Fatima Lacerda: E Dilma, quem diria, agora vai entregar o pré-sal
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Não era o que dizia na campanha
O leilão do pré-sal e as contradições de Dilma
Segunda, 27 Maio 2013
ANP e Dilma anunciam o maior leilão de petróleo do mundo, antecipando para outubro o primeiro leilão do pré-sal. Alinhada com o programa neoliberal e apoiada pela mídia burguesa, a presidenta conta com os dividendos eleitorais. Em 2012, Dilma pregava o contrário nos palanques. O assunto será pauta da próxima plenária da campanha O Petróleo Tem que Ser Nosso, em 5 de junho, às 18h, na Avenida Passos, 34, no Rio: participe!
Por Fatima Lacerda* , na Agência Petroleira de Notícias
O campo de Libra, na Bacia de Santos, a 180 quilômetros da costa fluminense, pode ter reservas de 42 bilhões de barris: o triplo das reservas que estavam comprovadas no Brasil até 2012, é anunciado num único campo!
Algo que a diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo, Magda Chambriand, considera “singular e inimaginável”.
Foi a grandeza da recente descoberta que levou a ANP e uma comitiva de ministros a convencer a presidenta da República a antecipar o leilão do pré-sal para outubro, invertendo as prioridades: o leilão dos blocos de gás em terra ficará para novembro.
Libra será leiloado em Brasília e com a presença da presidenta. Será a primeira licitação pelo sistema de partilha de produção, legislação específica criada para o pré-sal. Não se pode descartar a hipótese de que a presidenta está de olho nos dividendos eleitorais do grande espetáculo em que deverá se transformar o próximo leilão, aplaudido e ovacionado pela mídia burguesa.
De acordo com a Revista Exame, em abril a diretora-geral da ANP, Magda Chambriard, afirmava que “Libra teria volumes menores, entre 4 e 5 bilhões de barris recuperáveis”. Mas uma nova sísmica na região, realizada em maio com dados mais avançados, aumentou as estimativas da ANP para “12 bilhões de barris recuperáveis”.
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As reservas in situ do campo de Libra, são estimadas pela ANP entre 26 e 42 bilhões de barris. Chambriard explicou que a cifra de reservas recuperáveis (12 bilhões) é calculada com base “em um número razoável de 30%” de recuperação das reservas in situ”.
A diretora-geral da ANP disse mais: “Com os dados que temos atualmente, percebemos que estamos mais perto de 42 bilhões do que de 26 bilhões de barris”.
O Globo de domingo (26) escancarava a manchete, em letras garrafais: “Brasil fará em outubro o maior leilão de petróleo do mundo”. Veja, o Estado de São Paulo e a Folha de São Paulo também saudavam a decisão da ANP, avançando na crítica ao modelo de partilha e no percentual de lucro que deve ser destinado à nação, algo em torno de 73%, diga-se de passagem, bem abaixo da média mundial.
A expectativa é que o leilão de Libra atraia petrolíferas do mundo inteiro, estatais e privadas. Outro atrativo é o óleo leve produzido por Libra, considerado de alta qualidade. O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) publicou hoje no Diário Oficial da União (DOU) a autorização para a realização do leilão indicando a rodada somente com a área de Libra.
DILMA ERA CONTRA A PRIVATIZAÇÃO DO PRÉ-SAL
Mais perplexidade do que a grandeza do pré-sal é a grande contradição da presidenta Dilma. Durante a campanha eleitoral, em debate com o candidato do PSDB, José Serra, ela acusava o seu adversário de querer privatizar o pré-sal, “uma riqueza que pertence ao povo brasileiro”. Acusava o seu adversário de querer “entregar a empresas privadas internacionais uma riqueza que deve gerar dividendos a ser aplicados em saúde, educação, cultura, meio ambiente e que pode representar um passaporte para o futuro do Brasil”.
As palavras são da atual presidenta. Confira aqui.
Aliás, quando candidata, foi sua defesa do papel do estado no desenvolvimento do país e da destinação de mais recursos para a área social que fez a diferença, revertendo votos a seu favor na reta final da campanha eleitoral. A mesma presidenta que chamava Fernando Henrique de “o homem das mil caras” mudou de opinião? Pode agora descartar os votos da esquerda e dos nacionalistas? A presidenta parece blindada pela grande mídia. Dos três anunciados candidatos das elites, talvez seja a mais adequada. Mas a história ainda vai cobrar essa conta.
Lembrando que toda a unanimidade é burra e que a luta dos trabalhadores contra os opressores é permanente, a campanha O Petróleo Tem que Ser Nosso convoca todas e todos a comparecem no dia 5 de junho à próxima plenária estadual, na Avenida Passos, 34, no Sindipetro-RJ, às 18h, no Rio.
*Fatima Lacerda é jornalista da Agência Petroleira de Notícias
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