Como os escravocratas ajudaram a dar a vitória a Trump

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O jornal oficial da Ku Klux Klan, a “resistência branca”, apoiou Trump: “Make America Great Again”

Da Redação

Donald Trump foi eleito presidente apesar de ter perdido a eleição.

Na contagem (quase) final a democrata Hillary Cinton teve 59.938.290 votos. Trump ficou em segundo lugar, com 59.704.886. O libertário Gary Johnson obteve 4.042.291. E a verde Jill Stein ficou com 1.207.141.

Foi o melhor resultado eleitoral recente da soma de todos os candidatos que a mídia desconhece, aqueles que não participaram dos debates, nem receberam cobertura na “maior democracia do planeta”: cerca de 5%.

Apesar de Trump ter tido menos votos que Hillary Clinton, o republicano venceu por ampla margem no Colégio Eleitoral.

Como assim? Matemática simples.

Vamos supor que Hillary tenha vencido com 1 milhão de votos de vantagem em Ohio, mas perdido por apenas 1 voto na Califórnia. Ela teria 999.999 votos de vantagem sobre Trump na contagem mas… perderia a eleição assim mesmo.

É que Ohio, por causa do tamanho de sua população, tem direito a 18 votos no Colégio Eleitoral. A Califórnia, 55.

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Uma distorção e tanto do princípio de uma pessoa, um voto.

Nos três estados que garantiram o triunfo de Trump no Colégio Eleitoral — Wisconsin, Michigan e Pensilvânia — a margem em favor do republicano foi mínima: 112.158 votos.

A essa altura você deve estar se perguntando: como tudo isso é possível naquele “farol da democracia”?

Explica o New York Times:

“Uma variedade de fatores informou a criação do Colégio Eleitoral, que determina um número fixo de votos para diferentes estados baseado no tamanho de suas populações. Os pais da Pátria tentaram garantir que os residentes de estados com populações menores não fossem ignorados. E numa era que precedeu a existência da mídia de massa e mesmo de partidos políticos, estavam preocupados com o fato de que o norte-americano médio não teria informação suficiente sobre os candidatos para tomar decisões inteligentes. Assim, seriam representados por ‘eleitores’ informados”.

Como assim, “eleitores” informados? Sim, a eleição nos Estados Unidos é indireta.

Milhões de eleitores votam nas urnas. Hillary ganhou na Califórnia? Então, ela terá os 55 votos a que o estado tem direito no Colégio Eleitoral. E este Colégio tem 55 pessoas da Califórnia que “representam” os milhões que votaram no estado.

Na prática, embora isso não aconteça, os 55 podem simplesmente mudar de lado e votar no Trump. Ou vice-versa. Não há nada que os impeça legalmente de fazer isso.

Mas, voltemos ao NYT:

“Acima de tudo, historiadores apontam para o papel crítico que a escravidão teve na formação do sistema. Delegados do sul dos Estados Unidos à Convenção Constitucional de 1787, mais destacadamente James Madison, da Virginia, estavam preocupados que seus representados seriam derrotados sempre pelos nortistas [Nota do Viomundo: onde não havia escravidão]. Foi feito então o Acordo dos Três Quintos, o que permitiu aos estados do Sul contar cada escravo como três quintos de uma pessoa — o suficiente, na época, para garantir uma maioria sulista nas disputas presidenciais”.

É por isso que a escritora Joyce Carol Oates escreveu no twitter, depois da vitória de Trump: “O Colégio Eleitoral vai para sempre favorecer os eleitores da zona rural/conservadores/brancos/mais velhos — uma concessão feita originalmente aos escravocratas”.

Portanto, todos à Paulista celebrar a democracia na qual nos espelhamos.

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