Medievaldo Pereira: A globalização e os idiotas

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A GLOBALIZAÇÃO E OS IDIOTAS

por Medievaldo Pereira

No Trabalhador da Notícia, em 26.04.2015

“A idiotice não permite autocrítica, pois não existe um idiota relativo. Todo parvo é absoluto”.

A estupidez é o que distingue os seres humanos dos demais animais. Se há uma característica realmente exclusiva do bicho homem é a idiotice. Nenhum outro animal é capaz de produzí-la. Portanto, se alguém lhe disser o contrário, imputando aos homens (e às mulheres) a inteligência como traço distintivo entre nossa espécie e as demais, tenha certeza: trata-se de um idiota, pois a maior característica dos idiotas é a incapacidade de compreender a própria estupidez. A idiotice não permite autocrítica, pois não existe um idiota relativo. Todo parvo é absoluto.

Nelson Rodrigues sabia que os idiotas são maioria na humanidade e a internet está aí para comprovar sua hipótese. Com o advento da internet e das redes sociais os néscios, antes circunscritos às suas aldeias, aos seus círculos de amizade e, quando muito às Câmaras de Vereadores, ganham agora dimensão planetária e, por que não dizer, universal.

As provas desta assertiva são abundantes e existem em maior quantidade que as músicas ruins ou os livros de auto-ajuda. Vejam por exemplo que há quem acredite, com a fé de uma devota de quermesse, que o Marco Antonio Villa é historiador, que o Rodrigo Constantino é economista e, pasme, que Rachel Sheherazade é jornalista.

Os estultos, em geral, são muito competentes no exercício de suas funções. Competentes e desinibidos. O senhor e a senhora, podem, com pouco esforço, se lembrar que não foram poucos os mentecaptos que, a pretexto de protestarem contra a corrupção, pousaram alegres e sorridentes ao lado de líderes de bandos como Antônio Imbassahy, José Carlos Aleluia ou Ronaldo Caiado.

Assim, não há um só dia qualquer em que não podemos assistir à hegemônica força da estupidez humana, presente em todas as famílias, inclusive na minha que, como é de conhecimento público, possui um idiota imortal, com direito a fardão e cadeira numerada.

Portanto, os energúmenos são como a água, que existe na mesma proporção há milênios. Se nos parece que aumentaram em número é porque, agora, com as postagens nas redes socais, os vídeos no youtube e a tecnologia digital alcançamos a democratização do acesso à idiotice.

Há 10 ou 20 anos atrás poucos saberiam que 28 idiotas se puseram numa “Marcha pela Democracia” rumo a Brasília, escoltados por 30 policiais. Graças à internet, entretanto, agora podemos assisti-los, em tempo real, no legítimo exercício de suas idiotices.

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Comentários

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Edgar Rocha

Texto fantástico! Um libelo imprescindível.
Só discordo quanto à competência dos idiotas. Idiotas são eficientes, não competentes. Fazem com perfeição aquilo que seu caráter o condiciona a fazer. Mas, nunca, em hipótese alguma, fazem o que LHES competem fazer, de fato. Um idiota ocupa um cargo público, por exemplo, na certeza de que, se conhecer os meandros, as falhas e brechas institucionais de que dispõe, poderá permanecer no cargo eternamente, ferrando os outros, roubando, ou simplesmente coçando o saco, desde que tenha na ponta da língua a resposta ou a coação mais apropriada que o livre de ser responsabilizado. O importante é não deixar fio solto. Do ponto de vista prático, é isto que difere um idiota de alguém inteligente, sem deixar margem a ambiguidades.
Idiotas não são burros. São limitados pela obtusidade de sua visão de mundo. E isto é algo que se autoalimenta, é um moto perpétuo em que a única falha admissível é a de deixar-se pegar por algum motivo. Para o idiota não há falha moral ou ética. Não há complexidade além de sua vontade própria, de seu ego.
Alguns, menos inteligentes, contudo, aproveitam-se de forma imprudente de toda e qualquer oportunidade de satisfação pessoal, sem pensamento a longo prazo. Os idiotas midiáticos que hoje se arriscam a sair às ruas, exporem-se de forma escandalosa, pedindo pena de morte, afirmando sua meta de exterminar o máximo de concorrentes mediante rotulações e depreciações, não terão no futuro argumento senão dizer “tudo é passado” como bem argumenta-se no post sobre o genocídio armênio. Quando muito, admitirão sua estupidez pra livrarem-se de responsabilidades, como de costume. Mas, isto só ocorrerá se, no futuro, a idiotia for impedida de ampliar seu poder e constituir-se plenamente como algo positivo, desejado e regulamentado. Estamos em vias desta distopia. Serão necessários mais textos primorosos e estimulantes como este do Sr. Medievaldo Pereira (por que, meu Deus? Pena dele, viu) a desvendar os segredos da matéria escura que contorna nosso luminoso Planeta.

Heber

O villa foi definido no roda morta como romancista heheheheh pelo Almino Afonso

renato

Que editora publicará o livro de Luiz Carlos Azenha, Rodrigo Vianna e Marco Aurélio Mello? Obra em que Azenha e seus colegas de ofício detalham como o jornal “O Globo” assassina o caráter da mídia tupiniquim. Livro que Luiz Carlos Azenha e seus colegas de ofício detalham a história dos bastidores da cobertura da eleição presidencial de 2006 na Globo.

Renato Monteiro
Curitiba – Paraná

Afonso Guedes

Einstein, cunhou com absoluta coerência: ” Só duas coisas são infinitas, o universo e a estupidez humana”.

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