Roberto Tardelli: Não é à toa que a mediocridade de Sergio Moro parece definitivamente exposta

Tempo de leitura: 2 min
Lula Marques

Roberto Tardelli

por Roberto Tardelli*, em seu perfil em rede social

As últimas publicações – quem diria, da VEJA – contam uma história que transcende a si mesma.

Não se trata mais de dividir maniqueistamente o mundo em duas arquibancadas, a de quem defende a soltura imediata de Lula e a de quem entende que tudo não passa de uma trama para desmoralizar a maior operação anticorrupção da história do país.

Estamos em outro nível.

A mais elementar garantia que um sistema de justiça deve oferecer é a imparcialidade dos juízes. Não falo de neutralidade, que não existe, mas do dever constitucionalmente imposto de resguardar-se o julgador, de forma a garantir a todos as mesmas oportunidades processuais.

Quando esse elemento se quebra, quebra-se a espinha dorsal da Justiça e tudo e torna uma farsa, em que alguém será duramente prejudicado, não pelo malfeito de que é acusado, mas porque acusador e juiz se fundiram em uma única e funesta pessoa, a anularem qualquer possibilidade de defesa, de contraponto, de, em suma, contraditório.

Tudo foi previamente combinado. Tudo já estava acertado. O organismo da máquina judiciária estaria definitivamente corrompido. O prato envenenado, pronto e à mesa.

A imparcialidade quebrada vulgariza a Justiça, que passa a ser um pântano, em que acordos feitos em bastidores inalcançáveis sugassem e afogassem qualquer possibilidade de cidadania. É a negação completa de um aparato estatal minimamente ético.

Tudo está a demonstrar que Sergio Moro desqualificou a toga que envergava e negou frontalmente o mais sagrado princípio que se reserva a quem, homem ou mulher, se propõe a julgar, a decidir, enquanto Poder de Estado, exercitando seu papel supremo, a soberania.

Abandonar a magistratura como abandonou, dela fazendo uma alavanca para ambições pessoais, fez de Sergio Moro o pior dos exemplos, a pior das figuras, que não conseguiria lamber as botas dos tantos juízes e juízas que ao longo dessa jornada já bastante estendida, conheci e aprendi a admirar.

Não é à toa que compõe o primeiro escalão da mais bizarra composição ministerial de que se tem notícia no planeta.

Não é à toa que propõe ou subscreve propostas de alteração legislativa que fariam corar até as mais condescendentes professoras de português, tal é o primarismo de sua redação.

Não é à toa que se alinhou à extrema-direita repelida mundialmente. Não é à toa que sua mediocridade parece definitivamente exposta.

O resultado da farsa revelada não pode se manter, sob pena de perdermos por completo qualquer referência de Justiça, seja qual for o preço a se pagar. É uma questão de sobrevivência.

Aos juízes e juízas que conheci prometo jamais confundi-los, por um instante que seja, com essa figura canhestra que lhes sujou a toga, pela qual lutaram suas vidas inteiras.

*Roberto Tardelli foi promotor de Justiça no Ministério Público do Estado de São Paulo. Integra a TGC Advocacia –Tardelli Giacon Gonway.


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Comentários

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Zé Maria

Código de Processo Penal

Art. 252. O juiz não poderá exercer jurisdição no processo em que:

I – tiver funcionado seu cônjuge ou parente, consangüíneo
ou afim, em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive,
como defensor ou advogado, órgão do Ministério Público,
autoridade policial, auxiliar da justiça ou perito;

II – ele próprio houver desempenhado qualquer dessas
funções ou servido como testemunha;
[…]
IV – ele próprio ou seu cônjuge ou parente, consangüíneo
ou afim em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive,
for parte ou diretamente interessado no feito.

Art. 254. O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, poderá ser recusado
por qualquer das partes:
I – se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer deles;
[…]
IV – se tiver aconselhado qualquer das partes;

http://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/529749/codigo_de_processo_penal_1ed.pdf

Marys

É como diz o ditado: “Quanto maior o coqueiro, maior o tombo.”

O de Moro, Bolsonaro, CIA e seus colaboradores será dantesco, com requinte de crueldade, pois era isso que eles pensam imprimir à sociedade, desrespeitando a constituição, mas usando de um poder que lhes foi conferido constitucionalmente.

Morvan

Boa noite. Excelente texto. Reiteradamente, disse que o maior presente, inintencional, dado ao povo brasileiro fora a saída desse canalha da magistratura. Vi muito cedo a corroboração da minha afirmação. Dissimulado, usurpador, trambiqueiro, fez gato e sapato do natimorto stfzinho. E os últimos vazamentos do Morogate, com a Transparência Internacional asseveraram o problema, pois o que falávamos, sobre as guerras híbridas, desnuda totalmente o aparelhamento de ONG´s, ou ORCRIM´s a serviço da demencracia.

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