José do Vale: 3ª dose antes de a maior parte da população ter sido vacinada é enxugar gelo

Tempo de leitura: 2 min
Em 25 de agosto, durante evento pelo Dia do Soldado, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, bateu continência para o presidente Jair Bolsonaro. O capacho e o genocida, na maior crise sanitária da nossa história. Foto: Reprodução de vídeo

A TERCEIRA DOSE DA VACINA DE COVID-29, ANTES DE VACINAR TODO MUNDO, É ENXUGAR GELO.

Por José do Vale Pinheiro Feitosa*, especial para o Blog da Saúde

A devastação causada pela pandemia de covid-19 se iguala à reincidência de batidas quando temos um dedo do pé esfolado: parece que só damos topadas nele.

Topadas sempre damos, mas com um dedo ferido a dor é maior.

A pandemia foi piorada por uma sociedade nacional (e global) desigual onde o “sonho de riqueza” se depara com a totalidade da vida.

Os interesses comerciais das grandes empresas farmacêuticas, ampliados numa sociedade de consumo, onde os mais ricos sofrem a alienação de que conseguirão salvar-se pelo controle de riquezas, nos leva à maior duração da pandemia.

O omisso governo Bolsonaro, que, ao final de agosto, não conseguiu vacinar sequer 40% da sua população com as duas doses necessárias à proteção, anuncia que fará a terceira dose.

Só que não temos evidências epidemiológicas objetivas, com base em dados reais, que demonstre esta urgência quando 38% da população não recebeu sequer uma dose da vacina.

Estados das regiões Norte e Nordeste têm 50% da população sem nenhuma dose da vacina e o Ministério da Saúde já determinou até data em que idosos com mais de 70 anos receberão a terceira dose.

Esta medida, repetimos, não se baseia na realidade brasileira.


Há nela um acodamento em já anunciar a terceira dose antes mesmo da maior parcela da população ter sido vacinada com duas doses.

A posição da Organização Mundial de Saúde (OMS) é clara: é vital que as vacinas cheguem aos países que não vacinaram suas populações, para que elas sejam protegidas. Dessa forma, se estará protegendo maior parcela da humanidade da circulação do vírus.

Nesse sentido, é importante atentar para o que está acontecendo no Estado de Israel, que abriu o comércio e permitiu a circulação sem máscaras, após ter conseguido vacinar mais de 70% de sua população.

No momento, Israel enfrenta um retorno de casos e internações pelo novo coronavírus.

Por quê?!

Por mais que seja o lar do povo escolhido de Deus, é um país no mundo, com aeroportos abertos, portos funcionando, todas as fronteiras com vida ativa e uma população que não foi vacinada.

O Líbano vacinou apenas 34,6% da sua população com, pelo menos, uma dose, o Egito 7,82%, a Jordânia 61% e a Palestina 21,14%.

O ar que se respira num lado da rua é o mesmo que o soldado israelense respira em suas operações de conflito com o povo palestino.

Estradas de Israel passam dentro do território palestino. Há um muro, mas nenhum muro será capaz de isolar definitivamente uma população que precisa viver e circular.

Enfim, a terceira dose, como diz a OMS, só poderia ser operacionalizada quando a segunda dose tiver sido aplicada.

O máximo que o país deveria fazer é não repetir o erro do governo Bolsonaro e ir reservando vacinas para quando forem necessárias.

*José do Vale Pinheiro Feitosa é médico sanitarista.


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Comentários

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Arnon Vilela

Já ouviu aquele ditado que santo de casa não faz milagre.
Pois e, não adianta falar. Vc falará 200 vezes a mesma coisa e nas 200 vezes a pessoa vai teimar e não vai te escutar. O povo está surdo com o canto da sereia.
O Bolsonaro não quer fazer, e não vai fazer. ELE NAO VAI FAZER. Tendeu ?
O povo ainda não percebeu que isto é a imunização do rebanho.
Tem gente que acha que o Queiroga doma a fera e que melhorou a coisa. Será que o Queiroga doma a fera mesmo ou a fera doma ele ?
Aqui não tem condições nem de virar um Chile pq o povo brasileiro não é igual chilenos e argentinos.
Acho que somos piorados intelectualmente e com bem menos coragem. O brasileiro não fará nada. Fica um esperando pelo outro e o outro esperando pelo um.

Zé Maria

Hoje, o Brasil atingiu somente 27,7% da
População com Duas Doses Aplicadas
58 Milhões de Pessoas, considerando
os 213 Milhões de Habitantes do País,
conforme Estatística do IBGE.

E faltam Imunizantes para Estados e Municípios
aplicarem a Primeira e a Segunda Doses das Vacinas.
Imagina com Concomitância de uma Terceira Dose.

Chega a ser Gritante a Desonestidade do
(des)Governo Bolsonaro/Guedes/Queidroga.
É Evidente que as Ações Anunciadas pelo
Ministério da Saúde – como de resto por todos
os Ministérios – se destinam exclusivamente
a angariar votos para o Genocida nas Eleições
de 2022.

O que menos importa aos Lacaios é a Saúde
da População Brasileira.

E a Mídia Venal – ligada à Burguesia Nazional – também não auxilia em nada com a Informação que deveria ser Correta aos Brasileiros.
Mais confunde do que ajuda na Comunicação dos Dados sobre a Vacinação.

Com a Disseminação no Brasil da Variante Delta do SARS-COV-2 não há Pessoa ‘totalmente’ imunizada, uma vez que essa Cepa do Novo Coronavírus pode infectar até quem já tomou as Duas Doses de Qualquer Vacina,
não importa a Marca Comercial ou o Fabricante.
E pode até não ser mais letal, mas infecta
muito mais rápido e em grande número
ao mesmo tempo.
Assim, portanto, lota Hospitais do mesmo jeito.

Novamente a Ciência está sendo Desprezada
em favor da Campanha Eleitoral para Reeleição
de um Genocida Energúmeno Corrupto.

    Zé Maria

    Detalhe

    Apenas 4 Estados Brasileiros estão com mais de 30% da População Vacinada com 2 Doses, quais sejam:
    Espírito Santo (30,18%);
    Rio Grande do Sul (33,74%);
    São Paulo (34,99%); e
    Mato Grosso do Sul (42,72%).

    https://especiais.g1.globo.com/bemestar/vacina/2021/mapa-brasil-vacina-covid/

    Zé Maria

    “Dados recentes sugerem que a quantidade de vírus em pessoas infectadas com a variante Delta é cerca de 1.000 vezes maior do que nas pessoas infectadas pela variante original do Sars-Cov-2.”
    “Como a variante Delta está se mostrando bem mais transmissível, muito provavelmente, será necessário atingirmos uma meta de vacinar cerca de 80-90% da população, o que incluiria crianças menores de 12 anos.”

    Por Luiz Carlos Dias, Professor Titular do Instituto de Química da Unicamp; membro titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC); Comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico; e membro da Força-Tarefa da UNICAMP no combate à Covid-19.

    “Com o aparecimento da variante Delta, mais transmissível (*) e com maior capacidade de escapar da resposta do nosso sistema imunológico, nós vamos precisar vacinar um número maior de pessoas para diminuirmos o percentual de pessoas suscetíveis, impedindo o vírus de circular entre as pessoas mais suscetíveis.
    Um relatório do CDC, divulgado pelo jornal The Washington Post (**) mostra ainda que a variante Delta é mais transmissível que o ebola e a varíola, pode infectar pessoas já vacinadas e causar doenças mais graves nas pessoas não vacinadas, quando comparada com as outras variantes de coronavírus anteriores e que tanto os vacinados como os não vacinados infectados pela Delta transmitem o vírus.”

    “Não é hora de relaxar nas medidas não farmacológicas, pois a variante Delta está circulando e se propagando e é considerada muito mais transmissível que as anteriores.”

    “Dados recentes sugerem que a quantidade de vírus em pessoas infectadas com a variante Delta é cerca de 1.000 vezes maior (***) do que nas pessoas infectadas pela variante original do Sars-Cov-2.”

    “E não custa lembrar que tanto os vacinados quanto os não vacinados que foram infectados pela Delta podem transmitir o vírus” …

    “A variante Delta do novo coronavírus, caso se torne dominante, vai dificultar bastante o cenário para que possamos atingir a chamada imunidade coletiva.”

    “A reprodutibilidade basal (R0), ou o número médio de pessoas que são infectadas a partir de um único indivíduo infectado, no caso agora pela variante Delta, é maior quando comparado com as variantes anteriores.
    O zero em “R0” significa que esse número é uma estimativa considerando um cenário de imunidade zero [sem vacina] na população.
    Esse número afeta o percentual de pessoas que precisam ser vacinadas com as duas doses ou com vacinas em dose única para que possamos atingir a chamada imunidade coletiva.”

    “No caso de R0 = 1 ou menor, a infecção se espalhará mais lentamente, poderá desaparecer e muito provavelmente não causará uma epidemia nessa população.
    Mas para isso ser verdade é preciso manter as medidas de controle sanitárias e epidemiológicas, como as medidas não farmacológicas, de testagem e isolamento de infectados e seus contatos, além de vigilância genômica para monitorar o aparecimento de novas variantes.”

    “Quanto maior for o valor de R0, mais rapidamente uma doença poderá se espalhar” …

    “O vírus Sars-CoV-2 original tinha uma reprodutibilidade estimada em aproximadamente 3, ou seja, cada pessoa infectada, poderia transmitir o vírus, em média, para outras 3 pessoas suscetíveis (R0 = 3), o que levava a uma estimativa de que precisaríamos de cerca de 66% da população vacinada para atingir a imunidade coletiva, através do seguinte cálculo: [1 – (1 / 3)] x 100 = 66%.
    A partir desse percentual de pessoas vacinadas, o vírus começaria ter sua velocidade de transmissão desacelerada e poderia parar de circular, mantendo-se os cuidados com as medidas não farmacológicas.
    Se a variante Delta leva uma pessoa infectada a causar a doença em outras 5 pessoas (R0 = 5), por exemplo, o percentual de pessoas que precisam ser vacinadas para atingirmos a imunidade coletiva e começarmos a observar diminuição de casos, hospitalizações e mortes, será de aproximadamente 80%, calculado através da fórmula [1 – (1 / 5)] x 100 = 80%.”

    “Como a variante Delta está se mostrando bem mais transmissível, muito provavelmente, será necessário atingirmos uma meta de vacinar cerca de 80-90% da população, o que incluiria crianças menores de 12 anos.”

    “É natural que países que estão muito avançados na imunização comecem a se preocupar com essa questão da terceira dose. Mas talvez ainda não seja o nosso caso, pois temos um grande percentual de nossa população ainda não totalmente imunizado e temos poucas vacinas.”

    “O que nós temos [o Governo tem] de fazer nesse momento é vacinar todo mundo rapidamente para reduzir a circulação do vírus, os casos graves e óbitos.
    E nesse sentido as vacinas estão dando uma resposta maravilhosa e extraordinária e estão mostrando o caminho para sairmos da pandemia.”

    “As vacinas sozinhas não vão fazer parar a transmissão comunitária, então as pessoas precisam continuar a usar as máscaras, ficar em lugares bem ventilados, fazer higiene das mãos, manter o distanciamento físico e evitar aglomerações e locais com pouca ventilação. Também é fundamental testar para isolar os infectados e seus contatos. ”

    (https://www.nature.com/articles/d41586-021-02039-y)*
    (https://www.washingtonpost.com/health/2021/07/29/cdc-mask-guidance)**
    (https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2021.07.07.21260122v1)***

    Íntegra em:

    https://www.unicamp.br/unicamp/ju/artigos/luiz-carlos-dias/vacinar-e-preciso-viver-e-impreciso

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