Saramago, na tradição humanista de Russell e Sartre

Tempo de leitura: 5 min

por Carlos Alberto Lugarzo, da Anistia Internacional (EUA)

Hoje, 18 de junho de 2010, a cultura universal e o humanismo tiveram seu dia mais aciago desde 15 de Abril de 1980, quando faleceu Jean-Paul Sartre, um dos intelectuais mais completos do século e um dos maiores ativistas da história. Foi anunciada a morte de José de Sousa Saramago, o mais celebrado escritor da língua portuguesa, pensador finíssimo e criativo, narrador original e intenso, a figura que fez a delícia de várias gerações de mentes sensíveis e progressistas.

Mas não tenho cacife nem faz parte de minha missão me referir ao grande mestre em sua qualidade de literato, filósofo e artista. Quero que esta nota (que deve ser breve, pela urgência de torná-la pública) se refira a seu aspecto mais importante: os direitos humanos.

Digo isto, porque, junto ou acima de sua lendária celebridade como escritor no mundo todo, nada foi mais importante que sua defesa da condição humana.  Saramago não foi apenas um literato que expressou, através de sua arte, uma visão humanista e progressista do mundo. Foi um homem comprometido, um observador e um ator consciente e corajoso, um batalhador que assumiu riscos radicais, desde que emergeu, em sua juventude, de uma região do mundo dominada pelo fascismo e o obscurantismo, até anos recentes.

Diferente das outras duas figuras históricas com as quais possui grande afinidade, Sartre e Bertrand Russell (1872-1970), Saramago nasceu numa família que não provinha da burguesia intelectual francesa, nem, menos ainda, da nobreza britânica, mas de uma família de trabalhadores pobres que lutava contra a devastadora miséria das vielas da Freguesia de Azinhaga, e que se deslocou a Lisboa logo que fora possível.

Se Portugal foi um estado fascista até o começo da década de 70, podemos imaginar  como se vivia naquele sofrido extremo da Europa quando Saramago se aproximava dos 15 anos, com a sangrenta imagem do falangismo espanhol batendo nas fronteiras de Portugal, e as atrocidades do Salazarismo em sua própria terra.

A vida de Saramago é pública e bem conhecida. Quero falar um pouco de minhas vivências sobre o grande escritor, a partir de minha condição de ativista dos Direitos Humanos.

No ano 1989, quando um grupo de garotos e meninas inexperientes tentou evitar uma quarta tentativa de golpe militar na Argentina, num esforço generoso de defender a democracia, os ativistas foram alvo de uma tocaia tendida pelo exército, onde muitos deles foram metralhados, queimados com bombas de napalm, e alvejados por bazucas. Mais de 40 foram capturados e submetidos a bárbaras torturas. A democracia não estava grata a seus defensores. Pelo contrário, aqueles infames e covardes politiqueiros odiavam esses jovens ingênuos que tinham estorvado o objetivo das máfias políticas argentinas: reconciliar-se com os militares para continuar a repressão pela via “legal”.

Este caso, chamado La Tablada, pelo nome da cidade onde foi tendida a cilada, é muito longo e complexo. Suas sequelas duraram até o ano 2000. Onze anos após o massacre, as vítimas que foram capturadas vivas e torturadas, estavam cumprindo, com sentença sem julgamento, penas que iam de 20 anos a prisão perpétua. Os corruptos juízes tinham entregado os documentos ao procurador militar, para que ele decidisse, mantendo longe os advogados da defesa, e proibindo a possibilidade de recurso. Durante o governo mafioso e neofascista de Menem (1990-1999), Argentina desobedeceu as exigências da CIDH da OEA (chefiada na época pelo grande mestre dos DH na América do Sul, Hélio Bicudo) de submeter a julgamento àquelas vítimas.

Em 2000, quando assumiu De La Rua, um bacharel ardiloso, as vítimas pensaram que teriam uma esperança. O novo presidente não era um terrorista de estado, como Menem, nem estava implicado em crimes contra a Humanidade como aquele; era apenas um moderado colaborador da direita que podia ser pressionado. A única alternativa dos jovens era morrer dignamente, e começaram uma greve de fome que, em total, durou quase três meses.

Foi então que soube da generosidade de Saramago. Não foi o único prêmio Nobel. Também, Rigoberta Manchu, Pérez Esquivel e outros colaboraram conosco. No entanto, o mais comovente foi sua humildade e objetividade. Ele escreveu uma carta ao Presidente De La Rua, quem deve ter tomado conhecimento do escritor pela primeira vez na vida.

Não lembro literalmente de todo o conteúdo, e não quero distorcê-la, mas lembro seu espírito e as primeiras linhas.

Ele dizia que um prêmio Nobel não tem nada de especial, mas, às vezes a sociedade distingue algumas pessoas, e isso torna a voz delas pessoas mais escutada que a de outras. Não era só modéstia. Era o sentimento profundo do valor relativo das premiações, que tanto deslumbram os buscadores de prestígio e os temperamentos preconceituosos.

Saramago lutou por essa e por muitas outras causas até o final, e é muito difícil avaliar numa rápida olhada quando lhe devem as causas nobres, progressistas e humanitárias ao longo de uma vida, primeiro, assombrada pelo fascismo tradicional, depois, pelo fascismo de mercado, e atualmente, pelo vandálico neoliberalismo.

E foram essas forças trevosas as maiores inimigas do afável e simples Seu José.

Saramago foi tortuosamente acusado de antisemita, por ter expressado, com uma isenção e serenidade alheia a quase todo o resto da esquerda (que generaliza o terrorismo de estado israelense a toda a ideologia sionista), um fato singelo e objetivo: não pode usar-se o pretexto de ter sofrido, para provocar o sofrimento dos outros.

Mas esta posição de crítica objetiva ao terrorismo israelense, o diferenciando do sionismo em geral, também compartilhada por Noam  Chomsky e dúzias de intelectuais judeus e não judeus, não é seu principal gesto em defesa dos valores humanos.

Saramago desafiou forças muito mais intensas, ancoradas na península Luso-Ibérica desde os tempos dos reis visigodos, como a superstição e o nacionalismo. Neste último sentido, o escritor se definiu em favor de uma federação Espanha-Portugal, ressaltando a importância da fraternidade das nações e desprezando a ideia fetichista de que a pátria pode ter sentido independente dos habitantes. Ele voltava assim, as fontes mais puras do comunismo clássico, antes do chamado “nacionalismo de esquerda”.

Como Giordano Bruno, Galileu, Miguel Servet, Goya, e outras celebridades capitais na história do pensamento e da ação, Saramago foi alvo do ódio da Igreja Católica. Ao longo da vida cultural de Ocidente, foram poucos os pensadores que ousaram dizer, singelamente, que não existia nenhuma prova da existência de Deus, e que as pessoas acreditavam por diversas razões (entre elas, o temor).

Com efeito, até as mentes consideradas lúcidas, esmolavam moderação da crueldade doentia do Santo Ofício. A colocação de uma filosofia realmente humanista (que teve alguns traços nos hedonistas e céticos gregos) só conseguiu consistência com os mecanicistas franceses, e especialmente com as correntes que surgem do marxismo e do anarquismo.

Saramago se insere nesse grupo de vozes esclarecidas, modestamente seguras, sem empáfia nem alarde. Teve a seu favor o fato de ter vivido numa época em que as fogueiras da Inquisição parecem apagadas… ou amortecidas. Sua defesa do humanismo, seu espírito de tolerância, e seu reconhecimento da beleza de alguns textos teológicos (a despeito de seu vácuo conceitual) são únicos em nossa época. Compartilha com Sartre, Russell e Camus a desmistificação da sacralidade. Mas, Sartre expressa suas ideias não com o senso comum, mas com uma filosofia de compreensão árdua; Russell, como quase todo cientista, não atingiu a popularidade que consegue um artista ou um literato; e Camus, apesar de seu agnosticismo e humanismo, defende uma solução egoísta e individual, porque o homem que ele liberta encarna a luta pessoal e não a solidariedade.

Creio que Saramago está ainda em vantagem com Noam Chomsky, pois sua humildade e objetividade o conduzem a uma visão equilibrada do universo. Ele disse que a Bíblia é um “manual de maus costumes, […] um catálogo de crueldade e do pior da natureza humana”, mas nada há nisto que não possa ser demonstrado. Não é o produto de nenhuma parcialidade, mas do amor e preocupação por uma humanidade sadicamente ferida pelas trevas espalhadas pelas teocracias.

José Saramago nunca diminuiu seus esforços pela Humanidade, e os manteve ativos em quanto sua saúde física permitiu. Ninguém pode contra uma doença terminal, porque justamente, essa fragilidade faz parte de nossa natureza biológica. No ano passado tentei me comunicar com ele, para adicionar seu nome à lista de Prêmios Nobel e outras celebridades que pediram a libertação de Cesare Battisti. Não tenho dúvida de que ele teria aderido com entusiasmo. Mas, sem que eu soubesse, ele estava sofrendo os estragos finais da leucemia e meu e-mail não chegou a destino.

Ao transformar-se de novo a brilhante mente e a fina sensibilidade de José Samarago, num conjunto de células sem vida, as perdemos de maneira definitiva. Sabemos que nem um átomo de seu eu sobreviverá em lugar algum. Mas fica sua obra e sua lembrança para iluminar a noite do mundo supersticioso, racista e sanguinário que ainda vivemos.


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Comentários

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Hermes

Extraido do texto que Saramago leu, por ocasião da entrega do Prêmio Nóbel:

"Foi só muitos anos depois, quando o meu avô já se tinha ido deste mundo e eu era um homem feito, que vim a compreender que a avó, afinal, também acreditava em sonhos. Outra coisa não poderia significar que, estando ela sentada, uma noite, à porta da sua pobre casa, onde então vivia sozinha, a olhar as estrelas maiores e menores por cima da sua cabeça, tivesse dito estas palavras: “O mundo é tão bonito, e eu tenho tanta pena de morrer”. Não disse medo de morrer, disse pena de morrer, como se a vida de pesado e contínuo trabalho que tinha sido a sua estivesse, naquele momento quase final, a receber a graça de uma suprema e derradeira despedida, a consolação da beleza revelada. Estava sentada à porta de uma casa como não creio que tenha havido alguma outra no mundo porque nela viveu gente capaz de dormir com porcos como se fossem os seus próprias filhos, gente que tinha pena de ir-se da vida só porque o mundo era bonito, gente, e este foi o meu avô Jerónimo, pastor e contador de histórias, que, ao pressentir que a morte o vinha buscar, foi despedir-se das árvores do seu quintal, uma por uma, abraçando-se a elas e chorando porque sabia que não as tornaria a ver."

    matintaperea

    isso é absurdamente bonito.

Gerson

Acreditar em Deuses ou Deus, é diferente de acreditar em religiões como instituição e seus sacerdotes.

Tem gente que se diz ateu mas segue fielmente o "deus mercado" e a "religiaão capitalista".

Se Jesus Cristo existiu ou não pouco importa, o que interessa é a mensagem: AMOR

Minha ideologia é o nascer de cada dia e minha religião é a luz na escuridão.

alirio

O Evangelho segundo Jesus Cristo coloca uma pedra
sobre o malefício monoteísta. Mata, pela raiz, o maior Mal da Humanidade, causador de guerras estúpidas.
A maior desgraça da humanidade foi esclarecida; sua origem, seu meio e seu fim: a manutenção de privilégios.

Gerson Carneiro

Deixem eu confessar uma idiotice minha: a primeira vez que eu ouvi falar que havia um escritor chamado Saramago, pelo nome eu imaginei que fosse um escritor ao estilo Paulo Coelho.
Como a gente se apressa e faz mau juízo das pessoas.
:)

Werner_Piana

Saramargo morto. Grande perda. Muito triste.
:(

Gerson Carneiro

Segundo notícia vinculada no portal Terra o jornal L'Osservatore Romano, de propriedade do Vaticano chama Saramago de "joio em meio ao trigo".

Ah é! E os padres pedófilos, são o que?

Bem, eu até tentei gostar de igreja. Não consegui. E não sinto remorso.

Gerson Carneiro

No Brasil temos o Ariano Suassuna que eu considero o nosso Saramaguinho.

Andrei Barros Correia

A comparação com Sartre não é auspiciosa para Saramago. Sartre era o engajado vaidoso disposto a esmagar quem não lhe tecesse loas, quem não professasse o mesmo pensamento dele.

Saramago foi uma figura muitas vezes mais lúcida que Sartre.

    Carlos Lungarzo

    Sim, Andrei, estou parcialmente de acordo com a vaidade de Saramago. Se alguém deles me tivesse feito a honra de me oferecer sua amizade, teria escolhido Saramago e não Sartre. Mas, mesmo que choque, a você e a mim a outros, ele foi um grande humanista, e depois de Saramago e Russell não houve outra figura mais esclarecido. Obrigado por comentar meu artigo
    Carlos Lungarzo

Sátiro

Ontem morreu o melhor de nós.

É irônico que, via de regra, são os agnósticos que seguem mais de perto o único ensinamento cristão realmente valoroso: o amor ao próximo. Eles o fazem não por temor ou porque assim lhes foi ensinado.. Esses homens agem assim por lhes ser tal comportamento natural, é inerente a sua alma. Eles não buscam recompensa que não a satisfação pessoal de ter ajudado seus semelhantes. Eles não buscam salvação da sua alma e sim da sua espécie. Fazem o que julgam ser certo apenas por lhes parecer certo.

Saramago era mais que agnóstico.

Saramago era ateu.

Dizem que Deus prefere os ateus.

É com Ele que Saramago está.

    Nando Netto

    "É com Ele que Saramago está."
    Saramago se revirou no túmulo depois dessa…

    Gerson Carneiro

    Eiiii!!! Saramago ainda está sendo velado, e será cremado.

Rogério Floripa

Depende da gente continuar sua obra.

tiagort185

Fará muita falta… mas você tem razão, agora a responsabilidade (imensa) é nossa.[2]

Marat

Saramago e outros tantos pensadores inconformados com os rumos que a humanidade toma por causa do dinheiro,nos fazem ter gosto pela vida. Que bom que Saramago existiu… Que suas idéias sejam lidas, relidas e utilizadas em prol de um mundo mais justo e igualitário. Sou feliz por ser contemporâneo de pessoa tão maravilhosa!

Otaciel de Oliveira

A Bíblia é um “manual de maus costumes, […] um catálogo de crueldade e do pior da natureza humana”,

Sem dúvida, sem dúvida. Eu já a li da capa à lapa pelo menos duas vezes. Mas, ao contrário de Saramago, não tenho este poder de síntese.

    Gerson Carneiro

    Eu comprei uma bíblia mas não a li, ainda.
    Eu a comprei porque um vendedor gago bateu à porta e perguntou:

    – Vai comprar, ou quer que eu leia?

    Augusto Curtial

    O problema não é a biblia, o problema é saber ler.

    Hà muita gente que não sabe ler. Muitissima.

    Saramago sabia ler.

    Por isso depois de ter a biblia entre as mãos pôde escrever o que escreveu.

    Então por favor não me venham aqui sugerir um novo index. Aprendam a ler e leiam.

    De autos da fé jà basta os da igreja.

    Gerson Carneiro

    Rapaz, eu até tentei, mas quando chegou naquela estorinha de Adão e Eva eu disse: pode parar.

    Augusto Curtial

    Você tem razão, na vida cada um faz o que pode.

    No presente caso, quem sai ganhando é a ignorância e o preconceito.

    Aliàs, num espaço de comentarios a proposito de José Saramago, uma discussão como esta mostra bem a que ponto obras como a dele são ao mesmo tempo necessarias e afinal de contas… inuteis.

    abs

    Gerson Carneiro

    Até então não quis tratar com seriedade o assunto Bíblia porque de fato não me apetece. Há toda essa aura em torno da Bíblia porque é o que conhecemos, se conhecêssemos o Alcorão seria em torno dele. E com certeza há mais outros livros sagrados. Quem é que tem o condão de dizer que este ou aquele é o livro da verdade. Houve povos que por séculos e séculos acreditaram que a lua, outros que o sol era seu Deus. E se aparecer alguém "mais evoluído" e "provar" que estamos errados?

    Vejo na Bíblia muita fantasia, preconceito e machismo principalmente. E toda a história da igreja é de poder, exploração e submissão de povos. A igreja quis deter o poder do conhecimento, envenenando páginas de livros para que quem os manuseasse morresse envenenado e então ser acusado de que morreu porque Deus o matou porque não deveria desejar conhecer o que para os "homens comuns" era tido por proibido.

    Augusto Curtial

    Caro Gerson,

    Entendo seu ponto de vista: sua oposição à biblia vem de uma ojeriza (que evidentemente se justifica) à igreja catolica ou ao cristianismo como instituição de poder.

    No entanto creio que você não entendeu o meu, o que é normal pois não me expressei bem.

    Não sou religioso, muito menos cristão e nem defendo a biblia como o livro da verdade. Como você mesmo disse, de livros sagrados e de verdadeiros deuses o mundo està cheio. Como decidir quem tem razão?

    No entanto, a biblia na medida em que é um documento mitologico, isto é, meio historico, meio ficcional, meio literario, meio moralisador, fundador de um dos sistemas religiosos, portanto ideologicos, dominantes do ocidente (até hoje!), pode nos dizer muito sobre as estruturas fundamentais do pensamento e das sociedades da civilização ocidental e mesmo da civilização humana de modo geral. Por isso, lê-la é importante, à condição de saber ler, claro, isto é, ser capaz de ler, analizar e refletir com senso critico.

    Não é disso que se trata uma grande parte da obra de Saramago e de tantos e tantos outros escritores e pensadores?

    Logo, o problema não é a biblia em si, o problema é saber ler. O que implica evidentemente não ler apenas a biblia, como você mesmo mencionou, mas ler de tudo e de todos.

    Enfim, hà uma grande diferença entre ler a biblia e aderir à igreja, e por conseguinte, hà também uma grande diferença entre combater a igreja como instituição de poder e pôr a biblia num novo index dos livros a serem desprezados.

    abs

    Gerson Carneiro

    Prezado amigo Curtial,

    Agora curti sua aula. Gostei mesmo.

    É claro que entendi desde o início tudo que você estava dizendo. É que também desde o início eu não estava a fim de levar a sério esse assunto. Como tu podes perceber, a minha primeira manifestação foi uma piada (que é uma coisa rara nos meus comentários).

    De verdade eu desejei resumir tudo no conselho do Raul Seixas:

    "Ei Jesus Cristo! O melhor que você faz é deixar o pai de lado, foge pra morrer em paz".

    Então eu tava fugindo desse assunto pra morrer em paz e tu alí, grudado no meu pé, falando pra mim que "Jesus vai voltar e você está sendo filmado".

    Façamos o seguinte: vamos no Encontro dos Blogueiros e lá a gente toma uma com limão e conclui o assunto.

    abs.

    Gerson Carneiro

    Ah, e eu já ia sisquecendo: de todos os livros de religião o que eu mais gostei foi de "O auto da Compadecida", de Ariano Suassuna (nosso Saramaguinho).

    Posso não ser aquele fã número um de Deus, mas de Nossa Sinhora eu tenho até camiseta.

    abs

    Augusto Curtial

    O Auto da compadecida é mesmo otimo! Realmente, boa lembrança!

    Na verdade suas piadas forma excelentes, até ri bastante… Mas não pude evitar de pegar um pouco no seu pé…

    Obrigado pelo convite, adoraria ir nesse encontro de blogueiros e bater um papo em volta de uns copinhos… mas esse ano realmente não vai dar… Quem sabe no proximo?

    Em todo caso obrigado pela resposta e a gente se cruza por aqui…

    abs

    Gerson Carneiro

    Ah, e eu já ia sisquecendo: de todos os livros de religião o que eu mais gostei foi de "O auto da Compadecida", de Ariano Suassuna (nosso Saramaguinho).

    Posso não ser o fã número um de Deus, mas de Nossa Sinhora eu tenho até camiseta.

    abs

Giovani Montagner

seguidamente ia a seu blog le-lo, ve-lo e ouvi-lo. sempre claro e objetivo, expressava sem rodeios suas convicções.
fará muita falta.

Bernardete Baronti

"As pedras de Davi mudaram de mãos, agora são os palestinos que as atiram. Golias está do outro lado, armado e equipado como nunca se viu soldado algum na história das guerras, salvo, claro está, o amigo americano. Ah, sim, as horrendas matanças de civis causadas pelos chamados terroristas suicidas… Horrendas, sim, sem dúvida, condenáveis, sim, sem dúvida. Mas Israel ainda terá muito que aprender se não é capaz de compreender as razões que podem levar um ser humano a transformar-se numa bomba".
– por José Saramago

    alirio

    Israel terá muito que aprender. Não compreendem que a existencia de homens-bomba se deve á sua própria doutrina religiosa, que concentra o sentido da vida no além, no que vem após a morte.

C.C. Bregamin

Não esquecer que era comunista, de esquerda e apoiador de causas sociais específicas como a causa palestina e o MST. A omissão é ideológica e gera essa impressão de que ele tucanou. O texto é da Anisitia Internacional, fala em nome da causa humanitária apartidária. Mas Saramago declarou e agiu engajadamento. Fica faltando nessa homenagem uma fala sobre isso. O Brizola Neto toca mais nesse ponto. Quanto à literatura, é maravilhosa, não porque seja "universal" como gostam de falar por aí… o Saramago dialoga com a religião, retirando dela valores e discutindo preconceitos. Sua literatura busca a igualdade, debate a interpretação da história e da história de seu país, da história de seus desejos e de sua imaginação.

    Jairo_Beraldo

    Na verdae era um idealista…

Cyro S.

José Saramago era um modelo de pensador, de ser humano, de intelectual, de escritor, de humanista, de ser inconformado contra as barbaridades, as arbitraridades e as desumanidades, um norte a ser seguido por qualquer pessoa que pretenda modificar o mundo, ainda que apenas em palavras.
José Saramago fará falta, sim. Em um mundo sem seres pensantes, uma pessoa corajosa e ao mesmo tempo sensível deixará de expor novas idéias, escrever, alertar e comover. Ficam as suas lições. Mas falta o líder que deixou órfãos. Morre o ícone moral no sentido mais amplo e belo da palavra.

Fernando

Alguns anos atrás ele deu uma tucanada e criticou o governo cubano.

    Anderson

    A crítica faz parte da vida política

    Gerson

    É isso mesmo Anderson,

    Ele criticou muito as esquerdas recentemente:

    " Imaginei, quando há um ano rebentou a burla cancerosa das hipotecas nos Estados Unidos, que a esquerda, onde quer que estivesse, se ainda era viva, iria abrir enfim a boca para dizer o que pensava do caso. Passou-se o que se passou depois, até hoje, e a esquerda, covardemente, continua a não pensar, a não agir, a não arriscar um passo".
    http://caderno.josesaramago.org/2008/10/01/onde-e

    Marat

    O legal de ser esquerdista é que nós criticamos a esquerda, com o intuito de aperfeiçoá-la, diferentemente dos dogmáticos direitistas que vêem no moneyteísmo a panacéia da vida!

    Gerson Carneiro

    Um exemplo disso que Marat diz foram os recentes textos postados sobre a relação Lula/Sarney. E discutimos abertamente.

    Jairo_Beraldo

    Todos temos direito de criticar e analisar…em artigo colocado, Fidel, o criticado, disse que Maradona fora mais futebolista que Pelé…e daí?

edumarcondes

Saramago morreu, mas não fará falta, pois o espírito de justiça, a intransigência diante do autoritarismo e a defesa dos direitos humanos que pautaram suas letras e suas palavras continuam entre nós a nos incitar a agir dentro desses parâmetros.

    C.C. Bregamin

    Fará muita falta… mas você tem razão, agora a responsabilidade (imensa) é nossa.

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