Daniel Quoist: Atire a primeira pedra quem tem telhado de vidro

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Ele não repudiou os xingamentos à presidente da República

Vaias, Aécio e Dilma: Cada um deveria mirar seu próprio Telhado de Cristal

por Daniel Quoist, via e-mail

A propósito da entrevista de Aécio Neves, presidenciável tucano, nesta quinta-feira (12) afirmando que “ficará para a história o fato de uma chefe de Estado não se ver em condições de se apresentar à Nação” para iniciar oficialmente à Copa do Mundo.  A declaração de Aécio foi uma crítica à decisão do governo e da Fifa de vetarem discursos de abertura do Mundial de Futebol, temendo vaias contra a presidente Dilma Rousseff (PT). “Temos uma presidente sitiada. Ela só aparece em eventos públicos protegida. Mais do que qualquer palavra minha, isto retrata o que vem acontecendo no Brasil, é o sentimento dos brasileiros em relação ao governo”, afirmou Aécio.

Parece que falta memória ao mineiro tucano: Entrevistado no programa Roda Viva (TV Cultura/SP) do último dia 2/6/2014, o conceituado jornalista Barros e Silva, agora na revista Piauí, citou uma partida da seleção brasileira contra a Argentina em 2008, no Mineirão, em que os torcedores fizeram um grito relacionando Aécio com Maradona, que já teve problemas com o uso da droga em uma prática nada recomendável.

Mas como quem tem telhado de cristal nesse quesito o jeito é aguardar para ver quando o ilustre presidenciável for a um jogo da Copa no Mineirão.

A torcida, pois, com a palavra.

Para Dilma Rousseff, que hoje é presidente da República, que foi guerrilheira no combate à Ditadura Militar no Brasil (1964/1984), passou meses presa no Palácio Tiradentes (Rio) sofreu tortura, que dor pode ter uma ou mais vaias? E depois, não é comum nos estádios que o “estilo manada” se manifeste sempre que uma autoridade é vaiada durante jogo de futebol com estádio lotado? Segundo o muito citado comentarista esportivo, escritor e teatrólogo Nelson Rodrigues, irmão do Mário Filho que dá nome ao estádio Maracanã, “brasileiro vaia até minuto de silêncio”.

O que a grande imprensa deseja ao destacar a vaia a Dilma Rousseff, iniciada nos camarotes vips, frequentada principalmente por colunistas, colunáveis e ‘colonáveis’ associados desde sempre à campanha presidencial de Aécio Neves é nada menos que ofuscar o sucesso que promete ser esta Copa do Mundo do Brasil, apesar de todos os percalços, em sua maioria criados pela própria grande imprensa como forma de desalojar o Partido dos Trabalhadores do Palácio do Planalto nas eleições de outubro próximo.

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A começar pela revista dos Civita, Veja, nem mesmo os estádios estariam prontos para a Copa. Segundo os futurólogos da semanal da Abril “os estádios seriam inaugurados somente em 2038”. Barriga maior que essa somente aquela famosa que faz a festa dos estudantes de jornalismo nas duas últimas décadas da descoberta do Boimate — aquela exótica e prática mistura da vaca que produz ela mesma o filé já com molho de tomate.

Os jornais paulistas, sediados na antes intocada trincheira dos tucanos — há mais de 20 anos governando o estado mais rico do Brasil — resta torcer para o fracasso da Copa 2014. Os jornalões sabem que para a maioria do povo brasileiro o sucesso do torneio é gol de placa para as muitas conquistas de um partido realmente popular vem acumulando, desde 2003, quando o primeiro operário, retirante, nordestino, com pouca instrução formal, assumiu a presidência da República.

Destacar cenas de violência envolvendo dúzia e meia de mascarados, marginais e vândalos enfrentando a polícia com pedras, criando cenas de guerra civil improvisadas no quebra=quebra de agências bancárias e concessionárias de automóveis parece ser mais interessante do ponto de vista editorial de nossa lustrosa imprensa que destacar o maravilhoso invento, a excelente conquista científica de Miguel Nicollelis protagonizada pelo chute de um paraplégico pouco antes do início da Copa e olimpicamente esnobada pelos cartolas da TV Globo.

Não gostassem de ver o êxito de Nicollelis, o único brasileiro seriamente candidato a um futuro Nobel de Medicina, poderiam ao menos destacar a emocionante acolhida da torcida de mais de 65.000 torcedores à Seleção Brasileira ao coro de “O campeão voltou”, “Sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor” ou ao carinho demonstrado ao jogador Marcelo, que num lance apenas infeliz marcou gol contra o Brasil, o primeiro sofrido pelo país em sua longa e invicta participação em Copas do Mundo de futebol.

Para a imprensa, o primeiro turno é a Copa. E a imprensa já deve ter percebido que sua torcida anti-Brasil não lhe renderá nem novos leitores nem novos assinantes, nem maior audiência. Nesse turno quem ganha — e de goleada — é o Brasil. E o orgulho de ser brasileiro, aquele que não desiste nunca.

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