Presidenta do Sindicato dos Jornalistas MG repudia proibição do legislativo: ‘Talvez os financiados por mineradoras não queiram ser questionados sobre Brumadinho’

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Para a presidenta Alessandra Mello, os deputados que integram a mesa e assinam a determinação deveriam ter vergonha do que fizeram. São eles (da esquerda para a direita: Agostinho Patrus (PV), Antonio Carlos Arantes (PSDB), Cristiano Silveira (PT), Alencar da Silveira Jr. (PDT), Tadeu Martins Leite (MDB), Carlos Henrique (PRB) e Arlen Santiago (PTB). Fotos: Sindicato dos Jornalistas MG e ALEMG

Na ALEMG, o plenário fica no subsolo. É como se fosse num fosso. Até hoje os repórteres podiam ficar na antessala dele. Daí podiam, por exemplo, acompanhar o que acontece no plenário, nos bastidores, ver os parlamentares, chamar um para entrevistar. Agora isso está proibido. Ou seja, contato nenhum com os parlamentares.  A sala de imprensa a que se refere a Determinação da Mesa 2.79/2019 fica no primeiro andar. Lembra um aquário, fechado, envidraçado. Dela se vê distante, num fosso, o plenário. A foto acima mostra o espaço que precede a antessala, que, por sua vez, dá na boca do plenário. Esses jornalistas aglomerados não conseguiram chegar na antessala. Ficaram retidos antes . Foto: Sindicato dos Jornalistas Profissionais de MG

por Conceição Lemes

Nesta terça-feira, 18/02, os jornalistas que cobrem a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALEMG) foram surpreendidos com novas regras de acesso às dependências do Legislativo mineiro.

Elas constam da Deliberação da Mesa 2.700/2019 (na íntegra, ao final).

Diz a nota da gerência de Imprensa e Divulgação da ALEMG [o negrito é  dos autores da nota]:

A Mesa da Assembleia  decidiu implementar o controle de acesso e circulação de pessoas nas dependências dependências do Legislativo mineiro. O objetivo é garantir a organização dos trabalhos e a segurança de todos

A nota da Comunicação da ALEMG prossegue:

Em nota intitulada Assembleia Legislativa quer impedir o trabalho da imprensa, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais repudiou veementemente a determinação da Mesa.

Uma das atitudes mais antidemocráticas da história da Assembleia Legislativa de Minas Gerais.

No local, tradicionalmente, as equipes de reportagem acompanham as votações no plenário e realizam as entrevistas com os parlamentares.

A proibição do acesso dos jornalistas à antessala é um desrespeito ao trabalho da imprensa, e, sobretudo, um desrespeito ao cidadão, pois dificulta que a informação seja transmitida para a a sociedade.

O Sindicato dos Jornalistas mineiros arremata assim a sua nota oficial:

Os deputados da mesa diretora que assinam essa deliberação deveriam ter vergonha de participarem de uma página tão sombria da história da ALMG.

A saber são os seguintes deputados

Agostinho Patrus (PV)

Antonio Carlos Arantes (PSDB)

Cristiano Silveira (PT)

Alencar da Silveira Jr. (PDT)

Tadeu Martins Leite (MDB)

Carlos Henrique (PRB)

Arlen Santiago (PTB)

A presidenta do Sindicato, Alessandra Mello, está na Assembleia tentando reverter a medida.

“Sou repórter de política desde 1998 e sempre tive livre acesso à antessala do plenário, agora não posso entrar mais lá. Absurdo!”, diz indignada ao Viomundo

“Do jeito que eles querem agora, você nem precisa ir à Assembleia. Assiste pelo You Tube da redação”, prossegue.

“Na verdade, eles querem o jornalismo declaratório, nada de questionamentos”, frisa.

“Como muitos deputados tiveram campanhas financiadas pelas mineradoras, talvez não queiram ser questionados pelos crimes da Vale em Brumadinho”, cogita Alessandra Mello, presidenta do Sindicato.

 

 

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