Altamiro Borges: Eduardo Cunha está desesperado mas não pode ser subestimado

Tempo de leitura: 3 min

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O desespero do achacador Eduardo Cunha

por Altamiro Borges, em seu blog

Eduardo Cunha – o “achacador”, segundo o apelido carinhoso dado por alguns dos seus pares – não dormirá tranquilo nos próximos dias. Ele que se achava o novo “imperador” da Câmara Federal viu seu império sofrer rachaduras. A “delação premiada” do executivo Júlio Camargo, que garantiu ter repassado US$ 5 milhões ao lobista –, acabou estragando sua performance no programa exibido em cadeia de rádio e tevê nesta sexta-feira (17).

Para complicar ainda mais as suas ambições, em várias capitais ocorreram buzinaços e protestos durante sua exibição midiática. Ele até tentou usar a velha tática de que a melhor defesa é o ataque. Afirmou, no seu estilo de valentão, que vai “explodir o governo Dilma” e autorizou duas CPIs para infernizar a presidenta. Mas o desespero não é bom conselheiro. Nem o PMDB, seu partido-ônibus, apoiou o gesto tresloucado. E até o juiz-carrasco Sérgio Moro, seu antigo aliado, deu-lhe umas caneladas.

Ao anunciar o “rompimento com o governo” – como se em algum dia, desde sua posse em fevereiro, ela tivesse sido aliado do Palácio do Planalto –, Eduardo Cunha começou a trilhar o caminho do isolamento político.

“Estou oficialmente rompido com o governo a partir de hoje. Teremos a seriedade que o cargo ocupa. Porém, o presidente da Câmara é oposição ao governo”, afirmou ainda na manhã de sexta-feira. Minutos depois da sua entrevista-bomba, o próprio PMDB divulgou nota oficial para reafirmar que continua na base governista e para informar que a posição de Eduardo Cunha “é a expressão de uma posição pessoal, que se respeita pela tradição democrática do partido”. As frituras peemedebistas costumam ser cruéis e ardilosas, sem maiores estardalhaços.

Na sua valentia, ele não conseguiu sequer o apoio dos demotucanos, que temem sair chamuscados com as recentes acusações contra o lobista. “A oposição, que tem andado de mãos dadas com Cunha desde que ele derrotou o PT e o governo e conquistou a presidência da Câmara, em fevereiro, também não saiu em defesa do peemedebista. Líderes oposicionistas classificaram como grave o anúncio do rompimento, afirmando temer uma crise institucional no país. ‘Há uma instabilidade institucional agravada’, afirmou o líder do DEM na Câmara, deputado Mendonça Filho (PE).

O presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), não se manifestou. Até a noite desta sexta-feira, Cunha havia obtido o apoio oficial apenas do Solidariedade”, relata, amargurada, a Folha tucana.

Acuado e desesperado, Eduardo Cunha ainda comprou briga com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, com o juiz da midiática Operação Lava-Jato, Sérgio Moro, e com os delegados da Polícia Federal. Afirmou que é alvo de um complô.

De quem menos se esperava, veio a resposta mais dura. Sérgio Moro, seu aliado na campanha de desgaste permanente do governo Dilma, afirmou em nota que não pode silenciar “testemunhas ou acusados”, justificando o vazamento da “delação premiada” de Júlio Camargo. “A 13ª Vara de Curitiba conduz ações penais contra acusados sem foro privilegiado em investigações e processos desmembrados pelo Supremo Tribunal Federal. Não cabe ao juízo silenciar testemunhas ou acusados na condução do processo”, afirma a nota.

Diante de tanta bordoada, a tendência é que Eduardo Cunha – que não consegue conter seus instintos mais primitivos – radicalize as suas posições. Ele já anunciou que pretende amparar os pedidos de impeachment de Dilma. Ele fará de tudo para desviar a atenção da sociedade – principalmente dos famosos “coxinhas”, os setores médios envenenados diariamente pela mídia oposicionista. O Palácio do Planalto tentará evitar que os ânimos se acirrem. Em nota divulgada nesta sexta-feira, o governo afirmou esperar que a posição hidrófoba de Eduardo Cunha “não se reflita nas decisões e nas ações” da presidência da Câmara Federal.

Mas é bom ficar em estado de alerta. O “achacador”, temendo seu isolamento e “morte política”, ainda vai dar muito trabalho. Ele não pode ser subestimado.

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Comentários

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Juca

Até pra morrer leva tempo demais.

Urbano

O banditismo trajado com camisa de força…

Flavio Marcio

MORTE. No livro “Sorria, você está na Rocinha”, este é o nome dado a um pistoleiro vil e cruel, que agia ali a soldo do tráfico.
Permanentemente armado e temido por todos, ninguém ousava por-se no caminho dele. Aconteceu, porém, um dia que ele discutiu com alguém, por bobagem, e em plena via pública sacou da pistola. Os chefões do tráfico souberam e passaram um esporro no Morte, que deixou-lhe borrado. No monopólio da matança na comunidade, só os capos, bem entendido?
EDUARDO PULHA é o Morte do Congresso Nacional. Vai continuar agindo a mando dos seus chefes maiores, quase invisíveis. Enquanto servir, vai continuar arrotando e tratorando os inimigos, mas se não servir mais corre o risco até de virar carne para urubu. Ninguém o desdenhe, mas sim o combata com coragem. Aproveito a canção: é preciso estar atento e forte, não temos tempo de temer O Morte!

Bonobo de Oliveira, Severino

O maior, e mais corrupto, ilegal, achacador partido politico, sonegador de impostos, a Rede Globo, ainda não manifestou interesse em encerrar a parceria temporária com o assecla Eduardo Cunha. Portanto, ainda deve ser vista com muita cautela esse aparente isolamento do malfeitor, objeto de 22 processos que se arrastam no implacável judiciário brasileiro (para que serve o judiciário brasileiro?), desde os anos 90, a espera da prescrição.

“As ações que correm contra Eduardo Cunha”

http://jornalggn.com.br/blog/as-acoes-que-correm-contra-eduardo-cunha

Quando alguma dessas ações chegar aos tribunais superiores, se é que chegará alguma, encontrará as “facilidades” de que fala o Daniel Dantas, como nesse caso:

“Supremo absolve deputado Eduardo Cunha por uso de documento falso”
http://www.conjur.com.br/2014-ago-26/supremo-absolve-deputado-eduardo-cunha-uso-documento-falso

O ministro Relator, mostrou-se um “garantista” na análise das provas juntadas no processo, afirmando que:

“…não há como extrair das provas produzidas no decorrer da instrução elementos de convicção aptos a demonstrar a existência de dolo na conduta do acusado”.

Adivinha quem era o Ministro Relator “garantista”!!

Sim. Ele mesmo, que, se estivesse em julgamento algum agente ou simpatizante do partido adversário, em vez de “garantista”, o mandrião mudaria a doutrina e aplicaria as teorias do “Direito Penal do Inimigo” e o suspeito seria sumariamente condenado, mesmo sem provas, porque “…a literatura do Direito permite”!

Mariza

Não pode mesmo. Com mafioso até ele morto deve-se preocupar, tem sempre os seguidores do traste.

FrancoAtirador

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Cachimbo da Paz
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“João Roberto Marinho e Eduardo Cunha tiveram um longo encontro
há duas semanas, tendo como palco a casa de um amigo de ambos,
o empresário Luiz Affonso Otero”
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Por Lauro Jardim, na Veja
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(http://veja.abril.com.br/blog/radar-on-line/tag/joao-roberto-marinho)
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