Sobre Privilégios

Tempo de leitura: 2 min
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Por Marco Aurélio Mello

por Marco Aurélio Mello

Trata-se de uma corrida.

Alunos universitários estão perfilados no gramado.

O treinador tem uma nota de cem nas mãos e diz: vocês vão correr por estes cem, mas antes preciso fazer algumas afirmações:

— Quem aqui cresceu com o pai em casa? Dê dois passos para frente.

— Quem aqui nunca teve que se preocupar com a refeição do dia seguinte? Dê dois passos para frente.

— Quem aqui estudou em escola particular? Dê dois passos para frente.

— Quem aqui nunca precisou ajudar em casa? Dê dois passos para frente.

— Quem aqui nunca se preocupou em ficar sem créditos no celular? Dê dois passos para frente.

Agora quero que quem está na frente olhe para atrás.

Repare que nenhuma pergunta que ele fez diz respeito à iniciativa individual, decisão, escolha ou mérito.

São vantagens, privilégios, algo que já veio com eles, uma herança.

Quem tem mais chance de vencer a corrida?

Quem está na frente, claro.

Isso não quer dizer que quem ficou lá atrás não precisa correr, ou não pode vencer.

Mas vai ser mais difícil, concorda?

Todos têm oportunidade, mas uns levam mais vantagem que os outros.

Reconhecer isso é o primeiro passo para a gente fazer diferente, olhando para os que têm menos.

A vida é assim, uma corrida, na qual os vencedores não são melhores necessariamente.

Justiça é quando reconhecemos a desigualdade de condições e igualamos as oportunidades.

Serve para negros e brancos, mulheres e homens, pobres e ricos.

Se você identificou nessa narrativa um vídeo que viralizou na internet há duas semanas, bingo!

Veio de lá a ideia de falar sobre o assunto.

O vídeo termina com uma frase atribuída ao arcebispo anglicano Desmond Tutu, vencedor do Prêmio Nobel da Paz em 1984 por sua luta contra o Apartheid na África do Sul.

“Se você é neutro numa situação de injustiça, você escolheu um lado: o do opressor.”

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Marco Aurélio Mello

Jornalista, radialista e escritor.


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Comentários

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Edgar Rocha

É verdade. Ele se esqueceu de perguntar quem é negro ou índio. Se tivesse perguntado, não precisava fazer as outras perguntas. Já estariam lááá atrás.
Ô, Leandro, você é de onde? Tá se fazendo de bobo ou é genial, mesmo, feito o Frota?

Leandro

Interessante…
Qual dessas perguntas ai entra na seleção para cotas mesmo?

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