Paulo Metri desnuda o golpe de Serra que atraiu o governador Pezão

Tempo de leitura: 4 min

Pezão

Metendo os pezões pelas mãos

por Paulo Metri, no Correio da Cidadania

Calma, governador Pezão! Não adira, tão rapidamente, ao projeto de lei do senador José Serra, PLS 131, que trata da retirada da Petrobrás da condição de operadora única do Pré-Sal, além de desobrigar esta empresa a possuir, no mínimo, 30% de participação em cada consórcio do Pré-Sal.

Este percentual é uma consequência do fato de não existir operador de consórcio que não possua, no mínimo, 30% do consórcio.

Um dos principais argumentos do senador Serra sobre as suas propostas é que elas acarretam aumento da arrecadação de royalty e da contribuição para o Fundo Social. Ele está correto, graças a um provável aumento do nível de atividades no Pré-Sal.

Em primeiro lugar, o fato de existir grande atividade em um setor do nosso país pode não significar que está sendo bom para a sociedade brasileira. Pode estar sendo muito bom somente para aqueles que estão nos espoliando. O governador Pezão, segundo o noticiário, apoiou o projeto do senador, pois cariocas e fluminenses estariam usufruindo de maior arrecadação de royalty.

Para este projeto vencer todas as etapas legislativas e um possível veto da presidente, na melhor das hipóteses, se chegará a meados de 2017. A partir daí, a ANP irá organizar a primeira rodada de leilões do Pré-Sal com a lei modificada. Andando da forma a mais expedita, esta primeira rodada ocorrerá em meados de 2018. As empresas que arrematarem áreas irão precisar de, no mínimo, cinco anos para, se bem sucedidas, descobrir petróleo, desenvolver o campo e iniciar a produção. Portanto, o aumento da arrecadação do royalty se dará a partir de meados de 2023. Aí, o ex-governador Pezão poderá até ser o novo presidente da República, mas já terá exercido o seu eventual segundo mandato de governador do Rio de Janeiro.

É claro que o médio prazo também é importante. Contudo, o senador Serra não fala que seu projeto aumentará, razoavelmente, os royalties dos estados do Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo, de alguns municípios destes estados e quase nada para os demais estados e municípios brasileiros.

Entretanto, traz imensos prejuízos para toda a sociedade brasileira ao longo do tempo. Para prová-los, duas alternativas de modelo de exploração do Pré-Sal são comparadas: usando a lei dos contratos de partilha como existe hoje e usando esta mesma lei com as duas modificações do Serra. Os prejuízos, que a segunda alternativa acarretará para toda a sociedade, em comparação com a primeira, são mencionados a seguir.

As compras no país diminuirão. A Petrobras é basicamente a grande empresa petrolífera que compra no país. Se ela deixa de ser a operadora de um consórcio, possivelmente, a plataforma não será comprada no Brasil. As petrolíferas estrangeiras estão atuando no Brasil desde 1999, quando ocorreu a primeira rodada de leilões.

Até hoje, 16 anos se passaram e nenhuma delas comprou uma plataforma aqui. A plataforma representa a quase totalidade do investimento de um campo. No entanto, não são só bens que as petrolíferas estrangeiras importam, a engenharia e desenvolvimentos tecnológicos também são contratados no exterior.

A Petrobras produz de forma a retirar o máximo de óleo ainda econômico do campo, enquanto as multinacionais retiram a quantidade de óleo que maximiza a rentabilidade do investimento. Assim, elas tendem a retirar menos óleo do campo que a Petrobras, o que é chamado de produção predatória. Este é o modelo de produção que as multinacionais adotarão se forem as operadoras.

Qualquer empreendimento industrial ou de infraestrutura possui riscos de acidentes, causadores de danos aos operadores, às comunidades vizinhas e ao meio ambiente. Medidas de segurança e prevenção de acidentes minimizam a probabilidade de eles ocorrerem.

Por outro lado, existem diversos possíveis níveis de segurança dos empreendimentos, que são definidos pelo empreendedor e correspondem a diferentes gastos. Obviamente, quanto maior o grau de segurança escolhido, maior o gasto com as medidas, o que prejudica a rentabilidade.

A lógica do capital leva as petrolíferas estrangeiras, privadas ou estatais de outros países (que agem da mesma forma), a escolher o nível de segurança mínimo ainda aceitável que garanta uma excelente rentabilidade. Enquanto isso, a lógica da nossa empresa estatal visa garantir um nível de segurança acima dos níveis das petrolíferas estrangeiras, sem obter, como consequência, um lucro excepcional. Não é por outra razão que a Chevron com poucos campos no Brasil foi protagonista do acidente de Frade, enquanto a Petrobrás com centenas de campos no país tem um número de acidentes proporcionalmente muito menor.

Existe, também, a possibilidade das petrolíferas estrangeiras declararem uma produção de petróleo menor do que a verdadeiramente ocorrida para poderem pagar menos royalty e contribuição para o fundo social. Esta afirmação é trazida não para se denunciar eventual ato reprovável destas petrolíferas, mas é para se alertar sobre o sistema falho de constatação da produção ocorrida, que pode ser fraudado de forma fácil. E a busca da maximização da confiabilidade do sistema irá encarecê-lo muito.

A forma natural e barata de se trazer maior confiabilidade aos números da produção de petróleo é colocar a Petrobrás para ser a operadora de todos os consórcios, pois ela não tem a motivação de maximizar o lucro, que leva empresas privadas a quererem fraudar para pagar menos tributos. Se a Petrobrás não for a operadora única do Pré-Sal, ocorrerá a máxima ironia do destino: o governador apoiou o projeto pensando que iria receber mais royalties, quando, na verdade, irá receber menos royalties.

O governo brasileiro pode querer usar a possibilidade de garantir o suprimento de petróleo a outros países como forma de obter compradores para nossos produtos de exportação ou obter apoio a posições de política internacional. Se a Petrobrás não tiver, no mínimo, 30% de cada consórcio, menos petróleo estará à disposição do Estado brasileiro para ações estratégicas internacionais.

Desta forma, governador Pezão: pelo que foi relatado, o senhor irá querer que o carioca e o fluminense sejam vistos como os brasileiros que só pensam em si próprios e não contribuem com a sociedade brasileira?

 Paulo Metri é  conselheiro do Clube de Engenharia e colunista do Correio da Cidadania. Blog do autor: http://paulometri.blogspot.com.br/

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Comentários

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FrancoAtirador

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MANHATTAN CONNECTION
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Lista dos Fundos Abutres e os Respectivos Procuradores Mercenários
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que querem rapinar a Petrobras em Wall Street, Manhattan, NY-USA:
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(http://nao.usem.xyz/7pmp)
(http://www.law360.com/articles/711307/petrobras-insists-98b-kickbacks-suit-lacks-jurisdiction)
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Carlos Eduardo Pontes

Mais uma vez a “ladainha” mentirosa da “entrega da nossa riqueza” pro lobo mau!!!
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1) A Petrobras só não será operadora dos consórcios q ELA NÃO QUISER!!! Se a Petrobras achar q o campo é economicamente viável e ELA TIVER INTERESSE COMERCIAL, então ela PODE ser operadora de qualquer consórcio!
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2) A Petrobras está QUEBRADA! Anunciou a pouco tempo, redução dos investimentos na ordem de 27%… Ela NÃO TEM CONDIÇÕES FINANCEIRAS de ser a operadora única do pré-sal!
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3) Sobra as “compras das plataformas brasileiras”: A Petrobras só compra as plataformas no Brasil, pq é obrigada pelo seu acionista majoritário, o Governo! A industria brasileira só não vende pras Petroleiras estrangeiras pq não tem nem qualidade e nem preço competitivos em relação às empresas internacionais!
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4) Sobre a “exploração predatória”: Quem coloca um campo pra ir a leilão, é o GOVERNO! Sendo assim, é o governo q define o quanto o pré-sal será explorado! Agora, querer q, sendo posto em leilão, uma Petroleira (MESMO A PETROBRAS) não produza o máximo do seu potencial de forma a aumentar o seu faturamento, é apenas idiotice!
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5) Sobre o “controle da produção”: Tentar justificar a OBRIGATORIEDADE da Petrobras ser operadora única do pré-sal usando esse argumento tosco, é a prova das bobagens q se fala sobre o assunto! Já existe tecnologia para garantir o controle da produção de forma eficiente e cabe ao Governo tomar medidas para não ser roubado! O Brasil já tem inúmeros campos sendo operados por petroleiras estrangeiras… Pq esse medo exclusivamente no pré-sal?
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6) Sobre a “Segurança”: A ANP define regras rígidas para QUALQUER OPERADOR, DE QUALQUER CONSÓRCIO! Se uma Operadora atua dentro dos parâmetros estabelecidos, ela ESTÁ LEGAL!!!

7) Gostaria de saber a opinião dos “patriotas” sobre os vários campos q a Petrobras opera em países estrangeiros… São contra? Vcs acusam a Petrobras de, no país dos outros, atuar do mesmo jeito q as estrangeiras atuariam aqui (na fantasia dos “nacionalistas)
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A Petrobras roubaria nos números da produção?
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A Petrobras reduziria os padrões de segurança pra lucrar mais?
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A Petrobras produziria predatoriamente pra maximizar seu lucro?
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O q me espanta mais é ver o nível de desinformação q os “críticos comentaristas” e mesmo os “articulistas” tem sobre o projeto do Senador José Serra…

Urbano

Só entra no bloco do ‘eu gosto é muito’ um simpatizante da folia, ora… Até porque não deve haver imposição.

mz

Pois é Pezão , não caia nesta não. Pense no conteúdo nacional que dinamiza nossa economia. Plataformas, navios precisam de aço, pense também das nossas siderúrgicas, ou vamos ficar só exportando minério? Pense também no emprego dos nossos filhos e nos filhos de nossos filhos…..

Marcos Pinto Basto

O Pezão não entende nada de assuntos do petróleo e se afirma apoiar o projeto do Serra, um vendilhão da Privataria Tucana, está mal informado ou foi cooptado, para não afirmar outra coisa. As empresas petrolíferas atuando fora de seus países só querem tirar o máximo de petróleo e fazem de tudo para apresentar dados de produção inferiores aos reais. O negócio deles é roubar!

    Antonio

    Até prova em contrário esse governadorzinho mequetrefe deve ter recebido algum.
    Ou alguém acredita que ninguém dá esse tipo de suporte ao Serra.
    Esse vagabundo do Serra só é senador porque o Supla extrapolou a capacidade de fazer bobagem e falar besteira.

    dinarte

    Antonio, o SERRA só é senador , porque uma grande maioria do povinho de São Paulo é burro.

    Debora

    O q me espanta mais é ver o nível de desinformação q vc tem sobre a Petrobras

Derli Dallegrave

Este comportamento nós já conhecemos: chama-se “Lei de Gerson”. Levar vantagem em tudo. Cerrrto, governador?

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