Resistência à ditadura festeja Gringo em cidade-sede do primeiro levante

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REVOLUCIONÁRIOS CONTRA A DITADURA CIVIL-MILITAR BRASILEIRA, REÚNEM-SE EM TRÊS PASSOS/RS

via Thais Bretanha

O encontro na cidade gaúcha vai homenagear o ‘Gringo’ e lembrará os 50 anos do assassinato de Che Guevara, capturado e morto na Bolívia

A Confraternização dos Resistentes é um encontro de velhos militantes da resistência brasileira à ditadura militar, velhos e velhas camaradas que acreditam que outro mundo é possível.

Também deverá participar a nova geração de lutadores — fundadores da CUT, MST, PT e outros.

O evento é aberto, por ser uma confraternização em homenagem ao companheiro Gringo, que completa 81 anos de idade e 50 de militância revolucionária.

Também haverá homenagem ao comandante Che Guevara que em um dia 8 de outubro, há 50 anos, foi assassinado na Bolívia.

A cidade de Três Passos foi escolhida para sediar o encontro devido a sua importância simbólica — primeiro levante armado contra a ditadura e por ser local de moradia do Gringo.

A programação é a seguinte:

dia 7/10 — recepção dos convidados, rodas de conversa, sarau e lançamento de livros. No final da tarde, está programada atividade com peixe frito e cerveja argentina em um bar restaurante na Barra do Turvo (Esperança do Sul), localizado a um quilômetro da antiga mina antiaérea idealizada pelo Gringo e construída por alguns moradores da região.

dia 8/10 — rodas de conversa, lançamento de livros , sarau e churrasco na Associação Atlética Banco do Brasil.

A RESISTÊNCIA EM TRÊS PASSOS

Durante a ditadura civil–militar que assombrou o país por 21 anos, nesta cidade do Rio Grande do Sul jovens e corajosos idealistas preparavam um campo de resistência à ditadura e para restabelecer a democracia no País.

Neste período da história, o município também foi palco de tristes episódios que assombraram e ainda hoje estão vivos na memória da população.

Ironicamente, o local onde atualmente as pessoas buscam aliviar suas dores — o Hospital de Caridade do município –, em maio de 1970 abrigava um quartel da Brigada Militar, utilizado como centro de repressão e tortura contra dezenas de presos políticos, a maioria ligados à Vanguarda Popular Revolucionária – VPR, liderada pelo Gringo, que será homenageado neste 8 de outubro.

Sob a coordenação do coronel do Exército Paulo Malhães (na época à frente do DOI/CODI), o mesmo monstro que organizou a “Casa da Morte” em Petrópolis, no RJ, agentes do DOI/CODI e do DOPS se deslocaram para Três Passos para aplicar suas técnicas de tortura, interrogatórios e guerra psicológica.

Tanto os ex–presos políticos e seus familiares, como os moradores da região, recordam a brutal sessão coletiva de tortura que ficou conhecida como “A noite de São Bartolomeu”, em alusão ao massacre de protestantes, ocorrido na França, em 1572.

Tanto ódio e sadismo justificava a descoberta de um dos grandes focos de organização da luta libertadora no Brasil: o comandante Carlos Lamarca se deslocaria para a região, acompanhado de um significativo grupo de civis e militares patriotas, para organizar o que para eles seria o principal centro irradiador da resistência contra a Ditadura. 

Para o grupo, o Rio Uruguai — que ligava três países (Argentina, Uruguai e Paraguai) a três estados brasileiros (Rio Grande do sul, Santa Catarina e Paraná) — se configurava como área estratégica para a guerrilha.

(Texto do Manifesto do Comitê Popular Memória Verdade e Justiça, lançado em 28 de agosto de 2012, em Três Passos)

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