Paulo Capel: Mídia corporativa “comprova” que Lula não sabe nadar

Tempo de leitura: 3 min
Fotos: Ricardo Stuckert

Foto: Ricardo Stuckert

A ENORME MÁ VONTADE DA MÍDIA COM LULA

Por Paulo Capel Narvai, em perfil de rede social

“Lula chegou atrasado ao evento da campanha”.

“Por que o Lula não faz isso-ou-aquilo?”

A campanha de Lula à Presidência mal começou, e as críticas à sua condução aumentam na proporção inversa da consolidação da sua candidatura, como sendo a que apresenta a maior viabilidade para derrotar o atual ocupante do cargo maior da República. Todos querem interferir na campanha, sobretudo na comunicação.

É um bom sinal.

As pessoas querem ajudar a corrigir o que lhes parece errado. Como em toda campanha com as características dessa, a tendência é a sua popularização, o que a leva para muito, muito além do candidato e o seu entorno.

A pessoa física do Lula e do seu vice, digamos, de alta plumagem, as complexas questões do programa de governo, dentre tantas outras, vão perdendo importância para o chamado “eleitor comum”, gente que não costuma dar muita bola para as articulações políticas.

Com isso, com os temas de interesse do eleitor “comum”, devem se ocupar os profissionais da campanha.

Eu tenho amigos(as) que gostam e que não gostam do Lula. Eu respeito suas opiniões. Todos(as)(es) votarão, como eu, em Lula. Alguns, a despeito do vice; outros, justamente por isso.

O que não me parece razoável, a esta altura do governo federal, é que amigos(as)(es) repitam, em 2022, o voto que deram em 2018.

O erro de 2018 eu compreendo, embora tenha registrado várias vezes minha decepção com essa infeliz escolha, por suas nefastas consequências para as políticas públicas, a cultura democrática e a vida social. Mas repetir aquele voto neste ano, depois de tudo o que vimos, é inaceitável para mim, pois incompreensível.

Voltando ao Lula, ele é essa figura controversa. Não é de hoje. Isso não mudará.

Mas, sobre a imprensa, a mídia, e o modo como ela reage a Lula, não tem jeito. Desistam.

Ao mesmo tempo em que ela não abre mão de querer decidir pelo candidato (certos jornalistas simplesmente adoram “nomear” ministros e dar receitas econômicas) não consegue disfarçar, sempre a mando dos seus donos, sua enorme má vontade com Lula.

Li outro dia, embora não tenha conseguido identificar o autor(a), que se o Lula disser “criança tem de brincar”, essa imprensa venal dará um jeito de transformar a declaração em algo como “Lula é contra a educação infantil”.

Mas se ele disser o oposto, que é muito importante que toda criança estude, esses profissionais da manipulação jornalística ocupariam vários minutos de telejornais e programas de rádio para explicar aos ouvintes que o verdadeiro significado da fala de Lula é que, no fundo, ele “ignora a importância das brincadeiras para o desenvolvimento infantil”.

E, por fim, claro, se Lula disser as duas coisas, que “criança tem de brincar e estudar”, a manchete no dia seguinte será mais ou menos o seguinte: “Lula é contra o repouso de crianças”.

No corpo da notícia, especialistas explicarão, detalhadamente, os efeitos nocivos da privação do descanso para as crianças.

São muitos os caminhos encontrados por esses “jornalistas” para transformar água em vinho – ou vinagre.

A propósito dessa imagem bíblica, diz a lenda que, num verão romano, o Papa convidou Lula para conversar na aprazível casa de Castelgandolfo.

Sentaram-se num desses bancos de jardim, à sombra de uma árvore frondosa, e conversaram. Conversaram e conversaram…

Mantidos a distância, os jornalistas e cinegrafistas, acompanhavam tudo, por detrás dos muros.

Lá pelas tantas, o Papa se levantou e Lula, educado, fez o mesmo.

O Papa foi em direção ao lago e Lula o seguiu. O Papa chegou à margem do lago e, acostumado, começou a caminhar sobre as águas.

Mas Lula, prudente, se deteve.

O Papa, então, insistiu: “Vem, Lula, vamos até ali no meio do lago, que por lá a brisa é mais agradável.”

Lula hesitou.

O Papa, percebendo o receio do brasileiro, estendeu-lhe dá a mão. “Vem comigo”, disse confiante.

Então, dada a insistência papal, Lula tirou os sapatos, arregaçou as barras da calça e ousou dar o primeiro passo, sob o olhar benevolente de Sua Santidade.

Ambos, então, simplesmente… caminharam sobre as águas!

No dia seguinte, os jornais brasileiros deram a notícia.

As manchetes, unanimemente, destacaram o que consideraram “dificuldades” de Lula para tirar os sapatos.

Outros mencionaram “problemas” com as barras, desenvolvendo o tema: as calças poderiam ser mais folgadas; não tão justas quanto as de Doria; “apropriadas à ocasião” etc.

Uma coluna inteira foi dedicada a analisar se a perda do dedo da mão poderia ter tido alguma influência sobre o tempo que Lula levou para se juntar novamente ao Papa.

Outra assegurou que, nos bastidores, direto da fonte, “observadores do Vaticano” teriam feito críticas duríssimas ao que consideraram “falta de educação do ex-presidente que, despreparado para o cargo, deixou o Papa esperando por ele durante alguns minutos”, o que foi visto como “uma notória falta de respeito”.

Mas ninguém superou um jornalão paulista, cuja manchete estampava, em letras garrafais: “COMPROVADO: LULA NÃO SABE NADAR”.


Siga-nos no


Comentários

Clique aqui para ler e comentar

Zé Maria

A Mídia Venal, especialmente o Grupo GAFE (Globo, Abril, Folha, Estadão),
está Cheia de Pretendentes a Coordenadores de Campanha do Lula.

Conforme @s “Agentes Dupl@s” da Imprensa-Empresa, tod@s Antipetistas,
o PT não está sabendo fazer a Comunicação da Campanha pra Presidente.

Luiz Carlos Pierri

Excelente.

Deixe seu comentário

Leia também