Rede Cegonha: saúde feminina se reduz à maternidade? E quanto ao aborto seguro?

Tempo de leitura: 9 min

Por Conceição Oliveira do Blog Maria Frô, twitter: @maria_fro

Reproduzo ao mesmo tempo no Maria Frô e trago para cá a matéria do CLAM devido a importância desta discussão para nós mulheres.

Quem viu o nascimento e acompanhou os posts da blog da mulher aqui no Viomundo sabe o quanto o tema do aborto como questão de saúde pública já foi discutido.

Todas as vezes que as feministas colocam a discussão do aborto seguro na estratégia da Rede Cegonha, a fala do governo, na voz de Esther Vilela, é de que ela amplia os direitos reprodutivos e sexuais, mas nada neste programa aponta para isso.

Parece que teremos uma longa batalha pela frente para vermos nossos direitos reprodutivos garantidos.

Observação: Os links inseridos na matéria não constam no original, mas recuperam o debate, daí a sua inclusão.

Saúde feminina e maternidade

Do CLAM- Centro Latino Americano em sexualidade e direitos humanos, via Tá Lubrinando

04/05/2011

“Fátima Oliveira afirma que se o argumento da morte materna é o ponto central da Rede Cegonha, a atenção ao abortamento inseguro deveria estar presente. “A morte decorrente de um aborto inseguro também é conceitualmente considerada morte materna. A pergunta é: como será enfrentada tal morte? Ou ela é satanizada a tal ponto que nem merece atenção?”.

Lançada no final de março pelo Ministério da Saúde brasileiro, a Rede Cegonha desencadeou uma discussão sobre concepções e prioridades de saúde da mulher, na qual feministas e ativistas dos direitos sexuais e reprodutivos questionam o foco da iniciativa do governo.

A Rede Cegonha prevê uma série de medidas para a saúde materno-infantil, através do Sistema Único de Saúde (SUS), destinadas ao atendimento e acompanhamento de mulheres do momento em que a gravidez é confirmada até os dois primeiros anos da criança. Segundo o Ministério da Saúde, o objetivo principal é reduzir a taxa de mortalidade materna no país, que ainda é alta – para cada 100 mil nascidos vivos há 69 óbitos de mulheres –, concedendo atendimento integral à mulher e ao filho. Para tanto, o orçamento da Rede Cegonha será de R$ 9.397 bilhões até 2014.

Inicialmente, a iniciativa privilegiará as regiões da Amazônia Legal e o Nordeste, que apresentam os maiores índices de mortalidade materna e infantil no país, e as regiões metropolitanas. Além do acompanhamento médico, que envolverá seis consultas durante o pré-natal, exames clínicos, laboratoriais, de diagnóstico de HIV e sífilis, as gestantes adotarão um posto de saúde como referência e saberão, com antecedência, onde será o parto. As mulheres terão ainda um auxílio – vale-táxi e vale-transporte – para se deslocarem aos postos de referência. Haverá também a qualificação de profissionais de saúde para atender mulher e filho, assim como a construção das Casas da Gestante e do Bebê, que irão acolher os casos de gestação de risco, e dos Centros de Parto Normal, destinados à humanização do nascimento. Está previsto o acompanhamento integral da saúde da criança, promovendo o aleitamento materno e o atendimento médico especializado quando necessário.

A médica e integrante da Comissão de Cidadania e Reprodução (CCR) e do Conselho Consultivo da Rede de Saúde das Mulheres Latino-Americanas e do Caribe (RSMLAC) Fátima Oliveira destaca que o foco na mortalidade materna já estava previsto no Pacto Nacional pela Redução da Mortalidade Materna e Neonatal de 2005. “Foi uma apropriação do que já existia e estava indo relativamente bem. A parte nova é a de assistência social, muito boa enquanto ação puramente de assistência social. Será bom para as mulheres, não tenho dúvida. Mas a concepção onde tais ações estão embutidas – saúde materno-infantil, um conceito antigo, conservador e do agrado absoluto da Santa Sé – é equivocada. Ao retomar tal conceito, o Ministério da Saúde adoça a boca do Vaticano”, critica Fátima Oliveira, referindo-se à conhecida influência que a hierarquia católica exerce no país.

Telia Negrão, secretária-executiva da Rede Feminista de Saúde, lembra que a organização tinha sido chamada, em fevereiro, para discutir a Rede Cegonha. De acordo com ela, havia uma preocupação de ter um viés materno-infantil. No início de março, a Rede Feminista emitiu uma nota pública demonstrando tal preocupação. “Estávamos apreensivas e atentas, pois temíamos que a iniciativa do Ministério da Saúde significasse um desmanche da política de saúde integral, prevista na Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher, diante de uma ação específica voltada apenas para um dos eventos da trajetória de vida das mulheres”, explica Telia Negrão.

Segundo a secretária-executiva da Rede Feminista, uma semana antes do lançamento houve uma oficina de trabalho, organizada pelo Ministério. “Não havia ainda uma definição sobre o status da Rede Cegonha, se seria um programa, uma política ou uma estratégia. Expressamos nossa preocupação com o que a Rede não continha, embora uma política materno-infantil não possa ser desmerecida. São políticas necessárias, pois focam as mulheres em determinado estágio da vida. Portanto, a Rede Cegonha pode ser vista como uma excelente estratégia para a redução da mortalidade. Além disso, ela avança no sentido de ampliar o acesso à contracepção, de prever a compra de insumos de planejamento reprodutivo e de estimular a assistência a mulheres vítimas de violência sexual ”, ressalta Telia Negrão. A mesma idéia é compartilhada por Fátima Oliveira, para quem a Rede Cegonha “no fundamental, é uma ação de assistência social coadjuvante e otimizadora do Pacto de 2005”.

A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher, de 2004, serve de base tanto para as críticas quanto para a defesa da Rede Cegonha. Esther Vilela, obstetra e coordenadora da Área Técnica de Saúde da Mulher do Ministério da Saúde, defende a iniciativa do governo como uma ação pontual e específica. “O fato de a redução da mortalidade materna ser um objeto da Política Nacional não significa que conseguimos dar conta de tudo. Significa que temos que propor ações para diminuir esse índice, que ainda é elevado no Brasil”, justifica a médica. “A Rede Cegonha é uma ação para combater e reduzir a mortalidade materna, ela é uma medida de enfrentamento. Não é um programa, é uma estratégia do governo que sinaliza o compromisso de combate essas mortes evitáveis”, completa.

A história da legislação e das políticas públicas brasileiras voltadas para a saúde da mulher tem envolvido governos e militantes feministas há tempos. Em 1975, foi criado o Programa Materno-Infantil, que consistia em uma orientação técnico-normativa às Secretarias Estaduais de saúde do país destinada ao acompanhamento do pré-natal, ao controle do puerpério, ao estímulo do aleitamento, à distribuição de fórmulas de alimentação infantil e à imunização e acompanhamento das crianças. Tinha como público alvo as mulheres de 15 a 49 anos.

Nos anos 1980, a idéia de integralidade foi ganhando espaço na agenda de discussões entre militantes e poder público. Em 1985, o Ministério da Saúde lançou o Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM). É considerado um marco histórico, pois é o primeiro programa de saúde nacional a ter como meta a integralidade no atendimento. Em outras palavras, o programa inaugura, no Brasil, a assistência em todas as fases da vida, buscando assegurar bem-estar e cidadania à mulher em toda a sua diversidade (étnica, regional, sexual, de idade etc).

A integralidade da saúde da mulher é um dos pressupostos que fundamentam as principais críticas à Rede Cegonha. A médica Fátima Oliveira afirma que a iniciativa padece de alguns defeitos de origem que se configuram como ameaças ao debate republicano sobre os direitos sexuais e reprodutivos. “O primeiro nó górdio foi colocar nos pés da cegonha o Pacto Nacional pela Redução da Morte Materna e Neonatal, uma ação específica da Política Nacional de 2004, e apresentá-lo à sociedade, o combate à mortalidade materna e neonatal, como algo novíssimo e original. A Rede Cegonha não pode ser o todo e nem o centro da atenção à mulher”.

Telia Negrão lembra que o Pacto de 2005 foi mais uma estratégia política, de mobilização, do que uma estratégia técnica. “O Pacto tinha um braço mais amplo, que focava inclusive a questão do abortamento inseguro, um gravíssimo problema no Brasil. Esse enfoque não está presente na Rede Cegonha”, afirma.

A questão do aborto é um dos aspectos principais da discussão. Segundo Esther Vilela, do Ministério da Saúde, a Rede Cegonha não é destinada a englobar todas as questões envolvidas na saúde da mulher. “Ela envolve a atenção básica e o planejamento reprodutivo. O governo vai continuar a dar força e apoio para outros aspectos que envolvem a saúde da mulher. Vamos analisar o acompanhamento no pré-natal: nem todas as mulheres atendidas chegarão ao parto. Queremos atender integralmente e, por isso, vamos qualificar outras abordagens, focando na conversa com a gestante, em atividades educativas. Não ficaremos apenas medindo a barriga e fazendo exames. Isso é atenção integral e pressupõe o atendimento às mulheres que não chegam ao parto”, assinala.

Abortamento inseguro

Fátima Oliveira afirma que se o argumento da morte materna é o ponto central da Rede Cegonha, a atenção ao abortamento inseguro deveria estar presente. “A morte decorrente de um aborto inseguro também é conceitualmente considerada morte materna. A pergunta é: como será enfrentada tal morte? Ou ela é satanizada a tal ponto que nem merece atenção?”.

Esther Vilela enfatiza que, ao contrário das críticas, a Rede Cegonha amplia os direitos reprodutivos e sexuais, garantindo a dignidade e a vida das mulheres e dos bebês. “Nossa estratégia é qualificar a atenção à saúde da mulher. Em relação ao abortamento inseguro, gostaria de fazer uma observação: a mulher procura o serviço médico no transcurso do abortamento. Nossa obrigação é atendê-la rapidamente, de forma qualificada e evitando a violência institucionalizada. É um princípio ético para nós. Inclusive, lembro que o Ministério da Saúde está instituindo o acolhimento nas maternidades com prioridade de emergência. Uma mulher com hemorragia, por exemplo, terá preferência no atendimento”, explica Esther Vilela.

No Brasil, as discussões sobre interrupção da gravidez são marcadas por embates e pressões ideológicas provenientes, sobretudo, de setores religiosos. Na campanha presidencial de 2010, a então candidata Dilma Rousseff, atualmente presidente da República, recuou publicamente de sua defesa pela descriminalização do aborto. Naquele período, a temática foi fartamente explorada sob um viés moralista, ignorando-se os aspectos de saúde pública.

O período eleitoral demonstrou o poder de influência que os setores conservadores da sociedade brasileira detêm. Fátima Oliveira acredita que há correlação entre o enfoque materno-infantil priorizado pelo governo, no início da gestão, com a conjuntura político-eleitoral do ano passado. “O Vaticano desacelera o sarrafo, mas exige contrapartida”, critica.

A Pastoral da Criança, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), esteve no lançamento da Rede Cegonha. A presença da entidade, afirma Fátima Oliveira, representa “uma deferência à retomada da visão da saúde materno-infantil, que tem o apoio irrestrito do Vaticano em uma visão de santificação da maternidade e de satanização das mulheres”.

Para a secretária-executiva da Rede Feminista, Telia Negrão, a Rede Cegonha precisa ser mais discutida com a sociedade civil. “Ainda falta ampliar o escopo das ações para os casos de mulheres que não querem ser mães. Em janeiro, o ministro Alexandre Padilha (Saúde) assegurou a criação de políticas de saúde integrais para as mulheres. Vamos cobrar, e essa cobrança passa pelo fortalecimento da Área Técnica da Saúde da Mulher, que não pode ter uma visão exclusivamente materno-infantil. Apoiamos a Rede Cegonha, mas permanecemos alertas para que o que ela não prevê seja contemplado em outras políticas públicas”, afirma Telia Negrão.

No meio de abril, lembra Fátima Oliveira, o Ministério da Saúde organizou, em conjunto com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), o Simpósio Internacional de Redes de Atenção à Saúde Materno-Infantil, no qual apresentou a Rede Cegonha como uma iniciativa de aprimoramento “da atenção à saúde materno-infantil, uma estratégia de mudança de paradigma da atenção obstétrica e infantil, por meio da implementação de uma rede de cuidados que assegure às mulheres o direito à gravidez, parto e puerpério seguros e humanizados, o direito ao planejamento reprodutivo; e às crianças o direito ao nascimento seguro e humanizado, crescimento e desenvolvimento saudáveis”.

No final de abril, o Ministério da Saúde foi representado pela coordenadora da Área Técnica da Mulher, Esther Vilela, no 4º Encontro Nacional dos Governantes e Legisladores pela Vida, em Brasília. No evento, a Rede Cegonha foi apresentada. Telia Negrão avalia que há um desejo de setores conservadores de se apropriarem da iniciativa como algo de sua lavra. “Uma representante do governo não deveria dialogar com setores contrários aos Direitos Humanos a não ser com o intuito de afirmar que os direitos sexuais e reprodutivos são paradigmas assumidos pelo Ministério da Saúde. O encontro fere o caráter laico das políticas públicas e torcemos para que não seja uma aproximação do governo com setores que são contra o caráter republicano do Brasil”, critica a secretária executiva da Rede Feminista.

Esther Vilela defende o envolvimento do Ministério da Saúde no Encontro. “O evento envolveu questões que são responsabilidade do governo. Apresentamos a Rede Cegonha, porque, como governo, temos que dialogar com todos os setores que desejam conhecer a estratégia. O diálogo é parte da estratégia para a melhoria da qualidade de vida das mulheres e crianças. Não penso que tenhamos ferido princípios da Rede Cegonha. A Rede Feminista pode ficar tranqüila que não vamos ferir princípios de direitos sexuais e reprodutivos e ficaremos atentos e mobilizados para todas as questões relativas à saúde da mulher”, afirma a coordenadora da Área Técnica de Saúde da Mulher.

Fátima Oliveira afirma que só as deusas sabem o rumo que as discussões sobre saúde reprodutiva e sexual tomarão no governo de Dilma Rousseff. “Mas o feminismo é quem faz e define suas agendas. Não conheço feminista que veio ao mundo a passeio. O feminismo brasileiro já pautou e continuará pautando o governo”, afirma, acrescentando que defende as ações em saúde e em assistência social de proteção à maternidade e à infância como direitos da mulher e da criança não como piedade, esmola, desde que tais ações estejam inseridas na Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher.

Para Telia Negrão, a demanda pela integralidade da saúde da mulher não é uma questão das feministas, mas uma necessidade inserida no contexto dos Direitos Humanos. “Mulheres brasileiras morrem por causas evitáveis, como o aborto e, infelizmente, a nova estratégia do governo não engloba o abortamento inseguro. No Brasil, vivemos uma condição de precariedade associada a graves injustiças sociais que penalizam as mulheres mais pobres, que não tem condição de interromper a gravidez com a segurança e os meios eficazes acessíveis às mulheres de classe média. Por isso, estamos propondo à Área Técnica da Mulher que revise a Política de 2004 para que todos os pontos sejam cumpridos”, conclui.


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Comentários

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JOSE DANTAS

Na verdade a Rede Cegonha se reduz a nada, já que a maternidade não tem importância nenhuma quando a cria consegue respirar.

Glaydes

Continuo vendo a sífilis causando perdas fetais.Na maioria das vezes, a mulher chega à maternidade sem ter sido tratada durante a gestação, seja por falhas no manejo do pré-natal ou por outros motivos. Não adianta ter um programa, política ou uma estratégia, seja lá o que for, para o atendimento à gestante se não houver um manejo adequado para diagnosticar e tratar essa doença silenciosa (e evitável) de forma precoce. Identifico muita falácia por parte dos setores públicos de saúde, mas as ações ainda são muito incipientes,

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Tetê Sanches

O BISPO QUE VESTE ARMANI…..
Sou daquelas pessoas que acham que tudo o que o Estado puder fazer para minorar o sofrimento deve ser bem aceito. Não sou contra a assistência social que vier, mas sem enganações. E o que mais me exalta é gente que não sabe pra onde gira a roda chegar aqui defendendo uma coisa que já existia como se fosse uma novidade. Ignorãncia tem limites e enche a paciência.
Indico ao Sr. Wildner Arcanjo e outros papa-hóstias que se preocupem com as vestimentas eclesiásticas da marca Armani que muita gente do clero romano está usando. E ainda dizem ser uma igreja que fez a opção preferencial pelos pobres, venstindo Armani!
É so ler "Uma passarela eclesiástica" , ricamente ilustrado no Lima Coelho http://www.limacoelho.jor.br/vitrine/ler.php?id=5

Tetê Sanches

Conceição, para mim o que ficou claro é que alguém no Ministério da Saúde enrolou o Ministro Padilha e a presidenta Dilma Roussef com essa do ineditismo , o nunca dantes tentado contra a morte materna no Brasil. Foi assimq ue montaram a Rede Cegonha: pegando uma ação que já existia e, com sucesso e muito dinheiro, no Ministério da Saúde: o Pacto de Redução da Morte Materna e Neonatal, desde 2005, e inventaram aquelas ações sociais que ainda nem estão em prática e encheram a bola do ministro e da presidenta e anunciaram como grande novidade!

Alice Matos

A matéria é muito clara. O Ministério da Saúde escorregou na casca de babana porque poderia ter agregado as ações socias desejadas por Dilma ao Pacto Nacional pela Redução da Morte materna e neonatal, sem fazer esse caranaval maluco que virou a Rede Cegonha que nem a Dra. Ester Vilela consegue dizer oq ue é exatamente, se programa, se política e sem estratégia.
Pelo que entendi, ninguém é contra os benef´cios que as ações sociais trarão para as mulheres que delas necessitarem, mas se é contra é a invenção da mentira, o falar do inedistimo do combate à morte materna no Brasil, a volta ao conceito caduco e igrejeiro da saúde materno-infantil. Queremos seriedade na execução das propostas políticas. Só isso. E para esse senhor papagaio de pirata que procure mais informações para não ficar falando beesteiras sem base na realidade. ninguém aguenta mais essa falação besta dele.

Wildner Arcanjo

Onde é que está escrito que a saúde feminina se resume ao programa Rede Cegonha? É como dizer que a política energética brasileira se resume a capitalização da Petrobrás e ao Pré-Sal.

Onde é que está escrito, ou subscrito, ou peseudo-scrito que as mulheres que abortam, em quaisquer circunstâncias, não têm direito aos cuidados médicos? Meu Deus! Se até homicidas e estupradores têm esse direito, que dirá mulheres que fizeram escolhas ruins para ela e não sabem lidar com seus efeitos? Se o aborto foi ou não foi ilegal (nos termos de nossa lei) isso ela responderá na justiça e , assim mesmo, se (se) houver alguma denúncia. Médico existe para salvar vidas, de quem quer que seja! Ele não é juiz, polícia, carrasco ou Deus para decidir quem ele salva da morte ou não e pode pagar por isso caso queira agir fora de suas competências médicas.

Ao contrário, a própria Presidenta (quando então candidata) disse que não se deve negar auxílio médico a quem quer que seja, sobretudo às mulheres que estão nesta difícil situação;

O que não se pode é reduzir, induzir, conduzir o debate sobre saúde materno-infantil ao debate sobre políticas que venham a incluir o aborto dentro dos métodos contraceptivos, sob a alegação de que o corpo feminino é uma propriedade da mulher e só a ela cabe decidir se, quando e como serem ou não mães. Existem outros espaços para se inserir esta discussão e não é desmerecendo uma iniciativa louvável do Governo que vamos legitimar esta discussão.

Vamos parar de pensar como feministas, machistas e tantos outros istas e começar a pensar como cidadãos. Mulheres e crianças morrem todos os dias por falta de acompanhamento na gestação e de boas políticas e práticas de saúde durante e depois do parto. Não estamos só falando dos direitos das mulheres, ou das feministas, estamos falando de como vamos cuidar, dos primeiros dias dos futuros brasileiros que virão e de muitas mulheres que já estão por aí.

    Wildner Arcanjo

    Isso é pensar racionalmente.

Élida Lima

Parece que os pró-vida decidiram procurar o que fazer. Que bom!
Uma matéria com argumentos fortes e verdadeiros. O ministro da saúde precisa se antenar mais.

    Lauri

    Não Élida! Eles chegaram como formiga por açúcar ehehehe

Victor Farinelli

Minha opinião sobre a Rede Cegonha é que é um projeto excelente e que deve ser incentivado, mas claro, enfrenta, nesse caso, um obstáculo criado por esse tema, devido a que foi carroça eleitoral da oposição prá tentar ganhar as eleições através do esgoto ideológico. A oposição conseguiu pequenas vitórias com o simples fato de o aborto ter virado tema, que é o de obscurecer o debate e gerar inevitavelmente algum temos na equipe da Dilma em desafiar a ira dos conservadores antiabortistas. Vai ser mais um dos temas que requerirá de muita paciência…

    Alberto

    Victor, entendi o que vc escreveu. Mas é preciso pensar mais sobre o que realmente é o Rede Cegonha, que não é um projeto, segundo a Dra. Esther Vilela, que tem se mostrado uma espécie de braço da CNBB et caterva no Ministério da saúde e não enxerga uma milímetro a mais do que seu umbigo, pelo que falou nas entrevistadas dadas até agora, pois eu li todas o REDE CEGONHA É UMA ESTRATÉGIA (deu pra sacar?) de combater a morte materna. A doideira começa aí. E morte materna só ocorre durante o parto e depois do parto? Não meu amigo, há morte materna durante a gravidez nas práticas de aborto clandestino, que dizer antes da cegonha chegar. É hipocrisia elevada ao quadrado..

Dani

Conceição Oliveira, minha querida eu acho que do silêncio estranho que ess amatéria causou aqui, acho que OS CONTRA vão é atacar o blogue do Azenha, só pode ehehheeh.
São 23:20 e só dois comentários. Tem algo estranho no ar

Mari

Conceição, você arrasou na chamada: "Rede Cegonha: saúde feminina se reduz à maternidade? E Quanto ao aborto seguro?" Parabéns.
Aliás o Azenha tem se mostrado pra lá de solidário nesse tema. Parabéns para a jornalista Conceição Lemes também que fwez várias entrevista, acho que pelo menos uma quatro; e para o Azenha que tem batalhado para que tenhamos clareza da situação e de quão grave ela é no campo dos direitos das mulheres. Coisa que tem sido difícil das pessoas entenderem porque a primeira impressão que se tem é que não é.
O Clam, que eu conhecia muito pouco, marcou um golaço com essa matéria.

Lauri

Télia Negrão, da Rede Feminista, amaciou, mudou de posição, deu pra trás, ou é impressão minha?
Lembro-me bem que a primeira entrevista sobre a Rede Cegonha que li aqui era dela. Estava espumante. Agora está calminha. O que houve? O PT enquadrou-a? Gostaria de ouvir mais opiniões. Se foi enquadrada, dá pena. Mas que mudou de discurso, mudou. Olhem: "Apoiamos a Rede Cegonha, mas permanecemos alertas para que o que ela não prevê seja contemplado em outras políticas públicas”, afirma Telia Negrão.
Comparemos "Rede Feminista de Saúde alerta: A Rede Cegonha é retrocesso de 30 anos" http://www.viomundo.com.br/blog-da-mulher/rede-ce

    Wildner Arcanjo

    Ela só deixou as paixões de lado e começou a pensar racionalmente. Um exercício que se todos fizessem seriam bem mais felizes.

    Lauri

    A começar por você que é parece estar treinando pra pirado. Telia Negrão sempre pensou racionalmente. Ou o senhor está dizendo que ela é maluca? Olha o respeito cara!

Mister X

Se esperta Padilha! Essa mulher ainda vai te derrubar. Escuta e fica cabreiro.
Há muita gente que faz o jogo duplo por aí. Perguntar não ofende. Todo mundo sabe que nos cargos de confiança mora o perigo. Esther Vilela foi indicada por quem? Ela faz o jogo de quem?
No Ministério da Saúde ainda tem gente colcoada lá por Dona Zilda Arns. Entra pela mão de um e fica sendo sustentada pelas mãos de outros.
Estou em dúvida. Se alguém puder irar a minha dúvida.

Fátima Oliveira pergunta: Como será enfrentada a morte decorrente de um aborto inseguro pela Rede Cegonha? | Maria Frô

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