por Conceição Lemes
Dias após a entrevista com a ministra chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom-PR), a jornalista Helena Chagas, da qual participaram Roberto Messias, secretário-executivo, e Fabrício Costa, secretário de Comunicação Integrada, esta repórter cobrou alguns dados prometidos durante a reunião. Entre eles:
* Se juntarmos a TV Globo aberta [nessa altura já sabia que nos R$ 495.270.915,28 programados para 2012 estão incluídas todas as afiliadas] e as emissoras fechadas do grupo, quanto toda a Rede Globo recebeu de recursos publicitários do governo federal?
*Das Organizações Globo também fazer parte os jornais O Globo e Extra, a rádio CBN, os portais G1 e Globo On Line, as revistas Época, Marie Claire etc.. Juntando tudo, quanto as Organizações Globo receberam de verbas federais de publicidade em 2012?
Seguem na íntegra as respostas sobre esses questionamentos.
Primeiro, José Ramos Filho, secretário de Imprensa da Secom, respondeu:
Em relação ao seu pedido para que a SECOM faça um levantamento sobre as programações de publicidade oficial consolidadas por grupo empresarial, envolvendo todos os tipos de mídia de cada grupo e, também, para que sejam detalhados os sites programados por todo o Governo Federal, informamos: a SECOM não dispõe dos dados efetivos de todo o Governo Federal referentes a pagamentos realizados a veículos e grupos de comunicação, uma vez que inexiste previsão legal que atribua à esta secretaria, ou a outro integrante do Poder Executivo Federal, competência para processar os dados na forma solicitada.
Esclarecemos que o artigo recentemente divulgado pela SECOM, disponível no endereço http://www.secom.gov.br/sobre-a-secom/acoes-e-programas/midia, utilizou dados fornecidos pelo Instituto para Acompanhamento da Publicidade (IAP) que reproduz a previsão de uso de tempos e/ou espaços publicitários. O IAP, vale lembrar, processa os dados oriundos dos pedidos de inserção que lhe são encaminhados, voluntariamente, pelas agências de propaganda contratadas por órgãos e entidades do Executivo Federal. Os dados processados pelo IAP não abrangem, necessariamente, todas as programações em determinado período e não correspondem a programações efetivamente executadas.
O levantamento especialmente feito pela SECOM com os dados do IAP, para a elaboração do artigo, visou proporcionar uma visão geral do planejamento publicitário. Em relação às atividades de responsabilidade da própria SECOM, informamos que, com o objetivo de ampliar a transparência de sua ações, esta Secretaria disponibilizou tais dados na internet desde setembro de 2012. As informações podem ser consultadas por todos os interessados no endereço https://sistema1.planalto.gov.br/secomweb2/demanda/execucaocontratual. Lá estão disponíveis os pagamentos feitos individualmente pela SECOM a agências de propaganda no período 2009 a 2013, referentes a publicidade institucional e de utilidade pública. Os valores correspondem a venda de tempos e/ou espaços por veículos e demais meios de divulgação à agência, a serviços especializados prestados por fornecedores à agência, a serviços de intermediação prestados pela própria agência e a desconto de agência.
Como a resposta não era satisfatória e me causava estranheza. já que os dados haviam sido prometidos na nossa entrevista, fiz vários questionamentos à ministra e equipe. Foram vários e-mails. Em resposta à última tentativa, na sexta-feira 28, o secretário de Imprensa da Secom respondeu-os separadamente:
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Se a Secom conseguiu montar as tabelas apresentadas no texto do senhor Roberto Messias, publicado no Observatório da Imprensa, como não dispõe das informações que solicitei?! Afinal, eu peço apenas a discriminação das tabelas. E para montá-las o senhor [Fabrício Costa], claro, teve juntar todas as informações que estavam separadas.
R-Conceição, estamos tratando de duas coisas distintas. Sua solicitação inicial, pelo que entendemos, era sobre ospagamentos de todo o governo aos veículos, dados que nós não temos. Só temos informações dos nossos pagamentos, da SECOM. As informações de terceiros de que dispomos são apenas de planejamento de investimento, e não de desembolso efetivo. Portanto, só poderíamos fazer, e o fizemos, o envio dos pagamentos da SECOM. Pode ser que, mesmo diante das limitações dos dados do IAP, você deseje recebê-los detalhadamente, em substituição aos dados mais precisos, que não possuímos. Mas aí temos outra limitação a observar.
A SECOM está empenhada em ampliar continuamente o grau de abertura das informações de investimentos publicitários. As informações divulgadas atualmente são muito mais detalhadas que as de anos anteriores. Tal abertura tem sido feita progressivamente e de modo a não comprometer a credibilidade das informações. Os dados utilizados no artigo de Roberto Messias, por exemplo, tinham o objetivo de dar uma visão geral dos investimentos em alguns segmentos de mídia. E foram precedidos de uma checagem prévia, que avaliasse a consistência com os resultados efetivos dos investimentos publicitários. Foi uma ação pontual, que consumiu recursos humanos caros à SECOM. A mesma divulgação, no entanto, não pode ser feita com as demais informações, que não foram submetidas ao mesmo trabalho de checagem, sob risco de cometermos equívocos [grifos do próprio secretário de Imprensa].
O que foi feito daquela tabela quilométrica com os dados de todos os investimentos previstos que o senhor nos mostrou na entrevista que fiz com a ministra Helena Chagas?
R – A tabela mostrada na entrevista foi de investimento programado em sites na internet, que foi encaminhada pela Ministra, sem valores conforme dito no encontro, apenas com o nome dos sites e referente ao ano 2012.
Curiosamente, nas respostas da Secom, em nenhum momento é citado o nome da Globo.
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