Chico Alencar: “As urnas estavam aqui desde o fim-de-semana. Isso já estava preparado”

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8 de dezembro de 2015 – 19h07

Deputados apontam golpe na instalação de comissão do impeachment

do Vermelho, sugerido pelo FrancoAtirador

Em uma votação marcada por manobras e irregularidades, a Câmara elegeu a comissão especial que vai analisar o pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff.

Com 39 integrantes, a chapa formada em sua maioria por deputados da oposição e dissidentes da base aliada venceu uma eleição com voto secreto, que rompeu acordos e feriu a legalidade do processo. Parlamentares denunciam a existência de um golpe dentro do golpe.

A chapa recebeu 272 votos, enquanto a lista formada por deputados indicados pelos líderes da base governista obteve 199 votos. A comissão deverá ter 65 membros titulares. As vagas remanescentes, que não foram ocupadas pela chapa vencedora, serão preenchidas em nova votação, que deverá ocorrer nesta quarta (9).

A deputada Jandira Feghali, líder do PCdoB, criticou o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que permitiu a eleição em voto secreto e a apresentação de uma chapa avulsa da oposição, contrariando o regimento da Casa e o que já estava acordado. Segundo ela, houve “uma interferência ilegal, que golpeia a democracia”.

A parlamentar disse ainda que os adversários da presidenta Dilma tentam ganhar “no golpe e no tapetão”. Mas, avaliou, o povo não aceitará esse tipo de manobra. “A sociedade não aceita golpe e ilegalidade. E isso aqui foi um golpe”, criticou.

A deputada federal Alice Portugal, também do PCdoB, ressaltou que, apesar de a chapa escolhida pelos líderes partidários não ter sido eleita, ficou claro que a base governista tem votos suficientes para barrar o pedido de impeachment, que, para ser aprovado, exige no mínimo dois terços dos votos dos 513 deputados (342 votos).

“Cunha, corrupto confesso, instituiu o voto secreto para garantir as traições através de barganhas que nem sabemos até onde chegaram. O voto secreto escondeu a verdade (…) Mas tivemos votos suficientes para barrar o impeachment. Foram 199 votos. Eles não alcançarão a quantidade necessária para constituir a impeachment da presidenta legitimamente eleita. A legalidade não pode ser rompida”, afirmou Alice.

O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT), disse que acredita que o STF vai anular a eleição, pautada pela ilegalidade.

“Não podemos pactuar com isso. Isso não é conduta ética na condução desse processo. Como se pode permitir que uma coisa dessas seja decidida sem nenhuma fala, sem nenhum debate? (…) Não podemos permitir que esses golpistas de ocasião passem por cima da democracia”, discursou.

Já o deputado federal do Psol, Chico Alencar, avaliou que a votação foi marcada por “manobras e casuísmos”. O parlamentar questionou a legitimidade de um processo conduzido desta maneira.

“O voto secreto estimula a traição. Querem esconder o quê? Isso degrada o parlamento. Um processo de impeachment feito dessa maneira … As urnas estavam aqui desde o fim de semana. Isso já estava preparado. Esse processo fica maculado”, condenou, destacando que há resolução STF estabelecendo que as votações devem ser abertas.

O deputado Carlos Zarattini (PT) também condenou a forma como ocorreu a votação e avaliou: “Essa tentativa de golpe não será vitoriosa porque existem forças neste pais, que não são só as forças de esquerda, são as forças democráticas que vão lutar pra preservar a democracia e o voto popular. O voto não será conspurcado e pisoteado”.

Mais cedo, PCdoB entrou com duas ações no Supremo Tribunal Federal (STF) com o objetivo de barrar mais essa manobra comandada pelo presidente da Câmara. As ações visavam impedir que a escolha dos integrantes da comissão especial do impeachment fosse por voto fechado, além de tentar barrar a apresentação da chapa avulsa, com membros não indicados pelos líderes dos partidos, conforme prevê o regimento da Casa.

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Temer apresenta plano do PMDB a empresários em São Paulo

A palavra “impeachment”, segundo os relatos, não foi usada pelo peemedebista

Publicado em: 07/12/2015 20:15

Do Diário de Pernambuco

Menos de uma semana depois de o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ter deferido o pedido de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, o vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP) aproveitou um evento na Fecomércio-SP nesta segunda-feira, 7, para apresentar o documento intitulado “Uma Ponte para o Futuro” a mais de uma centena de empresários.

O documento é tido como um plano de governo do PMDB alternativo ao governo Dilma. De acordo com a organização, cerca de 150 sindicatos patronais do setor do comércio estavam representados na plateia do auditório a que Michel Temer falou.

A palavra “impeachment”, segundo os relatos, não foi usada pelo peemedebista no palco. “Temer não falou abertamente sobre impeachment, nem faria isso para uma plateia como essa, em uma situação como essa. O clima foi diplomático, político”, disse à reportagem um dos presentes. “Mas é evidente que se mostrou como uma pessoa capacitada”, completou outra pessoa que estava na plateia.

Segundo os presentes, Temer falou por cerca de meia hora sobre o plano. Moreira Franco, presidente da Fundação Ulysses Guimarães, também fez uma breve apresentação aos empresários e referiu-se por diversas vezes ao documento como “plano Temer”.

O vice-presidente falou sobre retomada de crescimento econômico, com ajuste nas contas públicas, reformas – em especial a reforma previdenciária – e sobre pacto federativo, com foco em iniciativas para descentralizar o poder no País.

O vice-presidente teria falado ainda sobre relações trabalhistas, defendendo uma maior liberdade nas negociações diretas entre empregados e patrões – um discurso que agrada ao setor empresarial mas causa arrepios entre os principais sindicatos de trabalhadores. “Ele falou o que a gente queria ouvir, que o País volte a crescer e que estão faltando ideias”, afirmou um empresário.

O jurista Ives Gandra Martins, presidente do Conselho Superior de Direito da Fecomercio-SP, fez a abertura do encontro. Segundo relatos, ele chegou a chamar Temer de presidente algumas vezes, mas logo se corrigiu e o chamou pelo cargo de vice.

Gandra Martins é um dos maiores defensores do impeachment de Dilma no mundo jurídico e chegou a escrever um parecer favorável ao impedimento da presidente ainda em fevereiro.

“Quando Gandra Martins o chamou de presidente, Temer não conseguiu esconder o sorriso. Ele que costuma ser um homem discreto”, comentou outro dos presentes.

PS do Viomundo: Este golpe vem sendo preparado há muito tempo. Milimetricamente. O Plano Temer foi anunciado em 29 de outubro de 2015, com grande cobertura do Jornal Nacional. A reportagem tinha 4 minutos e 47 segundos, o que é bastante atípico. O conteúdo do Plano, escondido sob o nome da Fundação Ulysses Guimarães, mas composto por Moreira Franco, foi lido detalhadamente no ar à moda da Globo. Por exemplo, o fim da política do salário mínimo, que reflete nas aposentadorias, foi apresentado como “fim de indexações”. O plano saiu na capa da Veja. Mereceu editorial elogioso de O Globo. A carta de Temer veio na véspera da votação da comissão do impeachment, com o objetivo de sinalizar aos deputados dissidentes que eles seriam abrigados num eventual “governo Temer”. O vice-presidente usou o cargo para apresentar sua política econômica a empresários, ou seja, está inacreditavelmente advogando em causa própria, como beneficiário da derrubada de Dilma.

Leia também:

Oposição precisa de mais 70 votos para processar Dilma


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Comentários

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FrancoAtirador

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Debate no SENGE-RJ: A Política e a Economia Atuais
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Com a Deputada Federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ)
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e o Historiador Valter Pomar, da Tendência AE-PT.
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(https://youtu.be/4VBvYunC3JQ)
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Francisco de Assis

A propósito da preparação do golpe, é bom observar a estranhíssima renúncia da Suiça à sua soberania judicial, na ação que lá corria contra Cunha, transferindo-a para um Brasil ‘pas serieux’. Além de mostrar interesses e ações externas muito poderosos, até o momento, na prática isso serviu, por aqui, apenas para colocar pilha e “achacar” Cunha, para ele abrir o impeachment, diretamente, com a divulgação, e indiretamente, via ação mais que previsível no Conselho de Ética. Ora, já existia uma ação aberta na Suiça e aqui no Brasil, até agora, nada: o sr. Janot ainda está analisando… Observando também que o sr. Janot propôs que o STF reinterpretasse a fórceps a Constituição para prender Delcídio, e tendo em vista que permanece inerme frente às barbaridades que Cunha comete para obstruir as investigações contra ele, fica uma dúvida sobre até que ponto o golpe já avançou nas instituições do estado brasileiro.

marcosomag

Michel Temer deixou a vaidade falar mais alto aos 73 anos. Um erro gravíssimo. Deveria estar preocupado, a esta altura, com a sua biografia. O Secretário de Segurança Pública que freou a matança da ROTA na periferia (herdada do governo Maluf) no governo Franco Montoro, agora é réles golpistazinho contra o Estado Democrático. Quer ter o mesmo destinado que a História deu a Joaquim Silvério dos Reis, Calabar e ao Marechal Petàin. Sabemos que ele é apenas um instrumento de uma elite corrupta, reacionária e entreguista para eliminar as parcas conquistas sociais dos governos petistas e entregar o Pré-Sal para os EUA. Mas, ele poderia contornar as “últimas curvas” de sua vida sem chocar-se bisonhamente contra a parede. Dane-se ele! Vamos evitar a qualquer preço que nosso Brasil vire um Bananistão!

andre dias

STF põe um freio no golpe de Cunha: suspende votação ilegal promovida pelos cafajestes da República.

anor carvalho

bando de encapuzados invade congresso e vota em chapa fria … quem esconde a cara é bandido … voto secreto é a arma das elites …

fausto

Se já tinha visto as urnas, por que isso não foi avisado?
Por acaso a esquerda brasileira acha que está lidando com “democratas”?
Que me desculpem os deputados Jandira Fegahli e Chico Alencar, mas estão muito devassares.
Se a coisa continuar assim, é capaz desse Cunha marcar a votação do golpe na casa dele.

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