Jeferson Miola: Arrogância supremacista do primeiro-ministro da Alemanha tem raiz no avô nazista

Tempo de leitura: 2 min
Foto: Friedrich Merz no Congresso Alemão do Comércio /Reprodução

Arrogância supremacista do primeiro-ministro da Alemanha tem raiz no avô nazista

Por Jeferson Miola, em seu blog

Já de volta à Alemanha depois de uma participação descomprometida na COP30 em Belém, o primeiro-ministro Friedrich Merz participou do Congresso Alemão do Comércio [13/11], quando fez um discurso emblemático da sua cosmovisão racista e segregacionista.

Merz poderia ter elogiado seu país para a platéia do evento como “um dos mais bonitos do mundo” sem precisar agredir o Brasil, a cidade de Belém, o estado do Pará e o povo brasileiro.

Como se estivesse relatando a fuga de algum lugar infernal, Merz disse que “todos [comitiva e jornalistas] ficaram contentes por termos retornado à Alemanha, na noite de sexta para sábado, especialmente saindo daquele lugar onde estávamos”. Ele disse assim mesmo: “daquele lugar”, referindo-se a Belém com nojo e desprezo.

Além da grosseria supremacista e da sua ignorância sobre o Pará e o Brasil, Merz mostrou com esta declaração que suas raízes nazistas e racistas –que vêm de berço familiar– permanecem profundamente entranhadas.

O atual primeiro-ministro da Alemanha é neto de Josef Paul Sauvigny [1875/1967], considerado por ele como um “avô querido” e “exemplo admirável”.

Não haveria nenhum problema nessa reverência ao avô se, contudo, seu antepassado não tivesse sido um integrante do Partido Nazista e membro das SA – milícia paramilitar e tropa de assalto de Hitler.

No período do Terceiro Reich, por alguns anos, até 1937, Sauvigny foi prefeito de Brilon, cidade onde Merz nasceria, anos depois, em 1955.

Segundo o professor Thomas Klikauer, “durante o mandato do avô nazista de Merz como prefeito, duas ruas em Brilon foram renomeadas para ‘Adolf-Hitler-Straße’ e ‘Hermann-Göring-Straße’” [em A herança nazista do chanceler alemão].

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Pelo cargo exercido de modo reverencial a Hitler e a Göring, o segundo oficial mais poderoso da Alemanha nazista, com menos poder só que o próprio Hitler, o avô ganhou do neto Merz o elogio de ter sido um “prefeito maravilhoso”.

É óbvio que Friedrich Merz não pode ser culpado pela atuação nazista do avô, mas ele precisa ser criticado por reproduzir a mesma forma racista, supremacista e eugenista do nazismo.

Durante o discurso ofensivo ao Brasil no Congresso Alemão do Comércio, Merz ainda surpreendeu com a menção à meta supremacista da “boa imigração”.

Merz explicou que “as pessoas não entrarão mais no mercado de trabalho aleatoriamente no decorrer de um processo de asilo, mas sim, desde o primeiro dia, em um procedimento totalmente distinto e digital, referente à permissão de trabalho, permissão de residência e reconhecimento de qualificações profissionais”.

Em tempos de xenofobia e racismo exacerbado, a “boa imigração” corresponde ao objetivo de preservar a superioridade e a pureza da “raça ariana”.

Merz é um sintoma alarmante do ressurgimento dos fascismos e da normalização de retóricas e abordagens racistas, supremacistas e eugenistas.

Quando o regime nazi-sionista de Netanyahu bombardeou o Irã, Merz agradeceu “o trabalho sujo que Israel faz para todos nós”, referindo-se ao país e ao povo Persa como desprezível e inferior.

O primeiro-ministro da Alemanha, a principal potência econômica européia, não tem o direito de propagar ódio, preconceito e desprezo por outros povos e nações, que considera inferiores.

Merz deve um pedido formal de desculpas ao governo e ao povo brasileiro.

Este artigo não representa obrigatoriamente a opinião do Viomundo.

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Comentários

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Morvan

A manifestação supremacista, chauvinista desse Merz de par[a]lamentar é tão gratuita, atrabiliária, aziaga, que se torna custoso crer se tratar de manifestação pessoal, de Governo, eurocentrista, o que for.
Claro que se trata, teleologicamente, de algo mais profundo, entranhado.
Nesses tempos idem aziagos de MAGArefes, o alvo é o BRICSG¹ (Sic!)! A declaração Merz desse Merz nazi soa grandiloquente como transdutor do império caído.
Neste caso, suas desculpas vêm, sejam gratuitas, sejam extemporâneas, anacrônicas, como o próprio.Inadequadas, qual ele mesmo.

BRICSG - G de Global. O número de adesões ao Sul Global se exponenciará, apesar do estrebuchar do defunto império estadunidense...

SOLANGE DA CRUZ CHAVES PENTEADO

Nossa! Que vôo que vc faz… O cara simplesmente não quis continuar participando do circo. Simples assim

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