Mariana Boujikian aos incomodados com as mulheres no poder: Mudem!

Tempo de leitura: 3 min

Menininha dando uma bananaMULHERES NO PODER INCOMODAM

por Mariana Boujikian Felippe, especial para o Viomundo

A ativista nigeriana Chimamanda Ngozi define com precisão as lições de uma sociedade machista às suas meninas: “ensinamos as garotas a se encolherem, a se tornarem pequenas. Dizemos a elas ‘você pode ter ambição, mas não muita. Você deve almejar ser bem-sucedida, mas não muito, caso contrário vai ameaçar os homens’”.

Não é difícil se identificar com a fala acima. Qualquer mulher em posição de mínima relevância social nota em seu cotidiano como a nossa liderança incomoda. Nosso destaque perturba, pois ocupando espaços predominantemente masculinos, desafiamos a ordem vigente que nos priva de posições de poder socialmente valorizadas.

Se realmente alcançamos status significativo, somos obrigadas a lidar com uma avalanche de atitudes que menosprezam nossa capacidade e ridicularizam a condição feminina: interrompem nossas falas, fazem comentários sobre nossa aparência e nos constrangem na tentativa de lembrar que não deveríamos ter chegado aonde chegamos.

No começo deste mês, as redes sociais tornaram-se palco para um novo show de horrores que evidenciou o incômodo com as mulheres no poder. Adesivos de carro viralizaram no Facebook por retratarem a presidenta Dilma Rousseff de pernas abertas, como se fosse ser penetrada pela bomba de gasolina. Ou seja, retratava um estupro, ato da maior violência sexual. Foi um ataque misógino contra a mulher que ocupa o cargo mais elevado do país, sempre ocupado por homens..

Os atores da violência disseram que era mera crítica ao preço dos combustíveis, com uma forma bem humorada de protestar contra o governo.  Mas o adesivo citado ultrapassa qualquer limite de crítica civilizada, pois não representa questionamento ao governo, mas um ato de ódio a Dilma Rousseff enquanto mulher. Não há debate político, mas promoção da cultura de estupro em um país que registrou em 2014, 50 mil casos desta espécie de crime. Ressalto que críticas à gestão de Dilma podem ser feitas livremente, mas retratar a presidenta como alvo de violência sexual banaliza o abuso e desrespeita todas as mulheres brasileiras.

Cabe lembrar que o estupro não é uma forma de expressão do desejo sexual, mas uma maneira de demonstrar domínio e poder total sobre alguém. O estupro é um processo de intimidação e demarcação de comando, e por isso tornou-se uma arma de guerra em diversos conflitos ao longo da História. Assim, o adesivo explicita uma vontade de colocar Dilma em lugar subalterno, onde não tem nenhum controle. O adesivo passa uma mensagem perversa, pois reitera que mesmo que Dilma seja presidente da República,  está ele sujeita à violência sexual, como todas as mulheres.

É indubitável que estamos falando de violência de gênero, pois nenhum presidente homem jamais sofreu qualquer ataque deste tipo. Impensável sugerir violência desta natureza contra FHC ou Lula. Infelizmente, contra Dilma a agressão é vista pelos agressores, com naturalidade, pois se trata de uma agressão de gênero.

O caso de Maju – jornalista da Rede Globo que sofreu uma onda de ataques racistas na internet – tem um modus operandi parecido. Maju se destacou por apresentar o tempo de forma original e descontraída no jornal mais importante da TV aberta. Seu evidente sucesso em tão pouco tempo incomodou, e uma horda indignada, incapaz de conceber uma mulher negra bem sucedida, partiu para as mensagens de ódio. Assim como o sexismo foi utilizado como forma de atacar Dilma, o racismo foi a arma escolhida para atingir Maju.

Há uma evidente pobreza intelectual entre os opositores de Dilma que são adeptos deste tipo de protesto (ou que o apoiam). Apelam para o que há de pior na humanidade. Apelam para o preconceito escrachado e pela violência sexista. Demonstram que são machistas raivosos, inconformados com uma mulher no exercício do poder.

Aos incomodados, fica o recado: mudem-se! Nós, mulheres, continuaremos lutando por espaços de poder.

Como disse a cantora Pitty: eu não volto pra cozinha, nem o negro pra senzala, nem o gay pro armário. O choro é livre, e nós também.

Mariana Boujikian Felippe, estudante de Ciências Sociais – USP

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Comentários

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Sandra

o buraco é mais embaixo, desnecessário mencionar Fhc ou Lula, bastava dizer que nenhum presidente homem, por maior que tenha sido a lambança que fez, foi retratado desta forma, alguma vez na historia. E isto: “O adesivo passa uma mensagem perversa, pois reitera que mesmo que Dilma seja presidente da República, está ele sujeita à violência sexual, como todas as mulheres.” é o que!? Mais do que desrespeitar a mulher, presidente do pais, desrespeita a todas as mulheres brasileiras! Mas quer saber? a questão não é poder, muito menos politica, minha amiga. Trata-se do machismo mais primitivo, vide numeros absurdos de violencia contra a mulher, como voce mesma lembrou.

Andre

Margareth Tacher era uma mulher no poder, uma mulher autoritária, que destrui o movimento dos trabalhadores ingleses, conservadora e uma das maiores responsáveis pela destruição neoliberal do mundo. Grande parte da desgraça que o mundo vive hoje devemos a ela. E não pode ser criticada por que é mulher?
Sinceramente, vamos discutir o que realmente interessa?

    Iuri

    Ela pode ser criticada, e no caso da margareth tatcher, DEVE. Mas não pelo fato de ser mulher, será que é tão difícil entender a diferença?

FrancoAtirador

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14/07/15 12h21
Agência Brasil
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A Viúva do ex-Deputado Federal José Janene (PP-PR),
Stael Fernanda Janene, disse na CPI da Petrobras
que não participava das atividades políticas do marido

Por Carolina Gonçalves – Repórter | Edição: Valéria Aguiar
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A viúva do ex-deputado José Janene (PP-PR), Stael Fernanda Janene, disse hoje (14),
em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras
que, em 21 anos de casamento, não teve acesso a qualquer informação
sobre negócios e decisões políticas do ex-líder do PP na Câmara, morto em 2010.
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“Ele nunca falava sobre suas atividades. Não dava abertura para este tipo de coisa.
Janene era uma pessoa muito fechada e a esposa não participava da vida política dele”,
afirmou ao destacar que em todo o relacionamento só esteve em Brasília cinco ou seis vezes.
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Stael foi convidada como testemunha pela CPI para falar
sobre a relação do ex-Deputado com o Doleiro Alberto Youssef.
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Janene é apontado como o mentor do esquema de cobrança de propina na Petrobras.
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Ela explicou que os dois eram amigos e que Janene nunca conversava
sobre negócios na presença de parentes.
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“Para mim, o negócio com Youssef era em casa,
era uma coisa de compadre que ia jogar baralho em casa.
Quando ele faleceu eu perdi contato.
De vez em quando converso com a ex-esposa Joana que mora na minha cidade [Londrina, Paraná],” afirmou.
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A relação entre os dois foi intensificada, segundo Stael, quando o doleiro
foi convidado para batizar o filho mais novo do casal, hoje com 11 anos.
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Mas, Stael afirmou que depois do divórcio litigioso que ocorreu em novembro de 2008,
sequer acompanhou os seis meses de internação de Janene após um AVC
e apenas encontrou com Youssef duas ou três vezes.
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“Conversei com Beto [Alberto Youssef) algumas vezes.
Duas vezes ele visitou meu filho que era seu afilhado,” disse.
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A viúva negou que teve interesse em depôr à CPI para expor detalhes sobre uma possível conta de Janene que o doleiro teria movimentado com uma procuração.
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“Nunca questionei se ele [José Janene] deixou algo [bens] com Youssef
porque se eu não trabalhei para ter isto não iria atrás”, afirmou.
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Ela disse que se surpreende com os fatos divulgados pela imprensa já que, segundo ela,
Janene era uma pessoa simples que “reclamava da conta da verduraria”.
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“Eu não posso acreditar. Eu nunca entrei em loja de grife para comprar uma bolsa.
Quando casei, ele já era empresário, tinha situação boa, mas eu não tinha essa liberdade.
Até a compra da minha casa quem fazia era a secretaria dele,” observou.
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As denúncias que estão sendo investigadas pela Operação Lava Jato
incluem a existência de uma conta bancária em Luxemburgo,
com saldo superior a 100 milhões de euros em nome de Janene
e que teria sido movimentada por Youssef após morte do deputado.
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“Não tenho conhecimento de nada disto.
Nem casado ele falava de negócios, em dinheiro,
a não ser para falar que as coisas estavam difíceis,” disse.
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Stael afirmou que o ex-deputado era “muito assediado” por ministros e parlamentares,
mas disse que nunca viu pessoalmente as pessoas apontadas nas investigações,
como o ex-diretor de abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa,
que teria sido indicado por Janene [por conta do Partido Progressista].
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“Nunca vi Dirceu pessoalmente. Ele nunca comentou sobre indicar nomes
para o governo ou para a Petrobras.
Não acredito [que era o nome que mandava na Petrobras.
Esses empreiteiros nunca visitaram minha casa”, garantiu.
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As negociações após o divórcio limitaram-se à pensão paga pelo ex-parlamentar.
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Com três filhos de Janene, Stael passou a receber 30% do valor recebido por ele como parlamentar.
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Stael não lembra se assinou qualquer documento referente à contas bancárias
ou transações financeiras a pedido do ex-marido.
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Mas, de acordo com a viúva, se houvesse esse pedido,
ele não esperaria ela ler o documento antes de assinar.
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Durante o depoimento, a viúva ainda contou ter ficado surpresa
com as suspeitas levantadas por nomes do PMDB
de que o ex-parlamentar não teria morrido.
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“Nunca tive contato com nenhum deputado do PMDB
ou de qualquer outro partido como veicularam.
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Nunca tive esta dúvida. Levei um susto com estas notícias
porque eu participei de toda a cerimonia do velório e enterro dele,” afirmou.
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(http://www.ebc.com.br/noticias/politica/2015/07/viuva-de-janene-diz-que-nao-participava-das-atividades-politicas-do-marido)
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