    Há também países que estão com a capacidade de endividamento entre cinqüenta e setenta por cento do PIB: Suíça (53%), Espanha (67%), Brasil (66%) e a Índia (69%).
    Vale salientar que existem também duas grandes economias nacionais que apresentam o limite de seu endividamento abaixo dos 20 por cento: China (17,5%) e Rússia (9,5%).

    Em 2011, segundo o Departamento de Tesouro dos EUA, o Brasil tornou-se o quinto país a possuir os títulos do Tesouro Estadunidense – T-Bonds, ao duplicar em 210 bilhões de dólares o valor de compra desses títulos em menos de três anos, ou seja, em 2007, ele era o 17º país detentor desses títulos, com 105 bilhões de dólares.
    Segundo o Ministério das Relações Exteriores do Brasil, em 2011, o Brasil foi o maior comprador dos títulos da dívida americana.

    Países detentores dos T-Bonds dos EUA
    (Valores em bilhões (109) de Dólares)
    19 de Julho 2011

    Fonte: Elaboração própria a partir de dados
    fornecidos pelo Department of Treasury, 2011

    No período atual, quatro fatores importantes desempenharam papel decisivo no agravamento da crise financeira: a expansão financeira desregulada, as guerras, investimentos bancários e o endividamento das economias centrais. O gasto militar é um aspecto particularmente muito importante.

    Analisando a situação econômica estadunidense atual, é possível constatar que o processo de endividamento dos EUA está intimamente relacionado com a acumulação militar: quanto mais gastos com “defesa” e “guerra” mais vulnerável se torna a economia.
    Em 2011, segundo o Departamento de Defesa, esses gastos foram divididos em dois blocos:
    a) Os gastos relativos à defesa foram orçados em 1.46 trilhões de dólares;
    b) Os gastos relativos à guerra[23], estabelecidos pelo congresso, foram de 1.22 trilhões de dólares.
    Esses gastos combinados perfaziam o total de 2.68 trilhões de dólares ou quase três trilhões de dólares.

    Em 2008, Joseph E. Stiglitz afirmou através de uma entrevista concedida a Aida Edemariam do jornal inglês The Guardian, para o lançamento do seu livro The Three Trillion Dollar War: The True Cost of the Iraq Conflict com Linda J. Bilmes, que esses trilhões poderiam financiar:

    “… 8 milhões de novas unidades habitacionais;
    ou 15 milhões de professores de escolas públicas;
    ou a saúde para 530 milhões de crianças em um ano;
    ou bolsas de estudo a universitários para 43 milhões de alunos.
    Esses três trilhões poderiam ter corrigido o problema dos Estados Unidos com a previdência social por meio século.
    A América, diz Stiglitz, está gastando 5 bilhões de dólares por ano na África, e se preocupa com o que é transferido pela China lá:
    10 bilhões de dólares representam apenas 10 dias de combate”.

    A gestão George W. Bush (2001-09) além de ter sido a que mais se envolveu diretamente em guerras (com as invasões do Iraque e do Afeganistão) foi a que mais endividou os Estados Unidos no período recente, foram 6,1 trilhões de dólares em dívidas contraídas e também a que mais reduziu a carga fiscal dos mais ricos.

    Administração e valor da dívida dos EUA
    contraída em trilhões de dólares.
    Contextos políticos
    (Superávits, Crises e Guerras, Depressão Econômica)

    Fonte: Elaboração própria a partir de dados
    fornecidos pelo The New York Times, 2011

    Analisando os doze anos de hegemonia das gestões republicanas e neoliberais de Reagan-Bush, Hyman Minsky comentou:

    “A explosão da dívida pública em relação ao produto interno bruto, ao longo dos 12 anos de Reagan-Bush, foi em grande parte devido a uma política fiscal irresponsável que minou o sistema de receitas e que não se regeu por gastos de governo, mas significativamente por gastos em defesa e também por transferência de pagamentos”.

    A herança de endividamento, “política fiscal irresponsável” e gastos bélicos comprometem a gestão do presidente Barack Obama (2009-12), que pode se tornar o primeiro governante a herdar a primeira grande depressão do capitalismo no século XXI.
    As gestões republicanas e neoliberais de Ronald Reagan e dos Bush, em vermelho na figura 2, agravaram a crise de endividamento dos EUA em quase 9.5 trilhões de dólares.

    Todavia, é preciso destacar também que durante a gestão Barack Obama, Prêmio Nobel da Paz em 2009, embora tenha sido forçado, devido à recessão e a crise econômica, a estabelecer a maior política de cortes orçamentários desde a era de Ronald Reagan, contrariando as promessas de campanha, não apenas manteve os gastos bélicos de 2010 a 2011, mas também os ampliou, com o envio de tropas adicionais (30.000) para o Afeganistão.

    As gestões que mais investiram em “defesa” e “guerra” quase sempre levaram a economia dos EUA à recessão.
    O Estado de Guerra ou Warfare State é extraordinariamente enorme para ser mantido por um Estado que, excedendo a sua capacidade de endividamento em 100 por cento, em sua relação com o PIB, vem privilegiando uma política bélica em detrimento de outras que proporcionariam desenvolvimento econômico que favoreceria a população carente de seu país e do mundo e que também propiciaria a estabilidade e o desenvolvimento de todas as nações.

    Da crise financeira à crise social

    O esgotamento do ciclo de acumulação do capitalismo estadunidense pode ser observado quando ele é examinado a partir da perspectiva de Nicolai Kondratieff, formulador da teoria do investimento de capital, uma vez que está havendo uma severa redução dos investimentos de capital.
    A redução desses investimentos vem sendo tratado pela mídia impressa como um “obstáculo ao desenvolvimento”, cujo impacto passa a ser percebido com a deteriorização de infraestruturas estratégicas à acumulação capitalista: ferrovias, estradas, pontes e aeroportos.
    Segundo o relatório de competitividade internacional, realizado pelo Fórum Econômico Mundial (World Economic Forum), os EUA estão classificados em 23º lugar no ranking internacional de infraestruturas para o desenvolvimento.
    A queda da ponte I-35W bridge in Minneapolis revelou as más condições de manutenção dessas infraestruturas nos EUA.

    Atualmente, a partir de informações fornecidas pelo Censo dos EUA, pela divisão de pesquisa do Federal Reserve e do Tesouro Estadunidense, é possível constatar os sintomas desse esgotamento cíclico que se reflete em cinco importantes indicadores sociais:
    crescimento da desigualdade e aumento da tensão social;
    redução dos investimentos em educação e nos níveis de escolaridade da população;
    diminuição na oferta de emprego;
    inexistência de política pública para assistência médica universal;
    agravamento da questão ambiental.

    Crescimento da desigualdade e aumento da tensão social

    De acordo com informações publicadas pelo U.S. Census Bureau, em setembro de 2011, o número de pessoas vivendo próximo ao patamar da linha de pobreza representa 15,1 por cento da população dos EUA.
    Segundo este mesmo órgão, em 2009 havia 43 milhões de pobres (42.868.163,00 de pessoas):
    81 por cento vivendo majoritariamente nas grandes metrópoles,
    41 por cento dessas pessoas estão na região sul dos EUA.

    POBREZA NOS EUA
    Resumo por municípios, por Região e Local de Residência

    Fonte: U.S. Census Bureau, 2009

    Redução dos investimentos em educação e nos níveis de escolaridade da população

    Atualmente, estima-se que os EUA possuem 15 milhões de analfabetos funcionais e a escolaridade dos pais está sendo maior do que a de seus filhos.
    Esse número de analfabetos funcionais, em um país que se considera ter o ranking das “melhores universidades do mundo”, demonstra o agravamento da crise social.
    As contínuas políticas neoliberais, ao longo de 30 anos de gestões republicanas (Reagan-Bush e Bush), ampliaram as assimetrias sociais e fizeram surgir uma geração de não escolarizados.

    Diminuição na oferta de emprego

    O estudo de Andrew Figura sobre o comportamento cíclico da taxa de desemprego, desde o pós-guerra, sugere que os movimentos cíclicos tornaram-se mais persistentes.
    As taxas de desemprego nos EUA, iniciadas em 2008, assim como na recessão de 1981-82, também persistirão elevadas por um longo período de tempo.
    Em 2010, essa taxa de desemprego nos EUA alcançou o patamar de 9,7 por cento:

    O comportamento da taxa de desemprego nos EUA

    Fonte: Federal Reserve Board, Divisions of Research & Statistics and Monetary Affairs, 2011

    Inexistência de política pública para assistência médica universal

    A despeito do esforço efetuado pelo Presidente Barack Obama para ampliar o serviço de saúde pública, segundo pesquisa efetuada em 2009, pelo U.S. Census Bureau, 15,4 por cento dos estadunidenses ou 46,3 milhões de pessoas não possuíam planos de saúde em 2008.
    O documentário SiCKO (Doente) de Michael Moore, elaborado em 2007, sobre o sistema de saúde norte-americano, retratou bem essa realidade vivenciada pela população estadunidense.

    Agravamento da questão ambiental

    Embora os EUA seja um dos maiores emissores de carbono do mundo, eles não são signatários de acordos internacionais, como Protocolo de Kyoto, e nem desenvolvem políticas para a redução de emissão de carbono na atmosfera.

    A vulnerabilidade ambiental dos EUA se amplia, a demora em adotar políticas tecnológicas e ambientais sustentáveis torna a economia estadunidense mais dependente e mais agressiva na disputa por recursos naturais estratégicos, como é o caso do petróleo.
    As guerras por reservas estratégicas de petróleo e gás poderão ser ideologicamente justificadas como uma defesa natural dos “interesses” da América.

    O lixo dos EUA se transformou em uma mercadoria exportável para os países menos desenvolvidos e mais vulneráveis, minimizando os custos para os EUA, e causando danos ambientais a esses países, através de transações comerciais ilegais efetuadas com empresas clandestinas.

    O setor imobiliário e o debate sobre as origens da crise atual do capitalismo

    A crise atual estadunidense é fruto da expansão financeira deslastreada promovida desde a gestão de Ronald Reagan, na qual o dinheiro como equivalente geral perdeu a sua equivalência real com o sistema produtor de valor, esta nova forma do capitalismo foi nomeada por Hyman Minsky, em 1991, como “the emergence of money manager capitalism” – a emergência do capitalismo gestor de dinheiro:

    “Para os Estados Unidos os estágios financeiros do capitalismo americano podem ser caracterizados como:
    · Capitalismo comercial
    · Capitalismo industrial e financiamento irresponsável
    · Capitalismo financeiro e financiamento de Estado
    · Capitalismo paternalista, gerencial e do Estado do bem-estar
    · Capitalismo gestor de dinheiro”

    Na atual forma financeira do capitalismo estadunidense, o dinheiro passou a ter uma equivalência fictícia ou derivada, oriunda do surgimento e do crescimento de formas abstratas e imateriais das economias ‘ponto.com’ e das empresas de cartões de créditos.
    A expansão financeira deliberada, oriunda de amplo espectro de políticas neoliberais, gerou um processo de desregulação financeira, cujas causas diretas, segundo o economista Luiz Carlos Bresser-Pereira,

    “… não vieram do nada e nem podem ser explicadas simplesmente pela ganância natural.
    A maioria delas foi resultado
    (1) da desregulação deliberada dos mercados financeiros e
    (2) da decisão de não regular as inovações financeiras e as práticas de tesouraria dos bancos. Havia regulação, mas foi desmontada.
    A crise global foi, principalmente, conseqüência da flutuação do dólar americano na década de 1970 e, mais diretamente, daquilo que os ideólogos neoliberais pregaram e implementaram na década de 1980 sob o eufemismo de ‘reforma reguladora’.
    Assim, as desregulação e a decisão de não regular as inovações são os dois principais fatores que explicam a crise”.

    O que aconteceu é que o dinheiro e seus derivativos passaram a ser efetivamente papéis gerando papéis (D-D’).

    Mas, como de fato isso ocorreu?

    O capitalismo gestor de dinheiro concentra seu poder em grandes corporações financeiras e governamentais, estas últimas são constituídas por representantes do ‘establishment’ público, vinculados aos setores: político, jurídico, industrial e defesa.
    Para o professor de geografia, David Harvey, as corporações governamentais vinculadas às financeiras constituíram o poder do dinheiro e seu partido, o partido de Wall Street.
    O poder do dinheiro é garantido pelo lobby e favores efetuados pelos representantes de corporações privadas e governamentais, pelo jogo de interesses que envolvem representantes: do poder legislativo, de empresas, de grandes corporações financeiras, dos bancos e dos fundos financeiros. Seus representantes não precisam ser eleitos para assumirem cargos estratégicos, para influírem nas políticas de vários presidentes, para controlarem parte do ‘apparatus’ de Estado, do congresso e inclusive da suprema corte, estendendo também a sua influência coercitiva em outras economias nacionais.

    Segundo David Harvey, “O Partido de Wall Street tem uma regra como princípio universal: não haverá desafio sério para o poder absoluto do dinheiro governar absolutamente.
    E que o poder deve ser exercido com um único objetivo.
    Aqueles detentores do poder do dinheiro não devem apenas ter o privilégio de acumular riquezas sem fim à vontade, mas terão o direito de herdar a terra, tendo ou domínio direto ou indireto, não apenas da terra e todos os recursos e capacidades produtivas que nela residem, mas também assumir o comando absoluto, direta ou indiretamente, sobre o trabalho e as potencialidades criativas de todos os outros que dele necessita. O resto da humanidade deve ser considerado descartável”.

    O sociólogo francês Alain Touraine comparou o impacto da crise mundial a um “tsunami financeiro”, segundo ele:

    “La multiplicación de los productos derivados y la transformación de crédito en títulos bursátiles por los bancos pusieron en juego, en 2007, 600.000 millones de dólares, o sea doce veces el PIB mundial. La burbuja inmobiliaria, más reducida, afectó a 30.000 millones de dólares. En Gran Bretaña, la City, principal mercado bursátil mundial, representaba una parte creciente del PIB inglés. Estos universos financieros desbordan ampliamente su base real, entendida en términos de garantías económicas”.

    Recentemente o documentário “Inside Job”, dirigido por Charles Ferguson, expôs em detalhes a natureza da crise de 2008, quem foram os verdadeiros “protagonistas” causadores da crise e como a desregulação do setor financeiro poderá conduzir a economia mundial a uma das piores crises desde a grande depressão dos anos 30.

    Para parte da mídia, a partir do posicionamento de alguns analistas, a crise atual teve sua origem no sistema de créditos imobiliários, baseado em hipotecas residenciais.
    A origem da crise atual enseja um amplo debate que está longe de ser resolvido.
    Segundo o analista financeiro espanhol Antonio Torrero Mañas:

    “El origen de la crisis procede de la fuerte expansión del crédito hipotecario en los Estados Unidos, en un entorno de tipos de interés reducidos en términos nominales y negativos en términos reales.

    La expansión del crédito hipotecario requería un aumento de la demanda lo cual implicaba relajar las condiciones de los préstamos, concediéndolos a personas de dudosa reputación financiera, pero dispuestas a aceptar – por eso mismo – un tipo de interés más elevado que hacía extraordinariamente rentable estas operaciones. Todo descansaba en la confianza de que el continuo aumento del precio de las viviendas garantizaba el buen fin de los créditos concedidos.

    Se puso en marcha, así, una rueda que pronto adquirió velocidad considerable proporcionando beneficios extraordinarios a bancos e instituciones financieras que participaban en este círculo nada virtuoso”.

    Embora, em 2008, o valor total desses empréstimos encontrava-se estimado em 10,6 trilhões de dólares, o que será demonstrado é que a crise do modelo de globalização do capital não é apenas proveniente do setor imobiliário dos EUA e nem este setor foi o fator determinante.
    A crise é também procedente de um capitalismo profundamente “desorganizado”.

    Se a crise atual é uma crise de realização material de valor, qual é então a relação da crise financeira dos EUA com a inadimplência das hipotecas ‘subprime’ do setor imobiliário?

    1º Momento

    A sobrevalorização desenfreada de “ativos tóxicos”[58] no mercado de imóveis do setor imobiliário está na essência da crise atual, por ter permanecido como um investimento de risco e ser fortemente especulativo. Esses ativos, ao entrarem no mercado acionário, expandiram sua condição de valor em várias vezes o seu valor real e se tornaram arriscados “investimentos derivativos”.

    2º Momento

    Bancos, como Lehman Brothers (1850), Goldman Sachs (1886)[59], Washington Mutual (1889), Wachovia (1908), Merrill Lynch (1914), Bear Stearns (1923), Northern Rock (1965), e as companhias Fannie Mae (1938) e Freddie Mac (1970), refinanciaram estes ativos tóxicos no mercado sob a forma de derivativos:
    ações, fundos de alto risco (exemplo: Hedge Funds, Parvest Funds, Dynamic, ABS, Subprime Mortgage, entre outros).
    Estes derivativos foram adquiridos, na grande rede financeira internacional, por vários bancos e investidores que, por sua vez, revenderam por valores estratosféricos a bancos, empresas, instituições financeiras, crescendo ainda mais a ciranda financeira.

    3º Momento

    Estes papéis e investimentos de risco foram ratificados também por empresas e agências de avaliação (rating) – Moody’s, Standard & Poor’s, Fitch, American International Group –AIG – que, sem controle das autoridades monetárias (Fundo Monetário Internacional, Federal Reserve, Banco Central Europeu), asseguraram irresponsável e fraudulentamente, através da securitização, a valorização fictícia desses papéis.

    4º Momento

    As autoridades monetárias dos EUA, diferentemente do que fazem para os outros países, não verificaram a veracidade dessas avaliações das empresas e agências de rating, não regularam e nem avaliaram a venda e a comercialização desses ativos tóxicos no mercado acionário.

    Esse laissez faire típico da hegemonia ideológica do neoliberalismo levou o capitalismo financeiro à crise e o governo dos EUA, assumindo o ônus das empresas, estatizou as principais instituições financeiras de hipotecas e prestou auxílio às grandes empresas multinacionais, como foram os casos da General Motors – GM, Chrysler e Ford, durante o período da crise mundial do setor automobilístico (2008-2010).
    Ironicamente, alguns políticos de direita nos EUA afirmaram que o governo estadunidense, ao tomar essas medidas estatizadoras, estaria traindo, na maior nação capitalista do planeta, o ideário do livre mercado, mas esses parlamentares não se preocuparam também com os efeitos nefastos do jogo especulativo que, desde então, vem prejudicando a vida de milhares de cidadãos nos EUA e no mundo.

    Portanto, a crise estadunidense e européia não é apenas na essência do setor imobiliário, ela também é resultante da implementação do modelo neoliberal de desregulação e de expansão deslastreada do setor financeiro, iniciada nos anos 1980 com Ronald Reagan e Margaret Thatcher, e da especulação com ativos tóxicos desse setor no mercado internacional de ações.

    A crise das hipotecas também foi fonte de negócios para vários bancos – The Bank of New York Mellon (1784), Citigroup (1812), Goldman Sachs (1886), Morgan Stanley (1935), JPMorgan Chase (1996) e Bank of America Merrill Lynch (2009) – que ganharam com a crise das hipotecas, os lucros desses bancos alcançaram cifras recordes em bilhões de dólares, quem investiu nos fundos de risco desses bancos, que apostavam no agravamento da crise das hipotecas subprime, enriqueceu rapidamente no jogo especulativo do “quanto pior melhor”.

    Os custos da crise

    Em maio de 2009, o jornal Le Monde Diplomatique Brasil, através de seu Editorial “Sinais de Instabilidade Política”, revelou dados estarrecedores sobre os custos do socorro à crise, quando comparados com os esforços para cumprir as metas do milênio para erradicar a pobreza:

    “Segundo um recente estudo publicado pelo IPS – Institute for Policy Studies, de Washington, para socorrer os bancos e seguradoras foram destinados mais de 4 trilhões de dólares. Esse valor é 40 vezes maior que os recursos destinados a combater a pobreza e as mudanças climáticas. Os 152,5 bilhões de dólares destinados a socorrer a seguradora inglesa AIG superaram, de longe, os 90,7 bilhões de dólares que os EUA e os europeus destinaram à ajuda para o desenvolvimento em 2007. As empresas capitalistas perderam algo como 30 trilhões de dólares no ano de 2009 com a desvalorização das ações nas bolsas de valores”.

    O socorro a essas empresas, causadoras da crise mundial, veio como um bônus e não como uma punição.
    No entanto, os mutuários endividados do setor habitacional dos EUA, na Espanha e em outros países estão tendo que devolver por despejos seus imóveis e estão nas ruas, em carros, em trailers, em casas de parentes, entre outros locais, sem qualquer alternativa de programa social para os mutuários que foram afetados diretamente por essa crise econômica.

    Segundo François Chesnais,

    “Os processos de arresto de moradias atingiram 180 mil só no mês de julho, ou seja, duas vezes mais do que em julho de 2006. Eles ultrapassaram a linha do milhão desde o início do ano, isto é, 60% a mais do que um ano atrás. A expectativa é de que haja no total 2 milhões de arrestos em 2007”.

    Com a ampliação do cenário da crise imobiliária, de 2007 até 2010, segundo Mariana Fix essa onda de despejos atingiu a cifra dos 4 milhões de famílias, deixando bairros inteiros abandonados nas cidades estadunidenses.
    A tolerância da maioria da população às políticas de austeridades que só beneficiam os causadores da crise, definitivamente está desaparecendo, o que estamos assistindo é o crescimento de revoltas populares e extensos movimentos sociais, como por exemplo, M-15, movimento de 15 de maio na Espanha, e recentemente o movimento pela ocupação Wall Street ou Occupy Wall Street, contra as políticas de austeridades econômicas implementadas pelas autoridades governamentais em todo mundo.

    As inúmeras iniciativas individuais dos governos mundiais de restaurar a liquidez internacional, repassando recursos públicos, obtido de impostos e tributos, para os representantes do capital financeiro, não recrudescerá a tentação desses investidores de buscar alternativas para obtenção do lucro fácil e inusitado.

    Segundo Comitê para a Anulação da Dívida do Terceiro Mundo – CADTM, se fosse adotada a medida de criação de um imposto anual de 2 por cento sobre o patrimônio de 1.011 multimilionários com fortunas superiores a 1 bilhão de dólares, daria para arrecadar 80 bilhões de dólares por ano, soma esta suficiente para garantir as necessidades básicas de toda a população do planeta por 10 anos.
    Atualmente, a partir de estimativas efetuadas pelo CADTM, a fortuna dos 1.210 multimilionários globais supera o PIB da Alemanha.
    Para alguns representantes do capitalismo estadunidense, esta medida é muito mais escandalosa do que o gasto com guerras, o crescimento das desigualdades e da pobreza em escala planetária.

    O que presenciamos, na execução da atual política de restauração da economia internacional, é a ausência de um “ethos global” pela governança internacional das atividades financeiras, uma vez que a governança promovida pelas instituições financeiras multilaterais não criou instrumentos para a consolidação de mecanismos de fiscalização, de tributação e de regulação do sistema financeiro internacional.
    A ausência da “mão invisível” do Estado e a crença neoliberal na ação “auto-reguladora” do mercado são os fundamentos da irracionalidade e da “incerteza”, que caracterizam o estágio atual do capitalismo gestor de dinheiro sob a égide estadunidense.

    Em 2011, segundo dados do Tesouro dos EUA, alguns paraísos fiscais tais como: Centros Bancários Caribenhos (Anguilla, Antígua e Barbuda, Antilhas Holandesas, Aruba, Bahamas, Belize, Bermuda, Ilhas Cayman, Ilhas Virgens Britânicas, Panamá), Holanda, Hong Kong, Ilhas do Canal, Ilhas do Homem, Ilhas Maurício, Líbano, Libéria, Luxemburgo, Mônaco, Suíça e Uruguai, eram detentores de mais de 11 por cento dos títulos do Tesouro Estadunidense, o que equivale a cerca de quinhentos bilhões de dólares, superando inclusive a Grã Bretanha com 8,7 por cento entre os principais credores. Apesar das denúncias, não estamos constatando iniciativas internacionais nem dos EUA, ou através das instituições financeiras multilaterais, para coibir a ação nefasta e inescrupulosa dos paraísos fiscais e a apropriação espúria das riquezas das economias nacionais, obtida através de corrupção, práticas ilícitas de evasão fiscal e vendas de drogas.

    No início de 2010, os efeitos da crise passaram a ser sentidos também nos países que preferiram “alavancar” suas políticas de crescimento econômico a partir de investimentos externos diretos e ativos tóxicos oferecidos pelo mercado imobiliário internacional. Assim, a crise sai das economias centrais e se dissemina pela periferia imediata.

    No caso de Dubai, nos Emirados Árabes, houve uma aposta em investimentos monumentais no mercado imobiliário de alto luxo e o resultado disso foi uma dívida estimada, em 2010, algo próximo a 60 bilhões de dólares.

    A paralisação e a queda das ações de empresas vinculadas a este setor em Dubai, em outubro de 2008, causou um efeito dominó nos investimentos imobiliários da cidade.
    Algumas construções, como a do prédio Burj Dubai (com a torre mais alta do mundo que mede mais de 800 metros e 160 andares), cujo investimento foi orçado em mais de um bilhão de dólares, passou a apresentar prejuízos financeiros aos investidores, refletindo também na queda do valor dos apartamentos.

    Esta situação obrigou o governo dos Emirados a prorrogar o pagamento de sua dívida (Calote) e o impacto dessa decisão, como um efeito manada, foi logo sentido em todo mercado internacional.

    A propagação da crise econômica nos países da Zona Euro (Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha)

    A crise econômica na Zona do Euro: Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha – que vem sendo nomeados, pejorativamente, como os PIIGS, apresenta um cenário de recessão e agravamento da crise de endividamento, que também vem se alastrando há anos.

    Entre 2007 e 2009, durante a crise das hipotecas subprime e da falência do Banco Lehman Brothers, foram realizadas manobras especulativas, propiciadas pela desregulação financeira da União Européia, por parte de várias instituições financeiras européias (bancos alemães, franceses, belgas, holandeses, britânicos, luxemburgueses, irlandeses), que emprestaram grandes somas de dinheiro para a Irlanda, Portugal, Grécia e Espanha, com o consentimento do Federal Reserve e do Banco Central Europeu (BCE), agravando ainda mais a crise nesses países, como nos explicou Millet e Toussaint:

    “Quando a turbulência abalou a zona euro a partir da Primavera de 2010, o BCE emprestava à taxa generosa de 1% aos bancos privados, que por sua vez exigiam a países como a Grécia uma retribuição muito superior: entre 4 e 5% para empréstimos a curto prazo; 12% para os títulos a 10 anos.Os bancos e outros investidores institucionais justificaram esta exigência com o “risco de falência” que ameaçava os países “de risco”. Esta ameaça era tão forte que as taxas aumentaram consideravelmente: a taxa atribuída pelo FMI e a UE à Irlanda em Novembro de 2010 chegou aos 6,7%, em comparação com os 5,2% atribuídos à Grécia seis meses antes. Em Maio de 2011, as taxas gregas já ultrapassavam os 16,5%, o que obrigou o país a pedir emprestado apenas a três ou seis meses, e a recorrer ao FMI e aos outros governos europeus. Por outro lado, o BCE trata de garantir os créditos detidos pelos bancos privados, comprando-lhes os títulos de dívida dos Estados… aos quais está proibida de emprestar diretamente em princípio”[80].

    Essa crise econômica agravou desemprego e vem influenciando no crescimento da pobreza nesses países, que passaram a se constituir no principal fenômeno desta segunda década do século XXI.

    A partir da análise desse quadro, é possível constatar as implicações da crise atual em pelo menos seis indicadores:
    1. valor do PIB desses países na Zona Euro;
    2. percentual do déficit das contas correntes no PIB;
    3. valor da dívida externa em dólares;
    4. percentual de crescimento do PIB;
    5. impacto da dívida pública no PIB;
    6. percentual de desempregados.

    Valor do PIB desses países na Zona Euro

    Segundo dados do FMI, o valor da soma dos PIB desses cinco países, em 2010, era equivalente a 34,5 por cento do PIB da União Européia, ou seja, mais de um terço da economia da Zona Euro].
    Mas quando se analisa a dívida externa desses países no valor de 7.664 trilhões de dólares, ou 55,8 por cento de toda dívida da União Européia (EU), com seus 27 Estados-membros, e quase 47,2 por cento do PIB atual de toda a UE, a pergunta que se faz nesse momento é: Como o Banco Central Europeu permitiu a expansão da dívida desses países, em quase duas vezes a soma de seus PIBs e acima da capacidade de endividamento dos mesmos? O ataque especulativo às economias nacionais da Espanha e da Itália, que começou a ser desenhado neste segundo semestre de 2011, como já ocorreu com Portugal, Grécia e Irlanda, colocou em risco a estabilidade da UE, nesta segunda década do século XXI.

    Déficit das contas correntes no PIB

    Neste indicador, em 2010, a Irlanda foi o país que apresentou a pior situação da relação percentual déficit/PIB entre esses quatros países.
    A relação percentual déficit/PIB alcançou a cifra de 32 por cento e, para sanear este problema, as autoridades governamentais adotaram medidas impopulares e neoliberais de pouca eficácia como, por exemplo:
    redução de despesas em até 20 bilhões de dólares e cortes de salários de servidores públicos, além de recorrerem ao Fundo Monetário Internacional, solicitando empréstimos de 125,4 bilhões de dólares.

    Valor da dívida externa em dólares

    Sobre este indicador, três desses países, Irlanda (7º lugar), Itália (8º lugar) e Espanha (9º lugar), encontram-se na lista dos dez países do ocidente com as maiores dívidas externas das economias ocidentais.

    Nesses cinco países da Zona Euro, a dívida mais intrigante é a da Irlanda, apelidada de “tigre celta”, porque, pelo ritmo acelerado de crescimento de sua economia, ela foi do boom ao colapso financeiro em um intervalo de tempo de menos de três anos.
    Como a Irlanda, um país com quatro milhões de habitantes e um PIB de 156 bilhões de dólares, conseguiu efetuar essa façanha, sem o monitoramento do Banco Central Europeu?
    Segundo Relatório Anual de 2008 do órgão regulador financeiro, a aquisição de títulos e fundos subprime, por vários bancos irlandeses, seguiu a orientação estabelecida pelas agências de rating, não mencionadas, que atribuíram na época nota AAA a esses fundos.
    Mas, o crescimento da dívida também deve ser atribuído ao grande volume de transações especulativas efetuadas nos mercados financeiro e imobiliário, que se retraíram, em 2008, com o estouro da crise das hipotecas ‘subprime’.
    Vários bancos Irlandeses (Allied Irish Bank, Anglo Irish Bank, Bank of Ireland) estiveram envolvidos em escândalos financeiros amplamente divulgados pela mídia internacional na Internet.
    Em dezembro de 2010, os bancos Irlandeses receberam um pacote de ajuda do FMI para poder pagar dívidas contraídas a juros punitivos, acima de 5,8 por cento, para bancos Alemães, Franceses e Ingleses.

    Na periferia da Zona Euro, a Grécia, com uma população de 11 milhões de pessoas, tem uma dívida de 533 bilhões de dólares para um PIB de 365 bilhões de dólares, ou seja, uma dívida quase impagável, pois a dívida grega, para a rede financeira dos bancos: Alemães, Britânicos, Espanhóis, Estadunidenses, Franceses, Japoneses, Irlandeses e Italianos, era de 105 bilhões de dólares.

    Percentual de crescimento do PIB

    No atual contexto de recessão, todos esses cinco países da Zona Euro (Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha) apresentaram indicadores negativos de crescimento do PIB, mas entre esses países, a Grécia foi o país que apresentou recentemente o pior indicador, menos -4,5 por cento. Analisando os dados fornecidos pelo Banco Mundial, partir da leitura dos Cuadernos Fundación BBVA (2010), a evolução da taxa de crescimento da Espanha e de quinze países da Zona Euro, de 1981 até 2009, constatou-se que quase toda Zona Euro apresentou, em 2009, o indicador de crescimento próximo ou um pouco superior a menos -4 por cento.

    Impacto da dívida pública no PIB

    Segundo dados do FMI, todos esses cinco países da Zona Euro apresentaram redução do limite da capacidade de endividamento, mas relativamente o impacto da relação dívida/PIB foi maior na Itália, terceira maior economia da Europa, e na Grécia.
    Estes dois países ultrapassaram o limite de 100 por cento da capacidade de endividamento, estando a Itália com 121 por cento e a Grécia comprometendo o equivalente a 165 por cento do valor do PIB com obrigações da dívida externa.
    Como isso aconteceu?
    Analisando os dados fornecidos pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), da série histórica de 2001 até 2008, sobre crescimento médio do PIB e também sobre a relação percentual dívida PIB, pode-se constatar que, durante esses oito anos, o crescimento médio do PIB, na Grécia, foi de 3,9 por cento e o déficit médio no orçamento, no mesmo período, foi de 5,3 por cento.
    Para pagar as contas, o governo grego adquiriu várias vezes empréstimos, a juros próximos a 5 por cento, de bancos privados de vários países da Zona Euro, no período de 2007 a 2009, no início da crise das hipotecas subprime, e juros à taxa de 5,2 por cento em 2010, quando esses mesmos bancos adquiriram empréstimos, do Banco Central Europeu (BCE), à taxas de juros de 1 por cento; ou seja, estas operações para os bancos privados eram realmente “um grande negócio”.
    Com o agravamento de suas transações correntes, o governo grego novamente precisou de novos empréstimos e, esses se encontravam a taxas de juros mais elevadas ainda, que chegaram a 16,5 por cento, em maio de 2011, em função da avaliação negativa da dívida desse país, efetuada pelas agências de rating ou agências de classificação de risco.
    A partir de mais esse empréstimo, veio o descontrole no orçamento e consequentemente aumento da dívida pública.
    Assim como a Irlanda, a Grécia também foi forçada pela União Européia a recorrer a empréstimos do FMI e passou a adotar políticas neoliberais de controle dos gastos públicos.

    Percentual de desempregados

    Todos os países dessa parte da Zona Euro apresentam dados alarmantes com relação a desemprego, mas o quadro mais grave continua sendo o da Espanha. A crise do emprego na Espanha está, em parte, vinculada ao fim da bolha especulativa no mercado de imóveis, em 2008, e ao agravamento da crise financeira oriunda da falência das grandes companhias vinculadas ao mercado de compra e venda e construções de habitação espanhol.
    A taxa de desempregados na Espanha, que em 2008 era de 8 por cento, no final de 2010, cresceu para 20 por cento.
    Atualmente o cenário de recessão continua se agravando e, no início de 2011, o número de desempregados alcançou a cifra dos 22,6 por cento, ou seja, atualmente são quase cinco milhões de pessoas desempregadas.
    Sobre essa situação do desemprego na Espanha, o jornal El País, em 29 de abril de 2011, apresentou um levantamento sobre indicadores de dezessete anos de desemprego, de 1994 até o primeiro trimestre de 2011 (21,29%).

    O estudo é apresentado através de um gráfico que revela o percentual e número de desempregados, demonstrando que o ciclo de geração de empregos, que começou em meados de 1994 e se estendeu até 2007, praticamente se esgotou e que a recessão, que se iniciou em 2008, produzida pela crise econômica mundial, apresentava, no primeiro trimestre de 2011, um milhão de desempregados a mais do que o número registrado na última recessão do início dos anos 1990.

    Para piorar esta situação algumas empresas de serviços de utilidade pública e grandes conglomerados bancários estão reduzindo suas atividades na Espanha e se transformando em instituições exportadoras de empregos, pois preferem efetuar investimento em outros países, onde os lucros são maiores.
    É o caso, entre outras, da empresa Telefónica S.A., que migrou parte de seus investimentos de capital para o Brasil e outros países emergentes.

    O Partido Socialista Obreiro Espanhol (PSOE) pagou caro por não ter avaliado a gravidade da bolha especulativa do setor imobiliário, que já vinha de muito tempo, e ter incentivado investimentos de risco desse setor e, também por pressão de investidores internacionais, do Fundo Monetário Internacional (FMI) e de autoridades do Banco Central Europeu (BCE), ter adotado medidas relativamente contrárias à manutenção das conquistas do estado do bem estar social, durante o período mais severo da crise.
    Mesmo com todas as medidas de austeridades:
    ajustes fiscais, cortes, contenção orçamentária, a recessão na Espanha está longe de ser solucionada, os cenários negativos para geração de emprego, apresentados por várias instituições de pesquisas e estatísticas, criam condições políticas desfavoráveis.

    Segundo nos indica Mañas:

    “En España, como en los Estados Unidos y en otros países, tampoco se calibraron con acierto las consecuencias de los excesos inmobiliarios, ni se consideraron que eran el preludio del final de un modelo de crecimiento apoyado en el sector de la construcción, en el endeudamiento de los agentes económicos, y financiado con recursos del exterior. Primero, se negó la crisis; después, se minimizó su alcance; más tarde, se argumentó la fortaleza de nuestro sistema financiero; posteriormente, se empezó a percibir la importancia de la confianza para refinanciar la cuantiosa deuda asumida; por último, los mercados financieros impusieron un ajuste que se está haciendo sin el diseño de un marco general – de un plan de estabilización en toda regla – con desgana y sin convicción”[103].

    Nas eleições municipais de 2011, esta coligação partidária de esquerda sofreu umas das piores derrotas eleitorais no período atual da história da democracia na Espanha, praticamente quase todos os seus mandatários não conseguiram se reeleger, e o Partido Popular (PP), coligação partidária conservadora de direita, conseguiu a maioria dos votos nas províncias espanholas.
    Esse resultado refletiu o descontentamento da população em relação a algumas políticas impopulares do Partido Socialista, para decepção das classes médias, dos aposentados, dos mais jovens e para satisfação dos políticos vinculados a legenda do PP.
    Essa tendência é preocupante, uma vez que não são ações e políticas neoliberais de cortes orçamentários na área social que resolverão o problema econômico da Espanha e os atuais gestores do PP já estão impondo medidas de desmantelamento do bem estar social, em várias comunidades autônomas espanholas (Castilla y León, Comunidad de Madrid, Castilla-La Mancha, Comunidad Valenciana, etc.).

    Não bastasse todo o elenco de medidas impopulares adotadas, o PSOE no final do mandato, resolveu realizar mais duas medidas no mínimo controversas: a primeira, efetuar uma reforma constitucional, sem consultar a população, para impor regras de controle dos déficits orçamentários que impedem os governos de gastarem mais do que arrecadam; a segunda, assinar um convênio bilateral de defensa com os EUA, permitindo a cessão e ampliação da base aérea naval de Rota, considerada a porta de entrada do Mediterrâneo, e a construção de um Centro de Operações Aéreas Combinadas da OTAN (CAOC), na antiga base aérea de Torrejón de Ardoz, símbolo histórico da cooperação entre o ditador Francisco Franco e os EUA, localizada a menos de 20 quilômetros da região metropolitana de Madrid.

    Michel Aglietta em uma entrevista concedida recentemente a Valérie Segond em 2011, reiterando a análise desenvolvida em seu livro com Laurent Berrebi “Désordres dans le capitalisme mondial”, afirmou que os países da Zona Euro deveriam agir da mesma forma como os EUA e o Reino Unido fizeram com as suas dívidas de guerra para a superação da crise econômica, ou seja:

    “Resta o único caminho que parece mais adequado para resolver a atual crise: o que foi usado pelos Estados Unidos e pelo Reino Unido após a Segunda Guerra Mundial para as suas dívidas de guerra.
    Lembre-se que, em 1945, os EUA tinham dívidas no valor de 130% do PIB, e o Reino Unido, 260%! Isso para manter as taxas de juros reais muito baixas, num nível inferior à taxa de crescimento da economia. É esta diferença que reduz mecanicamente e regularmente os encargos da dívida, mesmo com um défice público primário.
    Esta estratégia assenta em dois pilares, como fizeram os norte-americanos: primeiro, suspenderam a independência do Fed entre 1945 e 1951, para que se esforçasse por manter as taxas de longo prazo tão baixas quanto possível.
    Depois, fizeram um plano de despesas públicas maciças para ajudar o investimento privado: o Plano Marshall”.

    Mas, como essas medidas não foram tomadas, segundo ainda Aglietta, persistem vários fatores que dificultam a superação da crise econômica nos países da Zona Euro, como por exemplo:
    a) a ausência de um federalismo fiscal e a falta de solidariedade entre os estados membros;
    b) a ausência de um Banco Central Europeu que cumpra o seu papel de emprestador em última instância dos estados, esse fator impossibilita o desenvolvimento de políticas graduais de desvalorização cambial e incremento das exportações;
    c) a ausência de um planejamento orçamentário de longo prazo de gastos, combinado com uma política industrial, como foi, por exemplo, o caso do Plano Marshall;
    d) a ausência de mecanismos que mantenham baixas as taxas de juros de remuneração de ativos de longo prazo; entre outros.

    Todos esses fatores citados agravam e prorrogam os efeitos sociais negativos produzidos pela crise financeira na Zona Euro, pois segundo François Chesnais, Aglietta tinha quase certeza de que, com o agravamento da crise financeira e da recessão mundial, será na União Européia que os impactos serão os mais graves.

    Íntegra em:

    (http://www.ub.edu/geocrit/b3w-963.htm)

antonio

Bom se lá está assim, logo aqui no Brasil está muito pior….

lulipe

Adoraria que o Brasil estivesse nesta “chocante” posição no ranking do IDH:

http://lista10.org/educacao/os-10-paises-com-maior-indice-de-desenvolvimento-humano-idh/

lulipe

“Um professor de economia em uma universidade americana disse que nunca havia reprovado um só aluno, até que certa vez reprovou uma classe inteira.

Esta classe em particular havia insistido que o socialismo realmente funcionava: com um governo assistencialista intermediando a riqueza ninguém seria pobre e ninguém seria rico, tudo seria igualitário e justo.

O professor então disse, “Ok, vamos fazer um experimento socialista nesta classe. Ao invés de dinheiro, usaremos suas notas nas provas.” Todas as notas seriam concedidas com base na média da classe, e portanto seriam ‘justas’. Todos receberão as mesmas notas, o que significa que em teoria ninguém será reprovado, assim como também ninguém receberá um “A”.

Após calculada a média da primeira prova todos receberam “B”. Quem estudou com dedicação ficou indignado, mas os alunos que não se esforçaram ficaram muito felizes com o resultado.

Quando a segunda prova foi aplicada, os preguiçosos estudaram ainda menos – eles esperavam tirar notas boas de qualquer forma. Já aqueles que tinham estudado bastante no início resolveram que eles também se aproveitariam do trem da alegria das notas. Como um resultado, a segunda média das provas foi “D”. Ninguém gostou.

Depois da terceira prova, a média geral foi um “F”. As notas não voltaram a patamares mais altos mas as desavenças entre os alunos, buscas por culpados e palavrões passaram a fazer parte da atmosfera das aulas daquela classe. A busca por ‘justiça’ dos alunos tinha sido a principal causa das reclamações, inimizades e senso de injustiça que passaram a fazer parte daquela turma. No final das contas, ninguém queria mais estudar para beneficiar o resto da sala. Portanto, todos os alunos repetiram aquela disciplina… Para sua total surpresa.

O professor explicou: “o experimento socialista falhou porque quando a recompensa é grande o esforço pelo sucesso individual é grande. Mas quando o governo elimina todas as recompensas ao tirar coisas dos outros para dar aos que não batalharam por elas, então ninguém mais vai tentar ou querer fazer seu melhor. Tão simples quanto isso.”

1. Você não pode levar o mais pobre à prosperidade apenas tirando a prosperidade do mais rico;
2. Para cada um recebendo sem ter de trabalhar, há uma pessoa trabalhando sem receber;
3. O governo não consegue dar nada a ninguém sem que tenha tomado de outra pessoa;
4. Ao contrário do conhecimento, é impossível multiplicar a riqueza tentando dividí-la;
5. Quando metade da população entende a idéia de que não precisa trabalhar, pois a outra metade da população irá sustentá-la, e quando esta outra metade entende que não vale mais a pena trabalhar para sustentar a primeira metade, então chegamos ao começo do fim de uma nação.”

    Felipe

    Onde foi publicada essa experiência e quem é o professor? Seria interessante citar a fonte. Da forma como está, é tão crível quanto qualquer história de sábio divulgada em livretos de auto-ajuda no facebook.

    Seja como for, as conclusões listadas são superficiais e até mentirosas como demonstrarei a seguir:
    1. Você também não pode levar o mais rico à prosperidade apenas tirando do mais pobre.

    2. “Para cada um recebendo sem ter de trabalhar, há uma pessoa trabalhando sem receber;”
    Imagine uma sociedade de 3 habitantes: o Eike Batista, um inválido e um cortador de cana. É possível que o inválido seja sustentado e que o cortador de cana receba um salário digno com menos de 1% da renda do milionário. Como resultado, a sociedade seria extremamente desigual, porém mais justa e feliz, afinal, não devemos condenar uma pessoa deficiente à morte por sua deficiência e nem subvalorizar um trabalho difícil e necessário como o do cortador apenas para garantir a hiper-valorização dos direitos de quem não precisa).

    3. “O governo não consegue dar nada a ninguém sem que tenha tomado de outra pessoa;”
    Variação de raciocínio raso encontrado em 2: o governo pode devolver a uma pessoa o que foi tirado por outra, ou simplesmente assegurar a todos garantindo, assim, que as necessidades básicas sejam atendidas. Se você levar essa sua idéia ao extremo, será contra a polícia e os bombeiros públicos e gratuitos, ou serviço público de pavimentação de ruas e estradas, apenas para dar um exemplo.

    4. “Ao contrário do conhecimento, é impossível multiplicar a riqueza tentando dividí-la”
    Ainda que tal experiência tivesse sido verdadeira – o que duvido – seria uma única possibilidade testada e, portanto, falta embasamento para tal conclusão. Na prática, há diversas situações em que uma simples distribuição aquece a economia (vide bolsa-família). A comparação com conhecimento é mero jogo retórico.

    5. “Quando metade da população entende a idéia de que não precisa trabalhar, pois a outra metade da população irá sustentá-la, e quando esta outra metade entende que não vale mais a pena trabalhar para sustentar a primeira metade, então chegamos ao começo do fim de uma nação.”
    Outro jogo de palavras sem base concreta e com fins meramente retóricos, pois essa possibilidade não foi testada sequer no exemplo hipotético. É possível que houvesse uma minoria estudiosa logo no começo, bem como uma série de outras situações que não se enquadram nessa dicotomia simplista.

    JD

    Este suposto experimento, que com certeza deve ser uma fraude.
    Como muitos outros que circulam na Internet.
    Se um professor americano de lê-se isso, ia rir muito.
    Este tipo de analogia, é muito usada pra induzir leigos ou pessoas de pensamento linear e de pouca profundidade.
    Um primeiro erro, é definir o Socialismo, como apenas como um sistema simples de divisão, como definir qualquer sistema de maneira singela.
    É o tipo de texto que chamo texto para mentes do estilo HOMER SIMPSON.
    E olhe, que te muita gente assim na academia.

    João Vargas

    O que realmente funciona é o capitalismo, neste sistema extremamente justo quem trabalha é o mais prejudicado e o que menos ganha. Especuladores, banqueiros,empresários, latifundiários e outros parasitas vivem às custas do suor dos trabalhadores. E quando um governo bem intencionado tenta diminuir este fosso que existe entre os mais pobres e os mais abastados é taxado de assistencialista.

    José Luis

    Vou responder ao questionamento implicito.
    simples: pare de trabalhar. vá viver de bolsa familia. faça como os alunos que não estudaram.

    Rui

    Que historinha mais estapafúrdia esse desse professor. Sem ética nenhuma. Reprovar pessoas para demonstrar sua teoria. Se bem que esse relato está fora da realidade totalmente. É daquelas historietas que se criam para dá lição de moral barata em alguém. Podia ser um livrinho tipo Edições Paulinas. Mas suponhamos que tenha ocorrido tal fato, seria um absurdo acadêmico.

    JD

    Baseado neste texto acima que circula a anos na Internet, voltado para mentes do estilo “HOMER SIMPSON”, criei outro usando a mesma lógica, para mentes estreitas.

    CAPITALISMO O SISTEMA IDEAL?

    Numa discussão entre um professor de sociologia com um grupo de professores da pós-graduação em economia da Universidade do Texas, os professores de economia diziam que o capitalismo e neo-liberalismo são as formas mais corretas de funcionar a sociedade e que o comunismo e o socialismo conforme seu pensamento e experiência, não funcionam, pois um deles até tinha feito um experimento em sala de aula e demonstrou isso.
    O professor de sociologia argumentou que o grande problema os mesmos avaliavam estas questões de forma muito simplista, e que mesmo a queda de alguns países comunistas não se deve a conceitos do socialismo que visam uma sociedade justa, pois as organizações sociais e econômicas são muito mais complexas do que usar uma ideia simples de modelo econômico.
    Os professores de economia insistiam em sua visão devido ao experimento realizado.
    Então o professor de sociologia propôs também fazer um experimento para ser realizado no bem conceituado curso de pós-graduação em economia,
    onde ele aplicaria os conceitos capitalistas e neo-liberais. Todos professores de economia de prontidão aceitaram.

    Pelo acordo, o sociólogo iria participar também do experimento na qualidade de orientador a apto a ser coordenador do curso.

    Pelo experimento, desde a seleção dos candidatos, distribuição de recursos físicos e econômicos seriam feitos pelos critérios capitalistas e neo-liberais. Todos os alunos selecionados também viveriam nos alojamento do campus e usariam os recursos disponíveis de acordo com os mesmos critérios capitalistas e neo-liberais.

    – Para a seleção das 10 vagas, haveria avaliação por prova de conhecimento com peso 20% (A), nível da instituição de origem 20% (B), produção científica 60% (C), mas de acordo com os princípios capitalistas. Todos os professores ficaram entusiasmados. Como de costume, os candidatos deviam nomear o orientador na inscrição, e as vagas seriam divididas pela classificação.

    – Houveram 30 inscritos para as 10 vagas.
    25 tinham formação em economia e escolheram os professores de economia para orientação e os outros 5 vindos de outras áreas escolheram o professor de sociologia.

    Quando chegou na avaliação de pontos, o Sociólogo começou a
    pontuar seus pretendentes de acordo com o Capitalismo.
    a) Os 5 de outras áreas foram muito mal nas provas, o que deixou os economistas felizes.
    b) Os 5 vinham de universidades de mais alto nível no país e ganharam pontuação máxima.
    c) Os 5 eram filhos de famílias de grandes pesquisadores, sendo que 2 deles eram filhos de ganhadores do premio Nobel dentre outras diversas premiações. Assim como no Capitalismo, os mesmos herdaram as pontuações de suas famílias.

    Ao apresentar o resultado, os economistas ficaram indignados, mas não podiam fazer nada, pois estava dentro da lógica capitalista. O professor de Sociologia, pediu a palavra e dispôs sobre o que viria a seguir continuando a lógica capitalista.

    – Alem das 5 vagas ficarem com ele, os 2 de maiores índices ficariam com 50% das bolsas, seus outros 3 com os 45% das bolsas, e os outros 5 restante ficariam com 5%, alem disso ficariam com 95% dos dormitórios, que naturalmente os 5 teriam de pagar aluguel. Os 5 teriam acesso a 95% da biblioteca e 95% do tempo de uso dos computadores. Poderiam usar seu dinheiro extra, recursos de moradia e serviços para negociar com os outros para que estes fizessem seus trabalhos e artigos para publicar (aumentando assim ainda mais seus índices) como forma de pagar pela moradia e uso de recursos de internet e biblioteca. A continuar um ou outro poderia melhorar seu índice por ser um gênio ou por sorte casar com uma filha de prêmio Nobel, mas teriam muito dificuldades ou mesmo jamais defenderiam suas teses, pois estariam trabalhando apenas para pagar suas moradias, comida e acesso a serviços de biblioteca, internet, água, energia etc.

    Um dos vários erros de quem almeja discutir questões complexas é aceitar explicações simplistas, isto é em geral resultado de pouca profundidade de pesquisa, análise, conhecimento, informação e criatividade, ou preguiça.

    Parafraseando as últimas frases.

    “É REALMENTE IMPOSSÍVEL, CRESCER QUALQUER ECONOMIA CONCENTRANDO A RIQUEZA”
    “TODAS AS GRANDES ECONOMIAS DO MUNDO, SÃO PAUTADAS NO CONSUMO EM MASSA, E ISSO SÓ OCORRE COM A DISTRIBUIÇÃO DA RENDA”
    “POR ISSO, DOUTORES, MESTRES, ENGENHEIROS ETC, JÁ SAÍRAM DO BRASIL PARA TRABALHAR
    EM PAÍSES DESENVOLVIDOS EM PROFISSÕES DE LIMPEZA, POIS LÁ A RENDA É DISTRIBUÍDA ATRAVÉS DE UM SALÁRIO BEM PAGO A TODOS.”
    “CONCENTRAÇÃO DE DIREITOS, RECURSOS E SERVIÇOS SÃO PÉSSIMOS PARA ECONOMIA”

    O REINO UNIDO, tem programas sociais muito maiores e mais abrangentes que do Brasil, incluem inclusive moradia.
    MESMO NOS EUA, agora em crise, o governo andou até enviando cheques para os cidadãos consumirem.

    VEJA BEM, não estou aqui defendendo o Socialismo nem o Capitalismo,
    como diz Noam Chomsky, O capitalismo assim como o socialismo seriam sistemas ótimos se existissem.

    lulipe

    O que é que você defende, meu caro???Ou você é daqueles que ficam sempre em cima do muro???

    abolicionista

    KKK!! Hilário, você acha que alguém vai engolir essa, lulipe? Então, algumas perguntinhas: qual o nome do professor e da universidade? Não sabe é? Então você mentiu de novo, exatamente quando como disse que ganhava vinte mil reais por mês? Quer um conselho? Cresça, meu caro.

Maria Guidah Almeida

É uma pena que está em espanhol (menos mal se fosse em inglês não teria entendido uma vírgula)O que me deixa agoniada é saber que a maioria da população desse nosso país tem uma ideia equivocada sobre os EUA – acham que lá não tem pobres, miseráveis.Onde há capitalismo haverá sempre essa discrepância social,onde meia dúzia escravizam centenas.

RRodrigo

segue figura com dados brasileiros:

Lucas

Imagina a situaçao brasileira…tem muita gente cantando de galo sem ter ajeitado o galinheiro ainda,
principalmente no PT.

J Souza

Os EUA regrediram ao período medieval.
Nos EUA, brancos, negros e latinos, todos se tornaram servos de 1% da população.

Sem saúde, logo virão mais e mais epidemias…
Sem terra, sem sustento, logo, logo virão as barbáries em grande escala… (as de pequena escala pipocam na mídia lá…)
Nem quem tem terra vai poder comer lá, porque vai aparecer alguma “corporação” se dizendo dona da semente… Acho que logo, logo todas as sementes vão ter dono! Viva a decodificação do DNA para fins lucrativos!

Até os filmes americanos são “deprê” agora… É o “anti-orgulho” americano!
Logo, logo de lá sairão Goethes e Dostoievskys da vida…

E se lá, na maior “democracia” do mundo, onde empresas são “pessoas”, uma ideologia – o neoliberalismo – fez tamanha desgraça em tão pouco tempo, imaginem aqui em pindorama…

    Mário SF Alves

    “Até os filmes americanos são “deprê” agora… É o “anti-orgulho” americano!
    Logo, logo de lá sairão Goethes e Dostoievskys da vida…”

    ______________________________________
    Difícil, prezado J Souza, difícil. Talvez, quem sabe, quando não sobrar nem um átomo do tal DESTINO [cada vez menos] MANIFESTO. Aí, quem sabe… Goethes, Dostoievskys, Gandhis, e por que não, Da Vincis?

Francisco

Saber patrimônio num pais em que a soma dos latifundios é maior que a área do país? Boa sorte…

Queria ver esse gráfico distribuido pelos integrantes de cada partido…

Roberto Locatelli

Uma coisa temos que reconhecer: os estadunidenses não são hipócritas. Impuseram o neoliberalismo ao mundo. Mas aplicaram-no em seu próprio país também. O resultado é visível.

    William Freire

    Exato companheiro. Os EUA estão em franca decadência. Se continuar assim, daqui a pouco os estadunidenses estarão fugindo a nado ou de bóia de seu país, para aportarem em Cuba. Serão os “balseros inversos”. Será a vingança suprema del “Comandante”. A história não vai perdoar o capitalismo. Viva Hugo Chavez!

Roberto Locatelli

A tendência é piorar ainda mais. Atualmente, 50 milhões de estadunidenses recebem o Food Stamp (o Bolsa-Família deles). Aposto que esse número dobrará em poucos anos.

    renato

    Se dobrar estarão no caminho certo.
    Aqui a distribuição do Bolsa Família
    trouxe benefícios a varias cadeias de
    produção, impulsionando setor importantes
    do Brasilzão.
    Dúvidas ?
    Lulinha Paz e Amor. Podemos liberar o Lula
    para dar uma assessoria. Já esteve lá dizendo
    como os homens do sindicato deveriam agir.

    renato

    A pedido do amigo do CARA!

    Roberto Locatelli

    Renato, o Food Stamp não tem as vantagens do Bolsa-Família. Trata-se de três refeições por dia, apenas para a pessoa não morrer de fome. Quando eu disse que poderá dobrar, eu quis dizer que a MISÉRIA nos EUA poderá dobrar.

    William Freire

    Companheiro, o Bolsa-Família é o maior programa de distribuição de renda da história republicana deste país – é uma conquista da população e um dos elementos-chave do sucesso das políticas sociais do presidente Lula. Excedeu em muito o Programa anterior do governo neoliberal de FHC, o Bolsa-Escola, que foi apenas uma tentativa pífia de assistencialismo praticado pela direita burguesa e malvada, uma tentativa de comprar o voto do povo.
    Se o Bolsa-Família é bom para o Brasil, ele também será bom para os EUA, que passam por esse momento de transição do modelo capitalista para o socialista. Reveja a sua posição.

Fernando Garcia

O video eh sobre distribuicao de riqueza e nao sobre distribuicao de renda. Sao dois conceitos bem diferentes. Acredito que eh importante fazer esta distincao.

    Luiz Carlos Azenha

    De fato. Corrigido. Obrigado pela correção. abs

    Mário SF Alves

    Bem observado, Fernando. E, por gentileza, se possível, adiante pra gente a tal diferença conceitual, assim como, a importância de se dar atenção à referida distinção.
    ________________________
    Obrigado,
    Abs.,
    Mário SF Alves.

    Fernando Garcia

    Ola Mario,
    primeiro devo dizer que nao sou economista. Vou tentar responder da melhor maneira baseado em meus poucos estudos sobre o assunto.

    A distribuicao de riqueza mede um processo historico. Mesmo em paises com distribuicao de renda mais igualitaria (como Franca, Alemanha, etc), as diferencas existentes se acumulam ao longo do tempo e convergem para uma grande concentracao da riqueza.

    A distribuicao de renda eh mais como uma fotografia. E mostra como a renda gerada num curto intervalo de tempo foi distribuida na populacao.

    Vejo duas questoes importantes em fazer esta diferenca:

    a. Mesmo que cheguemos a uma melhor distribuicao de renda, a riqueza ainda estarah altamente concentrada.

    b. A distincao sugere a importancia de taxar a riqueza acumulada (herancas, por exemplo)de maneira que o estado possa transformar estes bens privados em bens publicos.

    Perceba ainda que mesmo com estas politicas a concentracao de riquezas permanece. Veja esta tabela (dados de 2000, nao achei nada mais atual)

    http://en.wikipedia.org/wiki/List_of_countries_by_distribution_of_wealth

    Mesmo os paises Nordicos tem uma grande concentracao de riqueza. E, veja soh, mesmo antes da enorme concentracao de renda que ocorreu nos EUA nos ultimos dez anos, a concentracao de riqueza dos EUA em 2000 ja era maior que a do Brasil!

    Abracos,

    Fernando

    (desculpe-me, mas estou sem acentos)

    Mário SF Alves

    Pois é, Fernando. Era mesmo o que eu supunha ao ver seu empenho em enfatizar a importância de reconhecermos a distinção entre as duas categorias.

    ____________________________________

    Obrigado,

    Att.,

    Mário SF Alves.

    Demetrius

    A riqueza não vem da renda? Desculpe a minha ignorância, é uma dúvida mesmo.
    Abs.

William Freire

Êta país desigual. Não entendo porque tanta gente quer ir para lá. E, não sei porque o povo de lá não fez uma revolução e implantou a ditadura do proletariado. Não entendo. Viva o Brasil! Viva os governos do PT acabaram com a pobreza!

    Willian

    Este comentário deve ser de alguém querendo semear a discórdia. São tantas besteiras juntas que me leva a acreditar que não é sério.

    William Freire

    O que é isso, companheiro?
    Socialismo o muerte!

Estudantes cariocas contra ensino da privataria na escola pública « Viomundo – O que você não vê na mídia

[…] A chocante distribuição de renda nos Estados Unidos […]

    Guilherme Silva Araújo

    Azenha,

    É distribuição de patrimônio, não de renda. Nos EUA existe uma estimativa da distribuição do patrimônio porque lá existem impostos que incidem sobre o patrimônio. Não é trivial fazer algo semelhante no Brasil porque não temos estimativas regulares sobre o patrimônio (será porque?). Um estudioso sobre o tema no Brasil é o professor Reinaldo Gonçalves, da UFRJ.

    Luiz Carlos Azenha

    Já corrigimos. abs

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