Ion de Andrade: Pela intervenção do Banco Central no HSBC

Tempo de leitura: 5 min

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Pela intervenção do Banco Central no HSBC

 por Ion de Andrade, no GGN, sugestão de Maria Luiza Tonelli

Existem argumentos que defendem que a intervenção do Banco Central do Brasil no HSBC Brasil parece não ter base jurídica, em virtude do ocorrido envolver a filial do referido banco em Genebra e não a sua representação no Brasil. Seria, então um escândalo “dos outros”, como querem alguns.

Essa tese, no entanto, é frágil em decorrência de que atualmente a ação do mercado financeiro é global, gerando efeitos locais em toda parte. Por exemplo, onde está o IOF das transações financeiras do capital evadido do país? A existência de fundos transferidos sem o correspondente depósito dos encargos é crime aqui. E, nesse caso, há um crime contra a Ordem Tributária e há outro de evasão de divisas, previsto no art. 22 da Lei n. 7.492/1986, que possui a seguinte redação: “Efetuar operação de câmbio não autorizada, com o fim de promover evasão de divisas do País”… Isto significa que alguém, ao promover a evasão de divisas para o HSBC de Genebra, cometeu crimes no Brasil.

A jurisprudência internacional parece interessar-se, no caso do crime de evasão de divisas, não pelos locais de onde saiu ou para onde foi o dinheiro, e sim quem são e onde residem os seus remetentes e sobretudo os que passaram a dispor do dinheiro após a remessa, (O crime de evasão de divisas…Peruchin, Vitor. 2006). Nesse caso, passaram a dispor do dinheiro, as pessoas físicas beneficiárias (os super-ricos brasileiros) e… o conglomerado HSBC, do qual o HSBC Brasil…faz parte. Os dois protagonistas têm endereço no Brasil.

Não é somente sonegação fiscal que incriminaria os “super-ricos”, não. Existem instituições envolvidas, sim, que até aqui não são conhecidas e, certamente, estão envolvidas na remessa ilegal desses vultosos recursos financeiros, pois os mesmos não foram levados em malas. Portanto, podemos concluir que resta evidente que as empresas responsáveis pelos crimes locais, que viabilizaram a evasão fiscal ou os crimes contra a ordem tributária, são ainda desconhecidas, mas são instituições financeiras brasileiras e, por isso, sujeitas á fiscalização do Banco Central do Brasil.

O fato de que sejam até aqui desconhecidas não significa que o governo, confrontado com um crime dessa magnitude – dez vezes maior do que a Lava-jato –, não possa agir no sentido de penalizar os interesses da instituição que representa a rede HSBC no Brasil ou de iniciar por ela as investigações criminais.

De fato, foi o presidente internacional do grupo HSBC que se desculpou (SIC!) dos atos cometidos por sua filial em Genebra. A ação global implicou num pedido de desculpas extraterritorial. Isso, por sua vez, gera implicações, pois o organismo HSBC não é uma federação de empresas locais, mas um conglomerado em que uns respondem pelos outros. O pedido de desculpas revela que o HSBC Londres e o HSBC Genebra são uma coisa só, tanto quanto o HSBC Brasil. Revela também que são réus confessos.

A pergunta que deve ser respondida é: tal rede de corresponsabilidades, e de solidariedades recíprocas, poderia ter motivado a participação do HSBC Brasil na trama que permitiu recrutar milhares de “super-ricos” de norte a sul do país, e que exigiu equipe numerosa, treinada e fluente em português, de agentes que atuaram despudoradamente para lesar o erário público?

Do ponto de vista dos interesses públicos, deve, enquanto o crime é desvendado, o HSBC Brasil arcar com os custos dos encargos financeiros das transferências, enquanto representante local da mega-empresa global?

De fato, a magnitude das perdas para o Brasil, se envolvessem a ação de um país estrangeiro, caracterizariam um Ato de Guerra. É sempre bom lembrar que, no passado recente, durante o episódio da tentativa do governo canadense de enxovalhar o país com a alegação de presença de Vaca Louca no rebanho brasileiro (para levar a melhor no conflito Embraer X Bombardier), o Brasil agiu de forma sistêmica, congelou os processos de interesse do governo canadense no Congresso e ameaçou retaliar empresas.

O que dizer, então, do fato atual, que envolve o HSBC Genebra e que é INCOMPARAVELMENTE mais danoso ao país do que as vacas loucas canadenses?

A ausência de um alvo claro para retaliação não significa que ela não seja legítima ou que a nação esteja de mãos atadas. Na realidade cabe ao governo brasileiro, a exemplo do que fez com o Canadá, golpear no Brasil os interesses do HSBC, entidade que lesou profundamente o erário público e feriu a Soberania Nacional. Nesse episódio, e há os que se riem de nós, fomos reconvertidos na velha subcolônia da Inglaterra, que fomos na época do Império… Algo tem que ser reposto em nome da dignidade da nação e a reposição das perdas deve se dar pela empresa que nos roubou e por seus legítimos representantes.

Portanto, constatamos que o crime cometido globalmente, com implicações locais também de natureza criminosa, não pode deixar de produzir os resultados previstos em lei contra os representantes da entidade criminosa no território nacional, nesse caso, o HSBC Brasil. Em síntese, o crime mundial organizado pelo HSBC internacional gerou crimes no Brasil que devem ser respondidos pela instituição que aqui representa esse conglomerado financeiro.

A legislação brasileira, que estabelece as exigências para a intervenção do Banco Central em um banco público ou privado, é o Decreto Lei 2321 de 25 de fevereiro de 1987, traz o seguinte texto:

“Art. 1º O Banco Central do Brasil poderá decretar regime de administração especial temporária, na forma regulada por este decreto-lei, nas instituições financeiras privadas e públicas não federais, autorizadas a funcionar nos termos da Lei n° 4.595, de 31 de dezembro de 1964, quando nelas verificar:

[…]

d) gestão temerária ou fraudulenta de seus administradores”.

Esse decreto-lei permite interpretações abrangentes, pois a administração de um conglomerado não é mais local. Mesmo que a diretoria local não esteja envolvida, os administradores externos que promoveram crimes no Brasil estão e a empresa ou seus representantes devem responder judicialmente.

O Conselho de Defesa Nacional, órgão constitucional e responsável por assegurar a Soberania Nacional, tem poderes ainda mais abrangentes e livres, dentre os quais: “estudar, propor e acompanhar o desenvolvimento de iniciativas necessárias a garantir a independência nacional e a defesa do Estado democrático”.

Para além das considerações legais que podem dar suporte à ação, a Presidenta da República e o Conselho de Defesa Nacional podem propor o “Regime de administração especial temporária” no HSBC, previsto no Artigo 2º do mesmo Decreto 2321/1987, com vistas ao ressarcimento do prejuízo nacional.

Não nos esqueçamos: PARTE DOS PROBLEMAS QUE ENFRENTAMOS DECORRE DE QUE MUITAS DAS CORRENTES QUE AINDA NOS APRISIONAM AO MUNDO COLONIAL ESTÃO AINDA AGARRADAS AOS NOSSOS PÉS.

É chegada a hora dar respostas à nação.

Este artigo contou com a preciosa colaboração de Giovana Paiva e foi fruto de longa e aprofundada discussão sobre o tema com grupo nacional.

Leia também:

Donos de diário receberam R$ 1,1 bi antes de tirar o pé de cobertura sobre HSBC


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Comentários

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FrancoAtirador

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AS DONAS DE CASA DO HSBC SONEGAM NA SUÍÇA

E OS DESEMPREGADOS PAGAM O PATO NO BRASIL

(http://fernandorodrigues.blogosfera.uol.com.br/2015/02/08/as-verdadeiras-donas-de-casa-do-hsbc)
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Leia também:
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Paralíticos Gregos vs Donas de Casa da HSBC
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(http://www.esquerda.net/content/paraliticos-gregos-vs-donas-de-casa-da-hsbc/35772)
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hugo

http://br29.com.br/documentos-revelam-que-maioria-das-contas-abertas-na-suica-foi-durante-gestao-tucana/
Documentos revelam que maioria das contas abertas na Suiça foi durante gestão tucana
O escândalo Swiss Leaks vinha sendo repercutido muito mais na Blogosfera. Demorou a chegar aos jornalões e continua sendo ignorado pela Globo. Essa abulia da grande mídia em relação a um escândalo que, em recursos de brasileiros, chega a 7 bilhões de dólares, começou a se tornar inteligível após a divulgação de que um dos depositantes suspeitos é ligado ao PSDB.

O dito cujo, conforme vem sendo repercutido pela Blogosfera, é Saul Sabbá. Ele tem relação com os tucanos porque assessorou o Programa Nacional de Desestatização do governo FHC, sobretudo nas privatizações de empresas de energia.

O desinteresse da mídia nacional sobre o assunto vinha sendo tão grande que o deputado federal pelo PT gaúcho Paulo Pimenta recorreu ao Ministério da Justiça pedindo investigação das autoridades sobre os brasileiros que figurem nessa lista.

Esse desinteresse da mídia tradicional tornou-se suspeito já que as informações sobre o escândalo levantado pelo jornal francês Le Monde foram repassadas ao The International Consortium of Investigative Journalists (Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos), que, por sua vez, escolheu o portal UOL para repassar as informações.

Contudo, o UOL parece pouco interessado em divulgar nomes. Até o momento, tem se limitado a caçar nomes que de alguma forma possam estar ligados ao escândalo da Petrobrás.

Contudo, informações do ICIJ sugerem que os brasileiros envolvidos na maracutaia suíça podem ter relações muito maiores com um escândalo bem mais antigo, as privatizações do governo Fernando Henrique Cardoso.

Segundo o que já foi divulgado pela entidade supracitada, grande parte das contas de brasileiros no HSBC suíço foi aberta entre 1988 e 1991. De 1991 a 1997, essa abertura de contas perde fôlego. Mas, a partir de 1997, há um novo pico. Essa forte abertura de contas dura até 2001.

Como se sabe, foi a partir de 1997 que as privatizações do governo FHC ganharam impulso. E foi por volta de 2000/2001 que o processo perdeu fôlego.

O jornalista investigativo Amaury Jr. acaba de anunciar que se desligou do ICIJ porque a instituição estaria fazendo vazamentos seletivos dos depositantes. Amaury é autor do best-seller A Privataria Tucana. Com mais de 200 mil exemplares vendidos, o livro quase gerou uma CPI, que o ex-presidente petista da Câmara Marco Maia não quis instalar.

Agora, o Swiss Leaks pode terminar investigação que o cordato PT não quis fazer, já que as autoridades brasileiras vão ter que esclarecer por que houve um fluxo tão grande de abertura de contas de brasileiros no HSBC suíço justamente no momento em que o governo FHC vendia nossas estatais a estrangeiros a preço de banana.

(Eduardo Guimarães)

FrancoAtirador

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SWISSLEAKS

Hervé Falciani, ex-funcionário do HSBC na Suíça,

diz que ainda há ‘um milhão’ de dados a vir por aí

(http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Economia/Informante-do-caso-HSBC-diz-que-ainda-ha-um-milhao-de-dados-por-vir/7/32905)
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FrancoAtirador

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“O Estado BraSileiro
pode assumir as empresas,
em vez de quebrá-las”

Maneira simples e legal de preservar as empresas e manter a moralidade pública, que o Procurador Geral da República Rodrigo Janot teima em ignorar.

A Lei das Licitações, a 8.666, permite ao administrador “tomar a empresa” que por alguma razão não consiga dar conta do contrato em vigor.

O dispositivo foi lembrado pelo advogado Aroldo Joaquim Camillo Filho, por ocasião do escândalo da Construtora Delta.

Por Luis Nassif, no GGN

(http://jornalggn.com.br/noticia/o-estado-pode-assumir-as-empresas-em-vez-de-quebra-las)

Caracol

Vejam só em que pé estamos…

Descobre-se corrupção na Petrobrás, UMA EMPRESA BRASILEIRA, e os vira latas botam a boca no trombone, querem privatizar, dar de graça, ganhar uns trocados (?!) de comissão, entregar nosso petróleo para os estrangeiros, e ficam posando de moralistas. Latem a plenos pulmões.

Enquanto isso, UMA EMPRESA ESTRANGEIRA vem aqui, leva lá pra fora o dinheiro brasileiro, esteja ele provindo do tráfico de armas ou drogas, corrupção, sonegação fiscal, ilegalidades mil… e os vira latas…

Os vira latas não emitem um ganido que seja.

Caracol

Vejam só em que pé estamos…

Descobre-se corrupção na Petrobras, UMA EMPRESA BRASILEIRA, e os vira latas botam a boca no trombone, querem privatizar, dar de graça, ganhar uns trocados (?!) de comissão, entregar nosso petróleo para os estrangeiros, trocar seu nome pra Petrobrax e ficam posando de moralistas. Latem a plenos pulmões.

Enquanto isso, UMA EMPRESA ESTRANGEIRA vem aqui, leva lá pra fora o dinheiro brasileiro, seja ele provindo do tráfico de armas ou drogas, corrupção, sonegação fiscal, ilegalidades mil… e os vira latas…

Os vira latas não emite um ganido que seja.

FrancoAtirador

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É que não é só o HSBC…
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    FrancoAtirador

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    10 fevereiro 2015
    BBC Brasil

    Saiba como Contas Secretas Permitem Sonegação de Bilhões na Suíça

    Daniela Fernandes, de Paris

    A pressão contra paraísos fiscais foi acentuada
    durante a reunião do G20 em Londres, em 2009,
    em plena crise financeira mundial.

    Em outubro passado, o governo suíço anunciou a implementação
    de um sistema de trocas de informações automáticas
    sobre contas suíças detidas por estrangeiros.

    A norma poderá entrar em vigor em 2017 e as informações bancárias
    (identificação dos titulares, saldos, rendimentos e títulos)
    devem começar a ser transmitidas aos Fiscos dos países em 2018.

    Na prática, é o fim do segredo bancário,
    mesmo que as autoridades suíças tenham ressaltado
    que os dados devem ser utilizados apenas para fins fiscais.

    Mas a medida ainda precisa ser aprovada pelo Parlamento suíço
    e pode, eventualmente, ser submetida a referendo no país.

    Se a troca automática de informações for aprovada definitivamente na Suíça,
    o Fisco brasileiro deverá ser informado
    sobre as contas de titulares com passaporte do Brasil.

    Mais de 50 países firmaram em outubro passado, em Berlim,
    o acordo multilateral para a troca automática de informação fiscal
    sobre contas em instituições financeiras no exterior a partir de 2017.

    O documento foi elaborado pela OCDE.

    Entre os signatários latino-americanos estão
    Brasil, Argentina, México e Colômbia.

    O Brasil, como a Suíça, deverá aplicar o acordo apenas em 2018.

    (http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2015/02/150210_escandalo_suica_entenda_pai_df)
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    FrancoAtirador

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    Detalhe

    Até 2018, o Dinheiro Sujo já foi todo Lavado.
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    FrancoAtirador

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    E não é só a Suíça…

    O ICIJ obteve acesso a um drive contendo 200 GB
    com arquivos de agências nas Ilhas Virgens Britânicas,
    Cingapura e Ilhas Cook, com dados de milhares de pessoas,
    em mais de 170 países, ligadas a empresas offshore
    com dinheiro escondido em paraísos fiscais.

    A base de dados contém informações de 120 mil empresas
    e é 160 vezes maior que os arquivos divulgados em 2010 pelo WikiLeaks
    sobre o Departamento de Estado norte-americano.

    Nomes de todo o planeta

    Segundo a organização, “o vasto fluxo de dinheiro offshore
    – legal e ilegal, pessoal e corporativo –
    pode turvar economias e colocar nações umas contra as outras.”

    O ICIJ defende que “a contínua crise financeira da Europa teve como combustível um desastre fiscal na Grécia exacerbado pela evasão via paraísos fiscais e um colapso bancário no Chipre”, paraíso fiscal no qual “ativos de bancos locais foram inflados por ondas de dinheiro vivo vindas da Rússia.” [Só da Rússia, é? Ah, tá…]

    Para a entidade, “junto com transações perfeitamente legais”, o ambiente offshore permite o desenvolvimento de “fraudes, evasão fiscal e corrupção”.

    O ICIJ também descobriu, por exemplo, que apenas quatro das 107 companhias offshore com donos gregos prestam declarações de rendimentos como a lei do país exige, o que Atenas parecia desconhecer.

    Além disso, a investigação mostra que grandes bancos mundiais como UBS e Deutsche Bank ajudaram vários clientes a criar e manter empresas em paraísos fiscais.

    Outro dado exposto pelos jornalistas mobilizados pelo ICIJ é o de que pelo menos 175 mil empresas britânicas têm diretores com endereço em paraísos fiscais, algo totalmente fora da proporção de habitantes de alguns desses locais.

    Um total de 47 mil empresas registraram diretores na ilha britânica de Man – uma empresa para cada dois habitantes, aproximadamente.

    Fonte: O GLOBO [sem DARF e com toda a Cara-de-Pau]

    (http://oglobo.globo.com/mundo/vazamento-inedito-revela-donos-de-contas-secretas-em-paraisos-fiscais-8025385#ixzz2XsJ9eRwf)
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O Mar da Silva

Acorda, Dilma!

Ou vamos para rua acordar a Dilma dessa ‘hibernação’.

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