Na abertura do Festival do Rio, a atriz Mariana Ximenes protesta, exibindo no vestido a história do cinema nacional

Tempo de leitura: 2 min

Da Redação

Aconteceu na noite dessa segunda-feira (09/12), no Cine Odeon, Cinelândia, Centro do Rio, a abertura da 21ª edição do Festival do Rio.

Por muito pouco, o evento quase não foi realizado devido à perda dos três principais patrocinadores da mostra: Petrobrás, BNDES e Prefeitura do Rio.

O festival só foi aconteceu graças a uma campanha de arrecadação coletiva feita na internet e ao apoio de empresas privadas.

“Zuzu Angel  usou esse recurso [a moda] para denunciar as atrocidades da ditadura militar, que matou seu filho e depois a eliminou”, observa Beto Mafra.

Memórias da Ditadura conta um pouco da história de uma das mais importantes estilistas da história do Brasil:

Na manhã do dia 14 de maio de 1971, seu filho Stuart, militante do Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8), foi preso no Rio de Janeiro e levado para a Base Aérea do Galeão.

Segundo depoimento do preso político Alex Polari de Alverga, que esteve com ele naquela unidade da Aeronáutica, Stuart foi brutalmente torturado e não resistiu, vindo a falecer na noite daquele mesmo dia.

A partir daquele momento, Zuzu passou a buscar informações sobre o filho e o direito de sepultá-lo, denunciando as arbitrariedades praticadas pela ditadura à imprensa e a órgãos internacionais.

Ainda em 1971, realizou um desfile/protesto no consulado brasileiro em Nova York.

Suas criações incorporaram elementos que denunciavam a situação, com estampas representando tanques de guerra, canhões, pássaros engaiolados, meninos aprisionados, anjos amordaçados.

Zuzu morreu em 1976, no que a ditadura classificou como um acidente automobilístico na saída do túnel Dois Irmãos, em São Conrado (RJ).

Mas, em 1998, a Comissão Especial Sobre Mortos e Desaparecidos Políticos julgou o caso e reconheceu o regime militar como responsável pela morte da estilista.

Segundo depoimentos, ela teria sido jogada para fora da pista por um carro pilotado por agentes da repressão. Hoje, o túnel é chamado Zuzu Angel.

“Guerreiras ousam”, afirma Beto Mafra.


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Comentários

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Zé Maria

É bom frisar que a Censura não é da Agência Nacional de Cinema,
mas de quem momentânea e circunstancialmente manda na Ancine.
Abaixo a Censura! Fora Bolsonaro/Mourão!

Zé Maria

https://pbs.twimg.com/media/ELeCOsUX0AA0o6p.jpg

“Em resposta à censura, a atriz Mariana Ximenes abre o Festival do Rio
com um belo vestido estampado com cartazes de filmes nacionais,
aqueles que foram retirados da sede e da página da Ancine na internet.
Contra o obscurantismo, a criatividade. Bravo! Viva o nosso cinema!”
https://twitter.com/Reimont/status/1204574622072688641
https://pbs.twimg.com/media/ELh66KsW4AIDR-c.jpg

https://pbs.twimg.com/media/ELeamvbXkAIA18V.jpg
https://twitter.com/camiIIiepreaker/status/1204493318467383296
https://pbs.twimg.com/media/ELY4wpqXsAAclib.jpg

https://pbs.twimg.com/media/ELYhansX0AAaQzN.jpg
https://twitter.com/laysazanetti/status/1204186707404509184
https://pbs.twimg.com/media/ELYhaqHX0AEUpNq.jpg

A Arte é Nosso Tanque de Guerra e a Cultura nossa Bomba Atômica
Para Resistir à Repressão, Combater à Opressão e sermos Livres
Mas é preciso ter a Coragem das Zuzus, das Marianas, das Marielles …

http://www.vermelho.org.br/noticia/302281-1

LULIPE

A mamata acabou. A fonte secou.

a.ali

Ela disse:

“Nosso cinema é tão rico, tão diverso, tão plural. E histórico. E eu trouxe essa história no meu vestido, no palco comigo. Podem retirá-los da paredes de prédios, mas nós estamos aqui resistindo. A arte e a cultura resistem”.

“O cinema brasileiro nunca esteve tão forte. Ao mesmo tempo, nunca estivemos tão ameaçados, em tempos tão obscuros. Este é um momento de resistência”
– PERFEITO, MARIANA, ESTAMOS, TB. NA LUTA! –

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