Jeferson Miola: Fux na 2ª Turma viabiliza polo de poder das extremas direitas no STF

Tempo de leitura: 2 min
Ilustração: Miguel Paiva

Fux na 2ª Turma viabiliza polo de poder das extremas-direitas no STF

Por Jeferson Miola, no seu blog

Se concretizada, a transferência do ministro Luiz Fux para integrar a 2ª Turma do STF ao lado de André Mendonça e Kássio Nunes Marques viabilizará a formação de um poderoso bloco de poder das extremas direitas lavajatista e bolsonarista na Suprema Corte.

Com maioria na 2ª Turma, este bloco conseguirá formar um polo de poder com razoável força política nas disputas internas, mesmo tendo apenas três dentre os 11 membros do Tribunal. E terá, ainda, enorme capacidade de produzir impasses institucionais.

A imprensa especula que Fux pediu para sair da 1ª Turma porque o “clima ficou insustentável” depois do voto para absolver Bolsonaro que condensou os elementos centrais da narrativa extremista contra o STF.

Ocorre, contudo, que Fux ficou sem clima com toda Suprema Corte – com a exceção, muito provavelmente, de André Mendonça e Nunes Marques.

Além disso, na 2ª Turma Fux será colega de Gilmar Mendes, seu maior desafeto no Tribunal. Na discussão entre os dois depois que Fux pediu vistas e suspendeu o andamento do processo para tornar Sérgio Moro réu por calúnia contra Gilmar mesmo já estando vencido por 4 a zero, o decano da Corte disse que Fux é uma “figura lamentável” que precisa de “terapia para se livrar da Lava Jato”.

A hipótese de uma jogada estratégica de Fux para reconfigurar o jogo de poder dentro do STF precisa ser examinada com muito cuidado. A concretização de tal poder para a facção extremista poderá comprometer seriamente o futuro da Corte, dado o contexto político nacional conturbado.

Nos processos da Lava Jato e da trama golpista, Fux sempre agiu como um militante orgânico das extremas direitas lavajatista e bolsonarista. A militância orgânica de Fux vem de longe, e tem como lema “deixa comigo, que eu mato no peito”.

Essa militância ficou chocantemente comprovada no julgamento do golpe, quando ele questionou a legitimidade da instituição de modo bombástico: alegou “incompetência absoluta do STF” em julgar os golpistas, e defendeu a “nulidade absoluta do processo”.

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Sabendo de antemão que seu voto seria vencido por 4 a 1, mesmo assim Fux fez questão de demarcar politicamente suas teses mais ideológicas que jurídicas. No voto proferido em mais de 14 horas, ele sedimentou a narrativa lunática da ultradireita de que não houve golpe e de que Bolsonaro e comparsas da organização criminosa são perseguidos políticos.

Há quem, numa interpretação benigna, entenda que Fux foi incoerente ao trocar o punitivismo da Lava Jato pelo garantismo no julgamento do golpe. Na realidade, porém, ele se mantém atuando coerentemente como um agente do lavajatismo, do bolsonarismo e do antipetismo que neste momento instrumentaliza a ofensiva fascista contra a democracia e o Estado de Direito.

A mudança almejada pelo militante Fux para a 2ª Turma do STF é estratégica para o sucesso extremista. A situação é embaraçosa, porque regimentalmente não existiriam impedimentos ao pleito dele.

A transferência da ministra Carmem Lúcia para a 2ª Turma, que teria precedência por antiguidade, é a única barreira regimental para neutralizar este movimento ameaçador para a democracia.

Este artigo não representa obrigatoriamente a opinião do Viomundo.

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Comentários

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Zé Maria

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Fux usa Globo para provocar Gilmar Mendes
após conseguir mudança para a 2ª Turma do STF

Confirmada a mudança para a segunda turma,
onde fará par com os Bolsonaristas André Mendonça
e Kássio Nunes Marques, Fux ‘declarou guerra’ a Gilmar, que preside o colegiado e com quem tem travado embates em defesa de Sergio Moro.

[ Reportagem: Plinio Teodoro | Revista Fórum ]

Após a confirmação de seu pedido de mudança para a 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Luiz Fux provocou o presidente do colegiado, Gilmar Mendes, em declaração à jornalista Malu Gaspar, do Jornal O Globo.

“Agora ele pode falar dos votos proferidos lá
sem cometer infrações previstas na Lei Orgânica
da Magistratura, como fez anteriormente”, afirmou,
em declaração que é entendida como uma declaração
de guerra de Fux ao decano da corte.

Aliado histórico da Lava Jato, Fux recebeu uma
reprimenda do colega após pedir vistas e travar
o julgamento do processo em que o ex-juiz Sergio
Moro (União-PR) é acusado de calúnia por afirmar
em vídeo nas redes sociais “comprar um habeas
corpus de Gilmar Mendes”.

Fux travou o processo quando o placar estava 4 a 0
contra o recurso da defesa de Moro para derrubar
a decisão que o tornou réu.
O Colegiado, portanto, já havia formado maioria
contra Sergio Moro.

Após o descabido pedido de vista de Fux,
Mendes disparou em uma salinha do STF:
“Vê se consegue fazer um tratamento
de terapia para se livrar da Lava Jato”.

Fux teria respondido que pediu vista
para examinar o caso melhor e que
estaria magoado com Mendes por
falar mal dele.

Na tréplica, o decano teria dito que
fala mal de Fux, mas não pelas costas,
e que o considera uma figura lamentável,
citando como exemplo o voto de 12 horas
no julgamento do núcleo crucial da organização
criminosa que tentou um golpe de Estado.

Mendes ainda teria dito que, após expor um voto
de 12 horas “que não fazia o menor sentido”, Luiz
Fux absolveu o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)
para “condenar o mordomo”, referindo-se a Mauro
Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência e único
a ser condenado por Fux.

https://revistaforum.com.br/politica/2025/10/23/fux-usa-globo-para-provocar-gilmar-mendes-apos-conseguir-mudana-para-2-turma-do-stf-190388.html

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Gerson Carneiro

Um sujeito sem estatura para o cargo.
É o que consigo dizer.

Zé Maria

Notícias STF

STF Condena os Sete Réus do Núcleo 4 (AP 2694)
da Tentativa de Golpe de Estado

Penas variam de Sete a Dezessete anos de Prisão.

Todos os integrantes da Primeira Turma votaram
pela condenação, exceto o ministro Luiz Fux, que
considerou insuficientes as provas apresentadas.

Com a condenação de Carlos Rocha (presidente do
Instituto Voto Legal), a Turma acolheu a proposta
do relator para que seja reaberta a investigação
(Pet 12100) sobre crimes de organização criminosa
e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático
de Direito envolvendo o presidente do PL, Valdemar da
Costa Neto.

https://noticias.stf.jus.br/postsnoticias/stf-condena-os-sete-reus-do-nucleo-4-da-tentativa-de-golpe-de-estado/
https://noticias.stf.jus.br/postsnoticias/ap-2694-penas-do-nucleo-4-variam-de-sete-a-17-anos-de-prisao/

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