Washington Post: Terreno fértil para variantes, Brasil ameaça o mundo

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O terreno fértil para variantes do Brasil é uma ameaça para o mundo inteiro

Editorial do Washington Post

O Brasil está cambaleando com a pandemia do coronavírus e sua agonia deve ser um alerta para o mundo.

Quando o vírus se espalha sem controle e sofre mutação, como aconteceu no Brasil, ele representa um perigo potencial para todos os lugares.

O aumento repentino de casos no Brasil deu origem a uma nova variante conhecida como P.1 que parece ser mais transmissível e pode ser capaz de superar os anticorpos naturais.

Até agora, 10 casos em cinco jurisdições foram detectados nos Estados Unidos, mas mais podem estar por vir.

Como relata Terrence McCoy do Post, o número de mortos no Brasil atingiu um novo recorde, com média de 1.208 por dia na semana passada, e atingiu um recorde histórico na terça-feira.

No total, 259.271 pessoas morreram.

Os sistemas de saúde em mais da metade dos 26 estados do país atingiram ou estão próximos da capacidade.

O presidente Jair Bolsonaro rejeitou esforços para combater o que ele chama de “pequena gripe” e apoiou remédios inúteis como a hidroxicloroquina.

O país foi consumido por divisões internas e parece incapaz de sair do abismo; sua campanha de vacinação está sofrendo com a escassez e atrasos.

Tal como aconteceu com o ex-presidente Donald Trump, o vácuo de liderança de Bolsonaro deu ao vírus uma abertura para se espalhar, especialmente a partir de reuniões em massa durante as eleições de novembro; em seguida, os feriados e, finalmente, as celebrações do Carnaval.

A ameaça mais preocupante vem de Manaus, a maior cidade da região amazônica, onde a nova variante P.1 aparentemente foi gerada.

Agora está se espalhando pelo Brasil.

Pesquisas preliminares sugerem que a variante carrega 17 mutações do coronavírus original, três delas na proteína spike usada para invadir células humanas.

Acredita-se que a nova variante, como algumas outras, seja entre 1,4 e 2,2 vezes mais transmissível.

Mas há outro aspecto que preocupa os pesquisadores.

No final de abril de 2020, uma grande epidemia atingiu o pico em Manaus, e as internações da cidade permaneceram estáveis ​​e bastante baixas de maio a novembro, apesar do relaxamento das medidas de controle durante esse período, de acordo com um artigo publicado na revista médica Lancet.

Um estudo com doadores de sangue mostrou que 76% da população havia sido infectada em outubro de 2020, um valor acima do limite teórico de 67% para garantir imunidade natural do rebanho.

Então, em janeiro deste ano, o vírus voltou a atacar em Manaus, causando mais mortes lá nos primeiros dois meses deste ano do que em todo o ano de 2020.

O que está acontecendo?

Os cientistas temem que a variante P.1 esteja infectando novamente pessoas que já tiveram covid-19, indicando que ela pode adoecer aqueles que têm anticorpos da primeira onda.

Embora as conclusões ainda sejam provisórias, as implicações são graves: é possível que o vírus possa desafiar vacinas e sistemas imunológicos naturais.

O que acontece no Brasil não fica no Brasil.

Como o epidemiologista Miguel Nicolelis, da Duke University, disse ao Post, “se o Brasil não controlar o vírus, será o maior laboratório aberto do mundo para o vírus sofrer mutação”.

Isso é um problema para todos.


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Comentários

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Zé Maria

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Estudos Científicos Recentes (25/02/2021)
sobre a Variante P.1 SARS-COV-2 (Manaus)
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“Níveis de Neutralização da Linhagem P.1 SARS-CoV-2 por
Anticorpos Produzidos Após Infecção Natural e Vacinação”
(https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=3793486)
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“Características Genômicas e Epidemiológicas da
Nova Linhagem do SARS-COV-2 em Manaus, Br”
(https://github.com/CADDE-CENTRE/Novel-SARS-CoV-2-P1-Lineage-in-Brazil)
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