Com pequenos gestos podemos fazer uma revolução pacífica e silenciosa
Tempo de leitura: 3 minPor Marco Aurélio Mello
por Marco Aurélio Mello
O primeiro trimestre do Itaú foi ótimo e o do Bradesco idem.
Há setores da sociedade que faturam alto com o quanto pior, melhor.
Se é assim, pergunto: eles preferem o melhor ou o pior?
Os banqueiros gostam de um país endividado porque países endividados precisam de dinheiro emprestado.
Se ninguém empresta, o “prêmio” para quem tiver coragem de comprar os títulos públicos aumenta.
Prêmio neste caso chama-se juro.
Os banqueiros também gostam de um povo gastão e pendurado.
Assim, o risco de não pagamento aumenta e com mais risco a correr, mais spread para cobrar.
Apoie o jornalismo independente
Notaram que quando o Palocci disse para o Moro – na semana passada – que estava disposto a falar dos bancos e da Globo a Lava Jato deu uma mudada?
Ou a gente é ingênuo de achar que os bancos e a Globo não têm interesses em determinados políticos, em detrimento de outros?
Sabe qual é o nosso maior problema hoje?
Temos dificuldade em identificar quem são nossos verdadeiros adversários no campo político.
Meu pai já dizia: o dinheiro não tem ideologia.
Portanto, nossos adversários não estão na classe média, nem nas várias tendências da esquerda.
As perguntas que precisamos fazer são:
1. Quem são nossos adversários?
2. Qual é o mal que eles produzem à sociedade?
3. Por que devemos nos opor a eles?
4. Como enfrentá-los e com que armas?
Precisamos impor limites aos bancos e ao oligopólio da Globo, certo?
E sabemos que não dá para confiar no Estado para isso, certo?
Bom, para não depender de bancos precisamos nos reinventar na vida privada: quebrar o cartão de crédito, só comprar se houver dinheiro no bolso e não gastar mais do que temos.
É difícil, né?
Mas é um aprendizado necessário.
Não depender de bancos é a experiência mais libertadora que um ser humano pode experimentar, vai por mim.
A segunda experiência libertadora é extinguir o hábito de ver TV.
Uns dizem que só assistem ao futebol, porque são fanáticos e a Globo tem exclusividade na transmissão.
Outros não assistem a nada, mas quando tem uma mini série de época passa a ser inevitável.
Há aqueles que cresceram acompanhando novelas e virou “dependência química” e assim por diante…
Argumentos para continuar a assistir TV não faltam.
Há 10 anos eu tomei uma decisão radical: não assisto mais à Globo, aliás, quase não assisto a canal nenhum.
E sabe por quê?
Porque minha audiência, mesmo que esporádica, legitima o canal.
Assim como o canal de um rio leva água de um ponto ao outro, o canal de um dente irriga suas extremidades.
E um canal de TV leva informação e entretenimento que, quer a gente queira, quer não, nos condiciona e nos aliena.
Eu já tive ódio deles.
Hoje o que tenho chama indiferença.
A gente não percebe, mas somos nós que legitimamos aqueles que nos oprimem.
Para se livrar de uma dependência, qualquer uma, temos que ir aos poucos.
Primeiro, não ligamos a TV pela manhã.
Depois, restringimos o tempo à noite e, mais para frente, banimos o hábito nos fins de semana…
Em pouco tempo a TV sai de nossas vidas e a gente nem percebe.
Sem audiência o faturamento com anúncios cai e seu tamanho diminui naturalmente.
Na Europa consumidores conscientes vão além.
Deixam de comprar dos anunciantes dos canais de TV.
Mas este é um passo adiante.
Por enquanto, nosso gesto de resistência pacífica pode ser frente a um adversário poderoso por vez.
São ações individuais, silenciosas, que mudam nossa realidade e, em larga escala, mudam a realidade de toda sociedade.
Tínhamos que levar esta reflexão mais a sério.
Mudar nosso destino individual e coletivo só depende de um gesto nosso.
Pense nisso!
Leia também:
Rodrigo Maia abre caminho para Temer ficar no Planalto até 2020
Marco Aurélio Mello
Jornalista, radialista e escritor.
Comentários
a.ali
Ótimo, só falta as pessoas se convencerem que são agentes dessas mudanças, aliás, Gandhi já dizia que as mudanças que queremos no mundo começa por nós (+/-) assim!
Consumo mt. pouco, me calço e visto em brechós, tv, há anos não tenho, me informo pela internet que me “conta” o que anda sendo feito pelo mundo sem eu precisar me irritar me “informando” pelo pig. tenho uma lista que boicoto os produtos. me resta me livrar do banco… em breve, em breve…
Vicentepc
E também não clico em nenhum link ou acesso nenhum site do pig. Nem que a vaca tussa. Evito tambem as rádios, principalmente as de políticos e só ouço jornais da inconfidência 100,9 e ufmg educativa 104,5.
Cecilia
Não assisto televisão há mais de um ano. Só internet, que me oferece tudo da TV e muito mais.
Bel
A audiência das TVs não cai até que salões de beleza, restaurantes, lanchonetes, bares, lojas e salas de recepções de todos os tipos não desliguem os aparelhos ligados nesses programas para tolos assistirem. Chego a desconfaro que são premiados com alguma publicidade gratuita para deixarem a TV ligada o dia todo no blá, blá, blá.
Maristela Ferreira
Da tv já me livrei, estou a caminho de me livrar dos bancos
Davi
Sempre defendi o boicote aos anunciantes da Globo. Esse seria um passo gigante para afundar essa lixeira. Aposto que se começar vira moda.
Roberto
Com pequenos gestos incomodamos um pouquinho. Com a estatização do todos os bancos, resolvemos o problema.
Não existe revolução silenciosa, pois as revoluções verdadeiras são levantes populares rumo à tomada do poder.
Patrick
Minha TV não tem mais conexão para canais abertos ou por assinatura. Assisto apenas programação da internet: Netflix, NBA, Esporte Interativo (Campeonato do Nordeste + Champions League). Pelo YouTube tenho mais canais ao vivo do que posso dar conta, como RT (em espanhol), HispanTV (onde Pablo Iglesias do Podemos apresenta programa de entrevistas) e TV dos Trabalhadores (TVT).
Lukas
Ah, então é você que assiste á TVT? Disseram que realmente havia uma pessoa que assistia.
Jô
Não só o Patrick, mas milhares de pessoas estão assistindo a TVT.
Deixe seu comentário