Moniz Bandeira: O risco Estados Unidos

Tempo de leitura: 8 min

O risco Estados Unidos

18/06/2010 12:00:26

Crise econômica grega ameaça Irlanda, Portugal, Espanha e toda a Eurozona

Por Luiz Alberto Moniz Bandeira, na Carta Capital

Irresponsabilidade fiscal, descontrole dos gastos públicos, elevados déficits orçamentários, déficit comercial, corrupção, inflação e estancamento econômico constituem alguns dos fatores fundamentais que levaram a Grécia à beira do default. Com uma dívida pública, como percentual do PIB, da ordem de 124,5%, a maior da União Européia, e um déficit fiscal de 11,3% projetado para 2010 (o segundo maior, atrás da Irlanda, com 12,4%), ela enfrentava e enfrenta enormes dificuldades, assim como, em menor grau, outros países da região, sobretudo Irlanda, Portugal e Espanha. Porém, as agências de classificação de risco (mais de cem, todas sob a influência de Wall Street) agravaram ainda mais a situação, rebaixando a classificação de solvabilidade da Grécia, com o que favoreceram, propositadamente, o ataque ao euro pelos que especulam com as moedas, nas bolsas de valores.

A erupção da crise econômica e financeira, que abala a Grécia e ameaça a Irlanda, Portugal, Espanha e toda a Eurozona (16 dos 27 Estados-membros da União Européia e outros 9 não-membros da UE que adotam o euro), constituiu um desdobramento, a terceira etapa da crise econômica e financeira deflagrada nos Estados Unidos, com a explosão do mercado imobiliário, no primeiro semestre de 2007, quando grandes corretoras, como Merrill Lynch e Lehman Brothers, suspenderam a venda de colaterais, e em julho do mesmo ano, bancos europeus registraram prejuízos com contratos baseados em hipotecas sub-prime.

A inadimplência de devedores hipotecários provocou a débâcle, afetando empréstimos de empresas, cartões de crédito etc. Em seguida, setembro de 2008, a crise atingiu o setor bancário, com a bancarrota e a dissolução do Lehman Brothers, o quarto banco de investimento dos Estados Unidos, após 158 anos de atividade. E, finalmente, comprometeu e envolveu os próprios Estados nacionais. Levou a Islândia, cujos bancos mantinham negócios num valor três vezes maior do que o PIB do país, a uma virtual bancarrota, com reflexo sobre o Reino Unido, seu principal credor. E, em fins de 2009, manifestou-se na Grécia, ameaçando a estabilidade de toda a Eurozona, dado que vários países não cumpriram as metas do Tratado de Maastricht para a unificação monetária, entre as quais controle do déficit orçamentário (até 3% do PIB),do endividamento público (até 60% do PIB).

A situação configura-se ainda mais grave, porquanto a eventual desestabilização da Eurozona poderia provocar uma crise sistêmica, devido à promiscuidade dos bancos alemães, franceses e também americanos com os Estados nacionais e outros bancos, mediante dívidas cruzadas. Se a Grécia e/ou Portugal deixassem de pagar aos bancos, a crise propagar-se-ia e cresceria como bola de neve. Por exemplo, de acordo com o Bank for International Settlements, os bancos portugueses devem 86 bilhões de dólares aos bancos espanhóis, que, por sua vez, devem 238 bilhões a instituições alemães, 200 bilhões aos bancos franceses e cerca de 200 bilhões aos bancos americanos.

A concessão de cerca de 1 trilhão de dólares à Grécia, prometida pela União Européia e o Fundo Monetário Internacional, não visou a ajudá-la, mas a salvar os bancos alemães, franceses e os investidores americanos, que provêem mais de 500 bilhões de dólares de empréstimos de curto prazo aos bancos europeus, sobretudo aos das nações mais débeis, para financiar diariamente suas operações.

Esse endividamento dos Estados com os bancos e dos bancos com outros bancos evidencia que, não obstante os fatores nacionais, domésticos, a crise que se agravou na Grécia e ameaça contagiar toda a Eurozona também é, em outra dimensão, uma conseqüência direta da crise dos Estados Unidos, dado que o sistema capitalista, entrançado pelo mercado mundial e a divisão internacional do trabalho, constitui um todo, interdependente, e não uma simples soma de economias nacionais.

A alta do preço do petróleo e do ouro, no mercado mundial, bem como a elevada valorização do euro refletiram a profunda crise que deteriorava e deteriora a economia americana. A valorização do euro, em decorrência da queda do dólar, afetou, porém, países como a Grécia, Irlanda e Portugal, que não possuem moeda própria e, conseqüentemente, não podem promover a desvalorização cambial, para reduzir os salários, compensar a perda da competitividade de suas exportações, ajustar as finanças e equilibrar a conta-corrente do balanço de pagamentos.

Apesar da enorme assimetria, a grave situação econômica e financeira da Grécia e alguns outros Estados na União Européia é muito similar à dos Estados Unidos, cuja dívida externa líquida, em 31 de dezembro de 2009, era da ordem de 13,76 trilhões de dólares, do mesmo tamanho que o seu PIB, calculado em 14,26 trilhões em 2009, calculado conforme a capacidade de seus poder de compra. A dívida pública dos Estados Unidos, em maio de 2010, era de cerca de 12,9 trilhões, dos quais 8,41 trilhões em poder do público e 4,49 trilhões com os governos estrangeiros. Esse montante (12,9 trilhões de dólares) corresponde a cerca de 94% do PIB dos Estados Unidos, enquanto o da Eurozona é de 84%.

O problema fiscal nos Estados Unidos é extremamente grave. O antigo presidente do Federal Reserve (FED), Alan Greenspan, em outubro de 2009, declarou que não estava muito preocupado com a fraqueza do dólar, mas com os custos de longo prazo dos Estados Unidos, associado com a crescente elevação da dívida nacional, cuja relação se tornava progressivamente explosiva, como uma espiral, na qual o crescente pagamento dos juros aumentaria o déficit e a dívida, gerando novo aumento e assim por diante. O déficit do ano fiscal de 2009, terminado em 30 de setembro, mais do que triplicou o do ano anterior, atingindo montante recorde de 1,4 trilhão de dólares.

O presidente Barack Obama apresentou para o ano fiscal de 2010 um orçamento, com despesas de aproximadamente 3,5 trilhões e um déficit federal de 1,75 trilhão, o que significa que o governo americano terá de tomar empréstimos, aumentando a dívida pública, ou emitir mais dólares, uma vez que a poupança interna é insuficiente para atender aos seus gastos. Esse déficit fiscal se entrelaça com o crescente déficit comercial, que em 2009 representou mais de 40% (1,04 bilhão) do total do seu intercâmbio com outros países. E, nos primeiros três meses de 2010, continuou a crescer. Em março, o Departamento de Comércio anunciou um déficit de 40,4 bilhões, contra 39,4 bilhões em fevereiro.

A sustentabilidade dos déficits fiscal e comercial – denominados “déficits-gêmeos”, não porque sejam iguais, mas porque se inter-relacionam – depende de contínuo influxo de capitais estrangeiros, oriundos, sobretudo das inversões da China, comprando bônus do Tesouro dos Estados Unidos.

Efetivamente são os bancos centrais de outros países que financiam o déficit na conta-corrente dos Estados Unidos, da ordem de 380,1 bilhões de dólares em 2009, mais de 6% do PIB, déficit este que, no primeiro trimestre de 2010, saltou para 115,6 bilhões de dólares, contra 102.3 bilhões de dólares, no mesmo período de 2009, e recresce cerca de 2,35 bilhões de dólares por dia. Se o influxo de capitais do exterior cessar, o Tesouro dos Estados Unidos não terá recursos, no correr de 2010, para refinanciar 2 trilhões de sua dívida de curto prazo, da qual 44% estão em poder de países estrangeiros.

Os Estados Unidos ocupam o primeiro lugar na lista dos países com a maior dívida externa líquida do mundo (13,7 trilhões de dólares), seguido pela Grã-Bretanha (9,6 trilhões), Alemanha (5,2 trilhões), França (5 trilhões) e Países Baixos (2,4 trilhões). Trata-se, portanto, de uma superpotência devedora, virtualmente em bancarrota. Somente não chegou à beira da insolvência porque pode emitir o dólar, que é a moeda internacional de reserva.

Mas a tendência do dólar é de declínio, tanto que, após desvalorizar-se 40% entre 2002 e 2008 e fortalecer-se 20% em relação ao euro, entre março e dezembro de 2008, durante a crise financeira, voltou a cair 20%, entre março e dezembro de 2009, devido à preocupação no mercado com a dívida externa dos Estados Unidos. Sua revalorização, como conseqüência da crise na Grécia e do enfraquecimento econômico da Eurozona, é conjuntural. O dólar está estruturalmente debilitado pelos déficits fiscal e cambial e pela elevada dívida externa líquida dos Estados Unidos. A perspectiva é de que, mais dias menos dias, deixe a condição de única moeda internacional de reserva, apesar da China e de serem os Estados Unidos o centro do sistema capitalista mundial. E, quando isto ocorrer, os Estados Unidos terão enormes dificuldades de pagar suas contas, por meio de empréstimos de outros países.

Em agosto de 2007, David M. Walker, chefe do Government Accountability Office (GAO), órgão do Congresso americano encarregado da auditoria dos gastos do governo, advertiu que o país estava sobre uma “plataforma abrasante” (burning platform) de políticas e práticas insustentáveis, escassez crônica de recursos para a saúde, problemas de imigração e compromissos militares externos, que ameaçavam eclodir se medidas não fossem em breve adotadas. Previu aumentos “dramáticos” nos impostos, redução nos serviços do governo e a rejeição em larga escala dos bônus do Tesouro americano como instrumento de reserva pelos países estrangeiros. E apontou “notáveis semelhanças” entre os fatores que resultaram na queda do Império Romano e a situação dos Estados Unidos, devido ao declínio dos valores morais e da civilidade política, à confiança e à excessiva dispersão das Forças Armadas no exterior, bem como à irresponsabilidade fiscal do governo americano.

Menos de um ano depois, Paul Craig Roberts, ex-secretário-assistente do Departamento do Tesouro, no governo de Ronald Reagan (1981-1989), afirmou, em artigo intitulado “The Collapse of American Power” e publicado no Wall Street Journal, que a superpotência – os Estados Unidos – não estava em condições de financiar suas próprias operações domésticas, muito menos suas “injustificáveis” guerras, se não fosse a bondade dos estrangeiros, que lhe emprestam dinheiro sem perspectiva de receber o pagamento. De fato, os Estados Unidos só podem manter as guerras no Iraque e no Afeganistão, duas guerras perdidas, com o financiamento de outros países, principalmente China e Japão, que continuam a comprar bônus do Tesouro americano.

Joseph E. Stiglitz (Premio Nobel de Economia) estimou que o total dos custos dessas duas guerras estende-se de 2,7 trilhões de dólares, em termos estritamente orçamentários, a um total de custos econômicos da ordem de 5 trilhões de dólares. Não sem razão, The Economist, na edição de 27 de março 2008, publicou um artigo intitulado “Waiting for Armageddon”, no qual ressaltou que o aumento das corporações em bancarrota podia ser o sinal de que muito pior estava ainda por ocorrer. O pior que se pode esperar é default do próprio governo dos Estados Unidos, cujo sistema financeiro a China, com reservas em dólares de mais de 2,4 trilhões de dólares, tem condições de comprar.

Em tais circunstâncias, o default da Grécia, se ocorresse, não só abalaria toda a Eurozona. Também afetaria a estrutura econômica e financeira dos Estados Unidos, cuja política fiscal a longo-termo é insustentável. Mas o problema não decorre principalmente dos gastos com os serviços sociais e de saúde, como os conservadores republicanos e mesmo alguns democratas acusam. O câncer que corrói a economia americana é o militarismo, alimentado pelos profundos interesses do complexo industrial-militar, nos grandes negócios em que as grandes corporações e militares se associam, fomentando um clima de supostas ameaças, um ambiente de medo, com o propósito de compelir o Congresso a aprovar vultosos recursos para o Pentágono e outros órgãos vinculados à defesa.

A indústria bélica, com toda a cadeia produtiva, constitui outra bolha que, mais cedo ou mais tarde, vai explodir. O governo dos Estados Unidos, seja com o presidente Barack Obama ou seja quem o suceder, não terá recursos para subsidiá-la, eternamente, com a encomenda de armamentos pelo Pentágono, nem manter centenas de bases militares e milhares de tropas, em todas as regiões do mundo. Decerto, cortar esses gastos é muito difícil. Afetaria a economia de vários Estados americanos, localizadas, sobretudo, no sunbelt (Texas, Missouri, Florida, Maryland e Virginia), onde funcionam as indústrias de armamentos que empregam tecnologia intensiva de capital.

Em tais circunstâncias, em meio a propinas, suborno, pagamento de comissões aos que propiciam as encomendas, e contribuições para a campanha eleitoral dos partidos políticos, o complexo industrial-militar, com enorme peso econômico e político, exerce forte influência sobre o Congresso americano e sobre toda a mídia, principalmente nas redes de televisão. Porém, o incomparável poderio militar dos Estados Unidos tem limites econômicos. Irresponsabilidade fiscal, descontrole dos gastos públicos, altos déficits orçamentários, contínuo déficit na balança comercial, elevado endividamento externo, corrupção inerente ao conluio entre indústria bélica e o Pentágono, representado pelo complexo industrial-militar, recessão — fatores similares aos que produziram a crise da Grécia –- representam a maior ameaça e podem derrotar a superpotência. E essa extrema vulnerabilidade de sua economia, com possibilidade de insolvência, as agências de classificação de risco não apontam.


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Comentários

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Sérgio

Ao que tudo indica, quer queiram ou não os "especialistas de plantão" e certos leitores abaixo, já começou há tempos o INÍCIO DO FIM… …da era americana. Alguns dirão sobre a abrangência da moeda… outros sobre a qualidade dos gastos… tudo bobagem!
O mundo financiou a "riqueza" americana e eles abusaram… Eles quebraram e levaram o mundo "desenvolvido" junto… E este agora se vê insolvente… que dirá continuar a sustentar os eua… A crise já não é mais financeira, mas de confiança… Que é como cristal: quando quebra, jamais volta a ser o que era…
Como diz uma amiga que viveu nos eua: se o mundo resolver cobrar o que os americanos devem, eles quebram na hora! É o que parece…
A próxima crise americana que está por acontecer, é a divida em cartões de créditos de seus cidadãos… que está impagável!
Isto tudo, sem contar que a China está comprando tudo que pode nos eua…

José A. de Souza Jr.

Cara Mariazinha:
O que diferencia a moeda fiduciária americana é a sua abrangência; outros países também podem emitir quanto quiserem, porém dentro de suas fronteiras. Em outras palavras, o resto do mundo, além de seu próprio território, também é parte do grande quintal americano, o que foi decidido em 1944 e confirmado em 1971. Por que deveria o governo americano se preocupar com o tamanho de seus gastos se o mundo inteiro aí está para servi-lo, até voluntariamente, não é mesmo? A retórica alarmista serve essencialmente para alienar a massa em proveito das elites daquele país. E se um dia "se explodirem", dependerá menos de Deus do que da intervenção consciente.

Dias Melhores

As colocações do professor Moniz Bandeira e de outros citados no artigo, estão muito boas, mas cabem algumas perguntas quanto ao desdobramento dos fatos acima expostos.
Que caminhos deverá o Brasil tomar, frente aos fatos e sua evolução? Devemos continuar comprando bônus do Tesouro Americano? Como deverá ser o portifólio de nossas reservas? Quais as intenções dos chineses frente a carteira de suas reservas em dólar? E as carteiras dos países europeus, como está?
O que ocorrerá, caso os Estados Unidos decretem uma moratória? Quebradeira geral ou 3ª guerra mundial? E se a Europa quebrar, o que ocorre com os Estados Unidos?

José A. de Souza Jr.

O grande problema não é a dimensão do gasto americano a longo prazo (até porque já teremos deixado este mundo, disse alguém famoso), mas a sua qualidade. Gastos públicos nada mais são que transferência de renda a determinados setores da sociedade. Dependendo a quem se transfere renda, beneficia-se este ou aquele segmento social. Também não é verdadeiro que outros países "financiem" os EUA. Se outros países deixarem de comprar papéis do governo americano, nada de mais acontecerá. Nas economias modernas em geral, a moeda é fiduciária e no caso particular dos EUA, é aceita voluntariamente pelas outras nações como "estacionamento" de riqueza. Resumo da ópera: enquanto assim o for, não se vislumbram no horizonte razões pelas quais o império americano desabe sob o próprio peso, à la ex-URSS. Enquanto isso, mandam no mundo e podem comprar tudo o que este tiver a oferecer em troca de um fetiche.

    mariazinha

    Mas, Zé!
    O que se nota, não é bem o que VC falou.
    Eles não compram nada; tomam tudo a ferro e fogo, aliás, a riqueza deles é feita, desde sempre, sobre o cadáver de inocentes..
    Veja o exemplo de seu satélite, Israel: tomam tudo dos palestin os, sem lhes pagar nada e ainda roubam-lhes o que chega, pela ajuda humanitária. Aprenderam dos buches, direitinho, como afanar os bens alheios.
    Deus fará com que, um dia, se explodam, não tenho dívidas. Não farão a mínima falta.

    Carlos

    Aguardemos – à distância – as reações internas ao aumento inevitável do desemprego, da precarização das condições de vida daquelpaís com mais de 300 milhões de habitantes.

Milton Hayek

http://www.tijolaco.com/?p=18790

Documentos secretos mostram ódio dos EUA a Brizola
segunda-feira, 21 junho, 2010 às 7:46

Para os que são jovens e, como eu, não viveram os anos de ditadura, gostaria de mostrar alguns documentos recentemente desclassificados do Departamento de Estado norte-americano que revelam claramente como os Estados Unidos interferiram na vida brasileira e apoiaram expressamente a instalação de uma ditadura aqui.

E hoje, no sexto aniversário da morte de Leonel Brizola, estes documentos mostram como, por sua atuação política, nos anos 60, ele incomodava tremendamente os Estados Unidos, que o viam como uma ameaça permanente aos seus interesses.

Pouco tempo depois do movimento da Legalidade, quando Brizola liderou o movimento que impediu a implantação de uma ditadura militar, quando da renúncia de Jânio Quadros, numa carta de 7 de novembro de 1961 para o secretário de Estado para assuntos inter-americanos Robert Woodward, o vice-secretário de Assuntos de Segurança Internacional, William Bundy, manifesta a preocupação com a situação política do Brasil desde a renúncia de Jânio Quadros, e alerta o departamento para a influência política de Brizola, embora a analisando de forma fantasiosa.
………………………………………………

Sebastião Vannucci

Está chegando a hora da verdade! Tudo que está acontecendo nos EUA foi previsto por economistas e há muito tempo! Numa casa onde se gasta muito mais do que se tem e toma dinheiro emprestado para se auto financiar só tem um fim : dar o cano nos outros ou quebrar. A Primeira hipótese é a mais fáctivel!

mariazinha

Tenho um recorte do Correio Braziliense de 22/07/91
Guardei-o:
Caderno de Economia assinado por Roberto Hillas:
"EUA poderão dar calote externo"
[…] estudo de cientistas econômicos, políticos e sociais, nos bastidores[…] consta que pelos anos de 2010 Estados Unidos serão tentados a dar um calote internacional, declarando sua dívida externa impagável, 800 bilhões de dólares[…] devendo chegar, em 2010 pela casa dos 1,6 trilhão de dólares[…] no máximo controlam os 3,8 trilhões dos 10,8 trilhões de dólares em circulação.
Diz o Prof. Luiz Fernando Victor, do dep. de Ec, da UNB: […]…" talvez dentro de dez ou quinze anos eles darão o calote e quero estar vivo para ver."
Ele chama de 'fenômeno do endividamento norte-americano', numa alusão aos países do Hemisfério Norte, Japão e Alemanha, entre eles. Ainda profetiza:
[…]entre outras coisas, os EUA incentivariam, não uma guerra niclearizada, mas uma série de pequenos conflitos e daí a pressão para que países, como o Brasil, reduzam seus efetivos militares[ na mesma época era grande a pressão por parte dos EUA para redução de contingentes militares brasileiros e, na mesma página, há um artigo sobre o descontentamento dos militares brasileiros qto. a isto].

Parece que o Prof. Victor e sua equipe estavam com toda razão. Achei completamente interessante as previsões dos professores. Seria o caso de se saber o que pensam hoje, no momento em que vivenciamos tais fenômenos?

O PRESIDENTE LULA já sabe de tudo e por isto e trata de aumentar a força militar brasileira; aposto que os buches não gostaram, nada. Queriam nos pegar de surpresa, os danados!

    Diego Álvares

    poxa! massa esse recorte! Você teria como passar o texto por inteiro?
    Abraço

Pedro

O artigo é muito completo. Falta, talvez, concluir que o que está em crise é o próprio capitalismo. Sua alma, o lucro, está querendo abandonar seu corpo. É hora de pensar em outras formas sociais. Sem isso vamos todos pro brejo.

    Jairo_Beraldo

    O socialismo responsável, como o praticado pelo governo Lula, é o caminho…a tirania é que esfacelou o socialismo na forma de conduzir este tipo de governo.

Marco Aurelio

Vai ser uma queda de se doer na vista.Taxas de desemprego de 40% nas zonas mais pobres nunca se viu por aqui:
http://resistir.info/crise/geab_46.html

Crise sistémica global
Os quatro pontos críticos de falha do sistema mundial no 2º semestre de 2010

"………………… Entretanto, para o LEAP/E2020 a situação é clara: o ambiente directo de uma grande maioria de americanos não cessou de se degradar desde 2008, seja o que for que digam as estatísticas e os peritos federais [9] . O desemprego real situa-se no mínimo entre 15% e 20% [10] e atinge 30% a 40% nas cidades e regiões mais afectadas pela crise [11] . Nunca tantos americanos foram dependentes dos selos de alimentação do governo federal que doravante contribui num nível jamais atingido para os rendimentos das famílias estado-unidenses [12] . Paralelamente, os estados são obrigados a multiplicar os cortes orçamentais [13] e a suprimir serviços sociais de todo género, agravando ao mesmo tempo o desemprego [14] . E estes fenómenos desenrolam-se no momento em que o impacto do plano de estímulo económico da administração Obama é suposto estar no seu máximo [15] !

Hernán

Muitos falavam que este era uma crise igual á de 1929. Falei desde 2008 que ela se parece com a crise de 1893, é uma crise de hegemonia, onde uma potência começa a ser substituida por outra.
A maioria dos indicadores conspiram contra USA. O problema fiscal se alastra ha anos, o problema agora é que ninguém quer saber de títulos do tesoro, sabem que no longo praço serão lixo. Antes equilibravam exportando déficit fiscal, agora não tem nem gordura para queimar, suas reservas são a metade do Brasil e 5 % das da China.
O maior problema que vejo é que a solução está longe, esse tipo de crise pode se alastrar por decênios.

    Jairo_Beraldo

    A cada século, nasce uma nova potencia economica. Certamente, teremos a China neste século como potencia mundial. Isso é bom, pois a China não tem como meta a guerra que defenestra nações pobres e mutiladas por ditadores sanguinarios.

Marat

Risco mesmo é um país recheado de fascistas ter tantas armas nucleares…

Carmen Pires

Interessante que o valor da dívida (cerca de 104 bi de dólares) é o correspondente ao PIB dos EUA no ano de 1929.
O problema não é do sistema e nem no sistema. É da mentalidade por trás do sistema.

Hugo Albuquerque

O grande problema é que o artigo, apesar de muito bom, passa meio que lateralmente pelo cerne da questão: O mundo está em crise porque o modelo encontrou seus limites macroeconômicos. A cerne de tudo não está na crise no sistema hipotecário americano, mas sim no motivo pelo qual os americanos não conseguiram mais sustentar juros baixos para tornar seu sistema hipotecário viável. Você os chamados déficits gêmeos como sempre denunciou Paul Krugman. De onde ele surgiram? O déficit na balança é um indicativo da exaustão do modelo local de consumo, o déficit nas contas públicas é fruto do gasto infinanciável com guerras, cuja finalidade é manter o mesmo padrão de consumo. Nem com todo financiamento da tecnoburocracia chinesa ou dos petrodólares sauditas essa situação se manteria estável. A desvalorização do dólar, consequência inescapável, porém ajustada de modo a equilibrar parte disso, jogou um peso enorme sobre a Eurozona, expondo, claro, seus pés de barro. Um Euro supervalorizado – 60% a mais do que o dólar – é insustentável, especialmente para as economias periféricas da Europa, que já restam desfavorecidas por não dividirem a mesma moeda com países muito mais produtivos – além de, assim, não terem qualquer tipo de mecanismo cambial para equilibrar as contas externas. Claro, a corrupção e a sonegação dos impostos ajudaram a piorar isso, mas evidentemente, ela é tão culpada por tudo quanto se pode atribuir a culpa de uma tuberculose a uma brisa que doente foi exposto. Moniz acerta no final ao lembrar da bolha bélica americana e dos limites econômicos americanos. O fato é que para manter o modelo atual, os EUA precisam dele bem como não há mais no sistema político americano, a capacidade de se produzir alternativas – o que aumenta o risco de uma escalada fascista e uma terceira guerra mundial. Esperava que Obama pudesse, razoavelmente, diminuir esse impacto. Não é o caso, ao invés de fortalecer o sistema ONU, ele o enfraqueceu, ao invés de retirar tropas do iraque e do Afeganistão, ele as manteve, ao invés de bancar políticas de reforma no modelo econômico, ele manteve a demagogia privatista. Essa crise ainda vai longe.

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