Já são 20 querendo ser presidente

foto: Ricardo Stuckert

por Marco Aurélio Mello

O grid de largada da sucessão presidencial está assim:

Carmen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal, se encanta com a possibilidade de vir a ser presidenta por dois anos, caso Temer não suporte a pressão e, na vacância do cargo, esta venha a assumir um mandato tampão, suspendendo-se as eleições temporariamente.

A saída já foi aventada, com o apoio de parcela da Justiça, dos moralistas de plantão e com alguma simpatia das Forças Armadas.

Temer, alienado, se encanta com a possibilidade de continuar no poder, mesmo desgastado, sem popularidade e sem legitimidade, caso consiga reunir condições para decretar Estado de Sítio.

Grupos de militares e empresários se encantam com a possibilidade de um regime sem a necessidade do povo, seja ele qual for.

É aqui que entra também a figura do ex-ministro e ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles, do MDB, mesmo partido de Temer, que tem apoio incondicional do capital especulativo internacional.

O Santo, Alckmin, recém liberado da Lava Jato, se encanta com a possibilidade de levar a cabo um enorme “pacto nacional pela governabilidade”, ainda que seu partido siga rachado e enfraquecido com tantas denúncias de corrupção mal apuradas.

Este último conta com o inestimável apoio da mídia, do capital transnacional, da igreja católica, sobretudo a fundamentalista e, claro, com parte importante da Polícia, do Ministério Público e da Justiça paulistas, o que não é pouca coisa.

Bolsonaro, do PSL, se encanta com a chance de vir a ser presidente de uma República controlada pelas polícias, pelos grupos de extermínio e pela milícia.

Do centro à esquerda temos ainda Marina, pela Rede, Joaquim Barbosa, pelo PSB, Ciro Gomes, pelo PDT, Manuela D”ávila, pelo PCdoB e Guilherme Boulos, pelo PSOL, todos encantados com a possibilidade de vir a substituir o ex-presidente Lula, do PT, em especial os dois últimos, ungidos a sucedê-lo no último discurso de Lula antes de sua prisão.

Há outros candidatos que serão tratados como nanicos e dificilmente terão força para decolar, como é o caso de Collor, do PTC, Álvaro Dias, do Podemos, Rodrigo Maia, do DEM, João Amoêdo, do Novo, Flávio Rocha, do PRB e Paulo Rabelo de Castro, do PSC.

Até agosto há muito o que acontecer, mas não espere a construção de uma frente ampla de esquerda.

Se eles nunca se entenderam não vai ser agora.