Altamiro Borges: Não dá para confiar na famiglia Marinho

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Roberto Marinho, de braço dado com o ditador João Figueiredo

Não dá para confiar na famiglia Marinho

Por Altamiro Borges, em seu blog, reprodução parcial

O que teria levado o poderoso império global a, aparentemente, abandonar a “marcha da insensatez” dos golpistas e a rifar o lobista Eduardo Cunha? Há pelos menos três hipóteses consistentes:

1– A crise política, insuflada pela oposição demotucana, os grupelhos fascistas e a própria mídia privada, agravou o cenário econômico.

Setores empresariais, inclusive do ramo financeiro, temem pela deterioração dos seus negócios, dos seus lucros.

A aposta no impeachment e na instabilidade permanente poderia contagiar ainda mais a economia. Em entrevista ao Jornal do Brasil, Delfim Neto, ex-ministro da Fazenda da ditadura e influente interlocutor das elites, já alertou que “esse impasse não pode continuar por muito tempo, porque quem vai pagar um preço muito alto é a sociedade brasileira”.

No mesmo rumo, o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, em entrevista à Folha, apontou que “a crise política é mais forte que a econômica. Isso abala a confiança no país e retarda a retomada do crescimento”. O Grupo Globo, que também sente os impactos da crise econômica, estaria tentando evitar o descarrilamento.

2– A famiglia Marinho, que historicamente sempre incentivou golpes e apostou na desestabilização de governos que não rezam da sua cartilha, teme que a crise atual gere convulsões sociais, acirrando ainda mais a luta de classes no país.

Ela sabe que o Brasil não é o Paraguai ou Honduras, onde recentes golpes judiciais-midiáticos obtiveram êxito. Nestes países, a esquerda social e política era muito frágil.

No Brasil, apesar das debilidades, as organizações populares e os partidos de esquerda ainda tem força e representatividade. A capacidade de reação é muito maior, o que tornaria infernal a adoção de um impeachment.

O império global pode até saber como orquestrar e iniciar um golpe, mas não sabe como ele terminará. As consequências poderão ser trágicas, com alguns dias valendo anos em termos de politização e mobilização da sociedade contra as elites golpistas.

3 — Por último, a famiglia Marinho não confia totalmente nas peças que estão em jogo para suceder a presidenta num possível impeachment. Michel Temer, o vice-presidente, tem telhado de vidro. Seu partido, o PMDB, é um dos principais focos da midiática Operação Lava-Jato.

No caso da impugnação da chapa que venceu democraticamente as eleições do ano passado, quem assume é Eduardo Cunha.

A Rede Globo até tentou se apresentar como porta-voz do lobista, escondendo sua história de achacador. Hoje, porém, parece que já rifou o aventureiro. No campo da oposição demotucana, o império global sabe que não há unidade entre os seus caciques.

As bicadas são cada vez mais sangrentas no ninho entre o cambaleante Aécio Neves, o calculista José Serra e o pragmático Geraldo Alckmin. Uma nova eleição poderia ainda causar péssimas surpresas.

“Se Dilma renunciar ou se sofrer impeachment, Lula é quem mais ganhará”, alertou nesta sexta-feira (7) a colunista Ruth de Aquino na revista Época, um das preferidas da famiglia Marinho.

Dinheiro, dinheiro e dinheiro

Há ainda outras hipóteses sobre o “recuo tático” do império global. O jornalista Paulo Nogueira bate na tecla:

*****

A Globo não é exatamente original quando procura argumentos para suas atitudes. O que a move é sempre um desses três fatores: dinheiro, dinheiro e dinheiro. É dentro dessa premissa imutável que se deve buscar a grande questão que emergiu depois do editorial em que a empresa rompe com o golpe.

Em 1964, a adesão aos golpistas foi motivada por dinheiro. E isso veio em proporções monumentais. Uma editora medíocre, com um jornal de segunda linha, virou o que virou com as mamatas dadas pelos militares em troca do apoio à ditadura.

Agora, a Globo perderia muito dinheiro – e provavelmente o futuro – se alinhando com os golpistas. Não dando certo o golpe — e não daria — o risco era ver secar a verba multimilionária da propaganda federal”.

O gesto da Globo se explica e se encerra no dinheiro. Muito se especulará sobre os detalhes que se traduzirão nisso – dinheiro. Mas uma coisa é batata. Os aloprados da Globo entenderam perfeitamente o editorial.

Assim como elevaram brutalmente o tom nos últimos meses, agora diminuirão na mesma proporção. Roberto Marinho sabidamente gostava de papistas, gente que obedece sem restrições ao Papa.

Evandro de Andrade, chefe de jornalismo do Globo e depois da TV Globo, convenceu RM a dar-lhe o cargo com uma carta em que garantia ser papista. Os irmãos Marinhos, como o pai, também gostam de papistas. Dada a ordem contida no editorial, esperarão de seus aloprados, de Kamel a Merval, uma resposta imediata. E eles sabem disso.

*****

De fato, a hipótese da razão monetária tem consistência. Basta lembrar o balanço publicado pelo repórter Fernando Rodrigues, do site UOL, no final de junho passado.

O estudo revelou que a Rede Globo e as cinco emissoras do grupo (São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Brasília e Recife) receberam um total de R$ 6,2 bilhões em publicidade estatal federal durante os 12 anos dos governos Lula (2003 a 2010) e Dilma (2011 a 2014).

O montante é ainda maior se somado aos valores pagos às afiliadas. A RBS, afiliada da Globo no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, recebeu R$ 63,7 milhões de publicidade estatal federal de 2003 a 2014; a Rede Bahia teve um faturamento de R$ 50,9 milhões no mesmo período. Já a TV Tem, maior afiliada da TV Globo no país, de propriedade de J. Hawilla, empresário metido nos escândalos de corrupção na Fifa, faturou R$ 8,5 milhões de publicidade estatal federal somente em 2014.

Somada todas estas possíveis explicações para o “recuo tático”, mesmo assim fica a pergunta: dá para confiar?

A história do Brasil – com o suicídio de Vargas, a desestabilização de Kubitschek, o golpe contra Jango, o boicote às Diretas-Já, a farsa do “caçador de marajás”, a blindagem ao “príncipe da privataria” e outras ações golpistas – desaconselha qualquer tipo de ilusão no que se refere à famiglia Marinho.

A conferir como será a “cobertura jornalística” dos seus vários veículos nos próximos dias. Nas marchas golpistas de março e abril, a TV Globo chegou a mudar a sua grade de programação para apoiar os grupelhos fascistas.

Celebridades globais produziram vídeos conclamando os protestos. “Calunistas” ficaram excitados com o “Fora Dilma”. E agora? Como a Rede Globo se comportará? O editorial e a confissão de João Roberto Marinho são para valer ou só para enganar os ingênuos?

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A conversa dos senadores do PT com o dono da Globo


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Comentários

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Fábio Brito

Como Reagir???
Certos momentos na vida exigem que a gente pare, reflita, analise acuradamente e observe atentamente, o que ocorre à nossa volta e separemos erros e acertos.
Tudo isto através da nossa ótica de mundo, de desejos, de expectativas dos resultados que esperamos, ante as ações decididas para atingir o objetivo aguardado.
Feito isto, façamos tudo novamente, só que, agora, dentro da perspectiva daqueles que dominam a narrativa, que nos são OPOSIÇÃO. Devemos nos colocar de acordo com o ponto de vista deles. O que esperam de nós, como nos veem? Antecipar as ações dos que se opõem a nós, pode nos dar uma vantagem enorme em relação a tomar uma decisão acertada.
A sabedoria irá nos indicar a saída.
Quando nos encontramos encurralados, ameaçados de aniquilação, os passos a serem tomados tem que ser muito cuidadosos. Mas precisam ser rápidos e precisos.
Saber nossas forças e fraquezas e entender o que faz nossos opositores fortes e quais as fraquezas deles. Este é o cerne de tudo. Aquilo que poderá nos fazer capaz de sair da armadilha em que nos metemos.
Aquilo que vai nos permitir virar o jogo. A análise precisa do momento, sabendo quando agir, quando tomar a decisão precisa, e, como no Judô, utilizar a força do oponente para desestabilizá-lo e levá-lo ao chão, em definitivo. Um “ippon”.
No entanto, é necessário saber se temos coragem para tanto, porque a covardia a que podemos nos entregar, no momento decisivo, pode nos levar a uma reconfortante, mesmo que paradoxal, aceitação da aniquilação total.
Faço uma análise em meu blog sobre a situação política atual e sobre o GOLPE, iminente, agendado, deem uma olhada, deixem seu comentário, e se gostarem e puderem compartilhem. Obrigado.
“Quando me desespero, e me angustio, eu me lembro que durante toda a história o caminho da verdade e do amor sempre ganharam. Tem existido tiranos e assassinos e por um tempo eles parecem invencíveis, mas no final, eles sempre caem – pense nisso, SEMPRE.”
―Mahatma Gandhi
https://rebeldesilente.wordpress.com/2015/08/09/o-futuro-incerto-do-brasil-entre-o-golpe-juridico-midiatico-parlamentar-esperado-e-a-guerra-civil-possivel/

MIRIAM

Fim do império da Globo. Esperamos que outra fonte digna ocupe o espaço que ela precisa deixar por vaidade, manipulação e interesses egoisticos, antes de pensar no social. Os tempos são outros e quem não estiver preparado não se estabelecerá. O povo é soberano, e deve ter o mais alto grau de importância na prestação de serviços, que é o que eles deviam ter feito, e não fizeram, manipularam descaradamente durante decadas. Estão colhendo… Que quebrem.

Urbano

Em se analisando com o devido apreço, chega-se à conclusão da existência de um contingente imenso de serial killer, nas hostes da oposição ao Brasil. Quantos miseráveis morrem de inanição neste país desde sempre, em função da política rapineira destes? E se formos acrescer outras causas mortis tão cruéis quanto… Por exemplo, o desejo incontido de se extinguir certas raças humanas.

    Urbano

    Na verdade: … em função da política rapineira daqueles.

FrancoAtirador

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Compra Miragens quem acha que o pior já passou, só porque a Rede Globo decidiu
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remanejar o Golpe na Grade de Programação Jornalística dos Veículos dos Marinho.
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(https://twitter.com/cartamaior)
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FrancoAtirador

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A PROMOÇÃO DO ÓDIO NA IMPRENSA
E A BRUTALIZAÇÃO DA SOCIEDADE
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10/8/2015
Portal do Ministério Público Federal (MPF)
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Retomada Ação Civil Pública do MPF contra Editora Abril
por Publicação Preconceituosa contra Índios e Negros.
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Procuradoria Regional da República no Estado de São Paulo
pede R$ 1 Milhão de Indenização por Danos Morais Coletivos
causados a Minorias Étnicas em Reportagem de Cunho Racista
publicada na Revista Veja, da Editora Abril, em maio de 2010.
O Valor será Destinado aos Povos Tradicionais do Estado.
.
Para a Procuradora da República Suzana Fairbanks Oliveira Schnitzlein,
autora da ação e do recurso interposto, Declarações de Cunho Racista
e que promovem a Discriminação contra Minorias Étnicas
não podem ser toleradas a pretexto de liberdade de expressão/imprensa,
direito fundamental que não se confunde com “o puro e simples
Discurso de Ódio Camuflado de Reportagem Jornalística”
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Por ASCOM/PRSP*
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A 26ª Vara Cível Federal, na Capital Paulista, terá que dar Prosseguimento à Ação Civil Pública
que o Ministério Público Federal ajuizou contra a Editora Abril por Danos Morais Coletivos.
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O processo se deve a uma Reportagem Discriminatória
contra Minorias Étnicas publicada em maio de 2010 na Revista Veja.
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A decisão é do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, que acolheu um recurso do MPF
e reverteu a sentença de primeira instância que declarava prescrita a ação.
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O MPF propôs a ação em agosto de 2014, quatro anos após a publicação
da reportagem ‘A farra da antropologia oportunista’.
O texto da revista Veja baseou-se em informações distorcidas e expressões injuriosas
para criticar o processo de demarcação de reservas destinadas a grupos indígenas e quilombolas.
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A Procuradoria pede que a Abril, responsável pelo semanário,
seja condenada ao pagamento de indenização mínima de R$ 1 milhão por danos morais,
valor que deve ser destinado aos povos tradicionais do Estado de São Paulo.
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O texto da revista procurou caracterizar a criação de novas reservas como fruto do conchavo entre ativistas que sobreviveriam dos sucessos das demarcações, agentes públicos e antropólogos cujo trabalho não teria nenhum rigor científico, mas simplesmente viés ideológico de esquerda.
Veja relata ter descoberto “uma verdadeira fauna de espertalhões” e utiliza vários termos depreciativos que incitam o preconceito contra as comunidades indígenas e outras minorias étnicas.
Exemplo é a definição de Tupinambás como “os novos canibais”, associando-os a invasões, saques e outras práticas delituosas.
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Com o objetivo de embasar a crítica às demarcações, a reportagem também distorceu as declarações de dois renomados antropólogos que se dedicam ao estudo das questões indígenas.
O professor da Universidade Federal Fluminense (UFF) e ex-presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai) Márcio Pereira Gomes e o pesquisador da UFF Eduardo Viveiros de Castro teriam, segundo o texto, emitido opiniões contrárias à criação de novas reservas e aos critérios adotados.
Após a publicação, ambos escreveram aos editores da revista,
indignados com o fato de que as frases a eles atribuídas
eram opostas ao que realmente pensam sobre o tema.
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Para a Procuradora da República Suzana Fairbanks Oliveira Schnitzlein,
autora da ação e do recurso interposto, Declarações de Cunho Racista
e que promovem a Dscriminação contra Minorias Étnicas
não podem ser toleradas a pretexto de liberdade de expressão/imprensa,
direito fundamental que não se confunde com “o puro e simples
Discurso de Ódio Camuflado de Reportagem Jornalística”.
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O número da ação é 0015210-17.2014.4.03.6100
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Para acompanhar a tramitação, acesse http://www.jfsp.jus.br/foruns-federais/.
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*Assessoria de Comunicação/Procuradoria da República no Estado de S. Paulo
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(http://noticias.pgr.mpf.mp.br/noticias/noticias-do-site/copy_of_geral/10-08-15-acao-do-mpf-contra-editora-abril-por-danos-morais-coletivos-e-retomada)
(http://www.cartacapital.com.br/blogs/parlatorio/mpf-retoma-acao-contra-veja-por-reportagem-de-cunho-racista-8745.html)
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Julio Silveira

Triste é saber que se houver uma grave crise institucional no país, os que sofrerão nas suas carnes e com seu sangue serão o seguidores, de ambos os lados. Os que se dizem lideres, os quais muitos seguidores concordam, estarão blindados como em cofres fortes ou receberão o abraço do império. Destino comum de todos os seus prestadores de serviço, algozes de seus próprios povos.

FrancoAtirador

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Entrevista: JOÃO PEDRO STÉDILE
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No Página13, via OperaMundi
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(http://t.co/QUAaEyZ9av)
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