Marcos Coimbra: Os jornalistas e as pesquisas eleitorais

Tempo de leitura: 3 min

Marcos Coimbra:  jornalistas não entendem de pesquisas eleitorais

Quando escrevem sobre pesquisas, alguns jornalistas mostram não conhecer bem o papel que elas têm hoje nas campanhas políticas. Curioso é que mesmo profissionais tarimbados costumam revelar esse desconhecimento e não apenas os jovens repórteres no início de carreira.

Por Marcos Coimbra, no Correio Braziliense, via Vermelho

Em momentos iguais a este, de aproximação das eleições, veem-se exemplos disso a toda hora. Como saem pesquisas com muita frequência, a imprensa está sempre cheia de matérias que as citam, nas quais se percebe a desinformação de seus autores sobre o que acontece no quartel-general das candidaturas.

Não são todas as campanhas que conseguem, mas todas que podem montam sistemas de acompanhamento dos humores do eleitorado através de pesquisas. À medida que aumenta a importância do cargo em disputa e sobe a capacidade de arrecadação, maior é o arsenal de pesquisas próprias que mandam realizar, para uso de coordenadores e estrategistas.

Faz tempo que as pesquisas quantitativas de intenção de voto se tornaram apenas o pedaço visível desses projetos, pois eles envolvem inúmeros outros levantamentos cujos resultados não são divulgados ou comentados. Ou seja: o que se vê é somente a ponta de um iceberg, cuja parte maior permanece submersa.

No mundo real das campanhas, grande destaque é dado às pesquisas qualitativas, indispensáveis à formulação de estratégias de comunicação. São elas que permitem entender as razões e motivos dos eleitores, por que preferem um candidato em detrimento de outros, o que esperam da eleição, o que não sabem e gostariam de saber dos candidatos.

Os marqueteiros costumam olhá-las com mais interesse que os resultados das quantitativas, cujo objetivo é medir quantos pensam de uma maneira ou de outra, bem como identificar que variações existem entre os segmentos (socioeconômicos ou geográficos) do eleitorado.

As campanhas de Serra e de Dilma estão fazendo pesquisas desde muito antes do lançamento oficial das candidaturas. Seus partidos têm o hábito de pesquisar, possuem institutos que tradicionalmente lhes prestam serviços e contam com especialistas, internos e de fora de seus quadros, para assessorá-los em sua análise. A esta altura do processo eleitoral, já fizeram alguns (muitos) milhares de entrevistas e (várias) dezenas de discussões em grupo, a técnica qualitativa mais empregada.

Ambos têm em mãos longas séries de pesquisas em todo o país, estado por estado, sempre usando questionários mais elaborados e detalhados que aqueles que se veem na imprensa. De agora em diante, na reta final, essa massa de dados vai aumentar exponencialmente.

Além da parafernália de pesquisas próprias, as duas campanhas têm acesso a dezenas de outras, feitas por correligionários e aliados nos estados, por entidades de classe e empresas do setor privado. Não deve haver um só dia em que não chegue aos comitês uma pesquisa nova.

Faz algum sentido imaginar que campanhas assim organizadas e tão bem abastecidas tenham que esperar a divulgação de pesquisas públicas para tomar qualquer decisão relevante? Que as equipes de Serra e Dilma fiquem roendo as unhas na frente da televisão para saber quem está na frente e quem atrás? Que só resolvam o que vão fazer depois de ler no jornal o que disse uma pesquisa?

Pelo que escrevem alguns jornalistas, pareceria que sim. Seus textos dizem coisas como “antes da pesquisa do Ibope, Serra ia fazer….”, “agora com o Datafolha, Dilma decidiu….”, o que equivale a supor que os candidatos foram inteirados de algo pela imprensa. Que o vasto investimento de suas campanhas em pesquisas próprias é inútil, pois o que contaria seriam as pesquisas hípicas (as que mostram quais cavalinhos estão na frente) que todos conhecem.

Nas disputas eleitorais, as pesquisas publicadas são irrelevantes como instrumentos de informação estratégica, pois as campanhas grandes (e seus apoiadores) sabem muitíssimo mais que aquilo que chega à imprensa e ao cidadão comum. O que não quer dizer que sejam irrelevantes na guerra da comunicação, pois estar publicamente na frente é melhor que estar atrás — e isso pode trazer diversas vantagens a quem lidera.

* Marcos Coimbra é sociólogo e presidente do Instituto Vox Populi


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Comentários

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Cristina

Dá muita vergonha desse tipo de política tupiniquim…

Wilza Paim

Sem margem de dúvidas estão adoçando a boca dos brasileiros para depois vir o golpede manipulaçaõ!

Eduardo Neves

Gente , eu acho o Merval da Globo o mais patético de todos ! Prestem atenção nos comentários da figura! E aida posa de sério e bem informado !
Um nojo ! Desculpem-me a franqueza , mas gente como este senhor me dá asco !

Werner_Piana

Que "Triste Fim de Fernando Gabeira".
Deprimente este vídeo, patético!

Melinho

ENGANADÍSSIMA

Que pena. Eu não estou conseguindo enviar este vídeo para uma amiga minha que vai votar na Marina e jura que o Gabeira apoia a coitadinha. Ainda ontem eu a perguntei "firme com a Marina?" E ela respondeu "eu, Deus e o PV".
E eu pergunto: essa minha amiga é mal informada? Com certeza.

auguso

Bom nem tudo est´a perdido. Incrivel mas verdadeiro:: sr montenegro, o proprio, acaba de ender-se e desembarcar da canoa tucana. Falou que os numeros da estatistica globopiana, ate eles, passarão a ter pe e cabeça. Melhor so se for verdade, né mesmo?

Remindo Sauim

Esta certo o Marco Coimbra, o jornalista é um generalista, tem que ter uma idéia formada, no mínimo bolada na hora, sobre qualquer coisa. Quando escreve sobre eleições, Copa do Mundo ou Disneylandia, tem que parecer sempre um especialista. E quanto mais foge da notícia, querendo dar sua opinião, mais especialista parece. Jornalista econômico sabe tudo sobre a bolsa, só que não fica rico com este saber, para desespero da esposa que tem que andar num Uno 1994. E sendo multimídia, tem que falar na rádio, escrever no jornal, ter blog na internet e ainda por cima fazer um comentário na TV. Pois é, não sobra tempo para esmiuçar o assunto. São mais ou menos como eu, que não resisto a comentar nos blogs, também tenho sempre uma opinião para tudo. Só que eu confesso, só sou especialista em comentar nos blogs.

Ed.

Marcos Coimbra sempre nos ensinando! (e o PIG não aprende!…)
Quanto aos "jornanalistas", é difícil entender se falam qualquer bobagem porque:
1) São apenas néscios bem remunerados pra falar o que mandam.
2) São apenas espertos desavergonhados bem remunerados pra falar o que mandam.
3) A situação tá preta e não têm coisa melhor pra falar…
4) São meros torcedores fanáticos e cheirosos…
5) Todas as opções acima.

Ed.

Suspeito que o Ibope possa ter publicado o resultado favorável à Dilma para "ganhar credibilidade" e, no próximo, poder dar uma manipulada mais "inconteste". Vamos ver o que sairá…

    Paralelo XIV

    Faz sentido

Marcos Coimbra: Os jornalistas e as pesquisas eleitorais « A REDE da Cidadania

[…] http://www.viomundo.com.br […]

Jairo_Beraldo

Isso só depende dos paulistas.

    Ed.

    … e que eles assimilem bem essa verdade…

Julio

Jesus!!! Que video tosco. Poderia ter um pouco de emoção como uma banana do Gabeira para o videomaker no encerramento.

francisco.latorre

jênio..

melhor mesmo é os tucaninhos amestrados comentando no youtube..

zé perdido.. adeus.

não dá nem segundo turno.

reacinhas.. podem marcar o vôo pra miami. adeus.

..

Marcia Lima

Gente, isso é deprimente!!! não vamos deixar esse partido (o psdebilmental) tomar conta de SP novamente!!!!

Tania R Guimaraes

Como se dizia na minha epoca: Ai que bofe!

Helcid

Azenha, olhe este video ESPANTOSO, onde o Serra pega a vídeo-câmera e apresenta o “público preferido (de súditos) dele". Os apresentados morrem de vergonha tendo o Serra como seu apresentador.

Pagação de mico HISTÓRICA! O vídeo é de hoje.

[youtube 82u4iTnrV0I http://www.youtube.com/watch?v=82u4iTnrV0I youtube]

    Sebastião Martins

    Uma kombi só não coube o peesoal que era muito, mas duas ficou com lugares sobrando!
    Eca!

    Ed.

    Reparar que ele não sobe muito a câmera, para não revelar a "profundidade de campo"…
    Mas já vai aprendendo…
    Talvez venha a ser seu novo trabalho de 2011 em diante…

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