MPF apura divulgação da imagem de vítima de estupro; PMs e delegado da PF denunciados pela Ponte

Tempo de leitura: 5 min

Captura de Tela 2016-06-01 às 23.49.01

Denúncias contra a cultura do estupro se juntaram aos protestos contra o machismo do governo Temer

Foto Flávio Souza Cruz/Mídia Ninja

Ministério Público apura divulgação de imagens do caso da adolescente no Rio

Do UOL, em São Paulo 30/05/2016

O MPF (Ministério Público Federal) no Rio de Janeiro instaurou nesta segunda-feira (30) uma investigação criminal para apurar a divulgação de fotos e vídeos da adolescente de 16 anos que teria sido vítima de estupro coletivo em Jacarepaguá, na zona oeste do Rio.

O caso ganhou repercussão internacional após a divulgação no Twitter das imagens dos órgãos genitais da adolescente desacordada, no último dia 25 de maio.

Conduzem a investigação os procuradores da República Daniel Prazeres e Paulo Gomes Ferreira Filho, do Grupo de Combate aos Crimes de Divulgação de Pornografia Infanto-juvenil e Racismo na Internet da Procuradoria da República no Rio de Janeiro.

Segundo o MPF, o procedimento criminal visa apurar possível prática de crime previsto no artigo 241-A do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), que pune a divulgação, publicação, troca e transmissão de vídeos, fotografias ou outro registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente.

Apesar de as investigações do crime de estupro estarem a cargo da polícia fluminense, esse crime é de competência federal. O Ministério Público diz ter decretado sigilo das informações e do procedimento para proteger a imagem da vítima.

Captura de Tela 2016-06-01 às 23.54.04

Policiais expõem e ridicularizam adolescente vítima de estupro coletivo

da Ponte, em 31.05.2016

PMs e um delegado da PF compartilharam imagens expondo adolescente. Posts comparavam menina com burrinha e cadela no cio

No Facebook, policiais postaram nos últimos dias fotos que expunham o rosto da adolescente carioca de 16 anos que denunciou um estupro praticado por mais de 30 homens. Algumas das postagens também ridicularizavam a menina, com textos que a chamavam de “vadia” e imagens que a comparavam com burrinhas e cadelas no cio. Entre os autores, estão policiais militares do Rio de Janeiro e um delegado da Polícia Federal.

As postagens podem ser consideradas violações do artigo 17 do Estatuto da Criança e do Adolescente, que prevê “o direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, idéias e crenças, dos espaços e objetos pessoais”.

Um dos policiais que expôs imagens da adolescente estuprada foi o sargento da PM carioca Afonso Claudio de Meireles. Ele compartilhou um post de Alexandre Romano (que menciona em seu perfil já ter trabalhado na Polícia Militar do Rio de Janeiro) dizendo que a garota era uma “viciada que se misturava com traficantes e ostentava armas”.

Criticado em um comentário por um amigo, o sargento rebateu xingando a adolescente de 16 anos de “vadia”:

Patentes mais altas não foram menos grosseiras.

Captura de Tela 2016-06-01 às 23.31.00

O major Elitusalem Gomes de Freitas fez posts atacando a “mídia hipócrita” e a “esquerda criminosa”, dizendo não ter havido estupro, mas “uma suruba entre membros do tráfico”. Em um deles, publicou a foto de uma cadela no cio, rodeada de cães, acompanhada do comentário “Imagem inédita do caso mais falado na mídia atualmente”.

O major não foi o único a fazer piadas e comparar a menina estuprada com animais. O soldado Weslley Santos Cosme foi pelo mesmo caminho, inclusive em um post escrito ontem.

Captura de Tela 2016-06-01 às 23.34.22

Outra postagem expondo o rosto da adolescente foi compartilhada pelo delegado Fábio Scliar, da Polícia Federal, que deve conhecer bem o Estatuto da Criança e do Adolescente, já que afirma, em seu perfil no Facebook, ser mestre em direito público e professor de direito constitucional e ambiental.

Scliar compartilhou um post contendo 12 fotos da adolescente estuprada. No post original, assinado por Igor Almeida, que se identifica como policial militar do Rio, o autor afirmava que não se comovia com o estupro coletivo porque a menina seria “um deles” — dos bandidos.

“Não desejo q pessoas de bem sejam vítimas de nenhum tipo de violência. Seja mulher, homem, criança, idoso… Agora, bandidos e suas rabiolas, nada q aconteça com eles consegue gerar em mim um pingo sequer de sofrimento”, atacava o post.

A postagem do delegado recebeu muitas críticas dos próprios amigos nas redes sociais. “E o Sr. compartilha esse lixo?”, perguntou um deles.

O mesmo texto compartilhado pelo delegado havia aparecido antes na timeline da Cabo Ny Tavares, uma PM que tem até uma página em sua homenagem na rede social, em que é chamada de DivaPmrj.

No seu perfil, além de comemorar a extinção da pasta dos Direitos Humanos no governo Temer, a “diva” aproveita para atacar as feministas numa foto em que empunha um fuzil.

E a próxima geração de policias não terá uma postura muito diferente, a julgar pelas declarações de um blogueiro identificado como Ricardo Vilete Chudo Rvchudo, que afirma ser um “aluno dedicado da PMERJ”.

Em seu blog, o estudante escreveu um texto em que expõe a adolescente em cinco fotos e afirma que ela “está sendo orientada a declarar ter sido realmente estuprada e se sentindo debilitada com o ocorrido”. O blog também compara a menina com a atriz pornô Paty UPP, conhecida por fazer sexo grupal (consentido) com policiais.

A página Faca na Caveira, mantida por apoiadores da violência policial, também publicou fotos da menina, mas foram retiradas. Os responsáveis pelo Faca se justificaram, reconhecendo que a publicação das imagens da adolescente era ilegal, mesmo ela “sendo frequentadora de bailes funk” e “não sendo tão inocente assim”. E recomendou evitar divulgação do nome e do rosto para não dar problemas às “pessoas de bem”.

Outro lado

Questionada pela Ponte se o comportamento do delegado Scliar poderia ser considerado uma infração ao Estatuto da Criança e do Adolescente, a assessoria de imprensa da Divisão de Comunicação Social do Departamento de Polícia Federal respondeu por e-mail: “Não é atribuição desta assessoria comentar situações desse tipo. Orientamos que entre em contato com a Corregedoria do órgão ao qual o profissional está vinculado para obter tal esclarecimento”.

Em contato telefônico, a Corregedoria-Geral informou que não daria entrevistas e sugeriu um contato com a Superintendência Regional no Rio de Janeiro, que ontem não atendeu aos telefonemas.

Sobre as atitudes dos policiais militares cariocas, a Ponte procurou a assessoria da Secretaria de Estado de Segurança do Rio, que não respondeu.

Leia também:

Ministro da Saúde toma vaia em evento do SUS; veja os vídeos


Siga-nos no


Comentários

Clique aqui para ler e comentar

ELIZA

Nossas instituições estão falidas mesmo. Se a polícia em todas as esferas pensa assim, que proteção nós mulheres podemos esperar dela?? Quem deveria nos proteger e apurar a violência contra nós nos julga culpada antecipadamente. E o mais chocante é percebermos que o criminoso não é visto como cidadão pela polícia. Preocupante!. Que sociedade é essa que estamos construindo? Esta polarização entre o “bem” e o “mal”, pobres e ricos, coxinhas e mortadelas, cidadãos de bem e os outros, quando na verdade todos somos cidadãos de direito. Mas estamos caminhando para um estado policial violento e sem controle. Isso não acabará bem.

FrancoAtirador

.
.
O Repórter Lucas Martins, do Coletivo “Jornalistas Livres”,

foi Agredido a Golpes de Cassetete pela Polícia Militar SP

https://twitter.com/Buchada_de_Bode/status/738103007838121985
.
.

FrancoAtirador

.
.
Em Depoimento Pessoal Prestado no dia 28/04/2016,
a ex-Jornalista da Rede Globo, Cláudia Cordeiro Cruz,
Esposa do Deputado Federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ),

afirmou que a Conta Batizada de “Kopep”, que foi Aberta
em Nome Dela e da Filha, Danielle, em um Banco na Suíça,
era “Abastecida” pelo Presidente da Câmara dos Deputados.

Segundo Cláudia, ela “não declarou as contas às autoridades
brasileiras porque quem era o responsável por isso” era Cunha.

A mulher do peemedebista disse ainda que não fazia ideia
qual era o salário de um deputado federal e que nunca perguntou
ao marido de onde vinha o dinheiro utilizado no exterior.

Cláudia afirmou que “auferia a renda com a atuação do mercado financeiro
e empresarial” e que a família sempre teve um alto padrão de vida
e, por isso, considerava os gastos normais.

Ela disse também que sempre perguntava a Cunha
se poderia fazer aquisições de luxo e ele autorizava.

Danielle também disse que era financeiramente dependente do pai,
apesar de ter uma empresa em seu nome e um rendimento mensal
que variava entre R$ 5 mil e R$ 10 mil.

Ela afirmou ainda que o pai “sempre gerenciou a sua vida financeira,
mesmo quando foi casada, não vendo nenhum problema nesse fato”.

Assim como Cláudia, ela disse nunca ter questionado Cunha
sobre a origem dos valores e que “presumia que o dinheiro
que mantinha o alto padrão de vida da família era proveniente
do patrimônio da atividade anteriormente desenvolvida” por ele.

Fonte:
Diário Oficial do PSDB de São Paulo,
Desesperado para Defenestrar Cunha,
Antes que os Tucanos Sejam Depenados.
.
https://twitter.com/Helenasth/status/738181008365883396
.
.

Deixe seu comentário

Leia também