Brasil rejeita versão de que Obama orientou o acordo com o Irã

Tempo de leitura: 2 min

28 de Maio de 2010 – 11h33

Do Vermelho

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reagiu nesta quinta-feira (27) com rigidez às insinuações de que ele e o primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyiq Erdogan, foram orientados pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, para negociar o acordo de paz com o Irã.

Lula afirmou que eles não receberam “procuração” alguma para buscar o acordo. “Não temos procuração nem queremos ter procuração para tratar da questão nuclear”, disse o presidente, durante a primeira visita de Erdogan ao Brasil.

O presidente confirmou que ele e Erdogan receberam uma carta de Obama, semanas antes de ser fechado o acordo nuclear no Irã. Na correspondência, Obama faz apenas uma série de sugestões sobre um eventual acordo.

Segundo Lula, é necessário estar com “a cabeça aberta” para haver um acordo e chegar a um consenso. “Com truculência a gente não resolve nem os problemas da casa da gente e entre a família. Nós demos um sinal e espero que a agência tenha sabedoria de entender o momento político e o gesto do Irã e a posição do Brasil”.

Em seguida, o presidente sinalizou que a reação das grandes potências à proposta ocorreu porque não esperavam que o Brasil e a Turquia fechassem um acordo. “Nós fizemos o que eles estão tentando há muitos anos e não conseguiram. As pessoas precisam aprender que a política do século 21 precisa ter mais transparência e diálogo”.

Lula afirmou ainda que é preciso que as pessoas decidam pelo diálogo ou pelo confronto. “Agora é preciso que as pessoas digam claramente se querem construir a possibilidade de paz ou se querem construir a possibilidade de conflito”.

O presidente evitou comentar sobre as eventuais sanções, propostas pelos Estados Unidos. Segundo ele, a expectativa é que os membros permanentes do conselho e a Agência Internacional de Energia Atômica analisem a proposta e evitem as punições. “Vamos aguardar o que a agência e os países têm a dizer”.

Os comentários na imprensa que tentam atribuir a Obama os conselhos do acordo com Irã são apenas tentativas inúteis de diminuir o papel do Brasil e do presidente Lula nas negociações. Isto fica claro com as declarações feitas ontem (27) pela secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton: “Os EUA e o Brasil têm sérias divergências sobre o programa nuclear iraniano”.

De fato. Enquanto o Brasil enxerga a energia nuclear como uma importante ferramenta para o desenvolvimento da paz – através da medicina – os EUA insistem em enxergá-la como uma arma de guerra.

A opinião pública acompanha atenta os desdobramentos desse episódio e tem a expectativa de que o Brasil continue atuando para evitar as sanções contra o Irã.

Da Redação, com Agência Brasil


Siga-nos no


Comentários

Clique aqui para ler e comentar

Marat

Nossa imprensa vive um universo paralelo!

O Brasileiro

A ONU e a AIEA que façam o que quiserem. O Brasil já fez sua parte!

Ubaldo

Vamos esclarecer alguns pontos:
1. Não há dúvidas, para ninguém, que o Irã quer o enriquecimento de urânio para fins bélicos.
2. A política externa brasileira sistematicamente fica em oposição aos EUA. Vide comércio mundial em Doha, crise em Honduras, questão nuclear do Irã, sanções à Cuba, excluiu os EUA da Reunião dos países Latinoamericanos e Caribe.
3. Há seis meses atrás o Irã rejeitou o que Lula agora conseguiu. O Irã perdeu a credibilidade com todos membros do Conselho Permanente de Segurança da ONU.
4. O Brasil agora está muito mais longe de conseguir a vaga no Conselho de Segurança da ONU.
5. As sanções ao Irã serão brevemente aplicadas. O Brasil se desgastou e conseguiu que o Irã não seja atacado agora.
Essa política externa brasileira coleciona derrota após derrota e arrota vitória.

    Paulo

    Discordo com vc. A tendência é que a ONU, que está ficando desacreditada a cada ano, seja reformada sob o perigo de perder sua representatividade pela a maioria (isso se algum dia teve) e no mínimo que sejam ampliadas vagas no conselho de segurança. Agora, se isso ocorrer, quem vai ter apoio da maioria dos integrantes para ter direito a uma vaga? Lógico, que ter apoio da maioria não siginifica a certeza da conquista da vaga. Muita coisa vai rolar e a lógica, isso não quer dizer que vai ocorrer, é que se houver novas vagas ao conselho de segurança da ONU que seja escolhido o País que se msotrar com uma postura mais independente e coerentes com a realidade atual e o Brasil se encaixa perfeitamente.

    Gustavo

    Vamos Esclarecer alguns pontos:
    1. Não há dúvidas, para ninguém, que o Iraque tenha armas de destruição em massa
    2. A política externa do Ubaldo é extremamente alinhada com os interesses de Whasington, ou seja, o Brasil, esta prestes a se tornar o 51º estado Estadiounidense
    3. Saddam anunciou categoricamente que não iria discutir seu programam de armas de destruição em massa no conselho de segurança da ONU (até pq elas de fato nunca existiram).
    4. O Brasil está longe de se tornar um estado soberano.
    5. A Guerra do Iraque iniciou Saddam foi derrubado, mas por incrível que pareça nenhuma, uminha arma de destruição em massa foi encontrada no território Iraquiano, mas pareça que encontraram muito petróleo…hummm…mas não é o suficiente, necessitamos de mais petróleo, tem um vizinho do Iraque com muito petróleo, mas que diferentemente ao Iraque esta almejando a construção de armas de destruição em massa. Bingo vamos lá destruir com a intenção deles (que interessante, mesmo se não for encontrada uma única prova da tentativa de construir a bomba atômica, o que se queria mesmo era acabar com as intenções, ou seja, desta vez a "gente" (EUA, Ubaldo e PIG nacional e internacional) não mentimos), mas o petróleo é nosso! Ubaldo quer que eu desenhe?

    marx

    Concordo com você Gustavo e deixo mais umas perguntinhas:

    Alguém no mundo imagina que os EUA invadiriam o Iraque se Saddam tivesse uma bomba atômica?
    Porque os EUA não invadiram a Coréia do Norte? Será o temor de que eles lancem suas ogivas sobre o Japão?

    Lucas Cardoso

    1. Não há dúvidas? No máximo, o Irã quer a bomba atômica para fins de deter um ataque nuclear por parte de Israel/EUA. E nem disso há certeza. Eles podem muito bem querer energia nuclear pra economizar petróleo.

    2. É a política externa dos EUA que sistematicamente fica contra a brasileira.

    3. A pergunta é por que o Irã aceitou agora o que rejeitou antes? Será que confia mais no Brasil?

    4. O Brasil está tão perto hoje de conseguir uma vaga quanto antes. Ou seja, NUNCA. Os membros permanentes têm poder de veto e não querem reforma.

    5. O Brasil conseguir que o Irã não seja atacado agora não é uma vitória? Quanto às sanções e o desgaste, quem viver verá.

IV Avatar

No texto que segue abaixo nota-se que há uma trama a partir dos EUA contra as eleições. É que votar se tornou uma arma do povo. E tornando-se arma do povo, a doutrina Hillary quer acabar com o voto. Em síntese: se o eleito pelo povo não colocar em prática a cartilha neoliberal será derrubado. A conferir.

A doutrina Hillary: a gestação do argumento golpista

Os apologistas do processo eleitoral passaram a questioná-lo. Os argumentos que tiram da manga são de uma imoralidade que beira o ridículo. Dizem, por exemplo, que o que conta não são as eleições, mas sim a ação de governo; ou que o sufrágio contaminado de populismo é um engano (quando ganha a esquerda, é claro) e outras afirmações no mesmo estilo. A “doutrina desqualificadora da eleição” vem ganhando terreno em diversos setores políticos e já foi expressa, em reiteradas declarações, pela atual secretária de Estado dos EUA. O artigo é de José Vicente Rangel.
Tradução: Katarina Peixoto
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMos

dvorak

"De fato. Enquanto o Brasil enxerga a energia nuclear como uma importante ferramenta para o desenvolvimento da paz – através da medicina – os EUA insistem em enxergá-la como uma arma de guerra."

Tolos são os que acham que o Irã utilizará a energia nuclear para fins pacíficos, principalmente sendo dirigido por um lunático…

    Tromba de Elefante

    Lunático por lunático, preferimos o que ainda não chegou à Lua.

    Bomberman

    Porque as pessoas falam como se fosse fácil construir uma arma nuclear? Já parou pra ler um pouco sobre Los-Alamos? Uma cidade inteira só de Ph.D em física, química, matemática e etc.. isso sem contar os bilhões gastos pelos EUA para desenvolverem a bomba.
    Se o Iran vier a utilizar a energia atómica para fins militares, ele DEVERAR ter ajuda EXTERNA, como a obtenção de esquemáticas para:
    1º Miniaturização da bomba [para viabilizar o uso em mísseis]
    2º Dispositivo de ignição [ armas nucleares não são como granadas em que se puxa o pino e faz bang!]
    3º Local 'secreto' para produção do material nuclear [o Irã é signatário da NPT, vai ter inspeções pela AEIA] – abre o google earth e olha o Irã, te digo que os satélites da CIA olham 24h e tem resolução bem melhor que a do google.
    4º A bomba tem que ter sido testada, caso contrário não se saberá a real potência ou eficácia do dispositivo.

    A princípio de conversa leia sobre A.Q Khan* e você verá que o 'lunático' do Irã não passa de um politiqueiro barato, e que as reais ameaças a segurança global, não são de conhecimento público.

    *Khan vendia projetos e equipamentos para construção de armas no mercado negro, ele tentou vender pro Irã. Porém foi denunciado, e preso, pelas agências de inteligência norte americana e britânica.

    Lucas Cardoso

    Por que não é possível que o Irã queira energia nuclear para fins pacíficos? Primeiro porque Ahmadnejad não deu provas alguma de ser lunático (antissemita talvez, lunático não). Segundo que não é ele o verdadeiro poder naquele país, mas sim os sacerdotes (que já até lançaram leis islâmicas contra bombas atômicas).

    Presumir irracionalidade não é bom para a diplomacia. Eles são humanos relativamente normais, como eu e você.

monge scéptico

O LULA é um estadista, queiram ou não. Fala como um estadista mundial, pensando também,possivelmente, no bem estar
da humanidade como um todo, já que a questão da paz e da sarmas nucleares afeta o mundo. O IRÂ com certeza está longe
de ter capacidade ofensiva, utilizando-se de armas nucleares. Se pudesse fazê-lo, receberia em troca um "chuveiro' de bombas, o que faz com tido isso seja um enorme contra senso. Menos pessoal. Parabéns LULA. O bama nem se podesse
aconselharia LULA a contrariar o pentagono etc. Logo a iniciativa é mesmo do LULA e dos Turcos..

@marisps

Eu conheco uma outra maneira de dizer isso (dar bom dia com o chapéu dos outros), mas melhor não dizer porque seria vetado, e caso não fosse, desagradaria a mãe do Azenha.

    Jairo_Beraldo

    marisps, azenha até que é tolerante com seus leitores…as vezes ele deixa a gente falar o que ele queria e não pode!

carlos quintela

A luta dentro do governo norteamericano entre belicistas e pacifistas é tradicional (águias x pombas). Pena que os belicistas levam sempre a melhor!

Marcelo Ramos

A fala da raposa e as uvas foi ótima… endreço certinho.

mac

Assim até Hermes,o deus grego da eloquência e da diplomacia, fica com inveja do Lula .

    Jairo_Beraldo

    menos mac, menos!

mariazinha

Essa dupla eua/israel nunca en ganaram-me com suas mentiras.

yacov

às vezes penso que o OBAMA é um bom menino e quer uma mudança verdadeira no paradigma de governança mundial, mas a direita reaça dos EUA não permite. Por outro lado, qualquer que seja este novo paradigma, os EUA não abririam mão facilmente de sua hegemonia… Na verdade a carta do Obama parece uma tentativa de dizer: "Olha, eu tentei…". O problema é que ele não esperava que LULA e Erdogan conseguissem convencer o Ahmadinejadh a assinar o acordo. Ele assinou e os EUA ficaram com cara de tacho e agora querem de qualquer maneira convencer a opinião pública mundial que o IRã não cumprirá as sanções. O tempo dirá. De qualquer forma, fizemos nosso papel e estou com LULA: a PAZ e no diálogo tem que prevalecer no mundo globalizado ou então não haverá futuro para ninguém.

"O BRASIL DE VERDADE não passa na gLObo – O que passa na glOBo é um braZil para TOLOS"

Oliveira

Desde quando Israel e seu guarda-costas, os Estados Unidos, querem a paz no Oriente?

Desde quando Israel e seu cão-de-guarda, os Estados Unidos, querem colocar o resto do Oriente em harmonia e integrados ao resto do mundo?

    Jairo_Beraldo

    Quando Israel conseguir anexar ao seu territorio, as terras vizinhas, e além fronteiras.

dukrai

É engraçado, a primeira versão da intervenção do Obama com a sua carta ao Lula é que ele estava estabelecendo um contraponto ao belicismo da Hilária, de maneira que qualquer que fosse o resultado das negociações Brasil-Turquia-Irã, os "americanos" ficavam bem na fita. Como os EUA se estreparam e micaram com o rascunho de sanções contra o Irã nas mãos, o Obama está assumindo o papel anterior, de policial bonzinho, e diz que Lula fez o que tinha sido mandado.
Como se diz aqui em Minas e em um montão de lugares, tá dando bom dia com os chapéus dos outros.

    Jairo_Beraldo

    Éntão voce também é mineiro, Dukrai! Mas é por isso que tem inteligencia acima da média….

    Leider_Lincoln

    Jairo, só lembrando que o Klaus também é mineiro. De Divinópolis!
    Saudações goianas!

    Jairo_Beraldo

    Sou mineiro e moro na heterogenia Goiania, Leider! E voce em Catalão,não é?

    dukrai

    krai, nunca pensei que estivesse em tão augusta companhia, como diria o meu mestre Hariovaldo.Além disto, eu morei anos em Brasília, uma síntese goiana-mineira, apesar dos nordestinos e cariocas acharem que a terra é sua.

Tweets that mention Brasil rejeita versão de que Obama orientou o acordo com o Irã | Viomundo – O que você não vê na mídia — Topsy.com

[…] This post was mentioned on Twitter by Michael Rosa, Lula Notícias. Lula Notícias said: Brasil rejeita versão de que Obama orientou o acordo com o Irã http://bit.ly/a9tEU9 #Lula #Dilma #PT […]

Deixe seu comentário

Leia também