Marcos Coimbra: Quando pesquisas servem a especuladores

Tempo de leitura: 3 min

Globo.Fonte Estaiada

Modelo anacrônico

As pesquisas dominadas por poucos, os debates engessados e o programa gratuito mal formatado são um desserviço à democracia

por Marcos Coimbra — publicado 02/09/2014 04:27, na CartaCapital

Agora que estamos em clima de disputa eleitoral efetiva, o atraso institucional brasileiro em termos de comunicação política fica evidente. Enquanto caminhávamos para a repetição do confronto entre o PT e o PSDB, o problema era menos premente. A eleição transcorria sem despertar emoções na vasta maioria do eleitorado. Salvo os radicais dos dois lados, eram poucos os apaixonados.

Depois de o acaso (ou a “Providência Divina”, como gosta de dizer Marina Silva) tirar a vida de Eduardo Campos, o ambiente esquentou. Quem acompanha o movimento nas redes sociais constata um crescimento de quase 400% nas menções aos candidatos: Dilma Rousseff saltou de 75 mil postagens ao dia, em média, para 250 mil. Eduardo Campos/Marina, de 7 mil para 150 mil. Aécio Neves de 35 mil para 60 mil.

Desde o acidente, o interesse do eleitorado aumentou. A curiosidade dos eleitores a respeito dos resultados das pesquisas ficou maior. Há mais disposição de assistir aos debates na televisão. Apesar de ainda ser cedo para afirmar, há sinais de que neste ano a audiência dos programas no horário gratuito será elevada.

Isso torna óbvio o nosso atraso. No caso das pesquisas, por que não copiar as democracias maduras? Por que insistir em um padrão de debates televisados antigo e superado? Por que preservar uma velha legislação sobre a propaganda eleitoral na televisão e no rádio?

Nos países adiantados, o acesso às boas pesquisas eleitorais deixou há muito de ser, como aqui, privilégio de poucos. Lá, os interessados não são mantidos na ignorância, limitados a tentar adivinhar como estariam as intenções de voto a cada dia. Os repórteres não dão “furos” com os “vazamentos” de “pesquisas internas”. Não há lugar para as especulações dos espertos nas bolsas de valores, em razão do próximo levantamento.

No Brasil, o cidadão conhece fundamentalmente aquilo que um único grande contratador quer que ele saiba. É a Rede Globo, que diz como e quando (e por meio de que instituto) os eleitores serão informados a respeito das intenções de voto em âmbito nacional. Fora O Globo, jornal do grupo, seus outros “parceiros” na imprensa diária (Folha de S.Paulo e O Estado de S. Paulo) só sobrevivem neste mercado porque ela consente (mesmo se defendem, provincianamente, como no caso da Folha, institutos próprios).

Além do problema inerente a toda situação de monopólio, há outro, decorrente do modo como atua a Rede Globo, de insistir em submeter as eleições ao modelo de espetacularização que é sua marca registrada. Como faz com tudo, inventa a “pesquisa espetacular”, anunciada e divulgada, com seu costumeiro estardalhaço, como se fosse a verdade revelada.

Já passa da hora de termos mais pesquisas disponíveis para todos, feitas por diferentes entidades, de institutos privados a centros acadêmicos. E de acontecer no Brasil o que é trivial no resto do mundo: pesquisas atualizadas e divulgadas diariamente, que permitem a qualquer interessado conhecer o que os poderosos sabem. Com elas, acaba a “pesquisa espetacular”, desaparecem as especulações e se democratiza a informação.

É também muito ruim o atual padrão de debates entre candidatos na tevê. Confinados ao fim da noite, engessados por regras esdrúxulas, congestionados por candidaturas inexpressivas, são repetidos em cada emissora, pois todas exigem o “seu”.

São tantos que nenhum se torna relevante. Até a antevéspera da eleição, quando a Rede Globo faz seu “debate espetacular” (antecedido pela pantomima das “entrevistas espetaculares” com os candidatos).

Nada mais deseducativo que encorajar a decisão tardia, sugerindo ao eleitor retardar a escolha para o último dia. E nada mais autoritário do que constranger os candidatos a comparecer ao “debate da Globo”, sob pena de retaliações no jornalismo da rede na reta final da eleição.

E o horário eleitoral? Alguém considera uma boa a fórmula de os candidatos a presidente se apresentarem colados aos aspirantes a deputado? Isso aumenta ou diminui a audiência dos programas? A exposição de centenas de nomes, que eram e continuam a ser praticamente desconhecidos, amontoados em alguns segundos de visibilidade, facilita ou dificulta a opção pelas candidaturas que deveriam de fato estar na televisão?

Uma eleição como deverá ser a de outubro mereceria condições de comunicação menos despropositadas. Que seja a última tão anacrônica.

PS do Viomundo: Por que Globo e Ibope decidiram fazer, bem agora, um recorte das pesquisas em São Paulo e Rio? Teria sido para influenciar os eleitores de outros estados, onde Dilma lidera?

Leia também:

Antonio Biondi: Especuladores ganham na bolsa com pesquisas eleitorais


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Comentários

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Joca de Ipanema

Cadê sua pesquisa Marcos Coimbra?

Notívago

1998: UM CASO CLÁSSICO DE MANIPULAÇÃO DE PESQUISA

No Conversa Afiada: http://www.conversaafiada.com.br/pig/2014/09/04/jn-acasala-globope-e-datafalha/

Publicado em 04/09/2014

Diz o Fernando Brito – ,http://tijolaco.com.br/blog/?p=20782 – com argúcia:

“Nunca vi uma empresa de comunicação, fora da ‘‘boca de urna’’, contratar duas pesquisas como fez a Globo para serem divulgadas no mesmo dia. É o “mundo mágico” das pesquisas brasileiras, com dois institutos – Ibope e Datafolha … “

O ansioso blogueiro se permite explicar a origem desse contubérnio celebrado na Casa Grande.

Na disputa para Governador em São Paulo, em 1998, Covas se candidatava à reeleição.

Seu primeiro governo traçava o rumo do que seria a donataria tucana na Província de São Paulo: um desastre, uma seca !

Estamos no primeiro turno.

Os candidatos eram Covas, Maluf (PPB), Francisco Rossi (PDT), Quercia (PMDB) e Marta (PT), deputada federal em primeiro mandato.

O Globope tinha vendido, na segunda-feira, uma pesquisa ao Maluf, que dizia: Maluf em primeiro e Covas na frente de Marta, por pouca coisa.

E vendeu a MESMA pesquisa ao jornal nacional, então sob a batuta de Evandro Carlos de Andrade, de breve mandarinato, antecessor de Gilberto Freire com “i” (*) , agora homenageado pelo Bessinha, em inesquecível charge sobre a eliminação do Grêmio do Brasileirinho.

A pesquisa era a mesma.

No sábado, véspera da eleição para escolher os candidatos ao segundo turno, o jornal nacional exibe a pesquisa que se tinha encerrado na segunda.

Pesquisa fechada na segunda, dentro da fogueira eleitoral, e exibida no sábado …

A pesquisa influenciou os anti-malufistas, que aplicaram o voto útil: contra a Marta e a favor de Covas.

Acontece, que, de segunda a sexta, o eleitorado tinha se movimentado a favor de Marta e seria ela a eleita para ir ao segundo turno contra Maluf, não fosse o jornal nacional.

Foi o Covas, que, com o apoio do PT, derrotou Maluf.

Naquela altura do campeonato, o Jornal da Band travava uma competição feroz com o jornal nacional.

Não só no horário, mas também na rediscussão do formato, da cobertura da Privataria em curso, e, até, com a discussão do próprio papel da Globo e do jornal nacional na vida política do país.

No domingo, durante a cobertura da apuração, o ansioso blogueiro, editor e apresentador do Jornal da Band, sob a batuta de seu redator-chefe Ricardo Melo, perguntou, ao vivo, ao Montenegro do Globope se a pesquisa de sábado do jn era a mesma que tinha entregado na segunda ao Maluf.

Sim, disse ele, entrevistado numa base de cobertura da Band no RioSul, Zona Sul do Rio.

Não é preciso dizer que o ansioso blogueiro fez um escarcéu !

Como é que o Montenegro vende a mesma pesquisa duas vezes ?

Fecha na segunda e exibe no jn no sábado !

E como o jn diz no sábado uma coisa que era “verdadeira” quatro dias antes ?

Uma esculhambação, como diria o próprio Ricardo.

O interessante é que, no estúdio, para uma entrevista ao vivo, a vítima da patranha, Marta Suplicy, se recusou a debater a questão, ao vivo, com o Montenegro.

Preferiu que o ansioso blogueiro o interpelasse.

Preferiu não importunar a Globo !

Nem o Montenegro !

Aí, o Evandro se mancou.

Viu que seria um escândalo ficar na mão só do Globope, depois do barulho que a Band tinha feito.

O que fez ele ?

Contratou também o Datafalha.

E hoje, o Datafalha, reduzido a esse pobre papel de Proconsult só existe porque é uma das estrelas (cadentes) da Globo …

Como diz o sábio Marcos Coimbra, na Carta Capital, chega desse contubérnio entre a Globo e os institutos de pesquisa.

Em tempo: a Band enfrentou a Globo por um breve período de tempo. Dois anos. Depois, preferiu ir com ela ao escurinho do cinema (no auditório da CBF).

Paulo Henrique Amorim

Riri Farinha

Parabéns ao Marcos Coimbra e Viomundo por divulgar texto tão importante já lido anteriormente por ser assinante da Carata Capital.
Quero aproveitar o ensejo para saber como aumentar o tamanho das letras das matérias publicadas no Post que diminuiram significativamente. Abs.

Cláudio

Vote sim no plebiscito:

http://www.plebiscitoconstituinte.org.br/vote-no-plebiscito#voto

Com Dilma, a verdade vai vencer a mentira assim como a esperança já venceu o medo (em 2002 e 2006) e o amor já venceu o ódio (em 2010). ****:D:D . . . . ‘Tá chegando o Dia D: Dia De votar bem, para o Brasil continuar melhorando!!!! ****:L:L:D:D ****:D:D . . . . Vote consciente e de forma unitária para o seu/nosso partido ter mais força política, com maioria segura. . . . . ****:L:L:D:D . . . . Lei de Mídias Já!!!! ****:L:L:D:D ****:D:D … “Com o tempo, uma imprensa [mídia] cínica, mercenária, demagógica e corruta formará um público tão vil como ela mesma” *** * Joseph Pulitzer. ****:D:D … … “Se você não for cuidadoso(a), os jornais [mídias] farão você odiar as pessoas que estão sendo oprimidas, e amar as pessoas que estão oprimindo” *** * Malcolm X. … … … Ley de Medios Já ! ! ! . . . … … … …:L:L:D:D

Mardones

As pesquisas eleitorais da dupla golpista Globo-Folha só demonstram que Dilma ainda tem vantagem na corrida presidencial, mesmo no segundo turno. Por isso, é preciso inflar ao máximo a candidatura da Marina, fazendo crer que o povo já a escolheu como opção ao PT. É o velho golpe de sempre: mostrar o que é melhor para o povo, segundo a mídia.

Cláudio

Com Dilma, a verdade vai vencer a mentira assim como a esperança já venceu o medo (em 2002 e 2006) e o amor já venceu o ódio (em 2010). ****:D:D . . . . ‘Tá chegando o Dia D: Dia De votar bem, para o Brasil continuar melhorando!!!! ****:L:L:D:D ****:D:D . . . . Vote consciente e de forma unitária para o seu/nosso partido ter mais força política, com maioria segura. . . . . ****:L:L:D:D . . . . Lei de Mídias Já!!!! ****:L:L:D:D ****:D:D … “Com o tempo, uma imprensa [mídia] cínica, mercenária, demagógica e corruta formará um público tão vil como ela mesma” *** * Joseph Pulitzer. ****:D:D … … “Se você não for cuidadoso(a), os jornais [mídias] farão você odiar as pessoas que estão sendo oprimidas, e amar as pessoas que estão oprimindo” *** * Malcolm X. … … … Ley de Medios Já ! ! ! . . . … … … …:L:L:D:D

FrancoAtirador

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GLOBOPE
31/8 a 02/9

ESPONTÂNEA

DILMA ROUSSEFF (PT): 31%

MariNéca Collor de Mello da Silva Quadros(ITAÚ): 25%

Aério Naves (PSDB): 11%

Outros: 1%

Brancos/Nulos: 9%

Indecisos: 23%

Margem de Erro

Como a maioria já está cansada de saber,

a Margem de Erro do Globope é de 2%

a menos para a candidata Petista

e a mais para @ candidat@ Antipetista.
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(https://pt-br.facebook.com/pages/Stanley-Burburinho/223843157776973)
(http://osamigosdopresidentelula.blogspot.com.br)

    FrancoAtirador

    .
    .
    Resposta à pergunta colocada no ‘PS do Viomundo’:

    A Globo deliberou por manchetear os resultados

    das enquetes [já defasadas], dando repercussão

    exclusivamente ao percentual de MariNéca do Itaú

    nos estados de São Paulo e do Rio de Janeiro, `

    na véspera de divulgar a Pesquisa Nacional,

    por três elementares motivos, pelo menos:

    1) Para manter a militância antipetista alvoroçada,
    principalmente entre os cariocas e os paulistanos,

    uma vez que os dados gerais, agora atualizados
    em todo o País, apontam que MariNéca bateu no teto
    [o DataFrias, ora publicado (*), confirma a afirmação],

    pois grande parte do eleitorado já começou a rejeitar
    a característica demagógica no modo duplo de ser ‘ou não’
    da candidata verde-desbotada, puxando à cor-de-laranja.

    2) Para reafirmar e ressaltar a perspectiva de reeleição
    do Governador Tucano Paulista, já no primeiro turno,

    uma vez que continuar tendo em mãos o governo estadual
    é a prioridade das prioridades do COMETA G.A.F.E.*,

    porque, em termos empresariais, o estado de São Paulo
    é financeiramente estratégico para os negócios da Mídia,

    tanto no que se refere ao patrocínio estatal e privado,
    quanto ao número de leitores, ouvintes e telespectadores,

    pois esses são os grandes pilares de sustentação midiática
    na promoção da produção e da divulgação dos factóides

    que determinam a pauta política, econômica e social no País,
    através de manchetes escandalosas, caluniosas e difamatórias

    com destaque para os boatos que dão suporte aos especuladores
    no Mercado de Ações da Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA).

    3) Porque a tendência, a partir de hoje consolidada na Campanha,
    é a de que Dilma está rapidamente revertendo o quadro de rejeição,
    ao mesmo tempo em que avança na preferência do eleitorado no Brasil.

    Mesmo com a costumeira manipulação do Globope nas pesquisas eleitorais,
    os números indicam que a candidatura de Dilma Rousseff (PT) cresceu
    em menos de uma semana, sob todos os aspectos analisados:

    I. A intenção de voto espontâneo em Dilma cresceu 4%.

    II. A rejeição à candidata do PT à reeleição caiu 5%.

    III. A Aprovação do Governo Dilma (Ótimo/Bom) subiu.

    IV. A Desaprovação do Governo (Ruim/Péssimo) desceu.

    *(http://www.pragmatismopolitico.com.br/2014/09/datafolha-dilma-35-marina-34-e-aecio-14.html)

    (http://expresso-da-noticia.blogspot.com.br/2014/09/governo-dilma-tem-aprovacao-de-36.html)
    (http://www.pragmatismopolitico.com.br/2014/09/ibope-dilma-lidera-marina-avanca-e-aecio-despenca.html)
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    FrancoAtirador

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    Quem Conhece MariNéca do Itaú
    Não Vota em MariNéca do Itaú

    LÍDER DA REDE SUSTENTABILIDADE NO PARÁ

    REJEITA ‘FUNDAMENTALISMO NEOLIBERAL’

    PROPOSTO POR EQUIPE DE MARINA SILVA

    “Marina está crescendo nas pesquisas eleitorais
    e pode vir a comandar a República Federativa do Brasil;
    momento propício, portanto, para eu declarar a minha posição,
    que o faço baseado num conselho que escutei da própria Marina
    de que a boa (nova) política
    não se deve alicerçar no carisma pessoal.

    Outra lição que aprendi com Marina
    é que muitas vezes é preferível
    perder ganhando a ganhar perdendo.

    Resolvi, então, seguir os conselhos de Marina,
    não a apoiando nestas eleições,
    por convicção de que a sua candidatura
    não está oferecendo ao Brasil um caminho alternativo.

    Votar por convicção, penso,
    é uma das coisas tradicionais
    da velha e boa política
    (sim, porque também há virtudes no velho
    e há vícios no novo)
    que eu não me disponho a abrir mão”

    (Charles Alcântara, Líder da Rede-PA, no Facebook)
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    Marina perde o apoio do líder da Rede Sustentabilidade no Pará

    Blog As Falas da Pólis e Agência Carta Maior

    Ele não é qualquer um e seu depoimento
    há de ecoar pelos quatros cantos do Brasil
    como um grito de alerta
    para aqueles que pensam que Marina
    ainda é a mesma Marina de outrora.

    Confira o texto, na íntegra, originalmente publicado
    no perfil pessoal de Charles Alcântara no Facebook:

    Há virtudes no velho, como há vícios no novo.

    Imerso em minhas reflexões sobre a conjuntura político-eleitoral, decidi agora abandonar o recesso que me impus desde o meu afastamento da coordenação nacional da Rede, que se deu quando esta embarcou provisoriamente no PSB.

    Também fui – e ainda estou – tocado pela ideia de que o exercício da política precisa ser radicalmente mais democrático e de que os partidos políticos, tal como funcionam, tomam suas decisões e disputam o poder, precisam reinventar-se porque se tornaram instituições anacrônicas e voltadas para si mesmas.

    Somado a isso, fui atraído pelo magnetismo de um novo (chamemos assim) campo político sob a liderança de Marina Silva, a quem admiro e respeito por sua história e trajetória e também por atributos que andam em falta na seara política.

    Levado pelo sopro inspirador de Marina e pela concordância quanto à saturação e inutilidade para o Brasil da polarização entre PT e PSDB, inclinei-me a apoiar Eduardo Campos – malgrado minhas críticas em relação à aliança PSB/Rede – quando veio o fatídico acontecimento que lhe ceifou a vida.

    Até o presente momento, desde que se tornou candidata presidencial, as declarações mais explícitas e compreensíveis de Marina Silva foram em direção aos mercados, em especial o financeiro. Os que vivem da especulação financeira e que faturam bilhões com a dívida pública brasileira estão eufóricos com as declarações de Marina, reveladoras de uma crença quase religiosa nos fundamentos mais caros ao velho receituário neoliberal, fundamentos estes que colocam no centro das preocupações e da ação estatal os interesses do mercado e na periferia os interesses da sociedade brasileira, com o cínico argumento de que esses interesses são convergentes – e, mais ainda – que os interesses da sociedade tendem a ser satisfeitos se o mercado estiver satisfeito.

    Institucionalização da autonomia do banco central e obediência incondicional ao tripé macroeconômico neoliberal são os compromissos mais enfáticos que Marina oferece aos brasileiros para acabar com a velha política e para mudar o Brasil.

    Se não em nome de uma nova política (até porque se trata da velha solução neoliberal), mas ao menos em razão das virtudes próprias de sua formação religiosa, Marina tinha e tem o dever de dizer ao povo brasileiro as prováveis consequências de seu programa econômico.

    Marina dá sinais de conversão ao fundamentalismo neoliberal como sinônimo de desenvolvimento, estabilidade econômica e inflação baixa, como se os índices inflacionários pudessem ser combatidos com a mera alta dos juros; como se a inflação no último período do governo de FHC – de fidelidade canina à sacrossanta fórmula neoliberal – não tenha sido ainda maior que a verificada nos dias atuais; como se o maior e mais indecente gasto público não fosse exatamente o pagamento de juros da dívida pública.

    Pouco importa para os agentes de mercado os custos sociais do tal tripé macroeconômico: menos recursos públicos para as áreas sociais; arrocho salarial e ameaça de mais desemprego.

    O tal tripé macroeconômico é uma boa maneira de manter os lucros do mercado financeiro de pé e o Brasil socialmente manco.

    Não, Marina, não posso acompanhá-la nessa jornada, apesar que querê-la bem; apesar de admirá-la; apesar de considerá-la uma pessoa de bem e de bons propósitos.

    Não posso acompanhá-la, porque o faria por mera crença nos seus bons propósitos e no seu carisma pessoal e porque isto é absolutamente insuficiente para considerá-la a melhor alternativa para o Brasil, principalmente depois do caminho que escolheste trilhar.

    Não vou acompanhá-la porque considero uma fraude a pregação de que todos os interesses e todas as forças políticas podem ser conciliados sem conflitos e sem escolhas que desatendam e contrariem os que sempre se beneficiaram da desigualdade em favor dos que sempre foram as vítimas dessa mesma desigualdade.

    Conheço pessoalmente Marina, com ela tive boas conversas e dela escutei muita generosidade e sabedoria.

    Marina está crescendo nas pesquisas eleitorais e pode vir a comandar a República Federativa do Brasil; momento propício, portanto, para eu declarar a minha posição, que o faço baseado num conselho que escutei da própria Marina de que a boa (nova) política não se deve alicerçar no carisma pessoal.

    Outra lição que aprendi com Marina é que muitas vezes é preferível perder ganhando a ganhar perdendo.

    Resolvi, então, seguir os conselhos de Marina, não a apoiando nestas eleições, por convicção de que a sua candidatura não está oferecendo ao Brasil um caminho alternativo.

    Votar por convicção, penso, é uma das coisas tradicionais da velha e boa política (sim, porque também há virtudes no velho e há vícios no novo) que eu não me disponho a abrir mão.

    (http://diogenesbrandao.blogspot.com.br/2014/09/marina-perde-o-apoio-do-lider-da-rede.html)
    (http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/Lider-da-Rede-no-Para-retira-apoio-a-Marina/4/31743)
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Zanilda Macêdo

E quando vai sair mesmo a pesquisa para presidente do Vox Populi? Boa pergunta, Bibope não.

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