Marcos Bagno: Discussão sobre livro didático só revela ignorância da grande imprensa

Tempo de leitura: 4 min

Na semana passada, o site IG noticiou que o Ministério da Educação comprou e distribuiu, para 4.236 mil escolas públicas, um livro que “ensina o aluno a falar errado”. Os jornalistas Jorge Felix e Tales Faria –  do Blog Poder On Line, hospedado no portal – se basearam em exemplos de um capítulo do livro Por Uma Vida Melhor para afirmar que, segundo os autores da coleção organizada pela ONG Ação Educativa, não há nenhum problema em se falar “nós pega o peixe” ou “os menino pega o peixe”. Calçaram sua tese no seguinte trecho de um capítulo que diferencia o uso da língua culta e da falada:”Você pode estar se perguntando: “Mas eu posso falar os livro?”. Claro que pode. Mas fique atento porque, dependendo da situação, você corre o risco de ser vítima de preconceito linguístico”. O fato de haver outros capítulos, no mesmo livro, que propõem a leitura e discussão de obras de autores como Cervantes, Machado de Assis e Clarice Lispector e ensina modos de leitura, produção e revisão de textos não foi citado. Mas a discussão sobre como registrar as diferenças entre o discurso oral e o escrito esquentou, principalmente após o colunista da Folha de S. Paulo Clóvis Rossi vociferar, no último domingo, que tal livro é “criminoso”.

por Marcos Bagno, no seu site, via CartaCapital

Para surpresa de ninguém, a coisa se repetiu. A grande imprensa brasileira mais uma vez exibiu sua ampla e larga ignorância a respeito do que se faz hoje no mundo acadêmico e no universo da educação no campo do ensino de língua.

Jornalistas desinformados abrem um livro didático, leem metade de meia páginae saem falando coisas que depõem sempre muito mais contra eles mesmos doque eles mesmos pensam (se é que pensam nisso, prepotentementeconvencidos que são, quase todos, de que detêm o absoluto poder da informação).

Polêmica? Por que polêmica, meus senhores e minhas senhoras? Já faz mais de quinze anos que os livros didáticos de língua portuguesa disponíveis no mercado e avaliados e aprovados pelo Ministério da Educação abordam o tema da variação linguística e do seu tratamento em sala de aula. Não é coisa de petista, fiquem tranquilas senhoras comentaristas políticas da televisão brasileira e seus colegas explanadores do óbvio.

Já no governo FHC, sob a gestão do ministro Paulo Renato, os livros didáticos de português avaliados pelo MEC começavam a abordar os fenômenos da variação linguística, o caráter inevitavelmente heterogêneo de qualquer língua viva falada no mundo, a mudança irreprimível que transformou, tem transformado, transforma e transformará qualquer idioma usado por uma comunidade humana.

Somente com uma abordagem assim as alunas e os alunos provenientes das chamadas “classes populares” poderão se reconhecer no material didático e não se sentir alvo de zombaria e preconceito. E, é claro,om a chegada ao magistério de docentes provenientes cada vez mais dessas mesmas “classes populares”, esses mesmos profissionais entenderão que seu modo de falar, e o de seus aprendizes, não é feio, nem errado, nem tosco, é apenas uma língua diferente daquela – devidamente fossilizada e conservada em formol – que a tradição normativa tenta preservar a ferro e fogo, principalmente nos últimos tempos, com a chegada aos novos meios de comunicação de pseudoespecialistas que, amparados em tecnologias inovadoras, tentam vender um peixe gramatiqueiro para lá de podre.

Enquanto não se reconhecer a especificidade do português brasileiro dentro doconjunto de línguas derivadas do português quinhentista transplantados para as colônias, enquanto não se reconhecer que o português brasileiro é uma língua em si, com gramática própria, diferente da do português europeu, teremos de conviver com essas situações no mínimo patéticas.

A principal característica dos discursos marcadamente ideologizados (sejam eles da direita ou da esquerda) é a impossibilidade de ver as coisas em perspectiva contínua, em redes complexas de elementos que se cruzam e entrecruzam, em ciclos constantes. Nesses discursos só existe o preto e o branco, o masculino e o feminino, o mocinho e o bandido, o certo e o errado e por aí vai.

Darwin nunca disse em nenhum lugar de seus escritos que “o homem vem do macaco”. Ele disse, sim, que humanos e demais primatas deviam ter se originado de um ancestral comum. Mas essa visão mais sofisticada não interessava ao fundamentalismo religioso que precisava de um lema distorcido como “o homem vem do macaco” para empreender sua campanha obscurantista, que permanece em voga até hoje (inclusive no discurso da candidata azul disfarçada de verde à presidência da República no ano passado).

Da mesma forma, nenhum linguista sério, brasileiro ou estrangeiro, jamais disse ou escreveu que os estudantes usuários de variedades linguísticas mais distantes das normas urbanas de prestígio deveriam permanecer ali, fechados em sua comunidade, em sua cultura e em sua língua. O que esses profissionais vêm tentando fazer as pessoas entenderem é que defender uma coisa nãosignifica automaticamente combater a outra. Defender o respeito à variedade linguística dos estudantes não significa que não cabe à escola introduzi-los aomundo da cultura letrada e aos discursos que ela aciona. Cabe à escola ensinar aos alunos o que eles não sabem! Parece óbvio, mas é preciso repetir isso a todo momento.

Não é preciso ensinar nenhum brasileiro a dizer “isso é para mim tomar?”, porque essa regra gramatical (sim, caros leigos, é uma regra gramatical) já faz parte da língua materna de 99% dos nossos compatriotas. O que é preciso ensinar é a forma “isso é para eu tomar?”, porque ela não faz parte da gramática da maioria dos falantes de português brasileiro, mas por ainda servir de arame farpado entre os que falam “certo” e os que falam “errado”, é dever da escola apresentar essa outra regra aos alunos, de modo que eles – se julgarem pertinente, adequado e necessário – possam vir a usá-la TAMBÉM. O problema da ideologia purista é esse também. Seus defensores não conseguem admitir que tanto faz dizer assisti o filme quanto assiti ao filme, que a palavra óculos pode ser usada tanto no singular (o óculos, como dizem 101% dos brasileiros) quanto no plural (os óculos, como dizem dois ou três gatos pingados).

O mais divertido (para mim, pelo menos, talvez por um pouco de masoquismo) é ver os mesmos defensores da suposta “língua certa”, no exato momento em quea defendem, empregar regras linguísticas que a tradição normativa que eles acham que defendem rejeitaria imediatamente. Pois ontem, vendo o Jornal das Dez, da GloboNews, ouvi da boca do sr. Carlos Monforte essa deliciosa pergunta: “Como é que fica então as concordâncias?”. Ora, sr. Monforte, eu lhe devolvo a pergunta: “E as concordâncias, como é que ficam então?

Marcos Bagno é escritor, radutor, lingüista, professor da Universidade de Brasília  (UnB).


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Comentários

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Ana Flávia

Quero saber se o autor do texto acima vai deixar o filho dele falar "nós vai brincar" ou se vai corrigí-lo….

Muito bonito dizer que "essa é a linguagem do povo brasileiro", mas se a professora de seu filho dissesse que estava certa uma redação escrita dessa forma, ele iria direto a direção da escola.

Sem hipocrisias, em uma entrevista de emprego, se contrata o candidato que fala "nós vai" ou o que fala "nós vamos"?

Respeitar as diferenças linguísticas é uma coisa. Ensinar essa forma como sendo uma variação da lingua, é outra completamente diferente.

    Wildner Arcanjo

    Se a professora exigisse uma redação, um documento onde as normas gramaticais têm de ser respeitadas. Mas se for um texto literário, se ele usasse a língua chula, do povão e criasse algo espetacular, eu ficaria mesmo é orgulhoso!

    Em uma entrevista de empregos você tem que se expressar na norma culta, mas se o chefe (ou a chefa, quem sabe?) Convidar você para ir a um barzinho? Você vai continuar cheio de formalidades? Vai é se passar por pessoa chata, babão ou presunçoso.

    E o falar diferente da norma culta é uma variação linguística sim, não adianta negar. Se não fosse assim, nordestinos falam errado, cariocas falam errado, gaúchos falam errado, pessoas das regiões mais longícuas do Norte, que usam muitas expressões indígenas, falam errado, moradores de redutos quilombolas falam errado… 95% do Brasil fala errado? Afinal, quem é que está errado nesta estória?

    Moyses Abbud Filho

    Já lecionei para o ensino fundamental, médio e superior. Em todos eles vi a língua portuguesa ser aviltada. Concordo com a visão de que existem variações e devem ser respeitadas, e vi também muito preconceito em relação ao falar (inclusive que mineiro fala errado pois fala UAI). Mas, concordo com a Ana Flávia- um profissional de educação falando "eu fez o trabalho com a turma"…ou "eu perdo tempo com isso"…é de doer. E isso porque o conhecimento que as pessoas têm em geral sobre o idioma é parco. Já vi uma doutora perguntar se a palavra milimetrado tem acento! O aluno que não aprende o mínimo sobre seu idioma, inclusive que ela fala a variação linguistica, pode ser um profissional de educação com dificuldades que serão repassadas (ou não elucidadas) aos seus alunos. No geral concordocom o autor do texto, porém devemos ir mais devagar nessa ampla aceitação do "erro"!.

    Jaque

    Mais uma que leu metade de meia página do livro, fala do Bagno como se fosse qualquer um escrevendo. Garota! – no seu perfeito português padrão – você está defecando pela boca…

Dr. Rosinha – deputado federal – PT Paraná » Livro didático x língua popular: Tese da velha mídia é motivo de riso para escritores, ao vivo na Globo News

[…] Discussão sobre livro didático só revela ignorância da velha mídia […]

Felipe Oliveira

É como disse um professor amigo meu:

"Se um jornalista não consegue entender meia página de um livro didático,
para que serve a norma culta?"

    Lulu

    Sensacional!!!

    Pra não falar dos jornalistas analfabetos funcionais que andam por aí trabalhando na grande mídia, atacando a língua culta com verdadeiras bazucas de ignorância.

Felipe Oliveira

O melhor texto publicado até agora sobre o assunto:
http://somosmulheresdefibra.blogspot.com/2011/05/

Zhungarian Alatau

O livro diz textualmente que a pessoa deve ter cuidado ao utilizá-la, pois pode sofrer preconceito linguístico. Então eu pergunto, qual o motivo de tanta celeuma? Quando eu falo "Nós vai ao cinema" eu tô falando que idioma? Chinês? Russo? Árabe?
O Sr. Bagno está coberto de razão. O nível de hipocrisia de nossa sociedade dita "limpinha" é absurdo. Fosse um Jânio Quadros a vociferar contra o livro, tudo bem… Mas quando isso parte da nossa velha mídia, que TANTAS impropriedades divulga todos os dias, aí o bicho pega…
Um exemplo maravilhoso: LULA: Fala errado, mas chega onde quer chegar. Ou seja, fala um português simples e se comunica de forma magistral. FHC: fala um português prolixo, mas em geral não chega a lugar algum. Puro embromation. E, quando diz alguma coisa, é pra insultar o Lula, o PT ou o próprio povo brasileiro.
Portanto, aos que se arvoram na tal "defesa" do idioma pátrio, procurem se informar melhor sobre como nascem e viscejam as línguas do mundo inteiro. E parem de defender o que conhecem pela cabeça dos outros.

Alan Resende

Faço uma observação: a palavra "oculus", no Latim, que que dizer "olho".
Então pergunto aos grandes letrados: se "oculi" representa o plural de "oculus" (ex: campus – campi), por que "óculos" tem de ser no plural?

    Emilio Matos

    Seguindo o mesmo "raciocínio", podemos perguntar: já que o Sol não é uma melancia, por que "gato" não é "tróquio"?

    Wildner Arcanjo

    Num intendi nadica de nada?? Desenhe por favor?

JOÃO PROTA

A "norma culta" é aquela que ensina aos alunos que deve se falar "eu a ela", mas ao colocar o pé fora da sala de aula todo mundo fala "eu vi ela". Então, meus caros, ou a tal "norma culta" se aproxima da realidade linguística brasileira ou sobreviverá apenas no linguajar dos pedantes imortais da ABL.

Luz

Sr, bagno, qual a diferença entre "tem transformado" e "transforma"?

Remindo Sauim

A grande imprensa brasileira é na verdade bem pequeninha se se nos basearmos no tamanho de sua massa cerebral. O pior é que pelos estados estados, professores eméritos e filólogos de plantão, que não leram o livro, acabaram dando palpites burros baseados na ignorância do pessoal do IG e da Folha. Este negócio de jornalismo não precisar de diploma está dando nisso. Burrice em cima de burrice. No caso do Palocci, também os meninos da Folha, Veja e Globo desconhecem o que é figura física e o que é figura jurídica, fazendo em suas críticas ao petista, uma salada igual a daquela humorista que só falava quando tinha muita certeza, claro isto depois de muitas burrices.

SERGIO FERNANDES

Que tal irmos ao Piantela ou a um restaurante de hotel 5 estrelas, sentarmos no chão, comermos com as mãos falarmos alto e com a boca cheia? Deixemos também que nossa fisiologia seja libertada com belos arrotos e sonoras flatulências. O senhor faria isso? Pois é isso que o senhor defende quando faz coro aos que agridem nosso idioma com a teoria absurda de que falar errado pode ser uma variação linguistica. Ah, sim, palavrões também fazem parte de nossa cultura e não devem ser reprimidos, nem quando ditos pelas crianças. Aguardo seu convite para o almoço, na presença da imprensa, é claro. Menos politicagem e mais respeito pelo país!

    GilTeixeira

    mais profundo que isso só o pires do meu cafezinho!

    Wildner Arcanjo

    Agora vamos fazer o seguinte: imagine que você está andando pela região do seridó, no meu RN. Em uma hora o seu carro quebra (por algum motivo) e você precisa de socorro. Vai a uma casa de um interiorano e pede uma água para ele, para beber. Ele traz a água em um copo de barro e a água é tirada de uma jarra de barro antiga, que possui uns peixinhos dentro para evitar o crescimento de larvas de mosquito e te dá para beber. Se você não bebe, quem é o mal educado na estória?

Jair de Souza

Para resumir, depois de ter lido o texto e todos os comentários, fica-me (gostaram, tucanalhas?) a certeza da grande sabedoria de nosso povo que, apesar de bombardeado permanentemente pela "sapiência" da tucanalhada e da máfia midiática, soube optar por um futuro mais promissor. Que triste seria se nosso povo continuasse submetido a tanta mediocridade, em tudo. Para a tucanalhada o suprasuma da sabedoria linguística deve ser o Pasquali Cipro Neto, aquele que nos ensina a falar certo. Eu acho que a cúpula tucanalha poderia ter escalado para esta discussão alguns de seus quadros mais inteligentes. Não dá para acreditar que eles não tenham ninguém com pelo menos alguma base de linguística. Também há linguistas reacionários. Com eles, a discussão teria algum sentido. Agora, com o time que a tucanalhada escalou para este jogo, a gente tem de passar todo o tempo desmascarando preconceitos. Nada de discussão teórica sobre a questão linguística.

daniel

Na verdade p texto é extremamente preconceituoso

vejam o trecho:

"Somente com uma abordagem assim as alunas e os alunos provenientes das chamadas “classes populares” poderão se reconhecer no material didático e não se sentir alvo de zombaria e preconceito. E, é claro,om a chegada ao magistério de docentes provenientes cada vez mais dessas mesmas “classes populares”, esses mesmos profissionais entenderão que seu modo de falar, e o de seus aprendizes, não é feio, nem errado, nem tosco, é apenas uma língua diferente daquela – devidamente fossilizada e conservada em formol – que a tradição normativa tenta preservar a ferro e fogo, principalmente nos últimos tempos, com a chegada aos novos meios de comunicação de pseudoespecialistas que, amparados em tecnologias inovadoras, tentam vender um peixe gramatiqueiro para lá de podre."

O autor do texto atribui o "erro" de se comunicar com a linguagem coloquial e suas variaçoes somente aos mais pobres e humildes

Na visão do autor isso é alvo de sarro , deboche e só os pobres cometem esse "erro"

    Emilio Matos

    E depois vem dizer que não é coisa de petista…

    André Magri

    Isso é o que dá viver numa sociedade democrática. Qualquer indivíduo, como os 2 aí em cima, pode opinar sobre um assunto como este, sem qualquer formação, teor argumentativo ou noção básica do que venham a ser língua, linguagem, gramática e variedade linguística.

    Desculpem-me, meus caros, mas vocês estão no lugar errado, fazendo a coisa errada.
    Tive uma ideia! Que tal vocês serem jornalistas ou repórteres, como o Reinaldo Azevedo, por exemplo?
    Talvez vocês consigam até uma vaga na VEJA – uma revista à altura de vocês.

daniel

nunca li tamanha bobagem

Sempre fui leitor do blog admiro muito o trabalho aqui.

Gostei da cobertura sobre a morte do bin landen ao contrario da grande midia mas desse jeito perde-se muito a credibilidade

é um absurdo o MEC defender esse tipo de coisa e o blog avalizar

estou decepcionado

FrancoAtirador

.
.
EVOCAÇÃO DO RECIFE
(Manuel Bandeira)

Recife
Não a Veneza americana
Não a Maurisstad dos armadores das Índias Ocidentais
Não o Recife dos Mascates
Nem mesmo o Recife que aprendi a amar depois –
Recife das revoluções libertárias
Mas o Recife sem história nem literatura
Recife sem mais nada
Recife da minha infância
A rua da União onde eu brincava de
chicote-queimado e partia as vidraças
da casa de dona Aninha Viegas
Totônio Rodrigues era muito velho
e botava o pincenê na ponta do nariz
Depois do jantar as famílias
tomavam a calçada com cadeiras,
mexericos, namoros, risadas
A gente brincava no meio da rua
Os meninos gritavam:
Coelho sai!
Não sai!
À distância as vozes macias das meninas politonavam:
Roseira dá-me uma rosa
Craveiro dá-me um botão
(Dessas rosas muita rosa
Terá morrido em botão…)
De repente nos longes da noite
um sino
Uma pessoa grande dizia:
Fogo em Santo Antônio!
Outra contrariava: São José!
Totônio Rodrigues achava sempre que era São José.
Os homens punham o chapéu saíam fumando
E eu tinha raiva de ser menino
porque não podia ir ver o fogo
Rua da União…
Como eram lindos os nomes
das ruas da minha infância
Rua do Sol
(Tenho medo que hoje se chama do Dr. Fulano de Tal)
Atrás de casa ficava a rua da Saudade…
…onde se ia fumar escondido
Do lado de lá era o cais da rua Aurora…
…onde se ia pescar escondido
Capiberibe
– Capibaribe
Lá longe o sertãozinho de Caxangá
Banheiros de palha
Um dia eu vi uma moça nuinha no banho
Fiquei parado o coração batendo
Ela se riu
Foi o meu primeiro alumbramento
Cheia! As cheias! Barro boi morto
árvores destroços redomoinho sumiu
E nos pegões da ponte do trem de ferro
os caboclos destemidos em jangadas de bananeiras
Novenas Cavalhadas
Eu me deitei no colo da menina e ela
começou a passar a mão nos meus cabelos
Capiberibe
– Capibaribe
Rua da União onde todas as tardes
passava a preta das bananas
Com o xale vistoso de pano da Costa
E o vendedor de roletes de cana
O de amendoim que se chamava midubim
e não era torrado era cozido
Me lembro de todos os pregões:
Ovos frescos e baratos
Dez ovos por uma pataca
Foi há muito tempo…
A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros
Vinha da boca do povo na língua errada do povo
Língua certa do povo
Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil
Ao passo que nós
O que fazemos
É macaquear
A sintaxe lusíada
A vida com uma porção de coisas
que eu não entendia bem
Terras que não sabia onde ficavam
Recife…
Rua da União…
A casa de meu avô…
Nunca pensei que ela acabasse!
Tudo lá parecia impregnado de eternidade
Recife…
Meu avô morto.
Recife morto, Recife bom,
Recife brasileiro como a casa de meu avô.
.
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Francisco De Olavo

Presidente Dilma, demita Antônio Palocci e chame Delúbio Soares para o lugar dele.

    Carmem Leporace

    É o mais indicado mesmo.

    Honesto, preparado, com bom trânsito na mídia, na política externa e na oposição.

    Corre a boca pequena que será anunciado em questão de dias.

Bruno dos Santos

Não sei se alguém postou isso aqui nos comentários, mas eu ouvi na segunda-feira à tarde uma "especialista" da CBN, que infelizmente eu não me recordo o nome, falar "Eu não vi o livro, mas….", logo após comentar o quanto era prejudicial para o ensino brasileiro o "abandono das normas cultas".
Ou seja, a moça não teve sequer o trabalho de pegar o livro e analisar!!
Como assim? Você faz um comentário ao vivo em uma rádio na posição de especialista e baseia seu argumento em ouvi dizer??
E esse o nível das análises do nosso jornalismo…

    Luciana Marques

    Nããããããoooooo!!!!!!!!!
    Vou ter que ler todos os livros do Paulo Coelho, pra saber que ele escreve mal.
    Aaaaaaaarrrrrrrrrgh!!!

    José Rezende Jr.

    Não tem que ler todos, mas precisa ler alguns, para formar a sua própria opinião. Caso contrário, fica refém dos "formadores de opinião".

Ricardo Silva

A julgar pelo jeito que esse cara usa estatísticas, pode-se ter uma idéia do quão profundos são seus conhecimentos de linguística. Diga aí, sabichão: na gramática "brasileira", é correto dizer "vocês é tudo uns inguinorante que morre de medo de padrão de medida"? Levar a sério a sugestão do MEC de debater esse assunto nas universidades com gente como esse Bagno é cair na armadilha do relativismo selvagem petista. Adeus, Bagno!

Carmem Leporace

Isso é coisa mesmo de um governo medícore, estamos vivendo o máximo da mediocridade deste país comandados por esse gente.

    GilTeixeira

    é "essa" gente, Leporace!

    El Cid

    vamos trollar, vamos trollar, vamos trollar!!

    Jair de Souza

    Faltava seu comentário "especialista", dona Leporace. Agora, sim, posso ir dormir tranquilo.

    Sergio

    Pobre nação que, capitaneada por esse governo medíocre, que tanto patrimonio tem dilapidado, corre p risco de ter também dilapidado um dos maiores patrimonios de um país. Sua cultura, sua identidade, seu idioma. Dizer que falar errado é normal e aceito, é como ensinar as crianças que xingar palavrões é bonito e faz parte de nossa cultura. Trocamos Rui Barbosa por Odorico Paraguaçu ou pelo proprio Lula, com suas frases infelizes e cheias desprovidas de cultura e correção. Esse senhor Bagno, com seu discurso pragmático e tendencioso, não passa de um analfabeto político a serviço do PT e que recebe salário custeado pelo erário para prestar um deserviço à nação. Faço minhas as sua palavras, prezada internauta.

    José Feitosa

    Você não serve de base, Essa concepção de variedade lingüística vem desde do governo tucano. E esta em todas as propostas do estado mais desenvolvido do país, São Paulo. Medíocre e o governo que você votou.

    José Rezende Jr.

    Carmem: "gente" é substantivo feminino, então, se vc defende a norma culta como a única possível, o correto seria "ESSA gente", e não "ESSE gente". Além diso, a concordância também ficou esquisita: se o sujeito é "país", o correto seria "comandado", no singular — a menos que sua intenção fosse dizer que "nós" somos "comandados". Mas aí caberia uma vírgula, não? E sugiro também um ponto e vírgula entre as duas orações. Acho que assim ficaria melhor: "Isso é coisa mesmo de um governo medíocre PONTO E VÍRGULA [nós] estamos vivendo o máximo da mediocridade deste país VÍRGULA comandados por ESSA gente". Posso estar enganado, porque não domino a norma culta, mas fica a sugestão. Ah, e o certo é "MEDÍOCRE", e não "MEDÍCORE", como vc escreveu (mas neste caso imagino que o erro tenha sido de digitação). Bom, por aí dá pra ver o quanto nosso idioma é complexo: precisei de dez linhas para corrigir os erros que vc cometeu em apenas duas linhas de texto… Um abraço.

Hantonio Gentiu

Por que que isso é preconceito se a opinião é formada depois da fala errada (errada não, alternativa…kkk)?
Daí não seria posconceito naum?
Ansim genti : o burro tá te olhando; achar que ele é burro só pela cara é preconceito.
Se ele zurrar aí vc já sabe que é burro mesmo e faz o pósconceito, certo?

Quemel

Caro Professor Dr. Bagno, salve!

Após ler sua explicações, senti um grande "alivío" em saber que nóis derrapa, mais nóis num freia…

Bração e boa $orte,
Quemel

    Claudio Sousa

    DR. Quemel e DR. Bagno, como dizia o Imortal sem Fardão (Ibrahim Sued) : Os cães ladram e a caravana passa e esquia. (dispensamos as aspas, devido os dois pontos — srs. críticos do PT). Tudo não passa de uma marcação cerrada ao governo bem sucedido do PT e ponto final.

FrancoAtirador

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Sugiro a leitura dos 2 artigos, abaixo linkados, especialmente aos paulistas e aos mineiros.

LINGUAGEM E IDENTIDADE CULTURAL CAIPIRA NO MUNICÍPIO DE MOSSÂMEDES: POR UMA NOVA CONCEPÇÃO ACERCA DA LINGUAGEM CAIPIRA
Por Andrey Aparecido Caetano Linhares

RESUMO: Há muito tempo que a educação oficial – em outros termos, regulamentada pelos órgãos do Estado – privilegia a cultura erudita, em detrimento da cultura popular. Tal postura contribui, de certa forma, para que muitos costumes, tradições e saberes consuetudinários sejam, invariavelmente, ignorados como formas autênticas e válidas de manifestações culturais. Este artigo trata da linguagem caipira – que é uma dessas manifestações culturais preteridas pelas instituições oficiais de ensino – e visa contrapor-se à concepção errônea e preconceituosa acerca dessa linguagem, bem como ressaltar a importância da mesma como um elemento marcante da identidade cultural caipira e, por extensão, como um valioso patrimônio da nossa cultura regional.

O DIALETO CAIPIRA: EXPRESSÃO NÃO REGULAMENTADA E RESISTÊNCIA
Por Walter Praxedes

As inúmeras formas de preconceito e discriminação existentes em relação ao dialeto caipira no Brasil são uma expressão viva da cumplicidade mantida com as línguas e culturas dominantes. Quando utilizamos como critérios de correção e elegância apenas as formas linguísticas orais e escritas de origem européia e faladas pelos estratos dominantes da sociedade brasileira, estamos sendo cúmplices com as instituições dominantes e legitimando a sua dominação.
Este artigo foi escrito com a intenção de contribuir para a “[…] criação de um contexto favorável aos marginalizados e oprimidos, para a recuperação da sua história, da sua voz, e para a abertura das discussões acadêmicas para todos” (Bonnici, 2000, p. 10).

No Brasil, desde o final do período colonial até o presente, o acesso privilegiado e a assimilação da língua dominante através do sistema escolar de ensino por parte das populações urbanas, historicamente se transformou em um mecanismo simbólico de distinção utilizado por aqueles que tiveram acesso à educação escolar, para se diferenciarem e distanciarem daqueles aos quais o mesmo acesso foi negado. Garantiu-se, assim, um melhor posicionamento dos primeiros na competição pelos melhores postos disponíveis no mercado de trabalho urbano e até rural, reservando para os falantes das formas de sobrevivência do dialeto caipira as ocupações de menor prestígio e remuneração, como as de agricultores, ajudantes, serventes, faxineiros, pedreiros, carregadores, ensacadores, domésticos, vigilantes, garis etc.

O predomínio político e a concentração da riqueza entre as classes e camadas sociais dominantes urbanas dos grandes centros, produziu o desprezo e a rejeição dos moradores urbanos falantes da língua dominante, principalmente por parte das camadas sociais formadas por trabalhadores intelectuais, em relação aos trabalhadores braçais rurais e suas formas de expressão, como atesta o tratamento depreciativo à linguagem caipira que sobrevive entre os moradores do campo de algumas regiões do Brasil e seus descendentes urbanos.
A violência simbólica legítima realiza, assim, uma brutal imposição de uma forma específica de comunicação, a linguagem dominante, tida como “culta”, contra os falares considerados deselegantes, incorretos, inadequados, vulgares, existentes no Brasil. Os trabalhadores intelectuais como professores, jornalistas, escritores, advogados etc., se consideram guardiões dos códigos linguísticos dominantes, escondendo que a sua autoridade é legitimada pela arbitrariedade com que as formas de falar e escrever “corretamente” são impostas sobre inúmeras outras formas de expressão. Nem é necessária a dissimulação da violência com a qual os praticantes de formas de expressão linguísticas desautorizadas são humilhados e excluídos socialmente. O que a quase totalidade dos trabalhadores intelectuais fazem questão de ignorar é que a redução de todas as formas de se comunicar, orais ou escritas, a uma forma única, tida como correta e elegante, leva a um empobrecimento da capacidade de comunicação humana e de expressão de significados, negando reconhecimento a algumas formas de expressão identitária. As expressões linguísticas são ilimitadas, infinitas e mutáveis e a princípio não haveria razão para aceitarmos que só uma forma de expressão deva ser privilegiada.
Ocorre, no entanto, uma relação de forças entre as formas de expressão linguísticas dominantes e autorizadas, e os falares marginalizados pela dominação cultural representada pela imposição de uma forma única e legítima de uso padronizado da língua portuguesa, que chega ao ponto de emudecer os não praticantes desta forma de comunicação padronizada, e assim perdem a voz, ou renunciam à própria fala alegando para si mesmos que “não sabem falar”.

http://www.espacoacademico.com.br/073/73praxedes….
http://www.proec.ufg.br/revista_ufg/agro/T34_ling

luiz pinheiro

E tem mais: quem começou toda essa bandalha contra o bom português foi o analfa do Guimarães Rosa, que nunca aprendeu a escrever direito.

    Coralina

    Muito bom, Luiz! Aliás, temos vários brasileiros analfas como Jorge Amado, Manuel de Barros – e a lista vai longe – que não depreciam em seus personagens a dignidade humana, por suas linguagens nativas. Ao contrário, brincam, vibram com elas e as valorizam; a linguagem também constitui o processo sociohistórico.
    Os/as incomodados/as com o livro do MEC devem ser os/as mesmos que ainda não acreditam COMO puderam ter um presidente 'analfabeto'.

    Lulu

    o último "anarfa", ainda vivo, é o Mauricio de Souza, que com aquele "caipira preguiçoso e anarfabeto" fica ensinando nossas criancinhas a falar errado! Vamos fazer uma grande fogueira com os gibis da Monica e do Cebolinha!!!

    Jane

    Você não tem propriedade para fazer tal comentário. Guimarães Rosa era extremamente culto. Ele sabia muito bem o nosso português e muitos outros idiomas. Talvez você não tenha capacidade de compreender obras como as de Rosa. Você não devia ter postado nenhum comentário, pois, não conhece nada sobre linguística, variação linguística e nem mesmo sobre literatura.

Marcelo

Enfim o bom senso . É irirtante ver pessoas opinando sobre um livro que não leram .

Maria S. Magnoni

Caros,
Engraçado, esses mesmos que tanto "ladraram" não usam mais o nosso querido subjuntivo, sabem aquele clássico " ele quer que eu vá", ao invés do popular " ele quer que eu vou"? Pois é, quando me dou o desprazer de assistir a Rede Globo, por exemplo, meus ouvidos "notam" que até nos diálogos de suas novelas essa forma verbal desapareceu. Assim sendo a Rede Globo tbém é criminosa, não?
Abs

GilTeixeira

Os que ainda defendem que o livro está ensinando errado proponho um curso de interpretação de texto. Na verdade eles estão com problemas de achar o que falar mal, então qualquer coisa serve mesmo estando completamente equivocados, o que importa é ter sobre o que falar mal. Pra esse amontoado de antas dou de barato a resposta de quando eu era criança e colocava o plural fora de lugar: Você entendeu, então não complica. O mais louco é que o maior educador brasileiro, se vivo fosse, assinaria embaixo esse capítulo do livro. O que aliás está dentro de sua filosofia educacional. Que falta você faz Paulo Freire!
Tem hora que dá vontade de escrever um palavrão! Como bem definiu o Edu guimarães: Vão se sodomizar, vão!

Aline C. Pavia

Engraçado que os trolls se esquecem que o MEC orienta a "não corrigir" desde 1997.
A política do MEC passou, portanto, por FHC e na época dele não se falou nada.
Mais um factoide para alimentar os trolls acéfalos da oposição, ruminantes de boçalidades e multiplicadores de raciocínios vazios.

Falem da Petrobras! Falem da inflação! Falem do voto distrital! Falem dos passaportes! Falem do Palocci! Falem do Strauss-Kahn!!

Tem factoides à vontade, sabores a escolher.

    Tróu

    Do Palloci não. O Capo disse que ele é inocente.
    Nem vocês falem nada, pois a Martaxa do Aeroporto disse que ele não é "peçoa" comum.

Heitor Rodrigues

Azenha, Conceição,

No Cloaca News, há um texto espetacular sobre o tema, escrito pela linguista Daniela Jakubaszko. Se o artigo de Marcos Bagno rendeu esta celeuma, a Daniela fará uns e outros por aqui cortarem os pulsos.

José Flávio

Tem muita gente neste país, dando pitacos sobre educação sem sabem de fato o que se passa em sala de aula. Antes dessa gente falar dos livros precisam se perguntar quantos alunos estão enfiados em uma única sala? Quais são as condições a que são submetidos tais alunos? Quanto ganha um professor que atende a 50 alunos em uma única sala de aula? entre essas, existem outras questões para serem respondidas pela grande imprensa e pelos governos de todas as esferas.

Morvan

Boa tarde.
Algumas coisas precisam ser melhor estudadas, cotejadas, no presente trabalho do sr. Bagno, à guisa de evolução da discussão.
Primeiro, não podemos perder o foco da riqueza da discussão do tema pelo fato de o PIG ter pego o assunto como mote antiGoverno (o PIG vai utilizar tudo que estiver à mão, para isto – não tenhamos ilusões).
Segundo, a gramática é conservadora (temo que não poderia ser diferente, por uma questão de necessidade de referencial). Ou seja, alguém precisa nos dizer o que é – gramaticalmente – correto ou não, à luz de um parâmetro, que o seja!
O que parece discricionário é cometer a violência simbólica de menosprezar a fala corrente das pessoas do povo e isso os próprios autores do livro em tela deixam bem claro não ser a intenção.
Não tiremos de foco de que só nos compreendemos graças ao conservadorismo dos gramaticistas (se todos escolherem seus signos, a verdadeira barbárie estará aí, cavernas à vista.).
Também não defendamos (sem querer, penso!) que os pertencentes à elite falem uma língua e o povo fale uma outra [língua] como forma atroz de dominação daquela classe ante esta (lembra-me bastante o duplo discurso, na escola, de Baudelaire).
Trocando em miúdos, à guisa de celeridade, que a norma culta (assim chamada) seja oportunizada a todos, sem menosprezo da língua do povo. Mas, deixando bem claro: sem discurso duplo, por favor. Exprimir suas ideias de forma bela, elegante e clara não parece ser um atributo de determinada classe social. É um direito de toda a sociedade. E viva a língua portuguesa do Brasil.

Morvan, Usuário Linux #433640

    XYZ

    Nossa… Seu texto é muuuuuito mal escrito: cheio de palavras pomposas, super formal, chato, pouco fluente e por aí vai. Eu quase não consegui terminar de ler de tão chato. E tá todinho na norma culta! Quer dizer: de que adianta seguir a norma padrão, se o texto vai ficar uma droga do mesmo jeito?

Uélintom

Primeiro querem levar o Metrô para Higienópolis, e meter a gente diferenciada no meio da high society.

Agora, querem levar a fala popular para o mundo da letra impressa, e meter a gente diferenciada no meio da great academic mind.

Que horror!

Acreditam que sejam cidadãos com direito de ir e vir, e também crêem que suas expressões linguísticas possuem estruturas lógicas!

Só falta dizerem que somos todos iguais! Aí, não, já é demais.

    Jair de Souza

    Cuidado com a maneira de se expressar, Uélintom. Se algum dos gramaticaleros que aparecem pelo blog ler isto pode interpretar ao pé da letra e achar que você é "mais um deles". Se eles não conseguem nem interpretar um texto normal, quanto mais um que faça uso de ironia!

    Pandora

    Ué, e não somos todos iguais?

marcelo

Isso é coisa de petralha analfabeto.
Cruz credo!!

Gabriel Vaz

Achei seu texto muito pertinente Marcos. Gostei muito da discussao.
Acho que ultimamente tornou-se mais necessario refletir sobre como a mídia vem abordando assuntos tao importantes para nossa educacao.
A meses atras, ouvi de uma apresentadora do Jornal Hoje (acredito) na Globo, referindo-se a um livro que utilizava linguagem de registro coloquial e vulgar, além de apresentar em sua narrativa personagens esteriotipados de bandidos e traficantes. A apresentadora entao dizia algo como: "acho que é problematico oferecerem essa literatura na escola, pois isso incitaria as criancas a usarem drogas e armas, e se comportar como bandidos".
Na epoca enviei vários e-mails atraves do "Fale conosco" do G1, argumentando que se uma crianca fosse tomar exemplo desses comportamentos, antes do livro já tem o mundo em que ela vive. Nao que eu acredite que tudo o que a crianca faz é porque é espelho do mundo, mas enfim. Disse que a proposta do livro parecia ser abrir espaco para discutir em sala de aula essas questoes com as criancas, e nao incita-las (obvio). Nao fui ouvido.
Acho que nao só a grande midia nao sabe nada de educacao e comenta no discurso do senso comum, como contribui para a cultura do senso comum e do preconceito.
Por isso, acho que temos que investir nessa discussao para descristalizar esses mitos, no discurso da midia principalmente, que desqualificam processos de transformar a educacao.

Gerson Carneiro

Qual é o livro que é adotado em São Paulo aonde se fala "dois carro" e "dois pastel"?

    Roberto Locatelli

    É pior ainda, Gerson: aqui se fala "um chopps e dois pastel".

    Gerson Carneiro

    Então Roberto, segundo os jornalistas e "analistas" do PIG, em Sun Palo tá todo mundo falando errado e ninguém nunca denunciou o livro adotado nas escolas de Sun Palo. Contraditório, não?

    Não pode falar "um chopps e dois pastel" mas o povo de Sun Palo fala.
    Ara istá! Tá virado no mói de coentro.

    Carmem Leporace

    Palocci todo enrolado e caindo de podre e vocês aqui nesse papo furado…

    A coisa tá pegando tocadores de tuba a soldo.

    Tchau tocadores.

    Gerson Carneiro

    Problema dele. Quem mandou ir à festa da Folha?

    Uma coisa: explica como Aécio Neves que jamais teve emprego mas tão somente cargos públicos é detentor de uma frota de carros no valor de dois milhões, além de outros bens?

    Como o José Serra acumulou patrimônio sendo filho de feirante?

    Pan

    Sun Palo está errado porque diz respeito à modalidade ESCRITA da língua… E especificamente neste caso, trata-se de norma de ORTOGRAFIA. Agora dizer que falar de um jeito ou de outro é dizer que falamos errado todos os dias. Por exemplo, quantas pessoas pronunciam o R no final das palavras?

    marcelo

    mamãe sabe.

    Leider_Lincoln

    Deve ser o que mostra "dois Paraguai"…

    Gerson Carneiro

    O professor Leider chutou o barde.

    Leider Lincoln

    A vaca foi pro brejo [que se formou num dos alagões do Çerra/Chushu e do Aquassab] memo, então nóis tem de chutá, num tem?

    Aline C. Pavia

    E "um chopes"

    FrancoAtirador

    .
    .
    Deve ser aquele que tinha 2 Paraguais e nenhum Equador.
    .
    .
    Livro traz dois Paraguais e exclui Equador nas escolas de São Paulo
    17 de março de 2009 | 12h 12
    Um livro de geografia usados nas escolas públicas do Estado de São Paulo traz dois Paraguais e exclui o Equador de um mapa da América do Sul.

    O erro aparece tanto nos livros distribuídos aos alunos quanto nos destinados aos professores.

    O livro é usado pelos alunos do 6º ano do Ensino Fundamental.

    O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), garantiu que os livros de geografia com erros distribuídos pela Secretaria da Educação do Estado serão recolhidos e repostos.

    http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,livro-tr

    Nota: Por determinação do Governador José Serra os livros de geografia foram devidamente substituídos por outros contendo o mapa da América do Sul com 7 Colômbias e 2 Chiles.

    Coralina

    A-d-o-r-e-i, Gerson!

FrancoAtirador

.
.
Curvas do Rio

Composição : Elomar Figueira de Mello
Vocal: Xangai (Eugenio Avelino)

Álbum: Parcelada Malunga (1980)
Instrumentais: Zé Gomes / Elomar / Xangai / Heraldo do Monte / Arthur Moreira Lima http://peregrinosdosertaoprofundo.blog.br/?p=38

Vô corrê trecho
Vô percurá u'a terra
preu pudê trabaiá
prá vê se dêxo
essa minha pobre terra
véia discansá
foi na Monarca
a primeira dirrubada
dêrna d'intão é sol é fogo
é tái d'inxada
me ispera, assunta bem
inté a bôca das água qui vem
num chora conforma mulé
eu volto se assim Deus quisé

Tá um apêrto
mais qui tempão de Deus
no sertão catinguêro
vô dea um fora
só dano um pulo agora
in Son Palo Tring'Minêro
é duro môço
êsse mosquêro na cozinha
a corda pura e a cuia sem
um grão de farinha

A bença Afiloteus
te dêxo intregue
nas guarda de Deus
Nocença ai sôdade viu
pai volta prás curva do rio

Ah mais cê veja
num me resta mais creto
prá um furnicimento só eu caino
nas mãos do véi Brolino
mêrmo a deis pur cento
é duro môço
ritirá prum trecho alei
c'ua pele no osso e as alma
nos bolso de véi

Me ispera, assunta viu
sô imbuzêro das bêra do rio
conforma num chora mulé
eu volto se assim Deus quisé
num dêxa o rancho vazio
eu volto prás curva do rio.

[youtube Z7VOrkTaKCI http://www.youtube.com/watch?v=Z7VOrkTaKCI youtube]

    Miguel

    -Nonada. Tiros que o senhor ouviu foram de briga de homem não, Deus esteja. O senhor ri certas risadas… Olhe: quando é tiro de verdade, primeiro a cachorrada pega a latir, instantaneamente – depois, então, se vai ver se deu mortos. O senhor tolere, isto é o sertão. Uns querem que não seja: que situado sertão é por os campos-gerais a fora a dentro, eles dizem, fim de rumo, terras altas, demais do Urucaia. Toleima. Para os de Corinto e do Curvelo, então, o aqui não é dito sertão? Ah, que tem maior! Lugar sertão se divulga: é onde os pastos carecem de fechos; onde um pode torar dez, quinze léguas, sem topar com casa de morador; e onde um criminoso vive seu cristo-jesus, arredado do arrocho de autoridade. O Urucuia vem dos montões oestes. O gerais corre em volta. Esses gerais são sem tamanho. Enfim, cada um o que quer aprova, o senhor sabe: pão ou pães, é questão de opiniães… O sertão está em toda parte. (João Guimarães Rosa – Grande Sertão: Veredas)

Pardalzinho

O que ninguém diz é que as línguas latinas são TODAS oriundas do LATIM VULGAR, o latim falado pelos soldados romanos que, de fato, falavam a língua do povo. Cada uma dessas línguas (francês, italiano, espanhol, romeno e português) foram evoluindo do "romance" para o que são hoje faladas por quem mantém uma língua viva, o povo.

O conceito de norma culta tem o viés totalmente social; gramáticos foram criando regras para que determinadas classes as dominassem e a usassem como instrumento de poder. Mas, francamente, por que essa discussão tola se a única razão que motiva a mídia é tentar denegrir Lula? Ainda não conseguem engolir que um semi-letrado pudesse ser o melhor Presidente que este país já teve. E isso sim, é imperdoável…

    H Aljubarrota

    Bem lembrado, Pardalzinho. E também não podemos nos esquecer que já tivemos um gênio da gramática como Presidente da República, e deu no que deu. Mas disso o PIG não trata; aliás, nossos grandes jornais apoiaram entusiasticamente a Ditadura que aquela nefasta nos trouxe ao Brasil.

Nilvan

Por que a globo não tira do ar os personagens de suas novelas que falam "caipira"; já que eles não utilizam o idioma corretamente. A critica infundada dá nisso!

    Klaus

    Nilvan, a crítica se refere a ENSINAR errado, não em FALAR errado. Além de gramática, faz-se necessário intensificar o estudo de interpretação de texto. Vale para outros aqui, inclusive o articulista.

    Roberto Locatelli

    E quem disse que novela não ensina. Ensina, sim! E os quadrinhos do Chico Bento também.

    Gerson Carneiro

    Aliás sobre isso recai outra polêmica: por que na cabeça de muita gente não se pode falar sobre homossexualismo na escola, sendo que em casa a televisão fala sobre o que quiser falar?

    Esbravejam em relação à possibilidade do assunto ser discutido na escola (que é local adequado para Educação); mas são indiferentes em relação a tudo quanto é porcaria que a televisão ensinba dentro de casa.

    Essa eu também não estou compreendendo.

Ingrid Carvalho

Enfim, um especialista falando sobre o assunto! Leiam Irandé Antunes, Marcos Bagno para daí sim, TENTAR falar com propriedade do assunto!

Sergio

É mais má-fé do que ignorância: alguns dos nossos gênios do jornalismo perceberam o potencial de polêmica na matéria mal feita, detonando o livro. Mesmo nessas reportagens é mostrado que o livro ensina SIM a norma oficial, apenas apresentando também exemplos da língua falada sem repreender os "incultos" (claro, porque a cultura das classes de baixo não é reconhecida como tal), e ensina inclusive a distinguir uma coisa da outra.

Garantia de páginas de jornais e minutos na TV e rádio sem muito esforço. Se esses noticiosos fossem vendidos pelo preço que valem, já teriam ido à falência há um bom tempo.

Gerson Carneiro

Não vi esses mesmos jornalistas e "analistas" se indignarem perante o livro dos dois Paraguais e o livro de conteúdo pornográfico distribuído pela Secretaria de Educação do Estado de São Paulo.

    Klaus

    Por outro lado, por aqui todos se indignaram com os dois Paraguais e não se indignaram com o livro de português. Percebeu?

    Gerson Carneiro

    Porque há uma distorção no discurso dos jornalistas e "analistas" do PIG em relação ao assunto abordado no livro. A interpretação do fato alardeada por tais jornalistas e "analistas" não corresponde ao objetivo do "erro" proposital abordado no livro.

    E no caso dos dois Paraguais e do conteúdo pornográfico dos livros distribuídos pela Secretaria de Educação do Estado de São Paulo não foram erros propositais.

    Leider_Lincoln

    Talvez seja por que há uma norma na LDB (Lei 9394/96, antigo Substitutivo Darcy Ribeiro) que sustenta LEGALMENTE a posição do MEC, enquanto não existem dois Paraguais… Que tal, Klaus?

    Lazlo Kovacs

    É que o problema fundamental do post é a discussão em torno da variação linguística. Abraço.

Ignez

(Continuação) Eu gostaria de perguntar: e os livros que o governo Cerra distribuiu em escolas paulistas com erros de informação sobre o mapa do Brasil? E os que foram criticados (recolhidos?) por insinuarem conteúdos eróticos para crianças? Ah! é bom lembrar que o tal livro do MEC criticado não se destina a crianças. Para finalizar lembro que as falas do "sociólogo dos príncipes" – FHC – são extremamente confusas, quando não contraditórias. Além de preconceituosas. O PIG e os arrivistas demotucanos continuam a forjar aramadilhas difamatórias contra as ações do governo. Agora, o da presidenta Dilma.

yacov

Acho que a língua é uma coisa viva e as alterações ocorrem e vão se incorporando naturalmente. O que não pode é patrulhamento… Agora, existe uma forma popular de comunicação e um forma erudita, sem a qual todo o esforço documentar e catalogar fica sem sentido. Já pensou de cada um arquiva e documenta as coisas da forma que acha certo??? Que confusão!!!

"O BRASIL PARA TODOS não passa na glOBo – O que passa na glOBo é um braZil para TOLOS"

Ignez

O PIG e – pasmem – até a ABL se "posicionou" sobre o livro distribuído pelo MEC. Na verdade, em entrevista concedida à CBN – uma das primeiras rádios a "sentar o cacete" (dá para entender?) no livro – uma professora desafiou a qualquer um provar que o livro "ensina a falar errado". Ela dizia, entre outras coisas, que o conteúdo pinçado (maldosamente) tem como propósito era mostrar a diferença entre a linguaguagem "vulgar" e a linguagem "culta". E citou que até mesmos jornalistas e doutores cometem erros de português ao falar. Citou Adoniran Barbosa e até a "Semana de 22" – quando poetas e escritores decidiram romper com os arcáicos grilhões da língua portuguesa. Referiu-se ao Museu da Língua Portuguesa para falar da evolução da língua. E abordou até a questão do preconceito linguístico contra nordestinos. Enfim, foi uma entrevista clara, concisa e completa.

Jandir

…DEMAIS A MAIS A LÍNGUA DE UM POVO/CULTURA É A LÍNGUA FALADA E NÃO A LÍNGUA ESCRITA….MAIS ESCLARECEDOR DO QUE O ARTIGO DO MARCOS BAGNO IMPOSSÍVEL…. É COISA DE GENTE QUE NÃO TEM O QUE ESCREVER OU MELHOR FALAR….RSRSRSR

Yacov

Essa manézada do andar de cima é um porre, rapá!!!! Falar "nóis vai", "nóis pega", "dois pastel e um chopp" é condenável, mas falar "você perdeu o seu time", "fazer o link com a pista", "startar a operação", eles acham lindo, não é mesmo "my dear"!?!? Com o perdão da palavra, mas: "Vão catá lata seus meleka, metido a besta!!"

"O BRASIL PARA TODOS não passa na glObo – O que passa na glOBO é um braZil para TOLOS"

Adilson

continua..
Mas daí a negar o dinamismo da lingua, sua interação com a cultura local , trasnformação evolução e adaptação, principalmente nas camadas populares que são riquissimas em se apropriar e recriar formas interessantes de se comunicar ..isso sim é a verdadeira ignorância, desses senhores e madames, magistrados, acadêmicos reais e jornalistas metidos a b..

A mídia distorce, a professora (MEC) não propõe a institucionalização da incorreção gramatical, mas uma forma de aproximação emocional, mais humana com a nossa lingua, que é falada por pessoas, gente de carne e osso e não por " essas máquinas elitistas e colonizadas".

Aproximar, pra depois sim trazer outra abordagem..simples! Mas, lembrando Raul Seixas, o espírito da arrogancia intecetual nacional do "Todo mundo explica tudo…" é invencível, aí realmente fica brabo..

Adilson

"Espero a chuva cair de novo pra mim voltar pro meu sertão" (Luiz Gonzaga)

Está duro assistir a esse bombardeio na imprensa dessa forma tão mediocre . O ataque mais pesado, claro, vem do jornal dos Marinho. Não poderia deixar de ser, O Globo, mais do que qualquer outro veículo de comunicação é o que mais sabe falar a linguagem da elite, culta, diferenciada e elegante dos salões brasileiros..

Penso que é preciso encontrar um equilibrio nisso. Eu confesso que sou mais radical, entre a gramática e a linguistica fico com a segunda sem pestanejar. Pra mim é tudo uma palhaçada..Eu quero é entender como a pessoa se expressa e pronto. Passou o recado meu amigo, tá tranquilo. Mas sei que a vida não é assim…fazer o quê.

José F4k3 S.

Acho que o Marcos Bagno está sendo ingênuo. É só o PIG fazendo seu trabalho.

EUNAOSABIA

Isso aí é uma tentatvia de justificar a escolha deliberada pela ignorância e sua glamourização, que certos tipos fizeram ao longo da vida.

    P Pereira

    Não sabia e não leu o livro.
    “Quem condena como coisa errada o modo de falar ou a língua do jeca revela-se curto de miolo. Os modos de variação duma língua são fenômenos naturais, e não há erro nos fenômenos naturais. Erro é coisa humana. Temos de estudar essas variações em vez de tolamente condená-las, pois condená-las equivale, por exemplo, a condenar os anéis de Saturno em nome dos planetas que não tem anéis.” (Monteiro Lobato, em ”Prefácios e Entrevistas”) http://sergioleo.opsblog.org/2011/05/18/lobato-en

    o livro: http://www.acaoeducativa.org.br/downloads/V6Cap1….

Igor de Oliveira

E adianta discutir. Essas pessoas seguem um dogma religioso. Não adianta você dar evidências e mais evidências que elas continuam achando que está "errado". Não adianta você mostrar que elas nunca repararam na atendente das operadoras de telefonia dizendo "o número que você ligou está fora de área" (o "correto" seria "o número para o qual…"), que elas continuam achando que a língua, de verdade, está no Bechara, no Rocha Lima e outros mais. O pior é que querem ser mais reais que a realeza, mas gramatiqueiros que os próprios gramáticos.

O outro problema, a meu ver, é que todo mundo se acha no direito de meter o bedelho em língua portuguesa. Nunca vi ninguém tentando, sem procurar um especialista, reclamar de um livro de física, ou biologia, mas língua portuguesa… Acho que deve ser essa nossa tradiçãozinha bacharelesca que se acha sabedora de tudo.

Klaus

Jair de Souza: "os livros" está CERTO, "os livro" está ERRADO. Pode escrever um tratado, mas não há como se fugir. Tem que dizer que o correto é um e o errado é outro. Existe o certo, existe o errado. Mais uma vez, conseguiu-se ideologizar uma questão. Vocês conseguem fazer isto até com uma receita de bolo ou um sanduíche de muçarela.

    Jair de Souza

    Já havia feito uma recomendação para que você treinasse sua habilidade em interpretação de textos. Agora, devo dizer que você vai precisar de um curso intensivo e prolongado. Seu caso é grave. Você não se dá conta (ou melhor, até se dá conta, mas finge que não) que a linguagem é o que de mais ideologizado pode haver. É através da linguagem que nós passamos nossa visão de mundo, nossos preconceitos, nossas intolerâncias e tudo mais. Não vi em nenhum dos comentários ninguém dizendo que os alunos devem permanecer limitados às normas que eles dominavam antes de chegar à escola. O que está sendo dito é que eles devem saber que a adoção da norma culta é uma questão social e variável. Nada tem a ver com certo ou errado. Consegue entender, ou vai ser preciso fazer umas figurinhas ilustrativas também?

    Klaus

    Acho que vai precisar de figurinhas ilustrativas também. Neste seu discurso, onde está a justificativa para a informação passada ao aluno que sim, ele pode falar "os livro". Em que situação é adequado que eu ou você falemos errado?

Gustavo Pamplona

Pessoal… acordem!

Estão criando uma "celeuma" somente porque muitos de nós criticaram os PÉSSIMOS livros didáticos das escolas paulistas e eles apenas revidaram as críticas. Eles não podiam deixar barato.

É a filosofia: Olho por olho, dente por dente.

Eliane

O que faremos com as obras de Patativa do Assaré, Manoel de Barros e Guimarães Rosa, entre outros, se a bandeira do PIG contra o MEC virar lei?

    Klaus

    A bandeira do PIG já é lei. Chama-se gramática.

    Leider Lincoln

    Na verdade, lei mesmo, é a 9394/96, que dá sustentação à posição do MEC, mas não à sua…

Klaus

Então fica assim: às crianças pobres que frequentam a escola pública ensina-se este português rudimentar; àqueles que são remediados que frequentam a escola particular o português correto. Deixa que a vida se encarregue de dizer quem está certo ou errado nesta questão. E eu que sempre achei que a esquerda fosse a favor dos mais pobres e a direita branca demo-tucana-paulista é que os desprezasse…Pra escola pública qualquer coisa serve.

P.S. Falar " os livro" é ERRADO.

    Rogério Viana

    Klaus, você é um exemplo do analfabetismo funcional do Brasil. Não compreendeu as ideias do texto, só juntou as sílabas pra ler as palavras.

    Gabriel Vaz

    Klaus,

    Vejo que voê não compreendeu a inteligência do texto de Marcos. Sugiro que leia novamente.

    Gerson Carneiro

    Klaus,

    Você pode sim falar "Pra escola pública qualquer coisa serve". Isso é o português coloquial.
    Mas quando você Klaus, que eu suponho ser um "remediado que frequentou a escola particular" (diante da correção que você aponta em seu comentário com P.S.) for escrever formalmente, você deve escrever assim: "Para a escola pública qualquer coisa serve".

    Há outro erro em seu comentário: você escreveu "àqueles que são remediados…" quando deveria ter escrito "àquelas…" uma vez que você se refere às crianças.

    Daí a importância da abordagem trazida pelo livro que o PIG ora ataca.

    Klaus

    Gerson, falar errado pode, escrever errado pode, o que não pode é ensinar errado.

    Mais uma vez: OS LIVRO é ERRADO. E no livro diz que pode faãr assim. Pode, claro que pode, tudo pode, até escrever ÇUCESSO assim. Mas é errado.

    Gerson: sou filho de dona de casa e carteiro. Fiz o jardim, o primario, o ginásio e o segundo grau em escola pública. Fiz a faculdade numa particular. Hoje sou remediado, depois de 28 anos de trabalho.

    Gerson Carneiro

    O problemas Klaus é que você está partidarizando a questão. Absorvendo totalmente o discurso do PIG. Lá em cima no teu comentário você chega a levar a questão para a seara da esquerda ser ou não a favor de pobre. Isso não tem nada a ver. Daí você vem de uma forma que eu interpretei arrogante querendo ensinar que "P.S. Falar ' os livro' é ERRADO". Óbvio que é errado. Ninguém está afirmando que falar "os livro" é correto. Não é essa a questão.

    Em tempo: sou o 9º filho de uma dona de casa com um dono de bodega, de um total de 11 filhos e mais um genérico por parte de painho. Sempre estudei em escola pública. Não fiz "o jardim", já fui logo para a 1ª série aos 7 anos de idade. Apenas faculdade fiz particular. Se for para disputar campeonato de miserê, acho que eu ganho :)

    Klaus

    O problema Gerson é que vocês está partidarizando a questão. Absorvendo totalmente o discurso da blogosfera independente.

    P.S Sobre o miserê, aí vamos ter que decidir como será a pontuação. geladeira lá em casa só apareceu quando eu tinha dez anos…rs

    Gerson Carneiro

    Você já viu o vídeo do menino que chorou de medo quando o repórter mostrou a ele uma pedra de gelo? Aquele menino sou eu.

    No Natal painho distribuía um sonrisal para cada um dos onze filhos para fingirmos estar bebendo champagne.

    Pode parar Klaus. Você na minha cidade quando criança seria o filho do prefeito. Tinha até geladeira.

    Leider_Lincoln

    Você dá aula em que escola, Klaus? Se licenciou por que universidade?

    Klaus

    Nenhuma. Só aqueles que são contrários à questão é que precisam ser pedagogos? Não vi este questionamentro seu para os outros debatedores favoráveis ao seu ponto de vista. Diz muito sobre você e seu conceito democracia. O fato de ter feito mestrado não lhe põe nesta questão num nível acima do meu.

    Júlio

    Meu deus do céu, criatura, onde é que está escrito no raio do livro que a variante popular (ou "português errado", como preferir) deve ser ensinada nas escolas? Dá uma lida no tal capítulo em questão, leia o texto acima do prof. Marcos Bagno e depois volta aqui, porque você não leu nenhum dos dois. Se já leu, então me desculpa, mas és analfabeto funcional.

    Helenice

    Essa não é uma questão de escola pública ou privada. É uma questão de se fazer os alunos entenderem, de forma científica, o que é a linguagem, como funcionam as línguas, enfim, é dar a eles (alunos pobres ou ricos, pretos ou brancos, nortistas ou sulistas) o direito de saber que a língua que eles falam não é algo petrificado, que, contrário do que muitos pensam, o natural em qualquer língua é que ela varie em função das diferenças entre regiões, classes sociais, níveis de instrução etc.
    Para que servirão essas informações? Primeiro, para ajudá-los a ir além do senso comum, em termos de compreensão da linguagem; depois, para fazê-los perceber que, para se aprender uma língua, o importante é adequar as formas linguísticas às circunstâncias de uso. Nas línguas, não há o correto e o errado em absoluto; o que há é o adequado e o inadequado a cada situação, e a escola deve criar variados contextos de uso da linguagem, se o que importa é fazer o aluno desenvolver sua competência discursiva.
    Essa polêmica não existiria, se os senhores da mídia (formados em comunicação!) tivessem conhecimentos mínimos de uma ciência chamada Linguística.

    Klaus

    Ok, Helenice, então em que situação eu, você ou Azenha devemos usar "OS LIVRO" ou "NÓS PEGA O PEIXE"?

    Helenice

    Nós (você, ele e eu) certamente não escrevemos assim, mas eu, pelo menos, que sou cearense (com muita honra), certamente falo assim em situações do cotidiano, porque isso faz parte do dialeto da minha região. Do mesmo modo, algumas pessoas do Sudeste usam um hiato em gratuito (falam "gratuíto"), o qual, apesar de não ser nenhum pecado, não é abonado pela gramática normativa. Isso me soa estranho, mas nem por isso eu acho que as pessoas não sabem falar. Acho mesmo é interessante comparar os falares e verificar a riqueza linguística do país.
    De minha parte, se vou, por exemplo, apresentar um trabalho em um congresso, com certeza vou ficar atenta aos esses finais, mas não vivo me policiando, na minha interação com as pessoas, em situações informais.
    O que temos mesmo de defender, meu amigo (permita-me tratá-lo assim), é que os alunos leiam muito, produzam textos "eficientes" do ponto de vista da retórica, tornem-se falantes proficientes, capazes de modular a linguagem e adequar o discurso às diversas situações de uso. O interessante é que quando a escola promove essas oportunidades, eles (os alunos) pesquisam nas gramáticas, discutem as regras, tiram as dúvidas com o(a) professor(a), veem, enfim, uma utilidade para o estudo da língua.
    Essa não é uma questão de escola pública ou privada. É uma questão de se fazer os alunos entenderem, de forma científica, o que é a linguagem, como funcionam as línguas, enfim, é dar a eles (alunos pobres ou ricos, pretos ou brancos, nortistas ou sulistas) o direito de saber que a língua que eles falam não é algo petrificado, que, contrário do que muitos pensam, o natural em qualquer língua é que ela varie em função das diferenças entre regiões, classes sociais, níveis de instrução etc.

    Helenice

    Só esclarecendo: assumi que posso usar estruturas como "os livro", deixando de pronunciar o "s" final. Já a forma "nós pega" não faz parte do meu dialeto. Mas o interessante é que as crianças que falam assim, quando entram em contato com a língua escrita, têm uma tendência a substituir essa forma por nós pegamos". Já existem pesquisas mostrando que isso acontece. O problema é que a escola gasta muito tempo com o policiamento e pouco com a leitura e a escrita que fazem sentido. Desculpem.

    Zé das Couves

    Klaus, fique tranquilo. A função da escola e do professor de português sempre vai ser ensinar a norma culta. Ninguém está propondo o contrário. O que os livros citados defendem é que o aluno que chega à escola falando uma variação diferente da padrão não seja discriminado ou ridicularizado por isso. Mas isso não quer dizer que agora vale tudo e que não é mais necessário estudar gramática padrão, isso seria uma irresponsabilidade sem precedentes pois dominar a norma culta da língua é uma questão de ciddania.

Jair de Souza

4- Ou seja, seria vista e tratada com a admiração dedicada àqueles que, vez por outra, escrevem “Os brasileiros precisamos respeitar nosso idioma”. Mas, como foi o povão que teve a audácia de usar sua criatividade e capacidade linguística, o emprego de “a gente sabemos…” é considerado algo abominável. Tudo bem, que continue sendo sentida assim pelos paladinos da norma culta, mas tenham pelo menos a coragem de admitir que é assim por razões meramente de valoração social e não por ser certa ou errada. Se as elites culturais resolvessem adotar também este uso, a gente temos certeza de que em pouco tempo estaria sendo louvada pelos defensores da linguagem da elite.

    Klaus

    Jair de Souza, onde você viu alguém dizer que a frase "Os brasileiros precisamos respeitar nosso idioma" está errada? Na frase, o emitente se coloca como um dos brasileiros e o pronome NÓS está implícito na frase. É uma construção sofisticada do português e quando eu estudei (há 30 anos) já era correta. O sentido da frase seria "Nós, os brasileiros, precisamos respeitar nosso idioma.

    Jair de Souza

    Klaus, que tal fazer um treino de interpretação de textos? Talvez assim você venha a entender que eu disse justamento o contrário do que você quis entender.

    Adilson

    Me descupe, Klaus, mas vejo que vc não entendeu o que o Jair escreveu

    Leia de novo e verá que ele não diz que está errado.

    Adilson

    Muito bom Jair…

    O livro sequer pretende legitimar o português que fora convencionado como incorreto, apenas aproximar, incluir, trazer uma discussão..simples assim.

    O Globo e seus repetifores convenientes da verdade absoluta, inclusive o presidente da ilustre Academia (que deu risadas quando Ronaldinho Gaucgo disse que não lia era nada) , insiste em dar om exemplo de que " 2+ 2 + 4 na cidade ou na roça" como se fosse possível reduzir a lingua humana, com toda sua riqueza a uma conta exata.

    De quem será a ignorância, hein?

Jair de Souza

3- para deixar mais clara minha visão sobre a questão do dinamismo linguístico e a estipulação de normas. Vamos analisar o uso que se tornou bastante comum da conjugação verbal em primeira pessoa plural seguindo a expressão pronominalizada “a gente”: A gente sabemos…; a gente pensamos…; a gente queremos…; etc. Quem ainda não se deparou com alguém fazendo uso disto? Pois bem, se tal forma de falar tivesse se originado nas elites culturais do país, muito provavelmente seria objeto de grandes elogios por sua beleza e erudição, etc. Seria, então, ressaltada a brilhante capacidade de fazer uso da silepse de pessoa ao fazer a concordância verbal não com a forma pronominal e sim com o significado real.

Jair de Souza

2- O que hoje pode ser estipulado (sim, ESTIPULADO, porque é decisão arbitrária) como incorreto, em pouco tempo poderá ser aceito como parte da norma culta. Não fosse assim, todos ainda estaríamos usando o velho latim clássico. Ainda não vi o livro que vem sendo criticado pela mídia e pelos imbecis repetidores de regras, mas, a julgar por quem critica e como critica, o livro deve ser muito bom. Resumindo, a escola deve se esforçar por transmitir a norma culta, ao mesmo tempo que se esforça por fazer com que seus alunos entendam que não ha nada ERRADO com a maneira de falar até então usada por eles em todas as instâncias. É apenas uma questão de ADEQUAÇÃO. Eles devem saber que é importante dominar a linguagem culta por questões sociais, e NUNCA por ser esta a maneira CERTA de falar ou escrever.

Jair de Souza

1- Não existe nada de ERRADO (sim, é isso mesmo) na linguagem se ela estiver cumprindo sua função intrínseca. Só alguém que não tem nenhuma base linguística científica pode dizer que o falar de certas pessoas é ERRADO e o de outros grupos é certo. A língua é um meio de comunicação, serve para expressar aquilo que queremos transmitir a outros seres humanos. A língua será usada de maneira mais ou menos eficiente segundo seu usuário consiga ou não transmitir com êxito suas mensagens. A chamada linguagem culta não tem nada a ver com ser CERTA. Ela pode até ser considerada um objetivo a ser alcançado (pessoalmente, considero importante que a Escola se empenhe em fazer com que toda nossa população tenha um bom domínio dela), mas isto nada tem a ver com ser ela a forma CERTA. Aliás, os preconceituosos sem entendimento de base deveriam saber que, como é um instrumento em constante transformação, a língua e suas normas (mesmo a norma culta) mudam. (Continua)

GilTeixeira

A grande imprensa é aquele leitor que lê a orelha do livro e sai comentando seu conteúdo. Basta ler o capítulo em questão e se percebe que nada que escrevem se sustenta!
Um bando de antas remuneradas!
Estou lendo um livro que revela que plínio Salgado queria que o animal símbolo do Brasil fosse a anta.
Os jornalistas deste quilate me fazem pensar que o Plínio Salgado, que queria fazer do país uma imensa fazenda, pode até estar correto, pelo menos nisso!

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