Mirko Casale: A ”confissão” de Trump no Parlamento de Israel. VÍDEO
Tempo de leitura: 5 min
Por Mirko Casale*I Tradução Jair de Souza**
Não é todo dia que o presidente dos Estados Unidos confessa publicamente o nível de subserviência de Washington a Tel Aviv. E foi isso que Donald Trump fez há poucos dias, no Parlamento israelense, nem mais, nem menos.
Não é que não soubéssemos antes, não. Mas, nesta ocasião, foi tão pouco dissimulado, tão óbvio, tão específico e tão obsceno, que bem vale a pena um vídeo sobre isso.
Aí vai.
A ”confissão” de Trump (Quem manda na Casa Branca?)
Donald Trump fez um discurso no Knesset e, talvez, encorajado pelas altas concentrações de impunidade no ambiente, esteve inusitadamente desbocado, o que para alguém com sua personalidade midiática já é dizer muito.
Para começar, o ex-candidato ao Prêmio Nobel da Paz se gabou de ter armado ilimitadamente a entidade israelense durante a segunda metade deste genocídio, atualmente em pausa. O que não era segredo, mas tendo sido dito em cima das cinzas que compõem o maior cemitério infantil do planeta adquire um nível de mau gosto difícil de ser piorado.
O Bibi costumava me chamar tantas vezes: “Pode me dar esta arma, aquela arma, aquelas armas?” Algumas delas eu nunca tinha ouvido falar, Bibi, mas atendemos, mas nós as teríamos aqui, não é? E elas são as melhores, elas são as melhores, e você as usou bem.
Também são necessárias pessoas que saibam como usá-las, e você obviamente as usou muito bem.
Super bem, é por isso que passamos todo este segundo mandato de Trump, como o de Biden no ano passado, vendo os cadáveres de crianças, mulheres e civis palestinos em geral, sendo despedaçados um dia como este e no outro também. Quer dizer, em suas próprias palavras, a fórmula do presidente estadunidense para alcançar o atual cessar-fogo consistiria em ajudar Netanyahu a exterminar o máximo de civis inocentes que pudesse, como um mecanismo de pressão.
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É enternecedor, não é verdade?
Porém, esse não foi o momento que mais chamou a atenção em sua intervenção de algo mais de uma hora. Nem o momento em que estufou o peito em nome dos Estados Unidos, dizendo que eles haviam vencido todas as guerras havidas e por haver na história, incluindo a Segunda Guerra Mundial e até a Primeira. E que se alguma vez perderam alguma foi porque mudaram o nome do Departamento de Guerra para Departamento de Defesa.
Nem sequer estamos nos referindo a quando foi interpelado por um parlamentar israelense, e este foi rapidamente removido do recinto à força, como convém à única democracia do Oriente Médio.
E também não por ter pedido ao presidente israelense, Isaac Hertzog, um indulto para Netanyahu, envolvido em um caso de suborno e fraude desde 2019, cujo desfecho judicial sempre acaba sendo adiado.
Escutem, eu tenho uma idéia. Senhor Presidente, por que não lhe concede um perdão? Vamos, dê-lhe um indulto.
(Aplausos e vaias a “Bibi”.)
A propósito, isso não estava no discurso, como vocês provavelmente sabem, mas acontece que eu gosto deste cavalheiro aqui, e parece fazer muito sentido, sabem, quer gostemos ou não, este foi um dos maiores presidentes em tempos de guerra. Este tem sido um dos maiores presidentes em tempos de guerra. E quem se importa com charutos e champanhe?
Claro, com efeito, comparado a um genocídio, quem se importa? Mas não vamos nos distrair, porque o momento mais impactante de seu discurso foi quando, com plena consciência ou sem querer querendo, ele confessou como sua política externa em relação a Tel Aviv é moldada a golpes de notas de dólar por uma viúva bilionária com passaporte duplo.
Isto não é certo, Miriam? Olhem a Miriam, ela está lá atrás. Levante-se. Miriam e Sheldon costumavam vir a meu gabinete, eles me ligavam, eles me ligavam,…
Eu acho que eles fizeram mais visitas à Casa Branca do que quaisquer outras pessoas de quem me lembre. Olhem para ela sentada lá tão inocentemente. Ela tem 60 bilhões no banco, 60 bilhões.
Um momento, quem é esse casal de bilionários que visitava Trump na Casa Branca mais do que qualquer outra pessoa, sem ser políticos ou altos funcionários? E para quê?
E eles vinham, seu esposo era um homem muito agressivo. Mas, eu o estimava. Era muito agressivo, me apoiava muito, e ele me ligava, posso ir aí para te ver? Eu dizia, Sheldon, eu sou o presidente dos Estados Unidos, não funciona assim. Ele vinha assim mesmo.
Mas eles eram muito responsáveis por tanta coisa, incluindo por me fazer pensar nos Altos de Golan, que, provavelmente, é uma das coisas mais grandiosas que já ocorreu.
Uau, uau, então os tais Miriam e Sheldon, as pessoas que, segundo o próprio Trump, mais o visitavam na Casa Branca, não iam tomar chá ou debater sobre golfe, e sim moldar a política de Washington em relação a Tel Aviv.
É assim que funciona a autoproclamada maior democracia do planeta? Bem, tenham cuidado, porque pode ser que seja até pior.
Ela realmente é, quero dizer, ela ama este país. Ela ama este país, ela e o marido são tão incríveis. Temos muita saudade dele.
Mas eu realmente perguntei, vou colocá-la em apuros com isso, mas eu realmente lhe perguntei certa vez, eu disse: Miriam, sei que você ama Israel. Mas qual você ama mais, os Estados Unidos ou Israel? Ela se recusou a responder. Isso significa que pode ser Israel, devo dizer.
Nós te amamos, querida. Obrigado por estar aqui. É uma grande honra, uma grande honra.
Parem o vídeo, por favor. Ouvi mal, ou Trump disse alegremente que a pessoa que mais o visita na Casa Branca ama mais a entidade israelense que os Estados Unidos?
Podemos repetir esse fragmento, por favor, para ter certeza que não entendi mal?
Mas eu realmente perguntei, vou colocá-la em apuros com isso, mas eu realmente lhe perguntei certa vez, eu disse: Miriam, sei que você ama Israel. Mas qual você ama mais, os Estados Unidos ou Israel? Ela se recusou a responder. Isso significa que pode ser Israel, devo dizer.
Nós te amamos, querida. Obrigado por estar aqui.
Ou seja, uma viúva bilionária, e quando seu falecido marido estava vivo, visitavam Trump como cães em sua casa, pela Casa Branca, e que o próprio presidente acredita que ela seja mais partidária dos interesses israelenses do que dos estadunidenses, influencia decisivamente, ou molda diretamente, a política externa de Washington.
Não que a generalidade não fosse conhecida, mas esse tipo de concretização já está em outro nível.
Miriam Adelson nasceu em Tel Aviv, Palestina, em 1945 e estudou medicina. Ela não era uma pessoa muito influente fora de seu consultório. Mas, em 1991, casou-se com Sheldon Adelson, um bilionário ligado a negócios relacionados com cassinos, resorts e outros negócios, especialmente em Las Vegas, e fora dos Estados Unidos.
Miriam tem dupla nacionalidade, estadunidense e israelense. E Sheldon, que faleceu em 2021, está sepultado em Jerusalém.
Dito isto, certamente não lhes surpreenderá muito saber que ambos se declararam publicamente como bons sionistas.
O casal, e agora a viúva, doou imensas somas de dinheiro para a carreira política de Donald Trump, cerca de 700 milhões de dólares no total, repartidos entre as suas três candidaturas presidenciais, duas delas bem-sucedidas.
Mas o aspecto mais notável desta história não é a confirmação de um fato já conhecido, agora ainda melhor conhecido, com nomes, sobrenomes e até penteados pitorescos, mas sim o descaramento com que Donald Trump fala sobre o assunto e, sobretudo, como a imprensa corporativa permanece calada.
Imaginem se um político estadunidense, não necessariamente o presidente, se gabasse publicamente da sua amizade e dos seus laços financeiros e políticos de nove dígitos com um compatriota que se recusasse a afirmar que ama os Estados Unidos mais do que, digamos, a Rússia, a China ou mesmo a França ou a Austrália.
Onde estão hoje a mídia hegemônica e os partidos políticos que fizeram tanto escândalo sobre o suposto “Russia Gate“, e hoje contemplam com um sorriso calmo e um encolher de ombros como seu presidente faz alarde de que um casal, para o qual a descrição de lobistas pró-Israel seria até tímida, fazem e desfazem como bem entendem na Casa Branca?
O que demonstra que a submissão voluntária de Washington a Tel Aviv em múltiplos aspectos, não é apenas uma característica única de Donald Trump, mas algo tão assumido e consistente dentro do sistema político, financeiro e militar estadunidense, que não se torna motivo de escândalo, nem sequer no, provavelmente, período mais polarizado do país no último século e meio.
*Mirko Casale é roteirista, apresentador e diretor do programa Ahí les va! (Aí, está!), que há cinco anos a RT transmite para países de língua espanhola.
**Jair de Souza, tradução e legendas para o português.
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Genocídio em Gaza mostra a ‘cara feia do sionismo’, diz presidente da Fepal




Comentários
Zé Maria
.
Entrevista: LUIZIANNE LINS, Deputada Federal (PT/CE).
“Fomos Tratados como Terroristas em Israel
por Levar Comida e Remédios a Crianças”
Em entrevista a CartaCapital, Luizianne Lins
relata os dias de prisão e humilhação pelas
quais passaram os Integrantes da missão
humanitária da da Flotilha Global Sumud
interceptada por Israel a 50 milhas de Gaza
– e critica a resposta do Itamaraty
(Wendal Carmo, Repórter do Site de CartaCapital)
“Fomos tratados como terroristas por tentar levar
comida e remédio a crianças.”
A frase é da deputada federal Luizianne Lins (PT-CE),
integrante da Flotilha Global Sumud, missão humanitária
com participantes de mais de 40 países que tentou
romper o bloqueio a Gaza.
A travessia, iniciada em setembro, terminou em alto-mar:
a cerca de 50 milhas náuticas do destino, a embarcação
onde estava a brasileira foi interceptada por forças armadas
israelenses.
O que se seguiu, relata Luizianne, foi uma coreografia
de humilhações:
jatos d’água com mau cheiro, drones lançando bombas
ao redor do veleiro, confisco de passaportes e horas
de contenção até o desembarque no porto de Ashdod.
“No asfalto quente, de joelhos, com a testa no chão e
o passaporte sobre a cabeça”, lembra ela.
De lá, o grupo foi enviado para a prisão de Kziot,
no deserto, onde a deputada e outros estrangeiros
ficaram seis dias.
Com passaporte diplomático, ela poderia ter sido separada,
mas escolheu permanecer com os 12 brasileiros detidos.
Recusou assinar a deportação, que a faria admitir entrada
ilegal e “colaboração com o Hamas” — e cobrou ação
do Itamaraty.
“Diplomacia existe para proteger cidadãos em risco”, diz.
Em entrevista a CartaCapital, a deputada relata os
bastidores da missão, o cotidiano na prisão israelense
e as falhas da diplomacia brasileira no episódio.
Confira os destaques a seguir.
CartaCapital [CC]: Quando começou sua ligação
com a causa palestina?
LUIZIANNE LINS [LL]: Sou pró-Palestina desde o movimento
estudantil.
Mas essa militância ganhou nova dimensão em abril
do ano passado, quando fui convidada para participar
de uma conferência com parlamentares de vários países
que defendem a causa palestina e a criação do Estado
da Palestina.
Nesse encontro, foi formado um comitê executivo de uma
liga parlamentar internacional, composta por 17 membros.
O presidente é do Iêmen, e há duas representantes
da América Latina:
eu e a senadora Clara López, da Colômbia.
A partir da minha participação, aprofundei ainda mais
meu envolvimento com a questão palestina, especialmente
nesses dois últimos anos — os mais duros, em que Israel
tem praticado, dia e noite, o que considero uma tentativa
de genocídio.
Em agosto, por integrar essa liga e também por já ter
promovido várias iniciativas na Câmara, fui convidada
a participar, como observadora internacional, desta
missão humanitária.
Não havia, da parte [da embaixada em Israel], o senso
de urgência de que precisávamos sair dali imediatamente.
CC: Como foi a interceptação?
LL: Durante a interceptação, os navios militares israelenses
começaram a lançar fortes jatos d’água contra as embarcações.
Eram jatos com um cheiro terrível, como de enxofre,
e pareciam conter algum tipo de gás.
Ficamos completamente encharcados, e os barcos balançavam
violentamente.
Foram, pelo menos, sete ataques desse tipo contra o
nosso barco.
Sem saber se seríamos afundados ou atacados, ficamos
em posição de rendição, com os braços erguidos e usando
coletes salva-vidas.
Em seguida, os militares israelenses se aproximaram em
botes motorizados, pularam a bordo, tomaram o controle
do barco, confiscaram nossos passaportes e colocaram
na parte inferior da embarcação.
Permanecemos assim por cerca de 15 horas, até sermos
levados ao porto de Ashdod, em Israel — mesmo sem estarmos
em águas israelenses nem tentarmos ingressar no país.
No porto, começou um longo processo de detenção.
Ficamos o dia inteiro sob o que chamei de ‘embargo burocrático’:
passamos por 10 ou 12 quiosques diferentes.
Na chegada, fomos obrigados a ficar nus durante a revista.
Fomos tratados como terroristas.
Homens e mulheres foram separados.
Todos tivemos de caminhar com a cabeça abaixada e
as mãos para trás.
Ao chegar ao pátio do porto, que era de asfalto quente
sob sol intenso, nos obrigaram a ficar de joelhos, com
os cotovelos e a testa no chão, segurando o passaporte
diante da cabeça.
Permanecemos nessa posição por mais de uma hora.
Quem tentava se mover era empurrado novamente contra
o chão.
Durante todo o dia, passamos por esse processo,
sem direito a falar, comer, beber água ou usar o banheiro.
Soldados armados com fuzis e metralhadoras nos mantinham
sob vigilância constante.
Quando apresentaram o documento de deportação, recusei-me
a assinar.
A diplomacia, sozinha, não detém um genocídio.
CC: Por que a senhora se recusou a assinar a deportação?
LL: O texto me obrigava a admitir que havia entrado ilegalmente
em Israel e a reconhecer-me como terrorista, o que seria
falso e inaceitável.
Por ter passaporte diplomático, eu poderia ser enviada
para outro tipo de prisão, mas preferi permanecer com a
delegação brasileira, composta por mais 12 pessoas.
Não sabíamos o que poderia acontecer, e eu queria garantir
que todos saíssemos juntos.
CC: E o que aconteceu na prisão?
LL: Depois disso, fomos levados para uma prisão de
segurança máxima localizada no deserto, a cerca
de quatro horas do porto.
Ficamos lá por seis dias.
As condições eram desumanas: celas projetadas para
cinco pessoas abrigavam 11, e havia celas com até 20
detentos.
O próprio Benjamin Netanyahu havia declarado que
seríamos tratados como terroristas, e assim foi feito.
Fomos presos, humilhados e mantidos sob condições
degradantes apenas por tentar levar ajuda humanitária
ao povo palestino.
CC: Houve violência? Violações de direitos?
LL: Houve, sim, muitas violações de direitos humanos.
Só não fomos submetidos às torturas físicas que os
palestinos sofrem rotineiramente porque éramos
uma delegação internacional, com representantes
de 44 países.
Havia muita atenção da imprensa e das famílias dos
participantes.
Mesmo assim, fomos humilhados, tratados como criminosos
por levar ajuda humanitária.
As cenas na prisão foram degradantes.
Soldados com metralhadoras e cães farejadores entravam
nas celas a qualquer hora.
Sofremos privação de sono porque eles passavam a noite
inteira batendo nas grades e fazendo contagens sucessivas
de presos, hora a hora, como forma de tortura psicológica.
O ministro da Segurança Nacional de Israel chegou a
percorrer as celas, acompanhado por forte aparato
midiático e dezenas de soldados armados, dizendo que
éramos terroristas, que estávamos ali para fortalecer
o Hamas.
Tudo isso era filmado.
Quando ele [o ministro da SN israelense] entrou na
minha cela, perguntou de onde eu era.
Respondi: ‘Do Brasil’.
Ele começou a fazer piadas e, de repente, mencionou Hitler,
em uma clara tentativa de ironizar o presidente Lula,
que havia comparado a ofensiva israelense a um genocídio.
CC: Vocês sabiam do perigo? Em algum momento,
a senhora temeu por sua vida?
LL: Sabíamos.
Em 2010, uma flotilha menor foi atacada e dez pessoas
foram assassinadas na hora da interceptação.
Nós poderíamos ter tido o mesmo destino, mas o que
nos moveu foi a convicção de que a solidariedade
internacional é uma forma de enfrentamento político.
Estávamos em um barco à vela, em alto-mar, totalmente
expostos.
O primeiro sentimento foi o de vulnerabilidade diante
dos ataques.
Embarquei na cidade italiana de Catânia, um porto na
região da Sicília, no dia 11 de setembro, que foi o último
dia de treinamento.
A partir dali, toda a flotilha se reuniu e começamos a
navegação rumo a Gaza.
Quando já estávamos em águas internacionais, vimos
drones no céu.
Pouco depois, começaram a cair bombas próximas ao
nosso barco.
Foi desesperador.
Seguimos o protocolo de segurança, vestimos os coletes
salva-vidas e tentamos manter a calma.
Pelo menos oito bombas foram lançadas contra nós a partir
dos drones.
Você imagina: em pleno Mar Mediterrâneo, sem terra
à vista, em um pequeno veleiro, sendo atacados à noite
por um inimigo que nem mostra o rosto.
É a maior covardia do mundo.
As águas internacionais, como o nome diz, não pertencem
a nenhum país.
Mesmo assim, Israel se arroga o controle da região desde
2007, impondo um bloqueio ilegal que impede até os
próprios palestinos de pescar em seu mar.
É um cerco desumano, um verdadeiro crime contra
a humanidade.
CC: Como você classifica a resposta do governo e do Itamaraty?
LL: O corpo diplomático é muito hierarquizado, e quando
o embaixador se retira, quem assume é um funcionário
de carreira ligado à área comercial, que não tem o mesmo
peso político.
Eu desconhecia essa limitação até vivenciá-la na prática.
Na sexta pela manhã, percebemos que os consulados
e embaixadas dos outros países começaram a se mobilizar
imediatamente.
As mulheres que estavam comigo na cela — havia dez
de diferentes nacionalidades — foram sendo chamadas,
uma a uma, por seus consulados.
De manhã, vinham os funcionários consulares; à tarde,
os próprios embaixadores.
Todos, menos o Brasil.
A delegação brasileira só foi chamada no fim da tarde
de sexta-feira.
Fomos os últimos.
Relatamos tudo o que havia acontecido, as violações,
os maus-tratos, mas senti pouca iniciativa, pouca firmeza
no atendimento.
Não havia, da parte deles, o senso de urgência de que
precisávamos sair dali imediatamente.
Naquele período havia um feriado religioso em Israel,
de quarta a sexta.
No sábado, ninguém recebeu visitas, e no domingo,
quando todas as outras embaixadas voltaram a contatar
suas delegações, a brasileira não apareceu.
Nós fomos a única delegação que não recebeu visita
naquele dia.
A posição que sempre defendi, e que sigo reafirmando,
é a da autodeterminação plena da Palestina.
Na segunda-feira pela manhã, fomos levados a uma
audiência com juízes israelenses.
No meu caso, uma juíza.
A primeira pergunta que me fez foi se eu queria voltar
ao Brasil.
Respondi que sim, mas que não assinaria nenhum documento.
Porque o texto que eles nos obrigavam a assinar dizia
que tínhamos entrado ilegalmente em Israel, que estávamos
colaborando com o Hamas e que éramos terroristas.
Eu me recusei.
Disse a ela: ‘Sou deputada federal do Brasil, estou em
missão humanitária autorizada pela Câmara dos Deputados,
e não vou construir prova contra mim’.
Na tarde de segunda-feira, finalmente, os representantes
da embaixada brasileira voltaram à prisão.
Eu disse a eles:
‘Vocês têm consciência de que são a única ponte
que nós temos com o mundo exterior?
A função da diplomacia é exatamente essa.
Se não serve para proteger cidadãos em risco,
não serve para nada’.
Um dos diplomatas, muito jovem, respondeu:
‘Meu salário não chega a tanto’.
Eu perguntei: ‘Como assim?’.
E ele explicou que não tinha contato direto com o ministro
das Relações Exteriores.
Fiquei chocada.
Estávamos detidos numa prisão de segurança máxima,
com 12 brasileiros sob custódia, e o Itamaraty não tinha
informações diretas sobre a nossa situação.
CC: E em Brasília, houve mobilização?
LL: É importante lembrar:
eu não estava lá de forma avulsa.
Essa missão humanitária foi oficialmente autorizada
pelo presidente da Câmara dos Deputados.
Toda vez que um parlamentar brasileiro viaja em missão
oficial, o Itamaraty é informado.
Então, o governo sabia onde estávamos.
Em Brasília, o líder do PT na Câmara, deputado José Guimarães,
e outros colegas acompanharam de perto, tentando
pressionar por nossa libertação.
Mas a sensação é que, naquele momento, a comunicação
entre a embaixada e o ministério estava truncada.
Naquele dia, pedi que me deixassem escrever uma carta
de próprio punho ao ministro Mauro Vieira, relatando
nossa situação e pedindo ação urgente.
Entreguei a carta aos diplomatas, que se comprometeram
a encaminhá-la.
No dia seguinte, começaram as liberações.
Quando percebemos, estávamos sendo levados — sob
forte aparato militar — para cruzar a fronteira com a Jordânia.
Foram quatro horas de viagem em comboio, até que finalmente,
ao atravessar a fronteira, sentimos que estávamos livres.
Na Jordânia, fomos recebidos com dignidade.
O embaixador brasileiro, Márcio, nos esperava pessoalmente,
acompanhado da embaixatriz, da equipe da embaixada,
da Polícia Federal e até de representantes da Abin.
No dia seguinte, o embaixador nos acompanhou até o aeroporto,
e pegamos o voo de volta ao Brasil.
Chegamos a São Paulo na quinta-feira.
E, naquele mesmo dia, tivemos a notícia de que, pela
primeira vez em dois anos, os palestinos dormiram
sem bombardeios sobre suas cabeças.
Pode parecer simbólico, mas para nós foi profundamente
significativo.
CC: Qual o saldo da missão?
LL: Acredito que essa missão mexeu com o mundo.
Foi a prova de que a solidariedade internacional ainda pode
mover a história.
A pressão internacional aumentou, e o próprio governo
israelense, entre muitas aspas, “autorizou” a entrada
de 600 caminhões de ajuda humanitária por dia em Gaza.
Fico feliz em saber que, ainda que parcialmente, os
mantimentos enviados pelo mundo inteiro começam
a chegar ao povo palestino.
Sinceramente, cada vez mais acredito que a ação direta,
os gestos concretos de solidariedade, são indispensáveis.
A diplomacia sozinha não detém um genocídio.
É preciso coragem para agir, para colocar o corpo e o nome
em risco, como forma de resistência.
CC: Houve, finalmente, um cessar-fogo. E agora?
LL: Agora, mais do que nunca, é hora de vigilância.
Não podemos desviar os olhos de Gaza.
Esse cessar-fogo ou qualquer tipo de acordo é frágil,
porque parte de uma lógica colonial, de quem quer ditar
ao povo palestino como deve agir, o que deve entregar,
como deve se reconstruir.
A posição que sempre defendi, e que sigo reafirmando,
é a da autodeterminação plena da Palestina.
Qualquer processo de reconstrução tem que partir do
povo palestino, com sua voz, sua vontade e sua
participação direta nas comissões que vão reconstruir
Gaza.
Não é possível que colonizadores decidam o destino de
um povo que resiste há décadas.
Se há algo que nossa viagem mostrou é que a solidariedade
internacional precisa caminhar lado a lado com o protagonismo
palestino.
Porque eles, e só eles, têm o direito de decidir o futuro
da sua própria terra.
(Wendal Carmo, Repórter do Site de CartaCapital)
https://www.cartacapital.com.br/entrevistas/fomos-tratados-como-terroristas-por-levar-comida-e-remedio-a-criancas/
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Zé Maria
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“O TOTALITARISMO INVERTIDO”
Por Chris Hedges, no Truthdig
Em seus livros “Democracia Incorporada: Democracia Gerenciada e o Espectro do Totalitarismo Invertido” e
“Política e Visão ”, uma pesquisa massiva do pensamento político ocidental, Sheldon Wolin expõe as realidades
de nossa democracia falida, as causas por trás do declínio
do império americano e a ascensão de uma nova e aterrorizante
configuração de poder corporativo que ele chama de
“Totalitarismo Invertido”.
Wendy Brown , professora de ciência política na UC
Berkeley e ex-aluna de Wolin, disse-me em um e-mail:
“Resistindo aos monopólios da teoria democrática pelo
liberalismo e da teoria de esquerda pelo marxismo,
Wolin desenvolveu uma análise distinta — até mesmo
distintamente americana — do presente político e das
possibilidades democráticas radicais.
Ele foi especialmente presciente ao teorizar o estatismo
pesado que forjava o que hoje chamamos de “Neoliberalismo”
e ao revelar as novas ‘fusões de poder econômico com
poder político’ que, para ele, estavam envenenando a democracia em sua raiz.”
Ao longo de sua trajetória acadêmica, Wolin mapeou a
descentralização da democracia americana e, em seu
último livro, “Democracia Incorporada”, detalha nossa
forma peculiar de totalitarismo corporativo.
“Não se pode apontar nenhuma instituição nacional
que possa ser descrita com precisão como democrática”,
escreve ele naquele livro, “certamente não nas eleições
altamente gerenciadas e saturadas de dinheiro, no
Congresso infestado de lobby, na presidência imperial,
no sistema judicial e penal com viés de classe, ou, muito
menos, na mídia”.
O totalitarismo invertido é diferente das formas clássicas
de totalitarismo.
Ele não encontra sua expressão em um demagogo ou líder
carismático, mas no anonimato sem rosto do Estado
corporativo.
Nosso totalitarismo [dos EUA] invertido presta fidelidade
aparente à fachada da política eleitoral, à Constituição,
às liberdades civis, à liberdade de imprensa, à independência
do judiciário e à iconografia, às tradições e à linguagem
do patriotismo americano, mas efetivamente se apoderou
de todos os mecanismos de poder para tornar o cidadão
impotente.
“Ao contrário dos nazistas, que tornaram a vida incerta
para os ricos e privilegiados, ao mesmo tempo em que
ofereciam programas sociais para a classe trabalhadora
e os pobres, o totalitarismo invertido explora os pobres,
reduzindo ou enfraquecendo os programas de saúde e
os serviços sociais, regulamentando a educação em massa
para uma força de trabalho insegura, ameaçada pela
importação de trabalhadores de baixa renda”, escreve
Wolin.
“O emprego em uma economia globalizada, volátil e de
alta tecnologia é normalmente tão precário quanto
durante uma depressão à moda antiga.
O resultado é que a cidadania, ou o que resta dela, é
exercida em meio a um estado contínuo de preocupação.
Hobbes estava certo: quando os cidadãos são inseguros e, ao mesmo tempo, movidos por aspirações competitivas,
anseiam por estabilidade política em vez de engajamento
cívico, proteção em vez de envolvimento político.”
O totalitarismo invertido, disse Wolin quando nos encontramos
em sua casa em Salem, Oregon, em 2014, para filmar
uma entrevista de quase três horas , constantemente
“projeta o poder para cima”. [*]
É “a antítese do poder constitucional”.
Ele é projetado para criar instabilidade e manter os cidadãos
desequilibrados e passivos.
Ele escreve:
“Redução de pessoal, reorganização, estouro de bolhas,
falência de sindicatos, habilidades rapidamente obsoletas
e transferência de empregos para o exterior criam não apenas
medo, mas uma economia de medo, um sistema de controle
cujo poder se alimenta da incerteza, mas um sistema que,
de acordo com seus analistas, é eminentemente racional”.
O totalitarismo invertido também “perpetua a ‘política’
o tempo todo”, disse Wolin quando conversamos, “mas
uma política que não é Política”.
Os ciclos eleitorais intermináveis e extravagantes, disse ele,
são um exemplo de política sem política.
“Em vez de participar do poder”, ele escreve, “o cidadão
virtual é convidado a ter ‘opiniões’: respostas mensuráveis
a perguntas pré-elaboradas para provocá-las”.
Campanhas políticas raramente discutem questões substantivas.
Concentram-se em personalidades políticas fabricadas,
retórica vazia, relações públicas sofisticadas, publicidade
enganosa, propaganda e o uso constante de grupos focais
e pesquisas de opinião para transmitir aos eleitores
o que eles querem ouvir.
O dinheiro efetivamente substituiu o voto.
Todos os candidatos presidenciais atuais — incluindo Bernie
Sanders — entendem, para usar as palavras de Wolin,
que “o tema do império é tabu nos debates eleitorais”.
O cidadão é irrelevante.
Ele ou ela nada mais é do que um espectador, autorizado
a votar e depois esquecido quando o carnaval eleitoral
termina e as corporações e seus lobistas voltam à tarefa
de governar.
“Se o principal objetivo das eleições é servir legisladores
dóceis para os lobistas moldarem, tal sistema merece ser
chamado de ‘governo desrepresentativo ou clientelista’”,
escreve Wolin.
“É, ao mesmo tempo, um poderoso fator que contribui para a despolitização da cidadania, bem como uma razão
para caracterizar o sistema como antidemocrático.”
O resultado, ele escreve, é que o público é “negado do uso
do poder estatal”.
Wolin deplora a banalização do discurso político, uma tática
usada para deixar o público fragmentado, antagônico e
emocionalmente carregado, ao mesmo tempo em que
deixa o poder corporativo e o império incontestáveis.
“Guerras culturais podem parecer um indício de forte
envolvimento político”, escreve ele.
“Na verdade, são um substituto.
A notoriedade que recebem da mídia e de políticos ávidos
por posições firmes em questões não substantivas serve
para distrair a atenção e contribuir para uma política
hipócrita do inconsequente.”
“Os grupos dominantes agora podem operar partindo do
pressuposto de que não precisam da noção tradicional
de algo chamado público no sentido amplo de um todo
coerente”, disse ele em nossa reunião.
“Eles agora têm as ferramentas para lidar com as próprias
disparidades e diferenças que eles próprios ajudaram a criar.
É um jogo em que se consegue minar a coesão que o público
exige para ser politicamente eficaz.
E, ao mesmo tempo, criam-se esses grupos diferentes e
distintos que inevitavelmente se encontram em tensão,
em desacordo ou em competição com outros grupos,
de modo que isso se torna mais uma briga do que uma
forma de moldar maiorias.”
O Estado corporativo, Wolin me disse, é “legitimado pelas
eleições que controla”.
Para extinguir a democracia, ele reescreve e distorce leis
e legislações que antes a protegiam.
Direitos básicos são, em essência, revogados por decreto
judicial e legislativo.
Tribunais e órgãos legislativos, a serviço do poder corporativo,
reinterpretam as leis para destituí-las de seu significado
original, a fim de fortalecer o controle corporativo e abolir
a supervisão corporativa.
Ele escreve:
“Por que negar uma constituição, como os nazistas fizeram,
se é possível explorar simultaneamente a porosidade e
o poder legítimo por meio de interpretações judiciais
que declaram grandes contribuições de campanha como
discurso protegido pela Primeira Emenda, ou que tratam
o lobby fortemente financiado e organizado por grandes
corporações como uma simples aplicação do direito do
povo de peticionar ao seu governo?”
Nosso sistema de totalitarismo invertido evitará medidas
de controle duras e violentas “enquanto… a dissidência
permanecer ineficaz”, disse-me ele.
“O governo não precisa reprimir a dissidência.
A uniformidade da opinião pública imposta pela mídia
corporativa faz um trabalho muito eficaz.”
E as elites, especialmente a classe intelectual, foram compradas.
“Por meio de uma combinação de contratos governamentais,
fundos corporativos e de fundações, projetos conjuntos
envolvendo pesquisadores universitários e corporativos,
e doadores individuais abastados, universidades
(especialmente as chamadas universidades de pesquisa),
intelectuais, acadêmicos e pesquisadores foram perfeitamente
integrados ao sistema”, escreve Wolin.
“Sem livros queimados, sem Einsteins refugiados.”
Mas, ele alerta, se a população — progressivamente despojada
de seus direitos mais básicos, incluindo o direito à privacidade,
e cada vez mais empobrecida e desprovida de esperança
— se tornar inquieta, o totalitarismo invertido se tornará
tão brutal e violento quanto os Estados totalitários do passado.
“A guerra contra o terrorismo, com sua ênfase na ‘segurança
interna’, pressupõe que o poder estatal, agora inflado
por doutrinas de guerra preventiva e liberado de obrigações
de tratados e das potenciais restrições de órgãos judiciais
internacionais, pode se voltar para dentro”, escreve ele,
“confiante de que, em sua perseguição doméstica a terroristas,
os poderes que reivindica, assim como os poderes projetados
no exterior, seriam medidos não por padrões constitucionais
comuns, mas pelo caráter obscuro e onipresente do terrorismo,
conforme definido oficialmente.”
A violência policial indiscriminada em comunidades
pobres, de côr, é um exemplo da capacidade do Estado
corporativo de assediar e matar cidadãos “legalmente”
com impunidade.
As formas mais cruéis de controle — da polícia militarizada
à vigilância generalizada, bem como a polícia servindo
como juiz, júri e carrasco, agora uma realidade para a
classe baixa — se tornarão uma realidade para todos nós
se começarmos a resistir à contínua canalização de poder
e riqueza para cima.
Somos tolerados como cidadãos, alerta Wolin, apenas
enquanto participamos da ilusão de uma democracia
participativa.
No momento em que nos rebelarmos e nos recusarmos
a participar dessa ilusão, a face do ‘Totalitarismo Invertido’
se assemelhará à face de sistemas totalitários passados.
“A importância da população carcerária afro-americana
é política”, escreve ele.
“O que é notável sobre a população afro-americana em
geral é que ela é altamente sofisticada politicamente e,
de longe, o único grupo que, ao longo do século XX,
manteve vivo um espírito de resistência e rebeldia.
Nesse contexto, a justiça criminal é tanto uma estratégia
de neutralização política quanto um canal de racismo instintivo.”
Em seus escritos, Wolin expressa consternação por uma
população desligada da imprensa e do mundo matizado
das ideias.
Ele vê o cinema, assim como a televisão, como “tirânico”
devido à sua capacidade de “bloquear, eliminar tudo o que
possa introduzir qualificação, ambiguidade ou diálogo”.
Ele critica o que chama de “mídia monocromática”, com
especialistas aprovados pelas corporações usados para
identificar “o problema e seus parâmetros, criando uma
caixa que os dissidentes lutam em vão para iludir.
O crítico que insiste em mudar o contexto é descartado
como irrelevante, extremista, ‘a esquerda’ — ou completamente
ignorado”.
A disseminação constante de ilusões permite que o mito,
em vez da realidade, domine as decisões das elites do poder.
E quando o mito domina, o desastre se abate sobre o império,
como ilustram 14 anos de guerra inútil no Oriente Médio
e nossa incapacidade de reagir às mudanças climáticas.
Wolin escreve:
“Quando o mito começa a governar os tomadores de decisão
em um mundo onde a ambiguidade e os fatos teimosos
abundam, o resultado é uma desconexão entre os atores
e a realidade.
Eles se convencem de que as ‘forças das trevas’ possuem
armas de destruição em massa e capacidades nucleares;
que sua própria nação é privilegiada por um deus que
inspirou os Pais Fundadores e a redação da constituição
nacional; e que uma estrutura de classes com grandes e
teimosas desigualdades não existe.
Alguns poucos, sombrios, mas alegres, veem os presságios
de um mundo que está vivendo ‘os últimos dias’.”
*[Sheldon Wolin expôs suas ideias em uma entrevista
com o colunista do Truthdig, Chris Hedges, para a
The Real News Network (TRNN), via YouTube.]
(https://www.truthdig.com/articles/sheldon-wolin-and-inverted-totalitarianism/)
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[Conceitualmente o “Totalitarismo Invertido”,
de Sheldon Wolin, assemelha-se ao que o nosso
Jurista Constitucionalista e Pesquisador do Direito
Pedro Estevam Serrano denomina de “Autoritarismo Líquido”: (https://inb.org.br/autoritarismo-liquido-com-pedro-serrano/)]
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Zé Maria
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Já não é mais só Indício, é Confissão de Fato:
a Corrupção Sistêmica do Capitalismo está
Entranhada na Casa Branca Estadunidense.
É o Ápice da Politicagem do Compadrio Capitalista
na Cúpula do Poder dos Estados Unidos DA América.
A Promiscuidade da Política com o Capital Financeiro.
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Excerto
“O casal [Sheldon e Miriam Adelson], e agora a viúva,
doou imensas somas de dinheiro para a carreira política
de Donald Trump, cerca de 700 milhões de dólares no total,
repartidos entre as suas três candidaturas presidenciais,
duas delas bem-sucedidas.
Certamente não lhes surpreenderá muito saber que
ambos se declararam publicamente como bons sionistas.
Mas o aspecto mais notável desta história não é a confirmação
de um fato já conhecido, agora ainda melhor conhecido, com nomes, sobrenomes e até penteados pitorescos,
mas sim o descaramento com que Donald Trump fala
sobre o assunto e, sobretudo, como a imprensa corporativa
permanece calada.”
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