Arma poderosa, gás da Rússia pode explodir a Ucrânia amanhã

Tempo de leitura: 3 min

Gráfico do New York Times mostra os gasodutos que passam pela Ucrânia

O gás da Rússia pode explodir a Ucrânia amanhã

HuffPost France  | by  Grégory Raymond, em 28.02.2014

Tradução parcial

A pressão militar na Ucrânia nunca foi tão forte, mas os canhões não são a maior arma de Moscou. Com a questão da Crimeia — uma região pró-russa da Ucrânia — esquentando, o fornecimento de gás poderá ser uma ameaça usada na resolução da crise. A Ucrânia depende fortemente de energia russa. Preços crescentes do gás decididos por Moscou podem levar, a qualquer momento, a um colapso do país.

Uma nova guinada pode emergir em breve: a partir de primeiro de março a gigante russa Gazprom poderá renegociar seu contrato com a empresa estatal de gás e petróleo da Ucrânia, a Naftogaz.

Dado o acordo pelo qual a Rússia fornece gás para a Ucrânia, as duas companhias devem assinar um novo contrato a cada trimestre. Quando as relações entre os dois países são boas, assim também são os preços.

O último acordo, assinado em dezembro, definiu o preço a U$ 268,5 por mil metros cúbicos. Um preço competitivo, já que o de mercado na época das negociações era de U$ 400.

Este “gesto”da Gazprom, vindo de um governo aliado no setor de energia, foi feito por uma razão: o ex-presidente ucraniano Victor Yanukovych tinha acabado de desistir de um acordo comercial entre seu país e a União Europeia e estava prestes a reforçar a cooperação com Moscou. Agora que o governo interino está se voltando para Bruxelas, uma nova pressão no fornecimento de gás é esperada.

A Rússia fornece a maior parte do gás consumido na Ucrânia — é o maior importador de gás russo — e o governo russo foi acusado outras vezes de usar a dependência do vizinho como forma de pressão política. Vários setores industriais da Ucrânia, como as indústrias da metalurgia e de fertilizantes, dependem completamente das importações do gás russo. Outro fator a considerar — motivo de preocupação — é de que Kiev é um mau pagador.

Hoje a Ucrânia deve cerca de U$ 4 bilhões à Gazprom. O país também precisa encontrar U$ 35 bilhões para pagar suas dívidas nos próximos dois anos. Há motivos para temer uma terceira “guerra do gás”.

Em janeiro de 2006 e no início de 2009, a Gazprom decidiu cortar todo o suprimento para a Ucrânia — através da qual 90% do gás russo viaja para a Europa — obedecendo a ordens do Kremlin. Os russos queriam acelerar o acordo em uma disputa comercial sobre os preços e a dívida do gás. Também queriam punir a Ucrânia por se aproximar da UE.

Como resultado, vários paises da Europa central e ocidental ficaram sem suprimento. Agora, apenas 60% do gás russo importado por paises europeus atravessa a Ucrânia. Os vizinhos da Ucrânia veem uma nova crise do gás com mais serenidade. A Europa depende menos do gás que passa pela Ucrânia.

Em comparação com as crises prévias, a Rússia agora tem mais liberdade para pressionar a Ucrânia. O país tem uma rede de importadores de gás na Europa e pode cortar o fornecimento para a Ucrânia sem comprometer a entrega para outros paises europeus.

A Gazprom construiu um gasoduto duplo, gigante, no mar Báltico, em colaboração com as empresas alemãs E.ON, BASF e as companhia francesa GDF Suez. Chamado Nord Stream, esse gasoduto pode transportar 55 bilhões de metros cúbicos por ano, diretamente da Rússia para a Alemanha. A Alemanha também é altamente dependente do gás russo, mas a Gazprom não pode cortar o fornecimento. O Nord Stream é controlado por um consórcio liderado por Gerhard Scroöder, o chanceler alemão entre 1999-2005.

Na região sul, o gasoduto South Stream começará a funcionar em breve. Vai cruzar a Bulgária, a Sérvia, a Hungria e a Itália. Este gasoduto vai garantir que haja trânsito permanente de gás russo pela Europa central.

De acordo com Alexandre Razouvaev, chefe do departamento de análises da Alpari, “a Gazprom é muito menos dependente do trânsito de gás pela Ucrânia que no passado. Vários itinerários alternativos foram criados nos últimos anos: BelTransGaz, através da Bielorrússia, mas também NordStream e o gasoduto que conecta a Rússia com a Turquia através do mar Negro”.

Enquanto a Rússia tenta se livrar do trânsito de gás pela Ucrânia, Kiev está tentando diversificar seus fornecedores. O ex-primeiro ministro da Ucrânia, Mykola Azarov, disse que no final de 2013 o país tinha reduzido suas importações de gás russo em 40% desde 2010. Eventualmente, acrescentou, seu país poderia viver sem suprimento russo. O governo da Ucrânia fez um “enorme” trabalho para extrair gás em casa, diz Azarov.

Muitos contratos foram assinados, notavelmente com a Shell e a Exxon Mobil, que agora podem extrair gás da bacia do mar Negro. O governo ucraniano também deu à companhia norte-americana Chevron o direito de pesquisar e explorar gás de xisto. Um poço consistente foi encontrado em Oleski, na Ucrânia ocidental, diz o ex-primeiro ministro.

Leia também:

Atilio Boron: E se tivesse acontecido na Venezuela?


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Comentários

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lian

É dessa forma que os Golpistas se utilizam dos regimes eleitos pelo povo, aos quais chamam de Democracia, Se não obedeceram aos planos econômicos, eles aliciam as massas por meio de seus agentes infiltrados, à promoveram saques e depredações. A palavra chave dos golpistas é Ditador,ou seja, aquele que seria chamado Presidente, caso obedecesse aos ditames do capital

Roberto

Parece que só resta ao Ocidente, na questão da Ucrânia engolir o sapo ou reagir cum um ataque nuclear total, e assim, vamos todos para o espaço.

Luís Carlos

Seja como for, já há um derrotado em tudo isso. O povo ucraniano. Está sob regime nazista, em meio a perseguições e ameaças que já ocorrem contra russos e judeus. O país sem comando, em meio a crise econômica e no caos anarquista dos nazistas. EUA procura atacar Rússia de todos os meios, seguindo teorias que dizem que Rússia deve ser partida em diferentes países para ser dominada.
Golpe em curso tem seus apoiadores também aqui no Brasil que se recolheram das ruas por seu insucesso e perda de apoio popular por terem sido desmascarados.

renato

Quem vai pagar o PATO e cru, é o POVO.
No Meio de DUAS GANGUES da Pesada.
Auxiliada pela Globo…que começou a
mostrar a PIA com TORNEIRA DE OURO, ao
som de uma tradutora BRASILEIRA, que não
mora mal….
Daqui a pouco vão querer que o BRASIL, tome
uma posição, numa entrevista qualquer…
Lado por lado, sou RUSSIA.

    Rother

    O filme é igual aos que antecederam a “crise” da Ucrânia. Protestos do povo, cobertura da TVmundial, palácios desvendados, muito ouro e ostentação dosdirigentes etc. Amanhã vão dar cobertura a uma criancinha morta pelas forças do governo. Tudo ensaiadao. Só rezo para que esta cambada não resolva escolher oBrasil para o País da vez. A venezuela que sabe o que é isto.

    Bonifa

    Todo e qualquer palácio da Ucrânia ou da Rússia tem banheiras douradas e torneiras de ouro. Isso vem da época dos czares. A mostragem desses detalhes para tentar demonizar o presidente ucraniano diante do povaréu ignorante, só funciona para gente subdesenvolvida. Todo europeu que conhece Kiev e o Kremlin de Moscou daria boas risadas de tanta ignorância.

Isidoro Guedes

A analista política da fundação Friedrich Ebert, ligada à centro-esquerda alemã, com sede em Nova York, é uma das maiores pesquisadores de protestos e manifestações populares do mundo, tendo já escrito diversos livros sobre o assunto.
Burke não tem papas na língua. Separei dois trechos que ilustram o que ela pensa de alguns assuntos mais quentes. Alguém poderia sugerir a FHC que lesse com lupa essa entrevista. Talvez aprendesse a ser menos colonizado.
A analista explica que a razão pela qual o presidente da Ucrânia não assinou os acordos políticos e comerciais com a Europa, em novembro último (o que motivou os protestos), era que eles exigiriam, como contrapartida do governo, uma série de reformas e medidas dolorosas para a população, em troca de empréstimos que o FMI se dispunha a dar.

Urbano

Ainda se fosse para a Ucrânia ser independente, tudo muito certo, certíssimo. Agora, sair de uma situação ruim e cair numa bem pior, ou seja, nas garras dos ianques e dos guebas europeus…

Elias

Essa semana toda que passou o Jornal Nacional deu duas notícias “grudadas”. A primeira era tudo sobre a Ucrânia e a segunda tudo sobre a Venezuela. Sempre na sequência. Ucrânia/Venezuela. Não é preciso dizer nada sobre manipulação de imagem e informação. O que se faz necessário é descobrir por que esse jornal trabalha assim. Por que age dessa forma, dando saliência positiva a um dos lados, qual seja o que interessa aos Estados Unidos? Enquanto passava a notícia sobre a Ucrânia, cheguei a dizer à minha esposa, pouco interessada em política, e que assistia o jornal comigo: Observe, quando eles terminarem a notícia da Ucrânia, eles vão falar da Venezuela. Não deu outra. Ela sorriu e disse: É verdade! Mas até nisso você repara? Esses blogs vão acabar te deixando louco.

    Elias

    Ao que eu devia ter respondido: Não, meu amor, não são os blogs que vão acabar me deixando louco, é a mídia capitalista que está incendiando o mundo em nome da mais falsa, da mais enganadora democracia.

    renato

    São tão previsíveis, que agora começou a mostrarem o LUXO.
    Para os países pobres dizerem, NOSSA…é tudo ladrão……
    A RAINHA da INGLATERRA PODE….
    Saddan não podia, morreu enforcado.

    -Bem, jogou na loto, tá acumulada..

    Mineiro sem liberdade

    A gente sofre lendo muita notícia ruim aqui no blogs mas, a bem da verdade, a gente se diverte bastante lendo comentários de nossos amigos de causa e virtuais…

Messias Franca de Macedo

Analista alemã confirma: EUA manipulam “protestos” em todo mundo

[em http://tijolaco.com.br/blog/?p
2 de março de 2014 | 11:41 Autor: Miguel do Rosário]

Entrevista com Sara Burke, feita pela *Folha, traz algumas afirmações bombásticas que o próprio jornal preferiu abafar, dando destaque a trechos mornos.
A analista política da fundação Friedrich Ebert, ligada à centro-esquerda alemã, com sede em Nova York, é uma das maiores pesquisadores de protestos e manifestações populares do mundo, tendo já escrito diversos livros sobre o assunto.
Burke não tem papas na língua. Separei dois trechos que ilustram o que ela pensa de alguns assuntos mais quentes. Alguém poderia sugerir a FHC que lesse com lupa essa entrevista. Talvez aprendesse a ser menos colonizado.
A analista explica que a razão pela qual o presidente da Ucrânia não assinou os acordos políticos e comerciais com a Europa, em novembro último (o que motivou os protestos), era que eles exigiriam, como contrapartida do governo, uma série de reformas e medidas dolorosas para a população, em troca de empréstimos que o FMI se dispunha a dar.
Engraçado, nunca li isso em nossa imprensa!
(…)

*http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2014/03/1419728-sem-representacao-politica-e-impossivel-resolver-protesto-diz-analista.shtml

FrancoAtirador

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Parece que os EUA jogaram duro (e sujo) na Ucrânia

Por Peter Lee, no China Matters, via Pravda em português

Quando se falou de um acordo mediado pela União Europeia entre a oposição e o governo na Ucrânia, achei que Yanukovich conseguira escapar do tiro.

Nada disso.

Ao analisar as circunstâncias da queda de Yanukovich, é interessante examinar as maquinações de Victoria Nuland, neoconservadora do Departamento de Estado (casada com Robert Kagan), a qual, pelo que se vê, recebeu carta branca, de Obama, para fazer na Ucrânia o que lhe desse na telha.

Considere-se o seguinte:

Por trás do já famoso áudio de “Foda-se a União Europeia” vê-se o sentimento, nela, de que a União Europeia não estava suficientemente confrontacional, contra o governo ucraniano; sobretudo na questão das sanções.

Para saber o que seria considerado “suficientemente confrontacional”, considere-se a matéria da AFP [1] de janeiro passado, exibida no canal “Yahoo! Sports” – porque o personagem, R. Akhmetov, é proprietário do mais bem-sucedido time de futebol da Ucrânia:

O homem mais rico da Ucrânia, Rinat Akhmetov, dono do clube de futebol Shakhtar Donetsk, está tendo influência, possivelmente decisiva, no impasse na Ucrânia entre forças de segurança e manifestantes.

Akhmetov é, há muito tempo, considerado o principal aliado do presidente Viktor Yanukovych.
Financiou o Partido das Regiões, atualmente no governo, e que Akhmetov também representou como deputado, no Parlamento;
e vem da mesma região a leste do (rio) Donetsk, a mesma base eleitoral do presidente.

Mas, numa virada possivelmente crucial, numa crise que gerava temores de um conflito civil prolongado, Akhmetov distribuiu, no sábado, uma declaração, em termos fortes, alertando que o uso da força contra manifestantes era inaceitável e que a única saída possível seriam negociações.

Poréééééém…

… os motivos de Akhmetov para opor-se tão furiosamente à implantação de estado de emergência para pôr fim aos protestos podem não ter sido completa e perfeitamente altruístas.

Segundo o influente site de notícias Ukrainska Pravda, a secretária-assistente de Estado dos EUA Victoria Nuland, em dezembro, em visita à Ucrânia, manteve encontro secreto com Akhmetov em Kiev, no qual lhe disse que ele e outros ricos apoiadores do Partido das Regiões enfrentariam sanções da União Europeia e dos EUA, se a Polícia usasse força contra os ‘manifestantes’.

Para um empresário de reputação internacional e propriedades fora da Ucrânia, inclusive uma casa luxuosa em Londres, a ideia soou, com certeza, bem pouco interessante.

E há ainda muuuuuuuuuuuuuuuuuito mais, por favor:

Akhmetov controlava um grupo de pelo menos 40 deputados do Partido das Regiões, governante, no parlamento Verkhovna Rada.

Mas… O que aconteceu depois que a União Europeia negociara um acordo transicional, de partilha de poder, com o governo da Ucrânia?

Foi o fim da trégua. Acabou-se o cessar-fogo. O fogo recomeçou.

E como a trégua acabou e o fogo recomeçou?
(Veja como, em “No mínimo 70 manifestantes mortos em Kiev hoje”, em:
http://news.yahoo.com/medic-least-70-protesters-killed-kiev-155554941.html).

Sem apoiar a trégua, ‘manifestantes’ usaram coquetéis molotov e avançaram contra os policiais na 5ª-feira na capital da Ucrânia.
Atiradores do governo revidaram os tiros e seguiu-se tumulto quase medieval que fez pelo menos 70 mortos e centenas de feridos, segundo um médico que participava do protesto.

A trégua anunciada no final da 4ª-feira pareceu não merecer confiança dos ‘manifestantes’ linha dura. Um comandante de campo, Oleh Mykhnyuk, disse à AP que, mesmo depois da chamada ‘trégua’, os ‘manifestantes’ continuaram a lançar coquetéis molotov contra os policiais antitumultos na praça.

Ao raiar do dia a polícia recuou, os ‘manifestantes’ perseguiram os policiais e os policiais atiram contra os ‘manifestantes’, segundo Mykhnyuk.

Mas… e no Parlamento? O que aconteceu no Parlamento?
Veja em
(http://www.kyivpost.com/content/politics/thirteen-more-party-of-regions-members-leave-parliamentary-faction-337356.html):
Mais 13 deputados das Regiões abandonam a coalizão parlamentar.

O vice-presidente do Parlamento ucraniano Ruslan Koshulynsky anunciou que mais deputados haviam deixado o Partido das Regiões.

Citou Oleksandr Volkov, Yuriy Polyachenko, Vitaliy Hrushevsky, Volodymyr Dudka, Yaroslav Sukhy, Artem Scherban e mais um deputado, cujo nome Koshulynsky pronunciou de modo ininteligível; todos eles haviam deixado o Partido das Regiões.

Mais tarde, Koshulynsky anunciou os nomes de mais quatro deputados que haviam deixado o Partido das Regiões – Viktor Zherebniuk, Ivan Myrny, Hennadiy Vasylyev e Nver Mkhitarian. Mais tarde, acrescentou àquela lista os nomes de Larysa Melnychuk e Serhiy Katsuba.

O Partido das Regiões, pois, perdera 42 deputados, 28 na 6ª-feira e outros 14 no sábado.

Não sei se algum deles seria gente de Akhmetov. Seria interessante investigar.

Seja como for, saíram deputados do Partido das Regiões em número suficiente para dar a maioria às forças pró-União Europeia e carta branca ao Parlamento para tomar outras iniciativas de ‘limpar’ o campo, como impor o impeachment do presidente sem o devido processo legal, repudiar todas as revisões constitucionais (e reimpor a Constituição de 2004), e livrar Yulia Timoshenko da cadeia.

Com olhos menos generosos, pode-se, sim, suspeitar que os EUA estimularam as manifestações e incentivaram os grupos a romper a trégua, apostando em que
(a) haveria violência e
(b) os gatos gordos que ainda apoiavam Yanukovich, como Akhmetov, logo abandonariam o barco, porque os EUA já os haviam informado de que o dinheiro deles depositado no ocidente seria congelado (sob sanções que os EUA imporiam imediatamente).

Se isso tiver acontecido bem assim, a União Europeia tem razões extras para sentir-se traída pelos EUA.

Ao romper a trégua e o acordo de transição, Nuland demoliu Yanukovich e pôs na roda o preferido dos EUA, “Yats” – Arseniy Yatsenyuk.
Mas ao custo de alienar definitivamente o segmento pró-Rússia da Ucrânia, segmento, deve-se lembrar, que realmente conseguira eleger Yanukovich em eleições livres e justas, há pouco tempo.

Em todos os casos, graças a uma interpretação ‘criativa’ da Constituição ucraniana, o Parlamento, agora a favor do ocidente, autoconstituiu-se, ele sozinho, como o órgão primário e legítimo de governo, já nomeou novo primeiro-ministro e já marcou eleições para dezembro.

Dado que esse novo governo já nasce quebrado e precisando de cerca de $30 bilhões de novos empréstimos para chegar ao fim do ano, pode-se conjecturar que o ocidente não fez negócio, afinal, muito lucrativo.

Mas parece que todos no novo governo estão alegremente dispostos a aceitar um pacote completo do FMI, graças ao qual, pelas minhas contas, a Ucrânia se autoacorrentará em posição de vassalagem, presa ao ocidente pela dívida, por muitos e muitos anos, incapaz de voltar aos sempre acolhedores braços da Rússia.

Se o leste e o sul da Ucrânia – fortalezas onde persistem os sentimentos pró-Rússia – conseguirão enfrentar a catástrofe da ‘restruturação’ à moda do FMI que seus vizinhos ocidentais parecem tão ansiosos para aceitar, já é outro problema.

Que ninguém se surpreenda, se, desse miraculoso novo broto nascido da arrogância obamiana e da super arrogância dos neoliberais neoconservadores, nascer mais um grande triunfo no processo da ‘construção de nações’ assemelhado ao que fizeram na Líbia e no Sudão do Sul, só que, dessa vez, com o fiasco bem à vista e depositado no colo dos vizinhos da Ucrânia, bem ali, na União Europeia.

Será também interessante ver se a Rússia cede aos seus mais baixos instintos e suspende a entrega dos $15 bilhões que prometeu originalmente para ajudar Yanukovich.
(Pensamento interessante: será que esse golpe estimulado pelos EUA foi ‘cronometrado’ para coincidir com os Jogos Olímpicos de Sochi, sob a hipótese de que Putin não interviria, com certeza, enquanto estivessem em andamento os seus preciosos jogos? Hmmm.)

Mas me parece que, ao apoiar abertamente a insurreição e pôr-se ao lado de um grupo de militantes, com o objetivo de impor tal nível de estresse ao governo ucraniano que ele – e especialmente o aparentemente incapaz e incompetente presidente, Yanukovich – não conseguiu aguentar, os EUA, me parece, atravessaram uma espécie de Rubicão.

Os EUA apoiaram abertamente e entusiasticamente um violento putsch contra governo democraticamente eleito do qual os EUA não gostavam.

‘Jornalistas’ fãs entusiastas neoliberais, não se pode deixar de anotar, flanaram por sobre toda essa lama, sem nem molhar os sapatos…
Nada, exceto a tediosa babação rotineira dos ‘correspondentes’ ocidentais, aparentemente hipnotizados pela ostensiva queima de pneus e pelos coquetéis molotov da narrativa dos ‘combatentes da liberdade’ organizados para ocultar a luta política.

Fazem-me lembrar de como a imprensa-empresa deixou-se enganar durante a Guerra do Iraque, período histórico que sou suficientemente velho para lembrar, mas jornalistas mais jovens não lembram… ou decidiram esquecer.

Na Ucrânia… como na Venezuela

A recém descoberta paixão do governo Obama por agitação de rua para derrubar governos eleitos não cúmplices de Washington passa agora pelo seu segundo teste em campo, na Venezuela.

Caracas começa a aparecer nas imagens ‘jornalísticas’ como cidade gêmea de Kiev.

A juventude neoliberal conservadora das universidades privadas já está nas ruas procurando briga e pretextos para treinamento pró violência direitista e golpista, como viram fazerem os seus irmãos fascistas ultranacionalistas na Ucrânia.

Se o artigo de Carl Gibson [2] em Reader Supported News cita corretamente documento autêntico, a USAID, com a ajuda de consultores e da Colômbia, já tinha mapeados planos para desestabilizar a Venezuela mediante sabotagem econômica no final de 2013; e, pelo relato de Gibson, também para incitar os tumultos e confrontações de rua:

“Sempre que possível, a violência deve causar mortos e feridos. Encorajar greves de fome de vários dias, mobilizações massivas, problemas nas universidades e em outros setores da sociedade que atualmente estão identificados com instituições do governo (de Nicolás Maduro).”

Não tenho dúvida alguma de que Leopoldo Lopez, o líder da oposição na Venezuela, é o homem dos EUA em Caracas.

O artigo de Gibson também acrescenta, como detalhe, que há um telegrama distribuído por Wikileaks que parece ligá-lo ao Centre for Applied NonViolent Action and Strategies, CANVAS,[3] a ONG de fachada, mantida com dinheiro norte-americano, para promover democracia cum golpe de mudança de regime, que o presidente Yanukovich expulsou de Kiev pouco antes de ser deposto.

A Venezuela parece ser fraturável por linhas de classe
(não por linhas étnicas, de russos vs ucranianos;
nem regionais/tribais, de cirenaicos vs tripolitanos, como a Líbia;
nem confessionais, de sunitas vs xiitas, como a Síria).
Assim sendo, o trabalho de catapultar para o poder um grupo pró-elites norte-americanas pode ser mais sangrento e mais prolongado que a aventura ucraniana.

Mas não há dúvidas de que os EUA têm dinheiro e paciência para luta prolongada, sobretudo porque os povos sacrificados estão a mais de mil quilômetros de distância de Washington.

Na China

Acho que, no caso da República Popular da China, os EUA planejam a seguinte jogada de intercepção:
(1) os EUA promoverão ativamente a subversão política de todos os inimigos dos EUA (promover a subversão política dos inimigos dos EUA não é ‘mito’ nem é ‘teoria conspiratória’ com os quais os governos alvos ou se consolam ou se autoaterrorizam!);
(2) os chineses não deixarão que se constitua nenhum partido de oposição (na China), muito menos que chegue às urnas; e não permitirão nenhuma aglomeração na praça central da cidade; e
(3) a China ameaçará preventivamente todos os ativistas que tenham laços com os EUA ou o ocidente, como sendo subversivos de facto e contrarrevolucionários.

Nada garante que a vigilância ampliada na República Popular da China se traduza em algo próximo da liberalização democrática pela qual o ocidente tanto anseia, para os estúpidos cidadãos chineses.

Em vez disso, o plano prevê que o regime chinês atire-se com unhas e dentes sobre os dissidentes, bem rapidamente e como uma tonelada de tijolos.

É terrível ironia que Barack Obama, exemplo glorioso e premiado de progressista, tenha dado tapa rápido no cachimbão da mudança-de-regime de Dick Cheney… e, agora, já parece que não vive sem ele.

É provável que Obama esteja tentando só passar a mão em uma ou duas vitórias bem baratinhas de política exterior e fodam-se as consequências, porque daqui a dois anos ele cai fora e a presidenta Clinton dará jeito em tudo.

Aquele Alfred Nobel que se vê na medalha do Prêmio da Paz que deram ao presidente Obama já deve estar chorando lágrimas de sangue. ******

[1] (http://sports.yahoo.com/news/behind-scenes-football-tycoon-pulls-strings-ukraine-crisis-183016225–sow.html) [Parece que esta página foi deletada, mas a matéria pode ser lida aqui: (http://migre.me/i6wzr)].

[2] (http://readersupportednews.org/opinion2/277-75/22199-focus-how-washington-is-playing-venezuela-like-a-fiddle)

[3] Para saber quem são, vide: (http://www.canvasopedia.org/who-we-are) [NTs].

Artigo original em inglês:
(http://chinamatters.blogspot.de/2014/02/looks-like-us-played-hardball-in.html)

http://port.pravda.ru/news/russa/28-02-2014/36322-eua_ucrania-0
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    anac

    Gente, sem brincadeira, OBAMA vai bater Bush em infâmia.Que fdp!
    Tem o dedinho e outras coisas podres dos USA nas manifestações no Brasil, Argentina, Venezuela, Ucrânia, etc.

    luiz mattos

    Grande anac,tem é a mãozona gananciosa e satânica.

    Bonifa

    Parece que os verdadeiros atores da guerra na Ucrânia estão se definindo. Até agora, França e Alemanha estão dialogando com a Rússia por telefone e se mantêm reservados. Mas Estados Unidos, Inglaterra e Canadá, que nem estão no mesmo continente da Ucrânia, retiraram seus embaixadores de Moscou. Resta saber o que dizem os povos anglo-saxões desta guerra de seus governantes.

    FrancoAtirador

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    A Alemanha está envolvida até o pescoço no Golpe na Ucrânia.

    No Leste Europeu, a Bonequinha de Recados Alemães é a Polônia.
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    02/03/2014 22h45 – Atualizado em 02/03/2014 23h03
    Agencia EFE, via G1.GLOBO

    EUA, Alemanha, Inglaterra e Polônia
    prometem pacote de ajuda [SIC] à Ucrânia

    Países se comprometeram com pacote
    para estabilizar [SIC] economia da Ucrânia.

    Eles manifestaram ‘grave preocupação’
    com a clara violação da Rússia.

    (http://g1.globo.com/mundo/noticia/2014/03/eua-alemanha-inglaterra-e-polonia-prometem-pacote-de-ajuda-ucrania.html)
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    03/03/2014 – 16:45
    Reuters, via Exame/Abril/Naspers

    Polônia pede consultas para Otan sob Artigo 4

    BRUXELAS (Reuters) – A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) vai realizar discussões de emergência sobre a Ucrânia na terça-feira depois que a Polônia solicitou consultas nos termos do Artigo 4 do tratado da aliança, disse a Otan em comunicado nesta segunda-feira.

    Sob os termos do Artigo 4, qualquer aliado pode solicitar consultas sempre que sua integridade territorial, independência política ou segurança esteja ameaçada.

    “Os desenvolvimentos na Ucrânia e em torno dela são vistos como uma ameaça aos países aliados vizinhos e têm implicações diretas e sérias para a segurança e estabilidade da área euro-atlântica”, disse a aliança.

    O ministro das Relações Exteriores da Polônia, Radoslaw Sikorski, anunciou a reunião no Twitter.

    (http://exame.abril.com.br/mundo/noticias/polonia-pede-consultas-para-otan-sob-artigo-4)
    .
    .
    HÁ TEMPOS, A U.E. ESTÁ DE OLHO NA UCRÂNIA,
    PARA ENFRAQUECER A HEGEMONIA RUSSA NO LESTE


    ÓLEODUTO RÚSSIA->EUROPA

    O petróleo russo para a Europa é transportado
    através do sistema “Drujba”,
    que tem seis mil quilómetros de comprimento
    e constitui o maior sistema de oleodutos no mundo.

    Segunda-feira, Dezembro 28, 2009
    Da Rússia (Blog do José Milhazes)

    Desta vez não é gás, mas petróleo!

    A Rússia preveniu a União Europeia de uma possível suspensão de fornecimentos de petróleo a três países europeus (Eslováquia, Hungria e República Checa) através do território devido a divergências sobre o preço, anunciou o Conselho de Ministro da Eslováquia, citado por agências internacionais.
    “Trata-se de um litígio sobre os preços do petróleo… Estamos ao corrente da situação criada, que tem a forma de litígio comercial”, declarou à agência ITAR-TASS uma fonte da Comissão Europeia.

    Kiev já veio dizer que da parte da Ucrânia não existe qualquer ameaça ao trânsito do petróleo russo para os clientes europeus.

    Depois de constatar a existência de conversações com a “Transneft” empresa pública russa que monopoliza o transporte de petróleo por pipelines, a companhia “Naftogaz” da Ucrânia acrescenta que “hoje os especialistas das duas companhias acordaram sobre os volumes do trânsito do petróleo russo e outras condições a curto prazo, cujos acordos terminam a 31 de Dezembro de 2009”, sublinhando que “da parte ucraniana não existe qualquer ameaça ao trânsito do petróleo russo para os consumidores europeus”.

    Pelo seu lado, Nikolai Tokariev, gerente da “Transneft”, declarou ao diário económico “Vedomosti” que a Rússia não aceita o aumento das tarifas de trânsito, bem como o sistema do mesmo “ship-or-pay”.

    O petróleo russo para a Europa é transportado através do sistema “Drujba”, que tem seis mil quilómetros de comprimento e constitui o maior sistema de oleodutos no mundo.
    Ao sair do território da Rússia, o sistema divide-se num ramal para Norte, que fornece petróleo à Bielorrússia, Polónia e Alemanha, e noutro para Sul, que transporta crude para a Ucrânia, República Checa, Eslováquia e Hungria.
    Este sistema transporta quase metade do petróleo russo exportado, escoando, anualmente, entre 70 e 80 milhões de toneladas de crude.

    Nos anos anteriores, por esta altura, têm tido lugar “crises de gás” entre a Rússia e a Ucrânia, também devidas à discussão em torno do preço do trânsito do gás russo para a Europa por território ucraniano.

    No ano passado, Moscovo cortou mesmo os fornecimentos de combustível azul à União Europeia durante parte do mês de Janeiro.

    Este ano, a “crise do petróleo” ocorre em plena campanha eleitoral na Ucrânia, o que poderá ser utilizado pelos numerosos candidatos para ganharem votos, ou uma forma da Rússia participar na contenda eleitoral.

    As eleições presidenciais na Ucrânia realizam-se a 17 de Janeiro.

    Parece-me que Moscovo tomou essa decisão por duas razões: além da participação na campanha eleitoral na Ucrânia, conseguiu um aumento do petróleo nos mercados internacionais.

    Mas se assim foi, o Kremlin continua a não tirar lições de erros passados.
    Sem razões fortes, ameaça deixar três países da UE sem petróleo, o que não contribuirá para o melhoramento da imagem do país no mundo enquanto fornecedor seguro de combustíveis.

    Publicamente, Vladimir Putin apoiou, tal como em 2004, Victor Ianukovitch, dirigente do Partido das Regiões.

    Não directamente, mas declarando que esse é partido é o aliado da Rússia Unida, força política por ele dirigida.

    Seja como for, o apoio de Moscovo não constuma contribuir para vitórias em eleições nos países vizinhos.

    Caso na Ucrânia se realize a segunda volta, o que é bem possível tendo em conta o grande número de candidatos (18), esse gesto apenas poderá contribuir para juntar várias forças políticas em torno do político que irá defrontar Ianukovitch.

    Mas mesmo que Ianukovitch vença, é preciso ter em conta que ele existe como figura política porque é apoiado por alguns dos oligarcas ucranianos do Leste e Sudeste do país.

    Ora estes últimos não estão interessados na abertura do mercado ucraniano ao capital russo, principalmente na metalurgia, produção de adubos, etc., pois sabem que, caso contrário, serão despromovidos de oligarcas a pequenos e médios empresários.

    Além disso, Ianukovitch também não esconde a sua intenção de levar a Ucrânia à União Europeia.

    No máximo, caso ele venha a ser eleito, Moscovo receberá um novo Alexandre Lukachenko, Presidente da Bielorrússia que tenta explorar a situação geográfica do seu país, entre a Rússia e a UE.

    (http://darussia.blogspot.com.br/2009/12/desta-vez-nao-e-gas-mas-petroleo.html)
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    vanderley

    Muito interessante esta analises, depois de Ucrania, venezuela, o Brasil é o proximo da lista dos EUA, e os troxas dos brasileiros vão cair na armadilha do fdp dos americanos tamo fudido

FrancoAtirador

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CRIMÉIA E O INTERESSE GEOPOLÍTICO ESTRATÉGICO NO MAR NEGRO

O que a Organização Terrorista do Atlântico Norte (OTAN) tem a ver com isso

(http://geografiaconservadora.blogspot.com.br/2008/08/o-poder-dos-lagos.html)
(http://redecastorphoto.blogspot.com.br/2014/02/russia-sob-ataque.html)





Bases navais e aéreas russas no Mar Negro (losangos vermelhos)
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Na pior das hipóteses acontecerá isto:

(http://redecastorphoto.blogspot.com.br/2014/03/obama-piorou-muito-situacao-na-ucrania.html)
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    FrancoAtirador

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