Samuel Pinheiro: “Dilma e Cristina devem erguer muro contra golpistas”

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Samuel Pinheiro Guimarães: Juntas, Dilma e Cristina podem influir poderosamente. Foto: José Cruz/ Agência Brasil

À Carta Maior, o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães fala sobre as incertezas políticas no continente após a morte de Hugo Chávez. Para ele, Brasil e Argentina desempenharão papel fundamental nesse processo. É importante que esses países estejam vigilantes, desestimulando eventuais movimentos golpistas. Por Dario Pignotti.

Dario Pignotti – @DarioPignotti, em Carta Maior

Brasília – Hugo Chávez citava frequentemente Samuel Pinheiro Guimarães para defender a aliança vital com o Brasil ou repudiar as tentativas de anexação por parte dos Estados Unidos sob o manto da Alca.

Chávez conhecia os bastidores do Itamaraty e quando citava Samuel talvez procurasse fortalecê-lo frente àqueles que tentavam afastá-lo da secretaria geral da Chancelaria para restabelecer a diplomacia do Consenso de Washington. O diplomata também foi mencionado pela embaixada dos EUA para quem ele é um “antiamericano virulento”, segundo documento divulgado pelo Wikileaks.

A morte de Chávez, mas sobretudo a tensão estratégica entre Venezuela e Estados Unidos, e o “muro” que Dilma e Cristina Kirchner estariam formando para abortar tentativas golpistas contra Nicolás Maduro foram os temas tratados pelo diplomata nesta enciclopédica entrevista à Carta Maior.

Carta Maior – Washington considerou absurda a suspeita de que Chávez tenha morrido vítima de uma enfermidade inoculada. Certamente a hipótese soa algo exagerada, mas você a descartaria por completo?

Samuel Pinheiro Guimarães – Não estou em condições de falar sobre o que ocorreu concretamente, mas o presidente Maduro falou do tema, segundo ouvi, e prometeu investigar. Ele deve saber porque disse isso e, se houver alguma desconfiança por parte do governo venezuelano, este pode adotar a decisão que lhe pareça mais conveniente. Os estados têm soberania para decidir o que fazer.

Os que colocaram em dúvida o que causou a morte de Arafat (suposto assassinato com substâncias radioativas) foram desqualificados em 2004, quando ele morreu. Passados alguns anos, isso que parecia um absurdo hoje não é mais e os que foram ridicularizados não estavam tão equivocados. O passar do tempo às vezes acaba revelando algumas coisas. Que se investigue.

CM – Maduro falou de um plano sedicioso com participação estadunidense… O jornalista Kennedy Alencar informou que Dilma e Cristina se articulam para frear eventuais golpistas…

SPG – Não tenho informação, mas imagino que haja uma grande preocupação por parte das presidentas para que não haja um golpe de Estado. Isso sempre pode ocorrer, como em 2002. De repente veio o golpe. Um golpe se articula discretamente. Estão corretas em se preocupar se têm informações. Mas creio que isso seja difícil no curto prazo. No médio ou longo prazo, aí já não sei. É importante que Brasil e Argentina estejam vigilantes.

Desestimular eventuais movimentos golpistas é importante. Juntas, elas podem influir poderosamente. O apoio delas ao governo democrático é necessário. Igualmente acredito que a transição para as eleições está assegurada. Haverá estabilidade no curto prazo, o problema é o longo prazo.

CM – Se tiveram coragem de tentar um golpe contra Chávez, porque não tentariam de novo agora, sem ele?

SPG – Claro, isso é lógico. É preciso levar em conta que a sociedade venezuelana está fraturada, os programas sociais levaram à conscientização das massas e, ao mesmo tempo, provocaram uma reação das classes alta e média alta. As minorias sabem que pelas urnas é difícil chegar ao poder e aparece aí a tentação permanente de fazê-lo por fora das urnas.

Não sei com certeza se há setores militares fortes com planos golpistas, mas se há militares que não gostam do chavismo isso não me surpreenderia. Isso ocorre com todas as elites. Por isso, considero importante que existam milícias populares dispostas a defender o governo para compensar o poder dos militares.

CM – O novo secretário de Estado, John Kerry, se veste de pomba. Será ele menos hostil do que Hillary?

SPG – Parece-me quase impossível ser mais hostil que Hillary, mas a política externa dos EUA transcende a característica pessoal de seus funcionários. Há um princípio permanente que é castigar, ainda que muitos anos depois, os países que não se enquadram nos desígnios de Washington. Quando algum país não obedece a esse enquadramento, e a Venezuela fez isso, será vítima de uma política que eu chamaria de vingativa. Lembro quando Bush invadiu o Iraque por muitas coisas. Para ele, havia um sentimento pessoal. Bush chegou a dizer que Saddam quis matar seu pai. O mesmo ocorre com o Irã, porque eles invadiram a embaixada e, pior, os iranianos tiveram a audácia de dar os nomes dos informantes iranianos que trabalhavam com a CIA. Isso Washington nunca perdoou. O mesmo se aplica à Venezuela. Creio que Washington nunca perdoará as atitudes de Chávez.

CM – Soberania equivale à irreverência…

SPG – A Venezuela foi uma província petroleira dos EUA durante décadas. Na II Guerra, foi a maior fornecedora de petróleo dos aliados. Tudo isso deu origem a uma classe dominante muito ligada ao negócio petroleiro e a Washington. Colômbia e Venezuela são fundamentais para o sistema norte-americano, no Mediterrâneo americano. Chávez acabou com tudo isso. Deu as costas aos Estados Unidos e se voltou ao Brasil, ingressou no Mercosul e rechaçou a ALCA. Isso, para os EUA, é imperdoável.

CM – Para a direita, o chavismo morrerá com ele.

SPG – A dimensão de Chávez foi imensa, mas não considero adequado dizer que tudo era fruto do carisma dele. Um autor alemão que viveu nos EUA dizia que as pessoas não chegavam ao poder porque têm carisma, o poder é que lhes dá carisma. Quando Chávez chegou ao poder em 1999, não tinha a grande dimensão internacional que chegou a ter, na medida em que foi desenvolvendo seu projeto. Agora, é preciso ver como Maduro amadurece (risos).

CM – O cesarismo, talvez inevitável, do modelo bolivariano agrava o vazio causado pela morte do líder?

SPG – Os meios de comunicação dão muito valor à atuação do presidente ou do primeiro ministro, supervalorizam a pessoa, como se ela fosse imprescindível. É falso. Ninguém governa sozinho, governa-se porque se representa um conjunto de setores. Isso ocorre nas democracias liberais e nas ditaduras. Portanto, é um equívoco achar que o chavismo é só a presença de Chávez e não ver que esse fenômeno teve um respaldo enorme dos setores populares.

Dizer que Chávez era tudo foi mentira desses meios, que também inventaram que a revolução não é democrática. Na Venezuela de Chávez, houve mais eleições que aqui no Brasil, como Lula observou. Não há notícias de jornalistas ou opositores presos. Se houvesse, seria notícia permanente. Essa imprensa criou a fantasia de que a revolução é um sistema baseado numa pessoa e isso é falso.

CM – A longa agonia de Chávez permitiu que Maduro se afiançasse como seu sucessor?

SPG – Espero que sim. Não é fácil saber qual será sua habilidade para manter dentro do projeto os setores populares, partidos e forças armadas.

CM – Sendo Alto Representante do Mercosul (até julho de 2012), você pode conversar em profundidade com Chávez?

SPG – Com Chávez, falei poucas vezes. Ele citava constantemente um livro meu que ele considerava muito importante.

CM – Parece estar em marcha um ataque preventivo contra Maduro, quando os conservadores anunciam que deverá haver um “inevitável” ajuste do gasto público.

SPG – A mídia internacional e os organismos financeiros internacionais repetem em coro que é preciso fazer um ajuste, controlar a inflação ou então virá uma catástrofe. Tudo isso é falso. Basta olhar para os EUA onde nunca se fala disso e onde há déficits comerciais e fiscais absurdos. Lá não se pede isso, aqui sim. É uma religião disfarçada de discurso econômico global onde toda a política social é chamada de populismo. No Brasil, falam do lulopetismo.

CM – As políticas sociais destes 14 anos de Chávez são conquistas irreversíveis?

SPG – Não creio. No Chile havia um processo avançado e, com o golpe de 73,  retrocedeu até na reforma agrária. Na Argentina ocorreu o mesmo com o golpe de 1976. Se a direita volta é para retomar o poder e terminar com as políticas públicas, com a redistribuição de renda. Tudo começa com as campanhas nos meios de comunicação, dizendo que chegou a modernidade, que está tudo melhor, que o populismo está dizendo adeus.

Na Venezuela, esse discurso pode começar a ser utilizado com a volta das classes abastadas, para desqualificar os programas de saúde, os gastos do Estado com alfabetização, para retirar recursos da Universidade das Forças Armadas, das missões (programas sociais do governo).

Capriles (principal opositor nas eleições de outubro de 2012) teve mais de 40% dos votos. Esses votos não são só das elites. Há pessoas pobres beneficiadas pelos programas sociais que são ideologicamente conservadoras. Eu creio que essas conquistas não possam ser entendidas como irreversíveis. Por isso as classes dominantes querem voltar ao governo, para reverter esses avanços.

Leia também:

Martín Granovsky: Nicolás Maduro, o preferido de Brasil e Argentina


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Comentários

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Francisco

Claro que estas “reportagens” são montadas antes…está mais na cara do que nariz ! Afinal basta ver o tom monocórdio da chamada ” Imprensa LIvre” , livre de que meu Deus ??!!!?!?! Chavez soube capitanear as reformas, se elas subsistirão não se sabe ! Eu mesmo creio que sim, pois se o PSDB de lá disser abertamente que vai tirar os programas sociais provavelmente será execrado, se disser que vai melhora-los o povo forçosamente faria a mesma pergunta: Por que nunca o fizeram quando no Governo ?

Santayana: Não estamos aproveitando bem a aliança natural com os BRICS « Viomundo – O que você não vê na mídia

[…] Samuel Pinheiro: “Dilma e Cristina devem erguer muro contra golpistas” […]

FrancoAtirador

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CRITÉRIOS DO MERCADO DERRUBAM MAIS UM VEÍCULO DE MÍDIA DE ESQUERDA
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Asfixia financeira destrói ‘Caros Amigos’

Revista fundada em 1997 por intelectuais e jornalistas, detentora de sete distinções do prêmio ‘Vladimir Herzog’ de Direitos Humanos, entra em crise: redação faz greve e é demitida.

Na origem do problema, a asfixia financeira, decorrente das decisões do governo federal de suprimir publicidade de utilidade pública nos veículos da mídia alternativa.

Criada pelo renomado jornalista Sergio de Souza, ‘Caros Amigos’ tornou-se uma referência pela qualidade de suas grandes reportagens e entrevistas.

A revista resistiu ao ciclo tucano dos anos 90, mas não suportou os ‘critérios técnicos’ da Secom no governo Dilma, cuja prioridade é descarregar recursos de publicidade nos veículos conservadores.

(Carta Maior)

Detalhes em:

(http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/revista_demite_equipe_de_redacao_em_greve)
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“E ri-se a orquestra irônica estridente
e da ronda fantástica a Serpente
faz doudas espirais…”

(Castro Alves)
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    Bonifa

    Pelo menos um crime incontestável e terrível, a Dilma cometeu. Como será o amanhã? Ela poderá ser responsabilizada por isso em uma escala que ela talvez não consiga imaginar.

J Souza

Por falar em golpe, ainda bem que a mídia golpista não ganha a vida como cartomante… Depende dos negócios “de pai pra filho” que faz com os governos de direita, em especial do PSDB.
Se dependesse, imaginem que fracasso…

As coisas que não vieram:
– A epidemia de febre amarela;
– A recessão nos governos Lula e Dilma;
– A inflação após o BC ter diminuído a taxa SELIC para a menor da história;
– O “caos aéreo” depois da saída do Jobim; (na verdade, para a classe média o “caos”, leia-se “classe C”, existe!)
– A derrota do PT nas eleições depois do julgamento do “mensalão” do PGR e do JB.

A mídia golpista tem ótimos ativistas políticos de direita, mas carece de pensadores entre os mesmos…

Guanabara

Título do próximo capítulo dessa saga: o império contra ataca.

J Souza

Chávez e Lula são dois personagens que devem seu poder à direita, que tende a perder de qualquer forma.
Usam Chávez e Lula para não assumir publicamente que o desejo de mudança não foi uma imposição desses governantes, mas um desejo genuíno do povo, cansado de ser explorado e maltratado.
Depois, tentam desqualificar esses líderes, por eles criados, dizendo que é “ditador”, ou que é “corrupto”, numa tentativa explícita de enfraquecer não esses líderes, mas o Socialismo e a esquerda.

P.S.: Será que a guinada à direita do governo na economia, dando bilhões às empresas na forma de empréstimos ou de desonerações, vai ter algum impacto nas eleições de 2014?

Roberto Locatelli

O perigo de golpe é grande em vários países da América Latina, inclusive o Brasil.
Marco Aurélio Melo, ministro do stf, declarou que a ditadura foi “um mal necessário, pois às vezes o povo vota errado”. Seu colega Fux disse que há um novo conceito de democracia, não mais baseado no “primado da maioria”. Êpa!

    Bonifa

    Mas não há como reescrever a Democracia, assim como não dá mais para viciar a roleta de modo que apenas a casa possa sempre ganhar. A mística dos elitismos transcendentes se esboroa, todas as verdades surgem com o impacto de um tsunami, por trás das tentativas desesperadas de controle da informação. A idéia da igualdade entre os homens, assim o conhecimento das causas da desigualdade, se impõe por toda a parte. Até a religião na escala comunitária se sobrepõe à magnificência dos impérios ancestrais. Só haveria uma maneira de tentarem restaurar o domínio de uma classe dominante sem méritos reais: Proibindo a educação universal para o povo, decretando o fim do acesso universal às conquistas tecnológicas e substituindo os livros de história por manuais de deseducação.

    Bonifa

    Juízes que fecham os olhos aos pecados políticos da classe dominante e vasculham qualquer suspeita de pecado político das classes populares são excrescências anacrônicas de caráter ocasional e humano, que não desabonam a estrutura jurídica em sí.

ricardo

Há alguma dúvida de que o embaixador é um “antiamericano virulento”?

anac

‘Ele é um presidente definido por lei que está fazendo o que o país dominante quer que ele faça”
Avaliação do governo de FHC feita por Raymundo Faoro, em 15/5/2002

    Mário SF Alves

    Considerando a data, e aos olhos de hoje, soa como profecia. Só quem conhece muito os meandros da política poderia antever com tamanha precisão o vir-a-ser de um desses Fernandos.
    ____________________________________
    Inesquecíveis Faoro e Ulisses; e imprescindíveis até hoje.

Sagarana

Golpe e anunciar com pompa em rede nacional medidas que havia vetado meses antes.

    augusto2a

    Ela anuncia do jeito que quer. É presidenta.A primeira proposta era do pt.
    Ela nao havia vetado para este orçamento agora, e sim para o anterior.
    Se alguem vier agora com uma proposta ou P/L que nao caiba no orçamento
    a mulher veta de novo.
    Depois que os tukanos estaduais fizerem alguma coisa com isençoes de ICMS para o povo (SP, MG,GO), ai voce volta aqui comentar.

Zé Roberto/Guarulhos

Isto é conversa para idiotas de plantão, como eu. Cristina, male, male. Dilma, nada a iludir. Cristina fez a lei dos meios. Dilma tem a Globo com sua pupila, a nossa “D”Ilma. Helena Chagas. Contrapor os golpistas, com a orientação de Lula, o contemporizador, só assim aceitaremos a teoria efêmera da crença.

Vejamos… Estadamos…Globalizamos…IstoÉsamos…Vio…Acredi…

A comunicação do Planalto é comandada por Helena Chagas?
Esta Helena Chagas é a ex-diretora da sucursal de Brasília do jornal o Globo e ex-colunista do mesmo?
Esta Helena Chagas é a que trabalhou na TV Globo, no SBT, e é filha do jornalista Carlos Chagas, que integra o PIG e foi secretário de comunicação da Presidência no governo Costa e Silva (1967-1969)?
Esta Helena Chagas é a mesma que prefaciou o livro Memorial do Escândalo, dos seus “coleguinhas” da sucursal do Globo, em Brasilía, Gerson Camarotti e Bernardo de la Peña, com o propósito de macular o governo Lula e o PT, a partir de “fundamentos” da Veja? É a mesma que controla verba para os “golpistas” e “sujos”.
E ainda, assim, querem erguer muro, enquanto o quintal está aberto. Mesmo na defesa da tese contra as grades, quem não olha o quintal, não consegue vigiar o entorno. Com Zé Eduardo, PMDB, PSB, PSD (Kassab estava no lançamento do “livro” mervaliamos e britiniamos em SP, junto com quem, com quem mais?)
Ainda há tempo de acabar com a submissão e fortalecer a democracia contra a mídia golpista. Não dá mais para evidenciar a falta de coragem, associada à retórica por conveniência, para produzir acuados que sempre retrocederão mais um pouco para apoiar o discurso da crença, idiotizando leitores. Não vale a desculpa da falta de acúmulo de força política.
Por enquanto, a comunicação do Planalto e o Paulo Bernardo dão o tom afinado para interditar qualquer avanço no marco regulatório e no fim do monopólio, oligopólio e domínios cruzados, verticalizados e associados. E o fantasma da direita e o governo de coalizão continuam nos anestesiandpo, inclusive com discursos de intelectuais. Engana-me.
Os coronéis midiáticos continuam rindo à toa, com direito à visita de Dilma e o “choro” do Lula nos redutos golpistas. A mídia quer o caos (vale até o Eduardo Campos, agora) para dividir o governo e continuar com o controle de factóides para produzir uma opinião desconexa, mas que tem objetivos: desestabilização política, aliada à disseminação do preconceito e do ódio.
Depois de 12,12, 12, 12…anos, alguém “diz” que Ela, ou as Cristinas, quem sabe o novo Papa, deve erguer o muro contra o golpe. É conselho inócuo para quem deixou a porteira aberta. É desencargo intelectual do tipo… “não avisei”. Porque não se cobra o atraso e a submissão vista na linha do tempo. Papo de besta.

Estevão Zanch

“…devem erguer muro…”

Porque essa fixação dos esquerdistas com “muro”…

    Francisco

    Por causa da fixação direitista com “murro”!

    anac

    Não só murro, mas pau de arara, cadeira do dragão, palmatória, etc.
    Até crucificação a direita usou para quem defende pobre e faz assistencialismo dando comida grátis: peixes.

    Mário SF Alves

    Fim de festa. Pano rápido, e dá-lhes Francisco, e dá-lhes Anac.

    _____________________________________________
    Viram, até contra a força bruta de um muro fora do contexto, costuma haver argumento?

silvia macedo

Eu vi a reportagem do Jornal Nacional no sábado. O repórter mostrava o supermercado, o posto de gasolina, os carros na rua, com sangue nos olhos. Parece que, no dia anterior, ele levou uns empurrões das pessoas, quando viram que era da Globo. Um tipo fuinha só mostrando coisas ruins da economia venezuelana. Um horror.

Marat

Dilma está cercada por golpisas (muitos dentro de seu próprio governo).

    FrancoAtirador

    .
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    O pior de tudo, meu caro Marat,

    é saber que ela sabe disso…
    .
    .

    Estevão

    Pior ainda é se ela souber que você sabe que ela sabe de tudo…

    Marat

    Estevão, sempre há uma chance de piorar – rsrsrs – quando a turma é pusilânime… Moro numa cidade extremamente conservadora e retrógrada… Aqui em SP, nos bairros nobres, o povo (do jovem ao idoso) fala-se o tempo todo em golpismo, paga-se pau aos EEUU, e alimenta-se o complexo de vira-latas… É uma turma complicada. Até um “jornalista” do pasquim reacionário Metro (que mais parece um fofoqueiro profissional, ou uma dondoca), já está tentando sordidamente minar o Haddad… O PT sabe disso, mas se faz de sonso!

FrancoAtirador

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O Embaixador do Brasil matou a charada:

“A mídia internacional [bandida, porque impatriótica]
e os organismos financeiros internacionais [apátridas]
repetem em coro que é preciso fazer um ajuste,
controlar a inflação ou então virá uma catástrofe.

Tudo isso é falso.

Basta olhar para os EUA onde nunca se fala disso
e onde há déficits comerciais e fiscais absurdos.
Lá não se pede isso, aqui sim.

É UMA RELIGIÃO [dos ‘Mercados do Capital’]
DISFARÇADA DE DISCURSO ECONÔMICO GLOBAL
ONDE TODA A POLÍTICA SOCIAL É CHAMADA DE POPULISMO.

No Brasil, falam do lulopetismo.”

(Samuel Pinheiro Guimarães, patriota legítimo)

Eduardo Guimarães

As conquistas sociais e econômicas que nós sul-americanos alcançamos com governos progressistas ao longo da primeira década do século XXI operaram o milagre de hoje tornarem a região que era chamada pelo Primeiro Mundo de “América Latrina” a região mais estável e com maior desenvolvimento do planeta.

Devido a ser pouco difundido, poucos sabem que hoje a América Latina, sobretudo a América do Sul, é a região mais próspera do planeta, com o maior crescimento e os maiores avanços nos índices de qualidade de vida e de distribuição de renda – e vejam que não me refiro à China porque o que está em questão são continentes, não um país.

A entrevista do embaixador Samuel Pinheiro Guimarães à Carta Maior que reproduzi há pouco me é cara porque coincide com tudo de mais crucial que tenho dito há anos, como todos os que me leem sabem: tudo que foi alcançado por nós, latino-americanos, pode sumir muito rapidamente se a direita voltar ao poder na região, sobretudo no Brasil.

Devo reconhecer que me causa extrema intranquilidade saber que estamos pendurados por um fio, que estamos a um passo de perder tudo se algum golpe de sorte da direita nazista que infecta este país a reconduzir ao poder.

Todas as conquistas seriam rapidamente anuladas. Imaginem o poder de Estado aliado a toda a comunicação de massas e até ao Judiciário. Estará instalado um império que pode demorar décadas para ser novamente derrotado nas urnas.

Isso seria mais difícil de acontecer em países em que o povão é politizado, como na Venezuela ou na Argentina, mas no Brasil, onde a quase totalidade só se importa com novela e futebol, sem a recompensa material do bem estar social a maioria pode facilmente fluir para a direita.

Dilma, assim como Lula, sabe que é preciso estar sempre mostrando grandes feitos sociais para que a população reflita antes de cometer alguma bobagem nas urnas, mas me deixa intranquilo ter que ser assim. E quando não for possível ofertar novos benefícios concretos?

    FrancoAtirador

    .
    .
    Governos sem base política consistente

    sempre estarão “pendurados por um fio”.

    E mesmo os que têm amplo apoio popular

    correm risco de serem presas da rapina.

    Enquanto a águia norte-americana voar

    o Planeta estará sob ameaça constante.
    .
    .

    FrancoAtirador

    (http://resistir.info/varios/imperios.html)

    Zé Francisco

    João Goulart tinha aprovação popular e foi deposto. Força da mídia e alienação política suplantaram sua popularidade. Em 12 anos não mudamos nada neste sentido, estamos do mesmo jeito que 64, estamos por um fio…

    A Dilma e o Lula, com todo o seu prestígio, devem democratizar e diversificar a informação, sem educação política não construiremos verdadeiramente a cidadania e a justiça.

Moacir Moreira

O fato é que o PT está compartilhando o poder com notórios golpistas em nome da governabilidade.

Será possível confiar em golpistas?

    Nedi

    Não!!!

Eduardo Guimarães

O que é inacreditável é que alguém, honestamente, diga que é “absurda” a hipótese de uma superpotência tecnológica, militarista e golpista como os EUA terem “envenenado” Chávez de alguma maneira. Aliás, em um momento histórico em que armas químicas são cada dia mais aperfeiçoadas, não dá para acreditar que alguém realmente duvide disso

    ricardo

    Burrice foi Chaves ter ido se tratar em Cuba. O veneno que precipitou seu destino foi uma overdose de ideologia retrógrada.

Julio Silveira

Francamente acredito que o Embaixador Samuel Pinheiro, um brasileiro visto com reservas pelos Yankes, por seu brasileirismo, esteja redondamente enganado por esperar de nosso governo salvaguardas em nossa defesa contra o golpismo. Nosso governo gosta do modelito servo, obediente, e aceita sem se rebelar, as vezes até com humildade, o mando dos senhores do engenho. Como se a aceitação submissa pudesse mudar o enredo na hora da vontade. Espero mais da Argentina, aqui já vimos que os anteparos a possiveis avanços da ambição antidemocratica, ou da democracia de meia face, a democracia deles, não chegará. Nosso governo teima em querer reescrever a história usando as letras, as regras e a literatura desejada e construida pelos golpistas. Por causa dele poderemos novamente nos surprender com mudança de regras e do nosso vocabulário.

Fabio Passos

Cortar a relacao servil que as nacoes sulamericanas mantinham com tio sam nao e facil.
As “elites” locais e boa parte da classe media sao capachos assumidos dos ianques. E preciso muita atencao para evitar que novas aventuras golpistas prosperem na regiao.

assalariado.

Não, não consigo imaginar uma muralha contra golpes de Estado aplicados pelos donos do capital, desde sempre, e suas fardas multi camaleônicas, nos países colonizados, senão a muralha humana dos despossuídos da nação. Sim, estou falando da necessidade (para ontem), dos aliados políticos e partidos das chamadas esquerdas se aproximarem dos assalariados e os explorados da nação, para educarem politicamente nosso povo, sobre o que é democracia popular socialista, em detrimento do que é “democracia” burguesa, esta, por obvio, a serviço do capital.

Deixemos o modo ultrapassado, de luta pelo Socialismo do século 19/ 20 e, nos reciclemos, para as táticas e lutas pelo socialismo do século 21. Isto resulta em dizer que, as táticas de lutas pelo socialismo de 100 anos atrás que, na pratica, significava mandar o povo para casa, e que, deixassem para meia duzia de iluminados teóricos “socialistas”, fizessem a magica de implantar uma sociedade “maravilhosa” e “socialista”. Quando na verdade, estavam mesmo é, criando o capitalismo com outra face que não é, nada menos do que, o capitalismo de Estado, aquele mesmo, que ruiu em 1989, junto com a queda do muro de Berlim, inventado no século 19 pela social democracia.

Por outro lado, que tal (chamar o povo para dançar), implantar e escrever sua própria história, feita a várias mãos que como disse Marx/ Lenin, a libertação do povo explorado pelos donos do capital, seria e será, obra dele mesmo, não do acaso ou por meia dúzia de salvadores da pátria, muito menos numa canetada.

Não tenho dúvidas (no estágio atual) da luta de classes no Brasil que, o tripé ideológico do capital dentro Estado (legislativo, judiciário e as FFAA) são seus braços institucionais e, principal defensores imediatos dos interesses do capital “nacional” e internacional. Sendo que, as FFAA, na história do Brasil colonia, sempre foram treinadas pelas elites, segundo o seu viés de democracia, e com isso, ideologicamente ganham os comandos das FFAA, na linha do tempo, para fazer o serviço sujo para a classe capitalista mundial. Sim, vos ensinam que, o primeiro inimigo a ser abatido pelas FFAA, é o seu próprio povo.

Vamos rumo a construção de um exercito do povo, pelo povo, para povo, só assim sairemos debaixo da botas do capital imperialista e, por tabela, construirmos o Brasil nação. Abraços Fraternos.

Alberto Santos Neto

E a Dilma que se cuide. Não é se fingindo de morta para o PIG, que eles não darão um golpe contra ela. A Dilma e todas as forças progressistas deste país, tem que mostrar que não aceitarão calados mais um golpe desta nossa elite corrupta e reacionária, que temos aqui no Brasil. E, a primeira atitude deve ser a de tirar o povo brasileiro desta letargia, que faz com que o se preocupe mais com seu próprio umbigo do que com acontece à sua volta. Não adianta ficar vivendo de louros do passado (o Bolsa Família, por ex.), pois a direita comsegue desativá-lo em dois tempo, e será como se nunca tivessem existido. O Lula, a Dilma e o PT serão riscado da história política do país, da mesma forma que fizeram com o presidente João Goulart.

Beatrice

Só quem nunca pisou na Venezuela, antes ou depois de Chavez,
pode dar alguma credibilidade às críticas desenfreadas e infundadas
contra as reformas por ele implantadas,
o resto, ora o resto.

Marat

Extremamente lúcido o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães. Cada país da América Latina deveria ter ao menos uns 200 iguais a ele em seus governos!

Urbano

A coisa em que mais os galegos se esmeram é na tecnologia de matar. E ainda se acham os mais inteligentes… Será que desenvolver tecnologia de assassinato em massa é ser inteligente? Além do mais, será que toda a tecnologia, bastante avançada deles, saiu unicamente do crânio deles?

renato

Gostei das Milicias do Governo.
Há que manter-se protegido de forças
mal utilizadas, e manter armas preparadas
para distribuir ao povo se for necessário.
Por Isto era bom cadastrar quem gostaria
de receber treinamento, um tipo de retorno
ao Estande de Tiros.
Até aos sessenta anos.
Há aposentados achando a vida um tédio!
Bem organizado é claro.

Bonifa

Ao que parece, a imagem impressionante de multidões a se despedirem de Chavez, fez acender algum sinal de alerta na Globo e ela resolveu acabar com qualquer traço de simpatia, tanto por Chavez como pela Venezuela, que o evento tenha trazido aos brasileiros.O Jornal Nacional da Globo, na noite de ontem, em reportagem fulminante de duração média, simplesmente demoliu a Venezuela. O alvo da Globo desta vez não foi a pessoa de Chavez, como sempre tem sido, já que desta vez ele nem foi citado na reportagem. O objetivo foi mesmo desancar o sistema de governo implantado por Chavez. O repórter começou o seu trabalho a mostrar alguns carros nas ruas de Caracas, que nem eram tão velhos assim, e a falar que era raríssimo se ver por lá algum carro zero quilômetro. Isto impressiona muito a classe média do Brasil. Falou que só se viam carros velhos, talvez para construir uma imagem que lembrasse a situação da boicotada Cuba socialista. Depois, enfatizou que a inflação na Venezuela estava em inacreditáveis 30%. E sentenciou, com todas as sílabas e letras, que a razão de inflação tão alta era porque o governo havia nacionalizado várias empresas, e como resultado disso elas haviam ficado ineficientes e não mais davam conta do abastecimento. Quem duvidar desta afirmação que procure ver a reportagem. Por esta única razão citada, os preços, então, subiram violentamente. E estavam em falta principalmente os gêneros de primeira necessidade, como carnes, farinha de trigo e açúcar. O repórter mostrou as prateleiras de um supermercado vazias e, para encerrar de forma brilhante seu trabalho, entrevistou uma senhora que reclamou muito do fato de ter que ficar atenta para tentar conseguir comprar um pouco de açúcar. E por último, perguntou para esta senhora como era viver “em um país assim”, ao que ela respondeu: “É horrível!”. Depois desta reportagem, qualquer brasileiro de classe média que creia no Jornal Nacional fugirá da Venezuela como o capeta da Cruz e pensará que o Chavez foi uma espécie de louco irresponsável. Restaria perguntar que empresas foram estas que, nacionalizadas, fizeram subir tanto os preços do açúcar, da carne e da farinha. Seriam empresas dos setores de importação e distribuição? De produção é que não foram, já que há muitas décadas a Venezuela não produz quase nada do que consome. E quais teriam sido as razões da nacionalização destas empresas, será que não foi sua própria ineficiência? E também restaria saber sobre o consumo, se continuou no mesmo patamar de antes do Chavez ou se aumentou e também fez aumentar a inflação. E se o consumo aumentou, se isso não teria acontecido pela inclusão social de vastas camadas da população que antes não consumiam. Seja como for, a Globo mostrou que odeia tanto Chavez quanto o tipo de governo que Chavez implantou. Também mostrou que já entrou de cabeça na campanha eleitoral venezuelana. Mas estas abordagens de conservadorismo radical e simplório, tão acreditadas por cá, talvez não sejam muito boas para a oposição de lá.

    Nedi

    A tua análise é perfeita até o momento em que ela praticamente define a força da mídia na movimentação das pessoas comuns. Se isso fosse verdade, nem o Chavismo estaria no poder lá, nem Dilma aqui e nem a Cristina na Argentina, portanto, acho que se os caras quiserem reverter alguma coisa por estas bandas vão ter que recrutar os PANZERS. Não vejo outra saída. A reportagem que citas (da rede BÔBO) não tem simbolismo maior do que o “mar vermelho” que se viu em Carácas nesses dias.

    Bonifa

    Quem dera fosse assim. Aqui mesmo no blog vemos pessoas que estão pensando superficialmente sobre a reportagem da Globo, falando coisas do tipo: “O repórter da Globo deve ter levado alguns empurrões da multidão e ficado furioso” para fazer a odiosa reportagem. Acontece que tal repórter já foi à Venezuela com a reportagem pronta no bolso da camisa e apenas cumpriu o roteiro que lhe deram. Aquela reportagem foi quase definitiva para brasileiros que estavam sem opinião formada sobre Chavez e seu governo. Não se pode subestimar o poder de uma emissora como a Globo para manipular a cabeça da população desarmada. Ela ataca assim, com a rapidez do raio, como fez com os célebres 16 minutos que antecederam a eleição municipal, editando o mensalão. Não tivesse ela feito aquuilo, de que tamanho não teria sido a derrota do PSDB e de outros partidos da oposição? Por outro lado, o tema central da reportagem da Globo sobre a Venezuela desvenda o mesmo caminho golpista que foi usado contra Allende, no Chile: A crise de desabastecimento de gêneros de primeira necessidade. Foi esta crise que forneceu a base popular para o golpe de Pinochet. Muitos historiadores consideram hoje que aquela crise de abastecimento foi provocada artificialmente. E esta crise de agora, na Venezuela, não será também provocada pelos artífices de algum futuro golpe?

    João Vargas

    Este é um bom exemplo de como a mídia brasileira desinforma o povo. Só mostra um lado da moeda, exatamente o lado que lhe interessa. Com a morte de Chavez os reacionários entreguistas da comunicação acharam um terreno fértil para destilar o seu veneno e rancor contra os governos de esquerda da América Latina.

    FrancoAtirador

    .
    .
    Caro João Vargas.

    Estás sendo injusto.

    A Globo sempre mostra

    os dois lados da moeda…

    … de One Dollar …

    Aliás, as Organizações Globo

    mostram 3, 4, todos os lados…

    desde que seja desta moeda…

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