Brasil cresce, São Paulo encolhe

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do blog SeaRádioNãoToca

Os jornais do último sábado trouxeram notícias que apontam que a cidade de São Paulo já não é mais o destino preferido dos nordestinos, que preferem permanecer lá ou migrar para outras regiões que não São Paulo.

De um lado, isso se deve à melhoria das condições de vida no Nordeste e Centro-Oeste. De outro, à deterioração das condições de vida, especialmente na capital paulista, cujos símbolos poderiam ser o trânsito caótico, a superlotação do metrô e a insegurança permanente do cidadão.

Além do retorno de migrantes e fuga de engenheiros e mão-de-obra qualificada para o Nordeste e outras regiões do país, essa situação da capital paulista tem levado à expansão das cidades médias do estado de São Paulo, como Sorocaba e Jundiaí.

Essa mudança no movimento populacional se relaciona ao crescimento do mercado consumidor no Nordeste e demais regiões e à perda, pelo Sudeste, de fatia do mercado nacional. Matéria publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, em 1º de maio de 2011, projeta que a região Sudeste perderia algo como R$ 12 bilhões.

O programa “Luz para Todos”, o crescimento do emprego (em várias regiões já vivemos o pleno emprego), as políticas sociais, como a bolsa família e aumento real de quase 50% do salário mínimo, e outras políticas levaram à criação do mercado de massas e à inclusão de milhões de pessoas.

Outro indicador da perda da pujança paulista apareceu na matéria do jornal Folha de S. Paulo, que afirma:

“A diferença entre os salários de São Paulo e do resto do Brasil está diminuindo. E, em algumas regiões e setores, ela já desapareceu.

Levantamento do IBGE comparando o rendimento médio dos trabalhadores da região metropolitana de São Paulo com os de outras cinco — Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife e Salvador — mostra que em todas houve redução da diferença entre 2003 e 2011.

Isso aconteceu porque os salários dos paulistanos e dos habitantes dos municípios vizinhos cresceram em ritmo menor do que os dos trabalhadores das outras regiões metropolitanas.

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No Rio, a remuneração média aumentou mais -chegou a R$ 1.682 em fevereiro, superando em R$ 45 a de São Paulo (R$ 1.637)”.

Segundo o blog Transparência SP, “constata-se o baixo crescimento dos rendimentos médios dos paulistanos em relação a outras capitais do país. Reforça-se, mais uma vez, a falta de políticas de desenvolvimento no Estado de SP”.

A melhoria salarial das outras regiões e a carência de mão-de-obra, com a elevação do salário dos mais pobres, contrastam com o discurso da elite paulista que prega a sua supremacia política. Afinal, em seu imaginário, são os doutores como ex-presidente Fernando Henrique Cardoso que devem governar, e os nordestinos devem ser expulsos de São Paulo.

Curiosamente são os próprios nordestinos que, por não agüentarem mais a deterioração da vida em São Paulo, estão voltando para os seus estados, tal como queria a elite. Ironicamente, são os ricos e classe média paulista que agora vivem lamentando que não consigam mais empregadas domésticas, eletricistas, pedreiros e outros serviços. E começam a perceber que a vida sem eles é mais difícil…..

Todas essas considerações reforçam o cenário que já foi desenhado em texto publicado no Viomundo,  mostrando que a economia paulista perdeu R$ 128 bilhões de 1995 a 2008.

A perda da vitalidade econômica paulista tem trazido outros subprodutos,  como o crescimento de movimentos separatistas e de grupos de características neonazistas que,  segundo reportagem do jornal Agora, chegariam a 250 somente na Grande São Paulo.  Infelizmente, eles têm incrementado ações racistas e xenófobas contra nordestinos e homossexuais. E parte do tom de ódio da campanha de 2010 do candidato José Serra (PSDB) pode ser entendido nesse contexto.

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