Maurício Dias: A Constituição sangrada

Tempo de leitura: 2 min

3 de dezembro de 2010 às 9:46h

por Maurício Dias, em CartaCapital

O Rio de Janeiro suspirou aliviado com a tomada do Complexo do Alemão. Caiu uma área onde o poder marginal, incólume, usava e abusava há muitos anos. O resultado produziu efeito de igual importância. Serviu de exemplo para jovens dessas comunidades que, movidos pela ilusão de poder e dinheiro, consideram como opção de vida o ingresso na marginalidade como alternativa para eles.

O alívio de alguns, porém, foi decepção para muitos. Por vezes, podia-se ouvir nas ruas mais charmosas da zona sul da capital o desapontamento projetado em expressões como esta: “Deviam ‘passar o cerol’ naqueles filhos da puta. A TV Globo atrapalhou”.

No momento em que o bando de traficantes armados se dispersou em fuga do Morro do Cruzeiro para o Morro do Alemão seria possível produzir o massacre desejado, executado por policiais nos helicópteros ou por atiradores oficiais escondidos na mata. Tiros foram disparados, como se ouviu, e, como se viu pela Globo,  dois ou três traficantes foram atingidos. Tudo sugere que a audiência determinou o cessar fogo.

Embora a emoção tenha sido contida pelas autoridades, a população levada ao desespero por longos anos de omissão do poder público legitimaria a insensatez. Da correspondência recebida, selecionei trechos do e-mail do leitor E.L.S., morador no bairro da Penha, zona norte, centro do episódio:

“… Comecei a ver uma luz no fim do túnel dessa violência, e por mais que venham a morrer pessoas que nada têm a ver com isso, já morríamos todos os dias por não poder sair de casa sem saber se voltaríamos”.

A gíria “passar o cerol”, repetida na zona sul, vai muito além da angústia compreensível entre os moradores da zona norte. Retiro do jornal O Globo palavras de José Junior, do grupo AfroReggae, que se dispôs a intermediar a rendição dos traficantes: “Cheguei a ouvir policial dizer que se sentiu como atleta que vai para a Olimpíada e não disputa, só porque não houve banho de sangue”.

A frase, contagiada pelo sotaque policial, foi repetida pelo delegado Rodrigo Oliveira, coordenador das ações da Polícia Civil: “Esses bandidos não passam de frouxos. Fugiram como ratos”.

Uns fugiram. Alguns se renderam e outros morreram. Felizmente, não jorrou tanto sangue como poderia ter jorrado. Mas a Constituição foi sangrada. Sangrou, emblematicamente, do corpo de um paraquedista ferido. Ele cumpria ordens, mas estava lá irregularmente. O combate ao crime não pode ser transformado em confronto entre um grupo marginal e um poder público que, igualmente, se marginaliza para reprimir.

Em 2007, simpósio organizado pelo Centro de Estudos Estratégicos do Exército concluiu: “O emprego das FA na preservação da ordem pública é medida somente recomendável quando houver decretação do estado de defesa, do estado de sítio ou da intervenção federal. Qualquer outro arranjo implica riscos ao Estado de Direito”.

Admitir em silêncio o que ocorreu pode estimular o mesmo Exército a agir, amanhã, contra o poder constitucionalmente estabelecido. Foi assim em 1964. Derrubaram o presidente em nome de suposto clamor público.


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Comentários

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Gabriel Melo

As pessoas não entendem é que a ocupação das favelas pelo Estado, com ou sem UPP – como no Morro Azul, no Flamengo -, é mais ação social do que de segurança – embora tenha efeitos relevantes nesta área. O que importa é que o Cabral cumpra a promessa de livrar todos os cidadãos fluminenses de qualquer forma de governo paralelo até 2014. A missão é árdua, mas é possível. A maior dificuldade será o enfrentamento às milícias, pois elas estão nas entranhas do Estado, nos três poderes.

Adilson

excelente reflexão de Mauricio Dias..

apenas pra constar, o Monforte foi um dos que não entenderam porque a policia não atirou nos 200..

    Jairo_Beraldo

    Com todo respeito, mas o Monforte é um desclassificado. Deixei de assistir ao J10 da GloboNews por ele vomitar barbaridades por lá. Nem o Sardemberg consegue ser mais hostil que ele.

Fernando Marques

Enquanto preferirmos ficar com os estereótipos e na postura do avestruz, cabeça enterrada para não compreendermos a realidade, melhor torcer, pelo menos, para que o rabo fique virado para a lua. Dizem os entendidos que dá sorte.

Toda a fanfarra do Alemão, todas as UPP’s são extremamente necessárias na situação em que chegamos, mas absolutamente inócuas a médio e longo prazo. Está se gastando muita energia, tempo e dinheiro com uma guerra que todos sabem não terá fim, enquanto não se compreender o perfil dos usuários destas drogas tornadas ilegais pelos amantes do proibicionismo sem eira nem beira.

Se não forem feitos estudos sérios, se não se adotar posturas inovadoras, tudo continua como dantes no quartel de Abrantes, per omnia seculum seculorum. Uma teta para a política externa dos ianques, vide Colômbia, México, Afeganistão.

monge scéptico

Poetas, humanistas, psicólogos etc, tem se manifestado contra o enfrentamento nos morros.
Estes, nunca receberam o recado para entregar o "cabaço" da filha "gostosinha" para os
chefes do tráfico. Os discursos são técnicos ou religiosos; nada prático.
Todos esses grupos de privilegiados, que são orundos de classes abastadas, desconhecem
completamente, as distorções de valores, a que leva um estado de miséria crônico. Pode-se
dizer, que alguma mentes tem distorções irreverssíveis. Nem PAVLOV, daria jeito. As elites
cujos filhos alimentam o tráfico, se acham inatingíveis e porisso pôem a nú seus hábitos de
filantropia, querendo atender as necessidades dos "coitadinhos" com sacos de doações.
Aonde isso vai levar? A nada. Evitar que os "novos" sigam o caminho da marginalidade, é
um bom propósito; não esquecer porém, que no tráfico há centenas de garotos, que tem em
si, os arroubos naturais da idade, portanto difíceis de serem anulados por benesses do estado.
Este tem que estar presente, sempre oferecendo a chance de mudar. DIFÍCIL!!

Sergio F. Castro

Mauricio Dias, que muito admiro, pisou no tomate, já o fez antes em relação a lei da "Ficha Limpa", (ao que parece ele é contra), é um direito dele que desmerece pouco um trabalho, em geral, de alta qualidade jornalística.

Cícero

Gostei do simbolismo de que se reveste a frase: "… a Constituição foi sangrada. Sangrou, emblematicamente, do corpo de um paraquedista ferido." Adequa-se ao contexto da matéria. Chega a ser poético. Outro ponto que me chama a atenção no texto, é a informação de que, no dia da ocupação do Alemão, atiradores de elite, apoiados pelos helicópteros, estariam prontos para disparar contra os traficantes em fuga, e alguém no comando teria abortado a ação. Até aí, um belo texto. Quanto à recomendação do CEFEEx de que as Forças Armadas somente atuem nos casos de estado de sítio ou de defesa, discordo. Acho que, em momentos de intensa agitação, quando o efetivo das polícias restarem insuficientes para a preservação da ordem pública, é perfeitamente cabível o emprego das Forças Armadas, não em substituição às Polícias, mas em apoio a estas, para manutenção da ordem e em defesa da paz. Afinal, se os militares brasileiros no Haiti patrulham as ruas daquele país com o fim de manter a ordem e granjear a paz, por que o Exército e a Marinha não pode fazer o mesmo nas ruas do Alemão?

    Edemar Motta

    Acho que poucos querem um Haiti por aqui. Eu, pelo menos, não.
    Veja entrevista de Hélio Luz, aqui no ótimo Viomundo: não precisa pirotecnia para prender bandidos, podem ser presos no asfalto.

    É péssima idéia habituar as forças armadas a agirem sobre brasileiros, ainda que disfarçadas de 'com' brasileiros.

    Cícero

    Você está mal informado. 88% da população apoiam as ações militares no Rio.
    http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/mauricio-

    Quanto ao Hélio Luz, eu não me oriento pela cabeça dos outros. Tenho opinião própria e respeito a opinião dos outros.

Rafael, BHte

Uai mas assim nem o capeta resolve, se os militares coçam criticamos sua permanente falta de utilidade (exceções honrosas feita a engenharia, saúde, motoristas e pilotos em calamidades e assistências), se agem ficamos com medo de amanhã darem outro golpe contra a democracia (no q aliás são useiros e vezeiros, vide a história do Brasil), bom aí ficamos num impasse e sem esperanças! Risco existe mesmo mas temos de corrê-lo para tentar melhorar as coisas! É verdade q temos alguns sinais preocupantes,na AMAN homenageiam ao nosso rascunho de Pinochet, fui lá ver para crer e vi, a cara dele tb está na capa da edição eletrônica da tal Revista Agulhas Negras 2010, deve estar tb no 'contiúdo' suponho, meu estomâgo não deu para tanto! Seria bom Dilma tomar algumas medidas logo de cara, populistas q sejam, para ganhar a galera literalmente e ter um escudo preotetor q Lula soube ter todo seu mandato. 'Eles' foram desrespeitosos com FHC durante seu governo, ele q além de ser uma hóstia é filho e neto de generais, foram tb com Lula em alguns momentos, imagine então o q poderiam querer aprontar com Dilma, a 'ex-guerrilheira' e não há nada q possa se contrapôr a essa gente pela força em caso de necessidade!

Renato Lira

Aqui vai o contraponto às análise de "especialistas' e às retóricas utópicas e falaciosas.

Do Blog do Nassif.

O dia em que Beltrame chorou

Enviado por luisnassif, sex, 03/12/2010 – 06:53

Por André

No rescaldo da guerra que o Rio promoveu à bandidagem organizada, temos algumas histórias de moradores que foram vítimas de maus policiais, mas também temos histórias interessantes como a do garçom que fez o secretário Beltrame chorar:

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Renato Lira

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Garçom da Prefeitura emocionou secretário de Segurança

Luiz Ernesto Magalhães

RIO – Depois de toda a tensão para retomar o Complexo do Alemão, o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, deixou o ar sério de lado e chorou em plena hora do almoço, na segunda-feira. O responsável pela emoção do secretário foi o veterano garçom Gyleno dos Santos, de 73 anos, funcionário da prefeitura desde 1982.

A história foi contada nesta quarta-feira pelo prefeito Eduardo Paes, durante a cerimônia de lançamento das obras para a construção do Museu do Amanhã, na Zona Portuária. Ao encontrar Paes na prefeitura, no início da semana, o garçom, morador de Del Castilho, comentou que, pela primeira vez, havia saído de casa sem medo, sentindo-se seguro após a tomada do Alemão. Ele disse ao prefeito que, se pudesse, daria um abraço no governador Sérgio Cabral e no secretário Beltrame. Por coincidência, um almoço com o secretário estava marcado para o mesmo dia no Palácio da Cidade.

CONTINUA

Renato Lira

CONTINUANDO

– No almoço, o Gyleno pediu licença e deu um abraço no Beltrame. Ele foi às lágrimas. Quem conhece o Beltrame sabe que ele é um sujeito esquisito. Ele não ri, não chora. Tem aquele jeito fechado de uma pessoa centrada no trabalho. O Gyleno, na verdade, foi responsável por expressar um sentimento de toda a população – disse Paes.

Segundo Paes, Beltrame contou que estava sensibilizado porque os elogios não partiram de políticos, mas de uma pessoa comum.

CONTINUA

Renato Lira

CONCLUINDO

O garçom, que, nas horas vagas, dá aulas de dança de salão para os servidores da prefeitura e já ganhou uma Medalha Pedro Ernesto, contou que também ficou emocionado:

– Moro na Rua Adhemar Babiano, paralela ao Complexo do Alemão. Tenho vários vizinhos que já foram assaltados. Como saio de casa às 5h40m, me sentia inseguro. O prefeito mandou me chamar quando já estavam tomando o café. Contei o que estava sentindo para o secretário e pedi licença para dar um abraço nele – contou Gyleno. – Ele ficou muito feliz e chorou. Me disse que um abraço daqueles significava para ele mais do que um bonito discurso – disse o garçom.

EVOÉ!!!

Mário SF Alves

Ramalho,
Se me permite, entendo o seu "Quer dizer, então, que o Golpe de 1964 se deu por causa de clamor popular? É isto? Se não houvesse tal clamor, não haveria o golpe? Ora, nem criança de colo acredita nisto."
Entretanto, a meu ver, cabe a ressalva: travestido de "marcha da família com deus pela liberdade", o dito clamor popular, foi de fato a síntese do invólucro de uma evidente conspiração posta em marcha para usurpar o Governo legalmente constituído à época. Entretanto, respeitadas as circunstâncias e proporções, não há problema no fato do autor relacionar a tragédia social do tráfico com a tragédia política, social e psico-social (sociologia do terror) provocada por um golpe. Cada qual a seu modo faz sangrar não apenas a Constituição, mas, sobretudo, a Civilização. Ambos quebram o contrato entre Estado e Sociedade. O golpe de 64, só para ilustrar, e claro, num contexto de guerra fria, e sob o pretexto de conter o comunismo, na realidade, conteve, sim, porém, não a vaga hipótese da ameaça comunista, mas a possibilidade de o Brasil superar sua condição histórica de feudo e colônia. O que ainda incomoda é isto, e não aquilo! Ao passo que o tráfico, aliado à difusa – e desregrada – megamilitarização do capitalismo, ameaça e seqüestra muito mais que uma comunidade abandonada pelo poder público numa favela do Rio de Janeiro. Sua fome de lucro e dominação poderia ir bem mais longe. Seus agentes locais – e a depender de interesses externos, igualados a simples terroristas – seriam não a razão direta, mas parte de todo um processo ou estratégia de supressão do Estado. Seria o Estado de Fato (do medo e da negação da liberdade) em lugar do Estado de Direito.
Daí o apelo: “Pela continuidade de um Brasil de todos, pela reorientação de rumos do processo civilizatório no mundo e por uma nova geopolítica mundial: Democracia sempre! e Radicalidade democrática sempre que possível!”

Renato

Assim com muitas pessoas de esquerda, durante muito tempo tive uma visão simplista da questão da criminalidade. Para mim ela decorria das injustiças sociais e somente através da revolução seria possível por fim as suas causas, instaurando um regime efetivamente democratico e popular. Nutríamos até uma certa simpatia em relação aos marginais. Sem abdicar das antigas utopias, creio que a questão é bem mais complexa. Os bandidos sociais, na expressão de Hobsbawm, são raros. Que é preciso combater a marginalidade, isto é um ponto pacífico. Já a cobertura televisiva fez das operações um show. Não devemos esquecer da corrupção policial, da inoperância do poder judiciário e também de todos os hipócritas que consomem drogas e sustentam o narcotráfico. A situação chegou ao ponto que chegou por falta do Estado. Do Estado não apenas como força policial, mas como agente de promoção econômica, social e cultural.

João Carlos Rizolli

O grande Mauricio Dias estava indo tão bem …., como sempre, mas …
Olha, não se trata de ouvir apenas o clamor público (que nem de longe foi o responsável pelo golpe de 64).
Finalmente o Estado, através das Forças estaduais e federais, deu a necessária resposta ao crime organizado no Rio, e não podia ser com flores.
Penso que os limites do bom senso e os princípios democráticos e republicanos foram mantidos.

Ao sul do equador

A operação de ocupação do complexo do Alemão foi uma ação bem sucedida. É claro que o melhor é não fosse necessário, que não tivesse o tráfico no comando. Porém foi preciso, e foi feito.
Abusos se cometidos pela polícia devem ser apurados.
Porém o que se viu foi que o Estado mostrou a sua força, em uma operação aparentemente muito bem articulada. Foi uma vitória sim.
Também houve transferência de presos dos presidios federais, prisão de mulheres dos líderes, prisão de advogados ligados aos criminosos. Apreensão de grande quantidade de drogas, armas, dinheiro, etc…
Foi um passo em direção a rumo certo. O tamanho desse passo ainda não pode ser medido, mas que ele foi grande isso é uma certeza.

Ramalho

Quer dizer, então, que o Golpe de 1964 se deu por causa de clamor popular? É isto? Se não houvesse tal clamor, não haveria o golpe? Ora, nem criança de colo acredita nisto.

O golpe houve porque interessava a segmentos da sociedade, a direita – que hoje alguns dizem ser coisa que não existe, que acabou, ou que não passa de ficção. A direita existe e foi ela, não o clamor popular, que promoveu e se aproveitou do golpe.

Quanto a sangramentos, a Constituição sangrava muito mais com a ausência do Estado no Complexo do Alemão e, também, no Rio de Janeiro como um todo – prova o vandalismo levado a cabo pela marginalidade do Alemão em toda a cidade – este sim sangramento pernicioso e concreto, não, apenas, capaz de por vício, no futuro, promover golpe. Se agora a Constituição sangra, sangra menos.

Angela Mara

Olha, uma coisa tem que ficar muito CLARA.

Quem escolhe o caminho do crime sabe MUITO BEM que o fim é : cadeia ou cemitério.

Sou contra banho de sangue, é evidente. Uma VIDA sempre será uma VIDA.
Porém, "no tempo na inocência, a gente ainda nem tinha nascido" (by Chico)

Hoje tem televisão, tem rádio, tem internet, tem jornal e todos sabem qual é o fim da vida bandida.

Então, só entra quem quer. O Estado erra MUITO e é corrupto ao extremo.
Porém, os bandidos são mais sabidos do que nós, eles sabem o que estão fazendo.
Chega de psicologia barata, toda pessoa que quer enriquecer ilicitamente será punida de alguma forma.

No entanto, como o Brasil é uma récem-democracia, só pobre vai pra cadeia e morre.
O problema é muito complexo e não deve ser tratado demagogicamente.

Espero não ser censurada, pois ultimamente não estão publicando nada que eu escrevo.
Porque será???????

Gilson Raslan

Infelizmente, Maurício, pela primeira vez me coloco contra o seu entendimento.
O que estava ocorrendo no Rio de Janeiro era uma guerrilha urbana, que estava descambando para uma guerra civil. Tanto isto é verdade, que bandidos de outros Estados deram apoio aos bandidos do Rio de Janeiro, inclusive oferecendo abrigo e proteção.
Nessa hipótese, as Forças Armadas agiram dentro do que lhe outorga a Constituição Federal, para garantia do Estado de Direito, prevenindo uma guerra civil, e não como polícia.

ebrantino

1. Estou de acordo com o conjunto da operação discutida; 2. estou de acordo com a tese de que está mais do que na hora de retirar do crime organizado o dominio de áreas do território brasileiro, seja este crime o trafico, a grilagem, a depredação de matas ou biomas, a escravização de trabalhadores, as milicias de justiceiros, ou o que for. O monopolio do poder é do Estado Nacional. Assim, cabe ao estado eliminar centros de poder paralelo. 3. Eventuais erros, impropriedades, abusos devem ser constatados, divulgados, denunciados julgados e prevenidos, como em qualquer outra ação do Estado. Quando uma empresa, um banco ou uma instituição cometem uma ilegalidade, combate-se aquele ato pontual, não se diz que a atividade empresarial, bancaria ou institucional é um mal. Jogar fora a água suja, mas salvar a criança. O Mauricio é um grande jornalista, e denunciou o que devia. Cabe a nós concluirmos acertadamente.

Andrea Serpa

Depois de ler especialistas de diversas áreas tecerem seus comentários penso da seguinte maneira.Quem nasceu e cresceu no Rio, ou mesmo apenas se interessa pelo tema,sabe bem que ,o problema não se encerra com a tomada do Alemão,que o narcotráfico está nas mão de megaempresários,que a polícia do Rio precisa ser reformulada pois a corrupção é grande,as milícias precisam ser combatidas,enfim são enúmeros problemas a serem enfrentados.-A ´miséria ,o abandono e a segregação ,foi o grande fio condutor desse caos.Mas era preciso começar de algum ponto,porque milhares de pessoas viviam e vivem em aréas de medo.Longe de ser ideal,apenas nescessária ,a violência SEMPRE deve ser o último recurso,mas qual seria a outra mareira de devolver o território para os demais moradores?Ainda não vi resposta.Claro que o objetivo maior sempre é cidadania para todos,saúde,educação e lazer.Mais para isso é preciso estar vivo.

edv

Gostaria de colocar que divergir de uma opinião não significa (para mim) depreciar o divergido.
Tenho muito respeito por diversas pessoas e entidades aqui expressando sua opiniões, como a AJD, o Pinheiro, este Mauricio e o próprio Azenha, um jornalista e pessoa importantíssimos nesta blogosfera suja, que ajudou e NOS ajudou até no processo eleitoral extremamente crítico que vivemos recentemente.
Além de oferecer e opinar brilhantemente sobre muitos temas de importância para o indivíduo, a sociedade e o Mundo que Viu ( e que não viu).
Suspeito que esta coletânea de artigos possa ser mera provocação, alguns "veículos incendiados" para que tomemos uma reação e enriqueçamos o debate (como de hábito).
Pelo sim pelo não, sobre esta ação policial, imperfeita, mas necessária para a sociedade, estaremos em "renhido confronto", hehe.
(com a vantagem de não haver nenhuma vítima!)

    Andrea Serpa

    ,edv
    Muito bem colocado.Acho também que essa visibilidade do momento, deve ser aproveitada para manter sempre em pauta denúncias de corrupção ou qualquer outro ato ilícito da polícia.Devemos aproveitar eventuais desdobramentos positivos que possam derivar dessa ação.Respeito também todas as opiniões.Mas, o sociólogo ( não lembro o nome) que afirmou que o Estado tinha feito um pacto com uma faccão criminosa e as milícias,para acabar com o Comando Vermelho,porque o CV atua nas áreas de maior visibilidade para os próximos eventos,e que o Governo do Estado havia adotado a execução sumária como política pública de segurança,ao meu modo de ver,fez uma grave acusação e não uma mera crítica.Para isso é nescessário provas.Enfim edv escrevi mais do que queria Seu comentário já tava bom demais,mas o texto que citei me deixou meio bolada.abs

edv

Eu que não sou jurista, posso afirmar que o uso das F.A. também pode (e deve) ser feito em outras situações não citadas, com estado de calamidade pública, atendimento a populações carentes, etc.
É feito também em países do primeiro mundo, inlcusive para manter a ordem. Ex: Katrina, apesar da "preguiça" de Bush Kid, recolhimento de lixo (vejam só!) na Inglaterra de Tatcher, etc.
É comum também no primeiro mundo que hajam forças especiais não militares, como a S.W.A.T.s americanas, com armas e táticas diferenciadas (Special Weapon And Tactics).
No caso do Alemão, há fatos que estão sendo distorcidos para estereotipar uma "intervenção miltar".
Vamos lá:
Houve uma situacão de emergência! (incêndios aleatórios de propriedade privada E PÚBLICA pela cidade).
A polícia precisa de equipamentos especiais para enfrentar os equipamentos especiais dos bandidos.
A lei (ora a lei…) impede que a policia tenha tais equipamentos, que seriam de uso exclusivo das FA, como blindados de lagartas necessários para proteger e vencer as barreiras (ex: trilhos em vielas), etc.
Ora, como enfrentar o crime em desvantagem contra os bandidos?
Que tem a logística (favelas), o conhecimento local, os reféns entre eles, armas militares, fuzis, metralhadoras até anti-aéreas, bazucas, granadas, bunkers, etc.
Dirão os simplistas (ou o preparado SERRA): basta "acabar" com o tráfico de armas. Coisa "trivial", já que o tráfico de armas e de drogas "acabou" no mundo inteiro há muito tempo! Só tem no Rio…
O que se pediu foi apoio LOGÍSTICO (equipamentos e homens para operá-los, guarda e vigilância, etc. e não ação militar. Como a lei impede que sejam operados por civis, então foram dirigidos / operados pelos militares, mas o resto das tripulações eram policiais.
O comando das operações foi da Secretaria de Segurança e não dos militares, que agiram em coordenação.
Quanto à "passar o cerol", jogar gasolina na favela, etc., óbvio que são ideias, para não dizer apenas fascistas, simplistas e até ingênuas, por absurdas e ineficazes.
Tão simplistas e ingênuas quanto estas análises que não levam em conta a realidade pontual dos fatos:
Muito deixou de ser feito. Há muito por fazer. Mas houve uma operação NECESSÁRIA e BEM SUCEDIDA.
Pior do que o ideal… Melhor do que o esperado!

    Carlos Sete

    Muito bom seu comentário!!!!

    "A polícia precisa de equipamentos especiais para enfrentar os equipamentos especiais dos bandidos.
    A lei (ora a lei…) impede que a policia tenha tais equipamentos"

Mr. Hyde

Eu realmente fico embasbacado com certas coisas.
Sem querer ofender mas francamente, oq vimos correr pela mata em fuga para o Alemão eram bandidos de altissima periculosidade, carregando fuzis, munição, quem sabe mochilas com granadas, explosivos e bombas.

Não sou a favor de Massacre, tenho vergonha da Ditadura MIlitar, mas não vi nada do qe pregam os que dizem
que a Operação no Alemão foi um fracasso, só prenderam preto e pobre, e que a maioria fugiu.

Então quer dizer que só porque acham que não prenderam os chefões não se devem prender ou matar em caso de reacão essas bandidos altamente armados?
Qual é a lógica desse raciocinio, gostarua honestamente de entender…

Acho que esses mesmo que dizem essas coisas, deveriam se empenhar com as mesmas entranhas que escrevem tantas linhas criticas, para cobrar a Prsisão desses chefões, dos brancos, dos ricos e da classe media xincheira.

Se vcs sabem quem são esses MEGA traficantes, denunciem!!!
Saim do arcondicionado, parem de se indgnar no Facebook e de xingar no Twiter…

Christiano Almeida

E agora, como ficarão os consumidores de drogas da zona sul carioca? O delegado Hélio Luz disse certa vez: "… Ipanem,a à noite, brilha!". Se é para passar o cerol em quem vende, igual tratamento a quem consome. Tá na constituição. Todos são iguais perante a lei.

    edv

    Pois é, todos são "iguais perante a lei"!
    E concordo que assim seja!…
    Mas a própria lei é feita para DIFERENCIAR estes direitos, de acordo com o comportamento dos cidadãos.
    Ex: Todos tem o direito de ir e vir.
    Já um criminoso condenado e/ou preso NÃO tem esse direito, até cumprir sua pena.
    Portanto essa ladainha de lei igual pra todos significa exatamente que se não formos "iguais", a LEI nos assegurará a devida diferença.
    Quanto ao "brilho de Ipanema", é um estereótipo serve para estigmatizar qualquer região de vida noturna em qualquer cidade. Como nos Jardins, Vila Olimpia e Madalena de SP, que menciono por serem mais conhecidos.
    Mas o pior consumo não é o dos mauricinhos e patricinhas, que seguirão sua vida em 90%, com sua maconha e cocaína.
    O pior são os pobres viciados em crack, em muito maior número e gravidade.
    Finalizando: passar cerol ou incendiar é, para não falarmos em fascismo, coisa de, digamos, imbecis sociais que devem ser constantemente combatidos ( e esclarecidos) por opiniões quetais.

Polengo

"Admitir em silêncio o que ocorreu pode estimular o mesmo Exército a agir, amanhã, contra o poder constitucionalmente estabelecido. Foi assim em 1964. Derrubaram o presidente em nome de suposto clamor público."

Verdade.
Ainda mais com o Jobinzão patriota lá.

    edv

    Nada como comparar alhos com bugalhos.
    Ou desenhar uma operação policial como golpe militar.
    Ou pintar quadros e analisá-los como fatos…

    Marcelo

    Caro edv, acho que o Maurício exagerou no caso, as forças armadas neste caso apoiaram as forças de segurança com seus blindados e com seu contigente.
    Com certeza sem os carros blindados o acesso as áreas fortemene entricheiradas seria impossível, e o número de baixas seria grande entre a polícia, os bandidos e os moradores.

    edv

    Se me fiz mal entendido, ressalto que estamos de acordo, Marcelo.
    Estou dizendo que comparar uma operação policial apoiada, com "golpe militar" (ou risco de), é alhos com bugalhos..
    E olha que vivo estou hoje, como já estava naquela época (64).
    O que houve em 64 não foi clamor público, mas simulação e divulgação de clamor público parcial (marcha pela "família e liberdade", etc.) para dar um ar de validade ao golpe.
    O "público" de esquerda, na época, era parelho, senão maior que o de direita.
    Quando eles querem fazer, fazem com ou sem público. Como os EUA no Iraque.
    Ou como a raposa e o cordeiro…
    Aqui, o assunto é outro, mas já degringolou para as culpas de Adão e Eva.

Carlos Sete

Sou leitor e admirador da Carta Capital. Mas esse grande colunista não percebeu a gravidade do Rio de Janeiro. Acho um exagero querer misturar os distúrbios do Rio com um golpe militar! Não é pelo afã de uma oposição golpista que devemos também dar azo a que tudo agora possa se tornar um golpe! Não é sangrar a Constituição, mas sim dar uma interpretação real a ela! É atualizá-la!

    flora

    De acordo.

    Marcia Costa

    E qual seria sua sugestão de atualização? Posso saber ou é segredo?

    edv

    Sem querer me intrometer, já me intrometendo, Marcia e Carlos:
    Por exemplo, poder dar apoio logístico à uma policia estadual numa situação emergencial* de segurança pública, DESDE QUE solicitada pelo governo do estado e sob o comando coordenado da policia e ou da secretaria de segurança pública…
    Exatamente o que aconteceu neste episódio.

    (* podendo a situação emergencial ser corroborada ou não pelo parlamento estadual e federal dentro de um prazo previsto).

    Carlos Sete

    No Brasil, os direitos individuais prevalecem aos coletivos. Isso dá margem para críticas como invasões de domicílio pela polícia! Se fosse para preservar o coletivo, a polícia teria muito mais autonomia de trabalho! Isso porque essas pessoas que se sentem prejudicadas contestam o Estado, mas quando eram os bandidos que invadiam as suas casa elas nada podiam fazer! Numa situação crítica, como a do Rio, a sociedade, e isso inclui os próprios moradores das favelas, devem preservar a sociedade das mazelas dos traficantes, e isso significa abrir mão de certos direitos. Melhor o Estado agir assim do que os traficantes mandarem eternamente nessas comunidades!

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