Aliadas de Temer, entidades médicas abandonam os médicos

Tempo de leitura: 2 min

Por Daniel Bonifácio, médico

O governo Temer tem feito vários ataques à saúde pública e à classe médica brasileira. Tudo isto com o silêncio cúmplice do Conselho Federal de Medicina e da Associação Médica Brasileira.

O ministro da saúde acha que existe um excesso de hospitais no Brasil — Ricardo Barros declarou esta semana que o sistema de saúde pode funcionar perfeitamente com 20% dos hospitais atuais, na prática isto significa fechar 6 mil hospitais.

Além de representar um sério risco para a assistência da população, esta declaração demonstra o desprezo do governo Temer para com os médicos e os demais profissionais de saúde.

Este tipo de medida, se implementada, causa um desemprego em massa e desvaloriza de forma agressiva os honorários médicos.

As gestões atuais do CFM e a AMB, que apoiam o governo Temer, não soltaram nenhuma nota contra esta declaração irresponsável.

Os médicos estão entre os mais prejudicados pela PEC 241 – esta PEC congela, e na prática diminui os gastos em educação e saúde por 20 anos.

O SUS é o responsável pela imensa maioria dos postos de trabalho dos médicos brasileiros.

Logo esta PEC vai provocar mais desemprego entre os médicos.

O desemprego vai aumentar a oferta de médicos dispostos a receber salários menores, em condições de trabalho piores, tanto no setor público, no conveniado, ou no privado.

A oferta de exames complementares, maquinário, inovação tecnológica, leitos e medicações necessárias para um tratamento mais eficaz também ficará comprometida.

Estes cortes orçamentários ocorrem sob a falsa justificativa de diminuir o déficit público e socorrer a economia.

Mas na verdade servem apenas para transferir o dinheiro dos nossos impostos para os grandes rentistas e banqueiros, que sugam o orçamento sem ao menos investir nos setores produtivos nacionais.

Por isso temos que defender a revogação desta “PEC da doença”.

Identificadas distorcidamente como os principais porta-vozes dos médicos, o CFM (Conselho Federal de Medicina) e a AMB (Associação Médica Brasileira) tiveram um papel central na mobilização da classe médica a favor do golpe, mas ao não se posicionarem contra esta PEC.

Demonstraram miopia e falta de visão estratégica ao bajular políticos de direita e suas idéias neoliberais. Levaram um belo chute na bunda.

Foram incompetentes até para defender os interesses corporativos da classe médica.

Especula-se que isto se deve a relação nada republicana de boa parte dos médicos dirigentes da AMB e do CFM com os empresários da saúde privada, sendo muitos destes donos de hospitais e clínicas privadas.

Estariam enganando os médicos brasileiros para defender seus interesses particulares.

O discurso dos reacionários e golpistas para o país e para dentro de suas classes profissionais se provou falso e deletério.

Portanto já passou da hora de cada brasileiro dos setores menos conservadores das classes profissionais disputarem a narrativa e as mentes dos seus colegas de profissão, que estão sendo enganados com este discurso neoliberal (hegemônico no momento na maioria da classe média brasileira).

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Comentários

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Alex Back

Se há uma classe que merece ser pisada na cara são os médicos.
Trabalharam ativamente pelo golpe, na esperança de uma nova reserva de mercado, promessa de riqueza e fama.
Caíram do cavalo lindamente, numa bela poça de lodo e chorume!

Tico

Sao mais pessoas que se acham e foram usadas pelos politicos. Nós perto dos politicos somos amadores.
Infelizmente nao so os medicos mas muitas pessoas foram manipuladas pela midia e pelos politicos.
O serviço publico no geral vai piorar e muito medico vai perder o filao do concurso e emprego publico porque ja rarearam as vagas e nao deve ser diferente no setor medico publico.
O neoliberalismo é uma tragedia pra quem nao detem os meios de produçao, o capital. Ta aí o resultado da desinformaçao politica do povo. As pessoas nao sabem nem o que é neoliberalismo.
Os engenheiros já se fuderam de verde e amarelo, vamos ver quais sao os proximos da fila a se ferrar.

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