TRF decide na quarta-feira se Tacla Duran será ouvido sobre adulteração de provas; cerceamento pode anular processo, diz defesa de Lula

Tempo de leitura: 4 min
Reprodução You Tube

O depoimento de Tacla Duran à CPMI da JBS

Da Redação

O Tribunal Regional Federal da quarta região, em Porto Alegre, vai apreciar na próxima quarta-feira um pedido da defesa de Lula para que o ex-advogado da Odebrecht Rodrigo Tacla Duran seja ouvido sobre indícios de adulteração em documentos apresentados pela empreiteira à Lava Jato.

Os documentos foram utilizados pelo Ministério Público Federal na ação em que o ex-presidente é acusado de ter recebido da Odebrecht, como propina, o apartamento vizinho ao que a família de Lula mora em São Bernardo.

De acordo com a acusação, a empreiteira também pretendia comprar um imóvel para o Instituto Lula em troca de vantagens.

A defesa alega que Lula pagou os aluguéis referentes à utilização do apartamento e que a pretensão da Odebrecht de ajudar o Instituto nunca se concretizou.

A defesa de Lula pediu hoje a juntada de um laudo pericial (ver abaixo) que concluiu existirem indícios de falsidade. É uma forma de reforçar o habeas corpus e fazer com que Tacla Duran seja ouvido.

Na petição, diz:

Com efeito, embora a credibilidade da palavra de uma testemunha só possa ser aferida após sua oitiva, o laudo pericial ora trazido aos autos demonstra, de forma cristalina, que as informações sobre a adulteração de documentos nos sistemas da Odebrecht, fornecidas pelo Sr. Rodrigo Tacla Duran no âmbito da CPMI da JBS e, ainda, em videoconferência com a defesa do Paciente, documentada por notário, devem servir de prova nos autos do incidente de falsidade em tela e também nos autos da ação penal correspondente.

Como é possível ignorar provas relevantes que a defesa pretende fazer sobre a adulteração de documentos que são utilizados pela acusação e por corréu colaborador, máxime em tais circunstâncias?

O cerceamento de defesa se mostra cristalino e poderá gerar a nulidade de todo o processo.

Tacla Duran responde a dois processos da Lava Jato em Curitiba, acusado de múltipla lavagem de dinheiro. A acusação diz que o advogado usava o codinome BlackZ no sistema Drousys, que registrava a troca de e-mails no que a mídia apelidou de departamento de propinas da Odebrecht.

O advogado, que vive na Espanha, chegou a ser preso, mas teve o pedido de extradição negado. Ele questiona as provas apresentadas e se diz vítima de vingança desde que resolveu se defender publicamente, em entrevistas.

Depois que foi denunciado pela segunda vez, Duran escreveu em nota: “Minha extradição foi negada, mas inexplicavelmente até hoje meu processo, acompanhado das devidas provas, não foi remetido para a Espanha. Permanece em Curitiba, contrariando parecer da Secretaria de Cooperação Internacional do Ministério Público Federal e ignorando leis e acordos internacionais como os de Mérida e Palermo”.

Tacla Duran diz que o objetivo é condená-lo à revelia, no Brasil. O MPF considera o advogado foragido da Justiça.

Em suas denúncias, ele diz que o casal de marqueteiros João Santana e Monica Moura omitiu uma de suas contas no Exterior, a Deltora, do acordo de delação premiada que ambos fecharam com o MPF.

A conta aparece numa planilha do sistema MyWebDay, da Odebrecht, onde era feita uma espécie de contabilidade eletrônica da empreiteira.

A omissão levou à especulação de que os dois teriam sido beneficiados em troca de comprometer o ex-presidente Lula.

Tacla Duran aponta inconsistência em outros documentos que sustentam inquéritos da Lava Jato.

Além de sugerir que provas  foram adulteradas, Duran diz que negociou, através do advogado Carlos Zucolotto Jr., termos que seriam mais benéficos num possível acordo de delação premiada que tentava fechar com o MPF.

Zucolotto foi padrinho de casamento de Sergio Moro.

Segundo Tacla Duran, Zucolotto receberia R$ 5 milhões para melhorar os termos do acordo em negociação.

No depoimento à CPMI da JBS, Duran apresentou prints das mensagens que ele diz ter trocado com Zucolotto pelo aplicativo Wickr, que apaga as mensagens logo que são recebidas. Duran diz que tomou a precaução de fotografar as mensagens.

Numa delas, segundo os prints, Zucolotto diz que teria como envolver DD na negociação. Tacla Duran sustenta que DD é Deltan Dallagnol, um dos principais integrantes da Força Tarefa da Lava Jato.

Mesmo depois do depoimento de Duran no Congresso, não houve desdobramentos. Internautas chegaram a brincar que DD, na verdade, seria Donald Duck, o Pato Donald, o que justificaria a inação da Justiça brasileira.

Quando as primeiras denúncias de Tacla Duran contra Zucolotto emergiram, na Folha de S. Paulo, o juiz Sergio Moro defendeu em nota o amigo: “O relato de que o advogado em questão teria tratado com o acusado foragido Rodrigo Tacla Duran sobre acordo de colaboração premiada é absolutamente falso”.

Disse também que “o advogado Carlos Zucolotto Jr. é meu amigo pessoal e lamento que o seu nome seja utilizado por um acusado foragido e em uma matéria jornalística irresponsável para denegrir-me”.

Moro já negou duas vezes o pedido da defesa de Lula para que Tacla Duran dê seu testemunho.

Em outra decisão de Moro, noticiada pelo blog do Esmael, o juiz rejeitou a abertura das contas de entidades ligadas aos ex-presidentes Sarney, Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso.

 “A solicitação junto à Receita implicaria na quebra do sigilo fiscal das fundações ou institutos em questão sem indícios de seu envolvimento em ilícitos”, escreveu Moro.

“Caberá às entidades em questão atender ou não o requerimento da Defesa acerca desses dados”, complementou.

Abaixo, o laudo do perito da defesa; no topo, o depoimento de Tacla Duran à CPMI da JBS.

PS do Viomundo: Post atualizado com acréscimo de informações.


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Comentários

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RONALD

DD powerpoint ainda não sabe onde enfiou o pendrive de trilhões de terabytes !!!!!!

RONALD

Diz aí Tacla Duran, todas as ptifarias de moro, Zucolloto, Rosângela Moro, DD, etc, etc, etc !!!!!!!!

RONALD

Tacla Duran, Tacla Duran, Tacla Duran, queremos ouvir Tacla Duran !!!!!!!!!!

Julio Silveira

Mero protocolo para ao final negar. É só esperar para comprovar, rsrsrs. Eles não vão se destruirem e ao processo politico feito a sete mãos para ferrar o Lula. Rsrsrs.

Paulo Nogueira

Quem confiar em algum ato de isenção desse tribunal estará acreditando em papai noel.

Luiz Carlos P. Oliveira

TRF4, se aceitar a oitiva de Tacla Duran, estará dando um tiro do rim do Moro. Podemos esquecer, pois isso nunca acontecerá. Tacla Duran é prenúncio de cadeia para quem forjou provas contra o Lula. Teriam que prender a República Bananeira das Araucárias inteira.

Ozório

Fora de Pauta? Tá tudo misturado

Duvivier: governo criou a “Guerra ao Terror” no Rio
Onde tem mais dinheiro: na favela ou no apartamento do Geddel?

Publicado em 19/02/2018 no Conversa Afiada

Com máscara de caveira, soldados do Exército fazem operação na Rocinha, em setembro de 2017 (Créditos: Domingos Peixoto/Ag. O Globo)

O Conversa Afiada reproduz artigo de Gregorio Duvivier na Fel-lha desta segunda-feira, 19/II:

Viva a intervenção militar! Chegamos a tal ponto que só o Exército vai pôr fim à roubalheira. Só não entendi por que ela começou no morro do Rio de Janeiro.

Em Brasília, um terço dos congressistas está às voltas com a Justiça. De todas as favelas do Rio, nenhuma tem uma porcentagem tão grande de criminosos quanto o Congresso. Não somente em quantidade, mas em qualidade: duvido que a quantia total de furtos no Rio seja maior que a verba encontrada no apartamento de Geddel.

“Sim, mas o problema do Rio é o tráfico de drogas.” Se o problema fosse exclusivamente esse, também deveriam começar por Brasília. Nenhuma favela do Rio jamais esconderá tanta cocaína quanto o helicóptero daquele senador do PSDB.

Há quem diga que a intervenção no Rio se dá por causa de um clamor popular. Pesquisa feita em 24h pelo governo federal afirma que 83% da população carioca é favorável à intervenção, noticiou o “Globo”. Ora, se Temer se importasse, de fato, com o clamor popular, se retiraria imediatamente do cargo. Espanta que o presidente menos popular da história ainda esteja interessado em saber o que o povo pensa. Se a população for consultada, fica muito claro que a metástase a que ele se refere tem nome e sobrenome: o seu.

Depois, resta saber se algum favelado foi ouvido nessa pesquisa. Acho que não se encaixam na categoria “cidadãos” nem “cariocas”. Vale lembrar que até o IBGE, um instituto muito mais sério que o governo Temer, ainda sustenta que a Rocinha tem 69 mil habitantes, enquanto a Light registra 120 mil e a Associação de Moradores estima em 200 mil. Se nem o censo subiu a favela, pode ter certeza de que Temer fez essa pesquisa que nem as plásticas da sua cara: a toque de caixa, pagando pra algum amigo.

A estratégia é batida. Assim como nas guerras americanas “ao terror”, o governo inventa um adversário para unir a população. No caso dos americanos, escolhe-se um inimigo externo, de preferência bem longe, pro sangue não respingar. O Brasil não faz cerimônia: escolhe os iraquianos aqui mesmo, pela renda e cor de pele. Temos a sorte de ter uma parcela sub-humana da nossa própria população, de quem a morte não comove muito. Em tempos de crise, isso ainda gera economia em passagens aéreas.

Enquanto isso, o inimigo em comum continua sentado na cadeira presidencial. Já que Temer tá interessado em ganhar popularidade, fica a dica: seu desaparecimento é mais popular do que qualquer intervenção.

    Luiz Carlos P. Oliveira

    Essa pesquisa deve ter sido feita na Vieira Souto e na Av. Copacabana, onde só moram favelados.

ari

TRF 4? Duvido muito que autorizem.

Luiz

Moro nunca esteve atrás da verdade. Vamos deixar de se ingênuos. Essa operação foi cuidadosamente planejada pelos EUA, ou vocês acreditam que os americanos querem uma nação soberana e rica no seu hemisfério sul. Jamais, onde os americanos pisam, nem capim nasce, vejam Iraque, Síria, Afeganistão e por ai vai. Querem nos transformar em colônio e para isso, usam agentes do estado brasileiro corruptos para destruírem seu país. Moro é prova viva disso. Protege Aécio e persegue Lula. Acorda Brasil.

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