Frente Brasil Popular expõe objetivos do golpe em cinco parágrafos

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Companheira presidenta Dilma,

Seja bem-vinda à casa dos trabalhadores e trabalhadoras, sindicatos, movimentos populares, organizações da sociedade civil, partidos, coletivos de mulheres, negros e jovens, articulados na Frente Brasil Popular!

O Brasil vive um dos mais dramáticos e perigosos momentos de sua história. As velhas oligarquias, mais uma vez, violam a Constituição para tomar de assalto o poder político, estabelecendo um governo ilegítimo e usurpador.

Fraudam processo de impeachment, pois a senhora não cometeu qualquer crime de responsabilidade, para dar um golpe contra a democracia e as conquistas do povo brasileiro.
Não se trata apenas de amputar o mandato que foi conferido por 54 milhões de eleitores. O objetivo supremo é aplicar, a qualquer preço, o receituário derrotado pelo voto popular nos últimos quatro pleitos presidenciais, e anular as conquistas sociais e econômicas do povo brasileiro.

Esse impeachment forjado é um golpe contra a classe trabalhadora brasileira!

Os golpistas escolheram o atalho da ilegalidade para arrochar salários e aposentadorias, eliminar direitos trabalhistas e estender a jornada de trabalho, cortar gastos com programas sociais, reduzir verbas constitucionais para educação e saúde, diminuir investimentos públicos, privatizar empresas estatais e o pré-sal, desnacionalizar nossas terras. Enfim, querem leiloar a soberania nacional.

Os golpistas almejam reproduzir as piores deturpações do atual sistema político-eleitoral, origem dos principais escândalos de corrupção atualmente investigados, que atingem e desmoralizam todos os partidos, contaminados pelo financiamento empresarial de campanhas.

Companheira presidenta Dilma,

Os governos liderados pelo presidente Lula e pela senhora fizeram da inclusão social e da distribuição de renda instrumentos de dinamização do mercado interno e força propulsora da economia brasileira.

São marcos desta alternativa a valorização real do salário mínimo e da aposentadoria básica, a adoção de programas como o Bolsa Família, o lançamento do “Minha Casa, Minha Vida”, o Programa “Mais Médicos”, a ampliação de crédito para a classe trabalhadora, a criação de novas vagas no ensino superior e a extensão do financiamento para a agricultura familiar, entre outras conquistas.

O aumento da capacidade de consumo das famílias animou o comércio e reativou a indústria nacional. Milhões de empregos foram criados, estimulando os salários e impulsionando novos investimentos, com maior oferta de bens e serviços.

Companheira presidenta Dilma,

Nós reconhecemos as realizações destes treze anos de governo. As portas do Palácio do Planalto foram abertas a homens e mulheres trabalhadores, negros e jovens. A pauta de direitos humanos, do combate ao racismo, da questão de gênero e da cidadania da população LGBT teve avanços importantes.

O país também passou a ser protagonista da luta por um mundo pacífico e multipolar. Sem abdicar de nossos interesses comerciais junto aos países mais ricos, os governos de Lula e Dilma colaboraram na articulação de blocos regionais e intercontinentais que atuam por uma ordem planetária mais justa e democrática.

Ao longo desta jornada, no entanto, enfrentamos dificuldades e, inclusive, tivemos que lutar contra algumas medidas do governo.
O golpe em curso é a prova de que a repactuação de interesses econômicos e políticos com a elite brasileira não é mais possível no quadro de crise do capitalismo mundial.

A oposição de direita fez uma escalada de ataques sem trégua, estimulada pelos monopólios da mídia e reforçada pelo deslocamento conservador de partidos centristas para impedi-la de governar. Pautas-bomba e adiamentos legislativos fizeram parte de uma clara operação de sabotagem, capitaneada pelo gangster Eduardo Cunha.

A reação de determinados setores empresariais, paulatinamente conquistados por uma agenda baseada na destruição da arquitetura social desenhada pela Constituição de 1988, no desmanche das leis trabalhistas, no achatamento dos salários e na centralidade da renda financeira, piorou ainda mais o quadro.

A frustração e desânimo da classe trabalhadora e dos setores populares com o ajuste fiscal se refletiu em tensão na base parlamentar, o que deu margem para o avanço do bloco golpista.

As forças conservadoras não hesitaram, e fizeram uma operação de desestabilização para abrir o caminho para ruptura constitucional, que culminou no afastamento provisório de uma presidenta legitimamente eleita.

Companheira presidenta Dilma,

Os golpistas tomaram de assalto o Estado e já iniciaram a obra que querem deixar para o povo brasileiro.

A prioridade do ano é a constitucionalização de um ajuste fiscal de longo prazo, com o congelamento dos investimentos públicos em saúde e educação e desvalorização do funcionalismo público.

O corte de direitos previdenciários e trabalhistas com o fim da CLT é um objetivo central, assim como o fim da política de valorização do salário mínimo e o desmonte paulatino das políticas sociais de inclusão social.

A privatização de “tudo o que for possível”, como da Petrobras, do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal e dos Correios, é a ideologia.

Entrega das nossas riquezas naturais, das terras, dos minérios, da água e do petróleo para o capital internacional, é a estratégia.

Reorientação da nossa política externa, com a submissão aos interesses do imperialismo dos Estados Unidos, desmonte do Mercosul, enfraquecimento da UNASUL e dos BRICS, é uma obsessão.

Companheira presidenta Dilma,

Nós estamos na luta pela democracia, pela soberania nacional, por um novo modelo econômico e pelas reformas estruturais. Acreditamos que, absolvida pelos senadores, a senhora deverá retomar e colocar em um patamar superior o processo de mudanças iniciado em 2003.

A prioridade central deve ser a implementação de um programa nacional de emergência, voltado à recuperação econômica, à criação de empregos e à geração de renda, ao aumento de investimentos na produção agrícola de alimentos para o mercado doméstico e, especialmente, à reindustrialização do país.

Reconduzida ao comando do governo federal, e com base nestes eixos primordiais, defendemos que a senhora nomeie um ministério de lideranças representativas da resistência democrática e da diversidade de nosso país. A equipe deve ser formada por homens e mulheres honrados, que expressem a aliança das forças progressistas e democráticas com os movimentos populares.

Nesse cenário, a Frente Brasil Popular renova o compromisso de manter a mobilização nas ruas e pressionar as instituições para dar a sustentação necessária para que a senhora enfrente as elites para aprofundar as mudanças. Não temos ilusões sobre as dificuldades que enfrentaremos.

Companheira presidenta Dilma,

As elites brasileiras subordinadas ao capital estrangeiro declararam guerra à nossa democracia e ao nosso povo. Vamos resistir à ofensiva neoliberal no Brasil e na América Latina.

Neste quadro de radicalização da luta de classes, não resta às forças populares outro caminho senão retomar o debate sobre um projeto popular, nacional e democrático para o Brasil para orientar a militância, alinhar as forças populares, atrair os setores médios, circunscrever as alianças e contagiar as massas.

Vamos lutar por uma profunda reforma política. É urgente acabar com a submissão do sistema político ao poder econômico e reformar o Estado para garantir que os direitos previstos pela Constituição sejam realizados e acabar com a corrupção sistêmica. Adotar mecanismos que ampliem a participação direta da cidadania nas decisões políticas, assim como garantir a representação correspondente de trabalhadores, mulheres, negros, LGBTs e jovens.

Vamos lutar por uma reforma do sistema econômico. Defender medidas para regulamentar o capital financeiro, os bancos, a especulação e a remessa de lucros para o exterior. Pressionar por uma reforma tributária que reduza a carga de impostos sobre os trabalhadores e a classe média, estabelecendo ou aumentando contribuições sobre ganhos de capital, grandes propriedades e heranças, lucros e dividendos, meios luxuosos de transporte e renda financeira mais elevada. É necessário taxar o andar de cima!

Vamos lutar pela universalização da educação pública e pelo fortalecimento do Sistema Único de Saúde, o SUS. Apesar de todos os avanços desde a Constituição de 1988, é necessário avançar, porque toda família de trabalhador padece para conseguir uma escola pública para os filhos e atendimento médico de saúde para os pais.

Vamos lutar pelo desenvolvimento de ciência, tecnologia e conhecimento, como fazem as grandes potenciais mundiais, para fortalecer a indústria brasileira e emancipar o nosso país. Com o monumental desenvolvimento tecnológico da humanidade, é possível reduzir a jornada de trabalho, para que o povo tenha mais tempo com a família, para lazer e diversão.

Vamos lutar pela reforma do sistema de comunicação. Acabar com os oligopólios de comunicação que controlam corações e mentes. Democratização do sistema de radiodifusão. Constituição de um sistema verdadeiramente plural e democrático de comunicação.

Vamos lutar por uma reforma urbana. Para acabar com o déficit habitacional no país e garantir que todas as famílias de brasileiros tenham uma casa. Instituir um sistema de transporte baseado no transporte coletivo de qualidade para todos. Reestruturar o modelo de segurança pública a partir da desmilitarização do modelo policial. Assim, iniciar um processo de reorganização das cidades para enfrentar o caos urbano vivido nas grandes cidades.

Vamos lutar pela reforma agrária popular. Acabar com o latifúndio colocando limites para grandes propriedades e garantir terra a todos os homens e mulheres que trabalham no campo. Demarcar as terras dos povos indígenas e titular os territórios quilombolas. Mudar o modelo agrícola para dar prioridade à produção agrícola em pequenas e médias propriedades e produzir alimentos para o povo brasileiro, sem agrotóxicos e venenos, por meio da agroecologia.

Vamos lutar pela soberania nacional sobre nossos recursos naturais, como terras, fonte de água, minérios e petróleo. Essas riquezas devem estar a serviço de um projeto de desenvolvimento que atenda às necessidade do povo brasileiro.

Companheira presidenta Dilma,

Não descansaremos um só dia na missão de debater, dialogar e mobilizar o povo brasileiro para defender a democracia, garantir o respeito às urnas, reformar o Estado brasileiro e ampliar as conquistas dos trabalhadores no sentido da construção de uma sociedade com justiça e igualdade. Vamos à luta, companheiros e companheiras! Não ao golpe! Fora Temer!

Frente Brasil Popular — DF

Leia também:

Le Monde: Brasileiros são as vítimas do golpe tragicômico


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Comentários

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FrancoAtirador

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O Papel do Cartel de Mídia Empresarial

é o de Emplacar Signos à Sociedade.

Assim, a Cassação da Presidente da República,
Filiada a um Partido Trabalhista Nacionalista,

tem um Significado Ideológico Muito Maior
do que o Simples Afastamento do Cargo
de Chefe do Poder Executivo Federal do Brasil,

uma vez que é um Ataque a um Modo de Pensar
a Vida e as Atividades Humanas em Sociedade,

objetivando impor uma Reinterpretação da História,
sobrepujando o Interesse do Capital ao do Trabalho,

e submeter a Soberania Popular ao Crivo Burocrático,
terceirizando a Vontade da População à Tecnocracia,

além de suprimir a Idéia de Independência Nacional.
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    FrancoAtirador

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    Esse Golpe de Estado se Consuma em Nome de Uma Ordem Tirânica,

    Arbitrada a Tod@s os Serv@s, para Progresso de uns Poucos Senhores.
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FrancoAtirador

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O Maior Golpe é o da Imposição do “Pensamento Unidimensional”

veiculado à População pelo Cartel de Empresas de Comunicação.

Diria Herbert Marcuse, Alemão Naturalizado Cidadão dos EUA:

“Na Sociedade Tecnológica Avançada, uma Ideologia
resultante do ‘Fechamento do Universo do Discurso’
imposto pela Classe Político-Econômica Dominante
através dos Meios de Comunicação de Massa”

“Assim, são os interesses patrocinados pela política dominante na sociedade capitalista contemporânea que procuram induzir, em grande parte, quais os conhecimentos merecedores de investimentos.

O conhecimento é tratado como sendo baseado na racionalidade instrumental, desprovido de senso crítico, subordinado à lógica da acumulação ampliada do capital, pois para este não poder haver invenção sem retorno econômico quantificável.

Portanto, a própria ciência acaba por se tornar uma forma de controle, incorporada a uma ideologia desprovida dos interesses coletivos.

A dominação ganha nova expressão quando a tecnologia e a ciência subordinam-se aos interesses privados, reforçando os parâmetros da sociedade unidimensional que articulam o esgotamento do princípio da autonomia.”

http://www.anpad.org.br/admin/pdf/eneo2002-24.pdf
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    FrancoAtirador

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    O NEGOCIADO SOBRE O LEGISLADO

    Feriado de 1º de Maio será Dia DE Trabalho,
    Normal, para os muitos que negociarão
    ‘livremente’ com os Caridosos Empresários,
    sob Pena de Demissão Sumária, Sem Direito
    ao Recebimento das Verbas Rescisórias…
    .
    Direto de Berlim, Alemanha, o Pensador BraSileiro
    Flavio Aguiar escreveu em 2012, no Dia 1º de Maio:
    .
    Lembram do “Pensamento Único”,
    dos tempos de FHC, Menem et alii?

    Acharam que ele estava morto?

    Mas o “pensamento único” é como um vampiro.

    A gente acha que ele morreu num filme.

    Mas ele renasce em outro,
    mais desempenado e arrogante
    do que nunca.

    No caso em pauta, ele sucumbiu na América Latina,
    mas vem mostrando toda a sua garra
    – e as garras também – na Europa.

    O seu novo empreendimento – e comentaristas ortodoxos
    já se aprestam a tanto – é desacreditar o programa de François Hollande
    (v., p. ex. “How Long Will Hollande’s Party Go On”, por Wolfgang Kaden).

    Tais vozes apontam-lhe a falácia da pretensão
    de promover o crescimento econômico
    com o concomitante crescimento do endividamento público.

    O vocabulário é o de sempre: higienista e desqualificador.

    O programa de Hollande estaria “infectado” pelas idéias de Lord Keynes – nessa altura mais odiado do que Marx. Representaria um recuo de 40 anos no tempo. Seria a prova de que Hollande e os que pensam como ele “não aprenderam nada” com a presente crise.

    Além do acréscimo nas despesas públicas,
    o que mais exaspera esse pensamento é a possibilidade
    de que, se a ótica de Hollande prevalecesse,
    o Banco Central Europeu mudaria de natureza:
    Passaria a promover o crescimento, coisa indesejável,
    porque ele teria de se comportar como um verdadeiro banco,
    lançando letras, captando fundos,
    e assim estaria concorrendo deslealmente com a banca privada,
    que continua sendo a menina dos olhos e o menino prodígio
    dos planos de austeridade, que visam promovê-la à “reguladora”
    dos “novos” estados nacionais que devem emergir dessa crise.

    Para esse pensamento, quais são os males a combater?

    Salários Altos Demais, que promovem Pensões Altas Demais,
    tornam Países Pouco Competitivos, Diminuição das Horas Trabalhadas,
    Aposentadorias Precoces, além do Ensinamento Maléfico,
    que viria das Atitudes Promovidas ‘pela Agenda Esquerdista Clássica’,
    qual seja, a de que se pode viver acima dos próprios meios.

    E isso vale para Trabalhadores e para Países igualmente.

    Enquanto isso, sem falar nos gordos bônus
    dos altos executivos do sistema financeiro,

    o Banco Central Europeu distribuiu 200 bilhões de euros
    para governos endividados – para que eles possam continuar
    a ‘honrar seus compromissos’ com a banca privada –

    e repassou 1 trilhão diretamente a essa banca,
    para que ela possa continuar a promover
    os ganhos especulativos de que está acostumada a viver.

    Agora, que o BCE passe a captar fundos para promover o crescimento,
    isso é inusportável para esse tipo de pensamento.

    E ele nem de longe consegue cogitar que tenha algo a ver
    com o que está acontecendo no mundo real:

    a catástrofe espanhola, o drama português, a tragicomédia britânica,
    o crescimento da extrema-direita na França, a tragédia grega,
    as crises na Holanda e na Romênia, o caldo de cultura favorável
    à xenofobia na Europa – com o caso dramático da Noruega, por exemplo.

    Como se tudo isso não bastasse, Hollande fala em rever o pacto fiscal europeu –
    esse mesmo que está levando a Europa à inanição recessiva
    e boa parte do mundo com ela.

    Portanto, de tudo isso, só se pode tirar uma conclusão:
    está na hora de Angela Merkel disciplinar Hollande,
    ou pelo menos mostrar a ele quem é que manda [e conseguiu].

    Tão enraizado é esse “pensamento único”,
    que mesmo dirigentes do SPD [Partido Social-Democrata]
    alemão (não todos) vêm chamando as idéias de Hollande de “ingênuas”.

    Essa arrogância não tem cura.

    Ela não cogita a partir do real,
    mas somente a partir da fantasia
    de suas premissas modelares.

    Como nos filmes de vampiro, o único remédio para ela
    é uma estaca no coração. Política, é claro.

    Não estamos falando de apologia da violência.
    Isso é coisa da direita, inclusive de sua vanguarda “moderna”:

    o “Pensamento Único” que, para preservar os próprios anéis,
    não hesita em cortar os dedos, as mãos e os sonhos… dos outros.

    http://www.diarioliberdade.org/opiniom/opiniom-propia/26729-as-j%C3%B3ias-do-pensamento-%C3%BAnico.html
    .
    .

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