Sobrevivente diz que fogo na boate começou com sputnik

Tempo de leitura: 2 min

GERAL  |  27/01/2013 18h58min

“Poderiam ter salvo muita gente”, diz estudante que ajudou no resgate

Voluntário na retirada de corpos reconta como foram os momentos de desespero

Fernando Corrêa, no Diário de Santa Maria

O personal trainer de 23 anos, Ezequiel Corte Real, que presenciou a tragédia em Santa Maria, foi um dos sobreviventes que ajudou a retirar pessoas com vida na primeira hora após o início do incêndio. Apesar da grande dificuldade causada pela fumaça e pela falta de visibilidade, o jovem salvou cerca de 20 pessoas:

— Agarrava uma perna, um braço, tentava puxar, mas era difícil. Duas meninas me pediram ajuda, não sabia quem salvar. Respirei, comecei a tontear e não consegui pegar nenhuma. Saí para respirar, me molhei e voltei de novo — recorda.

A certa altura do resgate, já exausto, o estudante de Educação Física foi desestimulado pelos bombeiros a continuar a operação:

—Eles disseram para mim que nem adiantava mais se sacrificar porque estava saindo todo mundo morto.

O início do fogo, relembra, foi quando o vocalista pegou um sputnik (sinalizador) para comemorar algo que não ficou claro para a plateia. Nesse momento, quando tocava o hit Amor de Chocolate, de Naldo, o fogo alcançou o teto. Ao perceber o incêndio, o vocalista teria pego um extintor que falhou. O fracasso na tentativa de salvamento foi alvo de vaias do público.

Ao tentar manter a calma, o estudante percebeu que a fumaça era muito tóxica e “queimava ao respirar”. Foi então que começou o resgate. O estudante relata não ter visto nenhum tipo de mecanismo anti-incêndio em funcionamento no estabelecimento. Das pessoas que retirou de dentro da Boate Kiss, três ou quatro estavam queimadas e o restante, debilitado pela fumaça.

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– Vi uma funcionária se refugiando dentro de um freezer – conta.

Na opinião dele, muitas vidas poderiam ter sido salvas no momento em que a saída de jovens da danceteria foi impedida pelos seguranças. Em frente à porta, havia mesas caídas, que podem ter sido arrastadas pelos próprios jovens no momento de desespero.

— Foi pouco tempo, mas poderiam ter salvado muita gente enquanto ainda tinha visibilidade lá dentro.

Veja também:

A tragédia que matou 232 jovens

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