Mercosul suspende Paraguai de reunião e pode aprovar adesão da Venezuela

Tempo de leitura: 3 min

24/06/2012 –
iG – Com Reuters e EFE

Mercosul suspende Paraguai da próxima cúpula do bloco

via MVM News

Em comunicado conjunto, Argentina, Brasil e Uruguai anunciaram decisão de retirar país de encontro em Mendoza após impeachment relâmpago de Fernando Lugo

O Mercosul decidiu neste domingo suspender a participação do Paraguai da próxima cúpula do bloco, que será realizada na próxima sexta-feira na Argentina e na qual serão discutidas que medidas tomar em relação ao país após o impeachment de Fernando Lugo.

Em comunicado conjunto, Argentina, Brasil e Uruguai anunciaram sua decisão de “suspender o Paraguai, de forma imediata e por este ato, do direito a participar da 43ª Reunião do Conselho de Mercado Comum e Cúpula de Presidentes do Mercosul”.

O bloco sul-americano, do qual o Paraguai é sócio fundador, também vetou a participação do Paraguai das reuniões preparatórias para a cúpula do Mercosul, que serão realizadas na cidade argentina de Mendoza.

A medida foi adotada, segundo argumenta a declaração, em consideração ao Protocolo de Ushuaia sobre Compromisso Democrático no Mercosul, assinado em 24 de julho de 1998, e que determina “a plena vigência das instituições democráticas” como “condição essencial para o desenvolvimento do processo de integração”.

No comunicado, Argentina, Brasil e Uruguai e os países associados Chile, Peru, Venezuela, Bolívia, Equador e Colômbia expressaram a mais “enérgica condenação à ruptura da ordem democrático ocorrida na República do Paraguai, por não ter sido respeitado o devido processo” no julgamento político de Lugo, destituído na sexta-feira passada.

A declaração afirma ainda que os chefes de Estado considerarão na próxima sexta-feira, em Mendoza, novas “medidas a serem adotadas”.

“O Brasil deve procurar tomar todas as decisões futuras em relação à situação política no Paraguai da forma mais multilateral possível, no âmbito do Mercosul e da Unasul. A suspensão está confirmada e espera-se que até dezembro, quando o Brasil sediará uma cúpula do Mercosul, o assunto já esteja equacionado”, disse a assessoria do Ministério das Relações Exteriores brasileiro.

Na sexta-feira o Congresso paraguaio aprovou o impeachment do então presidente do país, Fernando Lugo, e deu posse a seu vice, o liberal Federico Franco. O processo relâmpago recebeu inúmeras críticas e alguns vizinhos regionais retiraram seus embaixadores do país para consultas.

Neste domingo, Lugo pediu que a democracia retorne ao seu país e anunciou que irá apoiar todas as manifestações pacíficas para que a abalada ordem institucional seja restabelecida. O ex-chefe de Estado anunciou que irá para Mendoza, na cúpula regional, para explicar a situação no Paraguai.

Unasul

Neste domingo, uma fonte do alto escalão do governo brasileiro disse à agência Reuters que o Paraguai deve ser suspenso do Mercosul e da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) após o impeachment de Lugo.

Segundo essa fonte, que falou sob condição de anonimato, o governo brasileiro tem mantido contato com autoridades de outros países da região e acredita-se que existe um consenso para a suspensão do Paraguai na semana que vem, para quando está marcada uma reunião de cúpula do Mercosul em Mendoza, na Argentina.

“O ponto é transformar esse novo governo (paraguaio) em um pária”, disse a fonte à Reuters.

Segundo a fonte do governo brasileiro, o embaixador do país em Assunção, chamado de volta para consultas, não deve retornar ao Paraguai. Essa autoridade disse ainda que o Brasil não pretende romper completamente suas relações com o Paraguai por conta de interesses brasileiros no país, como a usina hidrelétrica binacional de Itaipu.

A fonte disse ainda que o governo brasileiro não manterá contatos com Franco e manterá sua tradição de atuar no caso por meio de organismos multilaterais. Essa estratégia, segundo a autoridade, tem o objetivo abrir um precedente que deixe claro a gravidade das consequências de fatos como o ocorrido no Paraguai.

Especificamente, a meta é garantir que nada parecido aconteça em outros paises, como Bolívia e Peru. “Essa é uma reação institucional que mostrará aos outros as consequências negativas de uma medida agressiva como essa”, completou a fonte.

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Com suspensão do Paraguai, Mercosul pode aprovar adesão da Venezuela

do Opera Mundi, via Grupo Beatrice

Aprovação no Senado paraguaio, que depôs o presidente Fernando Lugo, era o último entrave à entrada dos venezuelanos no bloco

Com a suspensão do Paraguai na Cúpula do Mercosul, que será realizada a partir desta quarta-feira (27/06), na Argentina, os países do bloco consideram a possibilidade de aprovar a inclusão da Venezuela como membro permanente, segundo fontes diplomáticas consultadas pelo Opera Mundi.

A suspensão do novo governo paraguaio na 43ª Reunião do Conselho de Mercado Comum e Cúpula de Presidentes do Mercosul foi anunciada neste domingo (24/06) em um comunicado conjunto dos governos da Argentina, Brasil e Uruguai. A decisão foi tomada em repúdio à deposição do presidente Fernando Lugo, na última sexta-feira (22/06), que viola a cláusula democrática do bloco regional.

As intenções de inclusão da Venezuela para o fortalecimento econômico do bloco tiveram início em 2005, quando o país solicitou a adesão como sócio pleno. Na última cúpula, realizada em dezembro do ano passado, em Montevidéu, a proposta foi discutida, mas encontrou resistência do parlamento paraguaio. Segundo as regras do bloco, a medida necessita apoio dos poderes Executivo e Legislativo dos países sócios.

Atualmente, a Venezuela tem um status de Estado em processo de adesão ao Mercosul, enquanto outros países, como Bolívia, Chile, Peru, Colômbia e Equador, são membros associados.


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Comentários

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João Paulo Ferreira de Assis

Quando houve o golpe em Honduras, durante muito tempo eu li o jornal El Heraldo, o principal daquele país. Li a condenação da comunidade internacional, inclusive El Salvador, condenou a queda do Zelaya, mas não rompeu o comércio bilateral com Honduras. Sabedoria do Presidente Mauricio Funes. Nós também, embora adotemos as sanções, não devemos fechar o porto de Paranaguá e nem interromper as relações comerciais com o Paraguai. Deveríamos pensar o seguinte: Como a França e a Espanha agiriam se houvesse um golpe semelhante em Andorra? Como a França agiria se houvesse um golpe à paraguaia em Mônaco? Como a Itália e a Suíça agiriam se houvesse quebra de legalidade respectivamente em San Marino e Lichtenstein? Como a Bélgica, a Holanda e a Alemanha agiriam se houvesse um golpe em Luxemburgo? Creio que nenhum desses países interromperia as relações comerciais.

Jose Mario HRP

Achance é agora!
Venezuela JÁ!
Gosto de muita coisa do chavez, mas não é por ele que quero a Venezuela no Mercosul, mas pórque aquele país é forte economicamente em setores muito importantes para a união!
O povo de lá agradecerá.
Quanto ao congresso paraguaio, que se exploda!

Jotace

VENEZUELA E MERCOSUL

Evidentemente que é do mais amplo interesse a admissão (e que deve ser imediata) da Venezuela com país membro no Mercosul. Fortificará muito a organização e, por extensão, a Unasul e a Celac. Há um amplo elenco de razões para tal, seja de ordem geopolítica, comercial, energética, de comunicação etc. etc. Um dos grandes beneficiários dessa inclusão será o povo paraguaio, mergulhado na sua quase totalidade na mais profunda pobreza, roubado pelos latifundiários locais e do Brasil, e traído nos seus direitos não só por seus corruptos dirigentes, mas até pela mais condenável conduta dos quadros diretivos no país e no Vaticano, da Igreja de sua fé… Para o Brasil, como um todo e para suas regiões Norte e Nordeste, em particular, a entrada da Venezuela trará imensos benefícios. Jotace

Marcio Pessoa

Bem Vinda, VENEZUELA!

Tarso Genro: Um novo tipo de golpe contra Lugo « Viomundo – O que você não vê na mídia

[…] Mercosul suspende Paraguai de reunião e pode aprovar adesão da Venezuela […]

Marcelo de Matos

Venezuela si, Paraguai no. Prá já.

    Marcelo de Matos

    E.T.: estão com medo de que o Paraguai se entregue definitivamente aos braços de Tio Sam? Quem é que promoveu esse impeachment fast food, como estão dizendo? Não foram os próprios States?

Jaime B.

Fabio Passos

Companheiro Fábio Passos, seu comentário foi estupendo, algo basilar eu diria, eu acho que a entrada da Venezuela do nosso amigo Hugo Chavez tem muito a contribuir para com o Mercosul, e não apenas no campo comercial, já que se trata de um belo país e com economia pujante e diversificada, também podem nos ensinar muitas coisas boas, tenho plena convicção que Chavez pode dar boas lições de como administrar um país com competência e fortalecer suas intituições, acho que a Venezuela seria um verdadeiro exemplo a ser seguido, um modelo de país não só para o Brasil bem como para o mundo, sob qualquer ponto de vista.

Quanto ao companheiro Gerson Carneiro, comentarista deste blog a quem confesso desde já minha grande admiração, eu não sei se impor sanções econômicas seriam suficientes, a gravidade do momento exige ações emergenciais, estive pensando que a melhor forma de combater esse golpe militar da direita e urdido nos porões da CIA e Casa Branca fosse na verdade uma invasão militar, impondo um governo provisório liderado pelo Brasil, acho que já deveríamos a está altura estarmos mobliando tropas a fim de prover uma ocupação militar.

Não quero arriscar, mas suponho que a UNASUL já esteja tomando providências neste sentido.

Invasão terrestre e ocupação do território Gerson, essa é a solução para fazer o Paraguai a trilhar pelo caminho da esquerda revolucionária e progressista.

Pafúncio Brasileiro

Azenha,
Precisamos saber tudo sobre a tal Base americana no Chaco paraguaio. Isto é uma ofensa a toda América do Sul. Qual é o porque desta Base ? Os nossos militares estão cegos ? Ou, já foram cooptados ? Isto é intolerável. Não avaliam de que isto é mais um instrumento de ameaça e domínação ? Como apregoar paz, com Base militar a 1500 Km de São Paulo ? Mesma distância de Buenos Aires. Pistas de 3,8Km pra tudo que é bombardeio operar. Como isto pode acontecer e os Pafúncios calados ? Precisamos saber e ter conhecimento de tudo. Isto está relacionado à deposição do Lugo (que saiu como um banana).

Renato

O Mercosul e a unasul estão tomando as decisões que eu adoro. Entregando o Paraguai Para os EUA.
Eles irão procurar os EUA, será aliado deles. COm isso, os EUa construirão bases militares em uma região estratégica da América Latina. REgiaõ das Três Fronteiras e lugar onde tem a usina de itaupú.
OS EUA poderão invadir Argentina e Brasil sem ter dificuldades.
Isso Unasul e Mercosul podem continuar a colaborar com isso. Cassem o Paraguai.

    Jose Alberto SSA BA

    Renato.
    É uma ameaça ou um orgasmo seu?

    Carlos

    Só que para atender à logística dessas operações os EUA teriam que sobrevoar os espaços aéreos do Brasil, ou da Argentina ou da Bolívia (a Tríplice Fronteira), ou operar pelas vias terrestres desses mesmos países. Paraguai não tem saída para o mar.

    João Paulo Ferreira de Assis

    O problema é que a Bolívia está em crise e talvez o Evo possa ser o próximo. Se o Evo cair, os norte-americanos entram no Paraguai, através do Chile e da Bolívia. E não podemos esquecer que no Paraguai há uma cidade chamada Villa Hayes, situada na margem ocidental do rio Paraguai, em área cobiçada pela Argentina. E que foi dada ao Paraguai em 1878 no laudo arbitral do Presidente Rutherford Hayes, uma vez que argentinos e paraguaios submeteram a questão territorial ao árbitro, Presidente dos Estados Unidos.

    João Paulo Ferreira de Assis

    Esqueci de dizer que os paraguaios têm uma dívida de gratidão para com os Estados Unidos, devido a esse laudo que o Presidente Hayes deu a favor do Paraguai. E com essa dívida de gratidão, podem muito bem permitir uma base no Chaco talvez até com ogivas nucleares.

    augusto2

    O paraguay vive de seus vizinhos e de sua subsistencia e tem espectativas de uma maior soberania energetica. Tem direito de aspirar a isso.
    POr isso, vai ter que encarar o custo-beneficio, que lhe é contrario mas reconheço que a elite agro-cartorio-contrabandista local pode num primeiro momento ter a ilusao de que washington é bicho confiavel e cumpre compromissos…
    Precisa tb olhar em perspectiva, do ponto de vista americano: pra eles assuncion é minuscula demais, ja tem outras por ai ou vai achar que vale a pena?
    Me inclino pela segunda hipotese. Por isso, sr patriota cuidado.

Julio Silveira

Duas ações que acredito corretas. Ainda bem.

Mardones Ferreira

É preciso ir com calma, pois isso (a desintegração do MErcosul) interessa e muito aos EUA!

Lu Witovisk

Ainda bem que a situação está se encaminhando assim. Não dá mais para suportar os EUA pintando e bordando por aqui.

dukrai

Os golpistas latifundiários paraguaios e os miquinhos amestrados brasiguaios produtores de soja se confundem com o Estado paraguaio. Lugo era um alienígena na presidência pra essa gente, esteve na mira do golpe desde quando era candidato e só agora conseguiram derrubá-lo. A contraposição ao império americano não é o equivalente brasileiro, mas a integração econômica a um bloco regional em que os parceiros de pequeno porte econômico são maioria e tem voz ativa, como a do próprio Paraguai que bloqueou no Senado até agora a entrada da Venezuela no Mercosul.
As sanções no Mercosul e Unasul contra o Paraguai vão afetar predominantemente os interesses econômicos dos terratenientes e devem ser duras pelo protagonismo demonstrado até agora pelos governos mais à esquerda, incluída a Argentina, escudado o Brasil no bloco e gostosamente faturado pelo governo Dilma.

fabio

O domínio nazista, ocorreu quando o presidente alemão, indicou Hitler para chanceler.Depois todo mundo sabe o que aconteceu. Fechamento de todos os partidos políticos, queima de livros, intolerância e guerras.

Fabio Passos

A adesão da Venezuela ao mercosul é muito bem vinda e deve ser realizada sem necessidade de aprovação por um governo ilegítimo.

O Paraguai precisa restabelecer a ordem democrática e se reintegrar ao mercosul ampliado. O cuidado agora é impedir que estas oligarquias decrépitas e golpistas atirem o Paraguai no colo dos eua. Parece q

Gerson Carneiro

Os países da América do Sul não podem aceitar que os EUA brinquem de Iraque aqui. Sem os vizinhos o Paraguai só sobrevive se se entregar definitivamente aos braços do Tio Sam.

O Paraguai é o adolescente que acha que já é homem.

A Direita estabanada, não suportou ficar afastada do comando paraguaio após seis décadas de abusos, e para retomar o Poder desprezar a política de boa vizinhança com quem depende totalmente.

Ao Brasil, por exemplo, há várias opções, se necessário, para sufocar o Paraguai, dentre elas o fechamento do acesso paraguaio ao porto de Paranaguá.

    Willian

    Boa ideia. E que se dane o povo paraguaio, não é mesmo? Bloqueio já!

    Carlos

    A direita, seja onde for, é sempre burra, mesquinha, preconceituosa e subserviente. Se lançar nos braços dos EUA sem ter combinado com os países da Tríplice Fronteira foi de uma sandice inigualável. Vejam só: Para atender à logística das operações dos EUA no Paraguai, os EUA teriam que sobrevoar os espaços aéreos do Brasil, ou da Argentina ou da Bolívia (a Tríplice Fronteira), ou operar pelas vias terrestres desses mesmos países. Paraguai não tem saída para o mar. A direita gananciosa literalmente se…

Edison

É isto ai.
Mete-lhe o martelo,nos dedos,sem piedade.

João-PR

Ainda bem que os países do Mercosul tomaram esta decisão. Não se pode abrir precedentes para “golpes insitucionais”, porque a moda pode pegar, e outros países, cuja democracia ainda é frágil, podem cair num efeito dominó.
Parabéns ao Governo brasileiro e Argentino que, pelo que sei, puxaram essa decisão.
Vamos cortar o mal pela raiz, e não deixar que aconteça o que aconteceu em Honduras.

Jaime

Fico feliz em saber que optaram por encarar a realidade e deixar de lado o faz-de-conta da “base aliada ampla”, pelo menos no Mercosul.

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