Hugo Souza: O dia em que o extremista engomadinho sacou um tacape do topete. VÍDEO
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URGENTE: Hugo Motta retira imprensa e assessores do plenário, corta o sinal da TV Câmara, de forma inédita e envia a Polícia Legislativa para retirar o deputado federal Glauber Braga do plenário de maneira extremamente violenta. As deputadas Sâmia Bomfim e Célia Xakriabá também… pic.twitter.com/GBLw4KzYfI
— Glauber Braga (@Glauber_Braga) December 9, 2025
O dia em que o extremista engomadinho sacou um tacape do topete
Hugo Motta expulsou a imprensa do plenário Ulysses Guimarães e mandou para a enfermaria jornalistas e um deputado que lhe faz oposição. Depois, abriu uma sessão como se nada tivesse acontecido.
Por Hugo Souza, no Come Ananás
Desde fevereiro, a imprensa corporativa trata Hugo Motta a pão de ló, como “normal”, apesar de tudo, como a associação de Motta com as forças e figuras que ainda ontem tentaram dar um golpe no Brasil e, principalmente, a dobradinha que já dura nove meses, desde março, do presidente da Câmara dos Deputados com um deputado franca, aberta, escancaradamente mancomunado com agentes estrangeiros para conspirar contra o Brasil.
Nove meses: é o tempo mesmo de gestar e parir um filhote de ditador.
Até que no fim da tarde desta terça-feira, 9, Hugo Motta mandou cortar a transmissão da TV Câmara e determinou a expulsão da imprensa do plenário Ulysses Guimarães no momento exato em que Glauber Braga, sentado na cadeira de Motta, dizia que dali não levantava, em protesto contra o enésimo golpe dentro do golpe, o anunciado por Motta horas antes: a inclusão relâmpago do “PL da Dosimetria” na pauta do dia, para reduzir as penas de Bolsonaro e dos generais golpistas a uma fração das sentenças de mais de 20 anos de xadrez.
No momento exato em que Glauber Braga dizia, sentando na cadeira de Motta, que queria ver se seria tratado com a mesma amabilidade dispensada pela direção da Câmara aos mais de 100 golpistas que em agosto ocuparam por 48 horas a Mesa Diretora da Casa para empurrar a anistia goela abaixo do país.
A resposta veio a jato: a mando de Motta, a Polícia Legislativa arrancou Glauber da cadeira e arrastou Glauber para fora do plenário.
Inimigo número um do orçamento secreto, Glauber Braga deve ser cassado nas próximas horas sob o pretexto de que enxotou da Câmara, aos empurrões, um provocador que o perseguia há meses e, no dia do tumulto, insultou a mãe doente do deputado no meio do corredor das comissões.
Já Hugo Motta enxotou do plenário da Câmara, mais que aos empurrões, dezenas de jornalistas que de resto jamais o perseguiram. Será cassado, o Hugo Motta?
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Num primeiro momento, com repórteres ainda desalinhados e descabelados após as agressões da Polícia Legislativa, a imprensa parecia mesmo que estava prestes a pedir a cabeça do presidente da Câmara, mas logo começou a classificar o episódio como “erro”, “excesso” de Motta, antes de passar olimpicamente à mais nova pesquisa de avaliação do governo Lula, não sem dizer que “Lula tem problemas com ele mesmo…”
Enquanto isso, no plenário Ulysses Guimarães, o filhote de ditador abria a sessão plenária como se nada tivesse acontecido, sem nem se pronunciar a respeito, gerando revolta dos deputados do campo democrático.
E não contem com este Come Ananás para engrossar o coro da repreensão a Glauber Braga, de que Glauber não poderia ter feito “o mesmo que os golpistas”.
Não contem com este Come Ananás, não a esta altura do campeonato, para aderir a falsas equivalências, tipo equiparar golpistas justamente a quem corajosa e incansavelmente faz a eles obstáculo.
Vamos repetir quase o mesmo que dissemos no artigo “Os detalhes perturbadores do ‘extermínio do mandato’ de Glauber Braga”, publicado em abril.
Quando o campo democrático, ou “os setores responsáveis deste país”, ou a imprensa corporativa têm a chance de enquadrar o extremismo — seja o ogro, seja o engomadinho — com a firmeza necessária, incontornável, somos sempre muito respeitosos a todos os tramites, instâncias, ritos e regimentos; muito concentrados em não melindrar os alunos desvairados de Olavo de Carvalho; muito obedientes, submissos, alunos comportados da “correlação de forças”; muito preocupados com o que a extrema-direita, o golpismo, com o que o fascismo irá pensar, dizer, espernear; a imprensa, muito trabalhada no isentismo, doisladismo, encimadomurismo.
Mas quando o extremismo tem a chance de nos exterminar, de cair matando, eles atropelam mesmo, passam a régua mesmo, até o engomadinho saca do topete um tacape e manda jornalistas e um deputado opositor para a enfermaria da “Casa do Povo”. Devemos a Glauber Braga, hoje, esta lembrança. Quem sabe um dia a gente aprende.




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